Guerra Colonial: Experiências/Testemunhos Pessoais

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TOMKAT

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« Responder #45 em: Setembro 23, 2006, 09:16:32 pm »
Guiné
Memórias de 1973


IMPROVISAR, LUSITANA PAIXÃO.....
ALEA JACTA EST.....
«O meu ideal político é a democracia, para que cada homem seja respeitado como indivíduo e nenhum venerado»... Albert Einstein
 

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Cabeça de Martelo

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« Responder #46 em: Setembro 23, 2006, 10:10:03 pm »
Já repararam no aspecto imponente que os nossos homens tinham antigamente? Na ETP nós tínhamos fotos desse tempo na companhia onde fiz a minha recruta e uma coisa que sempre nos fez impressão era que essas fotos mostravam sempre militares que tinham a nossa idade e que no entanto pareciam 10 anos mais velhos do que nós. Parecia que nós não passávamos de garotos e eles é que eram homens com H maiúsculo...  :oops:
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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Cabeça de Martelo

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« Responder #47 em: Setembro 25, 2006, 01:49:59 pm »


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A contra gosto lá me levantei. Os camaradas suspenderam a batota e fomos ver o que se passava. Tremenda algazarra com o pessoal do Exército a assistir a uma sessão de batatada no convés entre dois ou três Páras e outros tantos Comandos. Sempre que a rivalidade entre Páras e Comandos conduzia a este tipo de “combates”, o pessoal do Exército regozijava-se pois não gostavam dos Comandos nem pintados. Quando se pressentiu que tudo poderia descambar em algo grave, pois um Pára teimava em empurrar pela borda-falsa o seu adversário, alguém desapertou os contendores e aquilo morreu ali. Se entre marido e mulher não se mete a colher, entre militares não é muito diferente pois ninguém vai fazer queixinhas a seguir. Eu, que estava bem sossegado a ver as “habilidades” dos jogadores da batota no meu camarote, é que acabei por levar por tabela. De repente, como cabo de dia vejo-me a responder pelos actos de cerca de cinco dúzias de pára-quedistas que comigo embarcaram. Como dois ou três, se lembraram de andar à pancada… fui avisado que mal chegasse a Luanda, iria ser responsabilizado pelo ocorrido, por não ter identificado os Pára-quedistas intervenientes.
Como tinha alguma habilidade para o desenho, a pedido de alguns, fui tatuando nos seus braços o emblema dos Pára-quedistas. Assim os dias foram passando numa rotina que me começava a assustar. Já nada nos intimidava nem a viagem nem a guerra que nos esperava. Só nos restava o cansaço, o sono e a saudade. Por isso alguém dizia: “- Já só faltam 104 semanas para regressarmos”.
Foi isso que definiu o nosso objectivo principal e nos norteou todo o tempo: contar semana a semana.
Ao nono dia já se avistava o arranha-céus do Banco Comercial de Angola. O que era um ponto no horizonte, começou a emergir e com ele vislumbrámos a baía lindíssima de Luanda. Quando o Vera Cruz finalmente acostou ao porto de Luanda as tropas desembarcaram e logo, no cais, reparámos num autocarro azul da força aérea, que nos transportou a Belas onde estava instalado o nosso Batalhão de Caçadores Pára-quedistas nº 21.
Já em terra firme, avistam-se os barcos de pesca dos negros, passando lentamente para um e outro lado. Uns pássaros grandes e estranhos que pareciam gaivotas passeiam sem mover as asas, acima das palmeiras. Uns negros maltrapilhos arrastam-se a pedir esmola, outros oferecem cinzeiros de madeira e objectos esculpidos. Uns sujeitos brancos e sebentos trocam escudos por angolares com a taxa acrescida de 12%. Os brancos aqui, de patilhas e camisas transparentes, têm todos aspecto de vendedores de automóveis e de taxistas. As mulheres brancas andam excessivamente bem vestidas e as jovens mulatas são lindas de morrer. Somos rodeados por pretitos, descalços nesta terra poeirenta e vermelha que mais parece barro, com cachos de enormes bananas ao preço da chuva.
E assim terminou esta viagem, ancorando neste Brasil africano chamado Angola



http://zeminhoto.blogspot.com/
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TOMKAT

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« Responder #48 em: Outubro 07, 2006, 01:29:15 am »
Memórias da Guiné

Cartazes de propaganda do Governo colonial, ou ...outra forma de combater o PAIGC.



















