As comparações entre o C-17 e o C-130 são naturalmente complicadas, porque se trata de aparelhos com características e capacidades muito diferentes.
O numero de C-17 a operar por Portugal, seria de 2 (dois). O numero pode parecer suficiente se tivermos em consideração as nossas necessidades e a multiplicação simples das capacidades de carga pelo numero de aviões, no entanto pode ser problemático.
Um dos problemas apontados ao C-17, além do seu custo astronómico, e do seu custo de operação igualmente caríssimo, mesmo para os americanos, é a sua baixa percentagem de operacionalidade. Muitas vezes, estão disponíveis apenas 50% de todos os C-17 americanos, o que leva o departamento de defesa a manter contratos com empresas civis que se dedicaram quase que exclusivamente a contratos com os militares para o transporte de tropas, relegando o C-17 quase sempre para a entrega de veículos leves e carga paletizada, muitas vezes munições urgentes.
A manutenção do C-17, é, além de complicada, bastante cara e já estamos a ver o que é que isso pode querer dizer em Portugal.
Por outro lado, embora com menos capacidades que o C-17 os C-130, quer os actuais quer os C-130J seriam em maior numero, o que permite, a qualquer altura, manter uma parte deles operacionais, e com reserva.
Além do mais, a operação dos C-130, conjuntamente com os C-27J permitiria padronizar os motores e proceder á sua manutenção em Portugal. São os quatro motores de cada C-130 mais dois motores por cada C-27, o que pelo numero, os torna um negocio interessante para proceder á sua manutenção em Portugal, com estruturas e peças de reposição imediatamente disponíveis, que permite igualmente apresentar quem faz tal manutenção (a OGMA) como um potêncial fornecedor para outras forças aéreas.
Os C-17 em Portugal, não seriam muito diferentes do que são nos E.U.A. ou seja, sorvedouros de dinheiro. Só que os americanos têm disso em quantidade bastante.
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Relativamente aos MRTT são aviões com características muito diferentes. Enquanto um C-130 ou um C-17 podem operar em pistas semi-preparadas, o MRTT, que é um Airbus A-310 idêntico aos que a TAP ou a SATA utilizam, tem que ter um aeroporto para aterrar e para descolar. Portanto não se podem efectuar comparações. Não se trata da mesma coisa.
No entanto, para aquilo que se tem demonstrado serem as nossas necessidades, e considerando que há em Portugal capacidade para fazer a manutenção de tais aparelhos, dado as nossas companhias aéreas operarem o modelo nas suas versões civis, a aquisição de dois dos cinco A-310 da TAP e a sua transformação, é interessante. Ao contrario da aquisição do C-17, garante uma muito maior probabilidade de alta taxa de operacionalidade do equipamento. Ao mesmo tempo permitiría, a um custo muito mais reduzido ter um avião que na prática acabaria sendo utilizado para a mesma coisa que o C-17.
Só uma nota quanto á capacidade de carga do C-17.
De facto nenhum outro avião pode transportar tanques (a excepção do C-5 Galaxie e do russo AN-124).
No entanto se houver necessidade de enviar tanques para uma pista, mesmo semi-preparada, o que acontece é que á quarta ou quinta aterragem, o peso do mastodonte, carregado, tornará a pista completamente inoperacional, transformando essa vantagem do C-17, em pouco mais que publicidade. Além do mais, carregado com dois tanques Abrahms, o C-17 necessita de varias escalas ou reabastecimento em vôo para efectuar viagens longas. Para Timor por exemplo necessitaría pelo menos de três reabastecimentos, isto se o vento estivesse a favor. Porque caso contrario necessitaría de mais. Não nos podemos esquecer que um avião carregado, leva muito menos combustível que um avião que leve apenas homens ou material em palettes.
Portanto, basear a nossa capacidade de transporte em aviões mais pequenos, mas com alguma capacidade operacional, e ter dois C-17, em em grande parte do tempo, só um estará operacional, e ás vezes podem mesmo estar os dois fora de serviço, é preferível escolher a opção mais realista.
Claro que podemos sempre considerar a operação de C-130 + C-17 + A-310MRTT + C-27J. Mas temos que ser realistas. A exclusão do C-17 é o mais acertado, do ponto de vista económico e do ponto de vista estratégico se considerarmos as vantagens operacionais decorrentes da maior capacidade de manutenção que dá muito maior vantagem ao C-130 e ao A-310MRTT, em cada uma das suas funções.
Cumprimentos