O principio da redução de frente, para reduzir a desproporção é aliás um clássico. O caso mais conhecido é o da batalha de Termopilas, em que as forças gregas terão feito frente a uma enorme quantidade de Persas, beneficiando da vantagem do terreno, o que os persas tentaram ultrapassar enviando forças à volta do desfiladeiro.
E embora em Termópilas os persas tenham acabado por vender, na prática conseguiram uma vantagem táctica que foi posteriormente utilizada.
Eu pessoalmente acredito que os espanhóis estudam o tema muito por alto. Ele é chato de estudar, porque afinal ninguém está muito interessado em discursar sobre derrotas.
Quanto ao numero de tropas, é dificil ter uma ideia concisa sobre o numero de tropas castelhanas e francesas que participaram da batalha.
Sabemos que a elite era constituída por cavaleiros franceses, embora também participassem cavaleiros portugueses que não eram favoráveis a D. João I.
Aliás, outra coisa não seria de esperar, dado que a crise de 1385-1385 é uma crise dinástica em que há mais que um partido. A proporção é normalmente estabelecida em 5 para 1 até 7 para 1.
Não sabemos do exército castelhano, quantos faziam parte do pessoal de apoio. Gente que não combatia e que seguia o exército apenas para fazer comida, apascentar o gado, dar de comer aos cavalos, montar tendas, carregar todo o tipo de tralhas etc. A força castelhana poderia atingir até 40.000 homens.
A lenda da padeira, poderá não ser assim tão absurda quanto se pensa, porque a população perseguiu os castelhanos e matou muitos. Muitos dos castelhanos perseguidos (e mortos) poderiam naturalmente ser apenas almocreves, padeiros ou ferreiros.
Mas quando medimos a força de um exercito temos que contar toda a gente.
O exército português era muito mais pequeno mas também precisava de gente de apoio, só que do lado português todos lutaram (conclusão resultado da lenda sobre a morte dos franceses prisioneiros, que teriam sido mortos, porque não havia ninguém para os guardar).
A batalha não pode ser vista apenas como uma afirmação da independência portuguesa relativamente a Castela (o que foi), mas também tem que ser vista como uma fase num processo em que dos dois lados haveria tentações de unificação, que foram rejeitadas pelos dois lados.
Já a batalha de Toro, embora tenha resultado numa vitória portuguesa (segundo todas as normas da guerra na altura), foi do meu ponto de vista o culminar do processo. Foi uma espécie de Aljubarrota ao contrário, em que estrategicamente foi uma derrota portuguesa.
Debateram-se em Toro, duas visões da peninsua ibérica, em que Portugal e a parte atlântica da peninsula (a que somamos a Galiza e Leão) lutaram contra a Coroa de Aragão (a parte mediterrânica da peninsula), pelo controlo da região central, e da Coroa de Castela.
Foi uma das lutas entre potências continentais e potências marítimas, que condicionam a história da Europa.
A maior parte da nobreza de Castela acabou por preferir uma ligação com a Coroa de Aragão, em vez de uma ligação com Portugal, onde temia ser relegada para uma posição secundária. A verdade, é que a união com Portugal no século XV, metia medo aos castelhanos. E esse medo, creio que teve a ver com a enormidade da derrota que tinham sofrido em Aljubarrota.
Deste ponto de vista, Aljubarrota não afirmou apenas a independência portuguesa. Determinou também, a impossibilidade de ligação entre Portugal e Castela. Criou uma separação «natural», cuja lógica ficou demonstrada em 1640.
Cumprimentos