IMPROVISAR, LUSITANA PAIXÃO.....
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Cabeça de Martelo

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A CONDECORAÇÃO MAIOR
« Responder #49 em: Outubro 07, 2006, 05:17:33 pm »
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A Prisão, os Responsáveis e o Forte de Caxias
Na madrugada, cerca das 5h30, do dia 28 de Setembro de 1974, a casa do General Kaúlza de Arriaga foi cercada por mais de uma centena de militares, a maioria da Força Aérea, chefiados por um Capitão que havia sido piloto de helicópteros do próprio General, quando este era Comandante-Chefe das Forças Armadas Portuguesas em Moçambique. Tal Capitão apresentou um mandato de captura que invocava, como razão da prisão, o facto de Kaúlza de Arriaga pertencer a uma "associação de malfeitores". Razão notável, parece que imaginada, para o caso, pelo Dr. Salgado Zenha, então Ministro da Justiça.
O General encontrava-se armado e poderia ter resistido, mas considerou errado abrir fogo, travando uma luta na qual não poderia ter sucesso. Assim, deixou-se prender, perguntando ao Capitão piloto de helicópteros se não tinha vergonha do que estava a fazer. Este respondeu que sim, mas que cumpria ordens.
As ordens de prisão do General Kaúlza de Arriaga, segundo se averiguou posteriormente, foram emitidas pelo General Costa Gomes, Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, e pelo então feito Brigadeiro Vasco Gonçalves, Primeiro Ministro, embora estes nunca tivessem tido a coragem de as assumir.
De sua casa, Kaúlza de Arriaga foi conduzido para o quartel do RAL 1 e neste para a enfermaria da Unidade, que estava servindo de prisão e onde se encontravam já numerosos outros presos, entre os quais o Embaixador Franco Nogueira. Estes, vendo entrar Kaúlza de Arriaga, logo pensaram, com entusiasmo, tratar-se de contra-golpe em curso e que o General os ia libertar. Quando se aperceberam da realidade, a sua frustração e desilusão foram imensas.
Durante o dia, todos os presos foram transferidos para o Forte de Caxias e distribuídos por celas. A Kaúlza de Arriaga coube uma cela individual, onde permaneceu cerca de 15 dias. Ali, em Caxias, estabelecimento prisional então dirigido por uma escória de oficiais, Kaúlza de Arriaga, embora sem qualquer mau trato físico, perdeu a sua hierarquia, passando a ser simples preso. Por outro lado, as suas contas bancárias e as de sua Mulher foram congeladas.
 
O Presídio da Trafaria, Otelo e a Liberdade Condicionada
Após aqueles cerca de 15 dias, os presos militares de Caxias, e assim Kaúlza de Arriaga, foram transferidos para o Presídio Militar da Trafaria, onde readquiriram a sua hierarquia militar, no caso de Kaúlza de Arriaga a de General, tendo como única restrição a de não poderem saír da área do aquartelamento.
O Presídio Militar da Trafaria era, na ocasião, dirigido por oficiais sérios e correctos. O pavilhão dos presos políticos, onde naturalmente estava Kaúlza de Arriaga, não seria um hotel de cinco estrelas, mas era suficientemente bom.
O Presídio dependia de Otelo Saraiva de Carvalho, então feito Brigadeiro e nomeado Governador Militar de Lisboa. A Mulher do General Kaúlza de Arriaga, a Senhora D. Maria do Carmo Formigal de Arriaga, conseguiu ser recebida por Otelo Saraiva de Carvalho, tendo-lhe dito, sem tibiezas nem cerimónias, o que havia a dizer, inclusivé o relativo ao congelamento das contas bancárias. Otelo declarou que o que o MFA desejava relativamente ao General Kaúlza de Arriaga era designá-lo Embaixador num país da América do Sul e não prendê-lo. No respeitante às contas bancárias, Otelo fez uma ligação telefónica para o Banco Espírito Santo e, mostrando o seu poder e numa atitude positiva, mandou descongelar os juros das contas em causa. Mais tarde, o, na época, Brigadeiro Pedro Cardoso procurou anular este descongelamento, mas não o conseguiu.
A par desta atitude positiva, tempos depois, Otelo determinou, inconcebivelmente e em atitude bem negativa, que o General Kaúlza de Arriaga não podia ter assistência jurídica. Deste modo, Kaúlza de Arriaga foi o único preso político que não pôde ter, durante 5 meses, advogado.
Durante a estada no Presídio da Trafaria, o General foi duas ou três vezes levado ao Forte de Caxias, onde, de cada vez, permaneceu alguns dias. A última destas visitas ao Forte de Caxias, já então dirigido por oficiais decentes, teve lugar logo após o "25 de Novembro". Nela, o conselheiro da revolução, Tenente-Coronel Costa Neves, foi mandado contactar com Kaúlza de Arriaga para lhe oferecer, em nome do Conselho da Revolução, a liberdade imediata, com a condição de, também de imediato, partir para Paris, para o que tinha já passagem reservada na Air-France, e permanecer, nesta cidade, até às próximas eleições presidenciais em Portugal, cuja data não estava sequer ainda fixada. Kaúlza de Arriaga, apesar de estar preso há quase 15 meses, recusou peremptoriamente a troca da prisão pelo exílio. E continuou preso na Trafaria mais 41 dias.
 
A Libertação e a Acção Judicial
Finalmente, em 21 de Janeiro de 1976, e muito em consequência da acção, junto do Conselho da Revolução, da Comunicação Social e da Opinião Pública, do Coronel F. Marques Repas, que acabou por ser, durante a prisão, o seu decidido e incansável defensor, o General foi libertado, sem quaisquer condições e com todos os direitos da cidadania portuguesa. Também, contribuiu fortemente, para esta libertação, a actuação esforçada, dinâmica e corajosa, junto da Ordem dos Advogados, do Governo Militar de Lisboa e do Conselho da Revolução, de sua Mulher, já atrás referida. Assim, a duração da prisão foi de 16 meses menos uma semana.
Consideradas a iniquidade, a arbitrariedade e a prepotência da sua detenção e a forma como ela decorreu em termos de duração, de falta de assistência jurídica e de privação de contacto com sua Mulher e Filhos durante cerca de 3 meses, e considerada a ausência de explicações e de reparações, mesmo após a sua libertação, o General Kaúlza de Arriaga decidiu colocar uma Acção em Tribunal contra o Estado-Réu. Esta Acção teve seguimento em 15 de Março de 1977.
O processo judicial decorreu durante mais de 10 anos, sem uma falha ou fraqueza dos advogados do General, os Drs. A. Valdez dos Santos e A. Silva Tavares.
Em 5 de Novembro de 1985, a primeira instância, o Tribunal da Auditoria Administrativa de Lisboa, proferiu a sua Sentença, em que dava razão ao General Kaúlza de Arriaga e condenava o Réu, o Estado Português. Este recorreu de tal Sentença para o Supremo Tribunal Administrativo, última instância, que, em 4 de Junho de 1987, emitiu o seu Acordão.
A Sentença e o Acordão, plenamente concordantes entre si, deram total razão ao General Kaúlza de Arriaga, condenaram o Estado Português e definiram as causas que conduziram à prisão do General e ao longo período da prisão.
Essas causas, segundo os Tribunais, foram as seguintes:
"As Autoridades Portuguesas de então consideravam que o General Kaúlza de Arriaga tinha, realmente, capacidade, vontade e prestígio para liderar um movimento que impedisse a descolonização de Angola e de Moçambique e que, assim, tinha de ser preso e de estar preso até que as independências daqueles territórios africanos se consumassem".
 
A Condecoração Maior
Após o Acordão do Supremo Tribunal Administrativo em causa, o General Kaúlza de Arriaga passou a considerar, como a sua maior condecoração, não atribuída pelo Poder Executivo mas sim pelo Poder Judicial, o seguinte trecho desse Acordão:
 
"O General Kaúlza de Arriaga tinha, realmente, capacidade, vontade e prestígio para liderar um movimento que impedisse a descolonização de Angola e Moçambique".


Retirei isto de um fórum e não sei bem quem é o autor, mas acho que é um texto interessante por isso postei no fórum.  :wink:
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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Lancero

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« Responder #50 em: Outubro 07, 2006, 07:38:19 pm »
Na mesma senda

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Ainda em volta das famosas sevícias de Abril

O Manuel Azinhal já tinha chamado oportunamente a atenção para o texto de Walter Ventura anteontem publicado no semanário O Diabo ainda a respeito das recentemente "descobertas" torturas de Abril. Ainda assim e atendendo a que me pareceu que os meus amigos não perdiam nada em conhecer o depoimento na sua totalidade - isto no caso lamentável de ainda não terem comprado o único jornal que em Portugal vale mais do que custa - aqui vos deixo na íntegra o artigo de Walter Ventura, com o agradecimento ao autor pela pronta disponibilidade manifestada em ver o texto aqui escarrapachado. E agora leiam que vale a pena:

De repente, não percebi bem como, a questão das sevícias praticadas pelos nossos admiráveis revolucionários militares aprilinos apareceu à luz do dia.
Uma chatice, a enodoar uma revolução tão casta e tão incruenta que obrou daqueles bons frutos através dos quais é possível aquilatar a casta da árvore mãe.
Cá por mim, que tive a honra prazerosa de passar dois anos e pico nos cárceres da liberdade, a questão já estava esquecida, salvo quando, em encontros com amigos velhos desses tempos, recordamos peripécias e inépcias dos “capitães de Abril” que tivemos o gosto de conhecer – e gozar – nos bons tempos do prec no prato.
E foi, de facto, um prato.
Verdade seja que alguns dos presos da liberdade se deram mal com quem lhes saiu na rifa. Lembro-me de ver o Marcelino da Mata – um herói com Torre Espada ganha no campo da honra e não numa cerimónia do 25 de Abril em que emparelhasse com uma qualquer D. Isabel do Carmo – entrar de maca no Forte de Caxias. Com ele vinham mais uns dez presos que haviam passado uns oito dias no Ralis, nunca se apurou por que razões.
Eram todos pessoas ligadas, directa ou indirectamente à Guiné. Curiosamente, só dois ou três ainda estão vivos, tendo a maioria morrido na flor da idade.
Um deles, o meu amigo Coelho da Silva, um fuzileiro corajoso se bem que um tanto louco, fora caçado com a mulher em fim de gravidez, em plena Praça da Figueira. A mulher, já não sei se a caminho do Ralis, se dentro do simpático quartel, levou um pontapé na barriga que lhe provocou um aborto instantâneo. Um “jeep” transportou-a até às imediações do Hospital de São José, onde foi abandonada. O Coelho da Silva apenas foi sovado, durante alguns dias até ser levado para Caxias.

À minha cela foi parar um moço de vinte e poucos anos, licenciado em Direito e filho de um juiz que estava numa cela ao lado. Não recordo os nomes, apenas o apelido: Veloso. Contou-me, o que aliás me foi confirmado pelos restantes elementos do grupo que acabei por conhecer graças a mudanças sucessivas de cela para cela, que durante dias tinham sido torturados, pai frente ao filho, amarrados a duas cadeiras. O pai já dobrara os 60 anos e sofria do coração.
Os dois que chegaram em pior estado, foram o Marcelino da Mata que esteve sujeito a choques nos testículos e que tinha ferimentos graves num joelho por lhe terem dado pontapés exactamente onde tinha alojados estilhaços de granada e um outro indivíduo – de momento não recordo o nome e não tenho à mão os apontamentos que então fiz – que fora encarregado de um destacamento das Obras Públicas, na Guiné, chegou-nos de maca apenas vestido com umas cuecas ensaguentadas e com o corpo coberto de ferimentos.
Em Caxias também houve alguns casos interessantes. Recordo que numa dada altura, fui de castigo para uma cela onde estava um homem dos seus 70 anos que na juventude pertencera episodicamente à Pide e, mais tarde enveredara por outra profissão. Chamava-se Dá Mesquita e oscilava entre períodos de calma, durante os quais se mostrava pessoa educada, de fino trato e bastante simpática e outros de terrível excitação em que me era penoso suportá-lo.
Contou-me repetidamente que um dia fora levado até ao pátio interior do fortim e, com todas as regras do cinema de mau gosto, amarrado, vendado e encostado ao paredão. Os soldados que o acompanhavam, alinhados à sua frente, receberam ordens de preparar as armas, manobraram as culatras e dispararam à voz de fogo.
É verdade que dispararam para o ar mas foi demasiado para o pobre homem que nunca mais conseguiu recuperar da gracinha.
Não foi a única simulação de fuzilamento que os dignos militares revolucionários engendraram para se divertirem um bocadinho.
Pela parte que me toca, não tenho grandes razões de queixa. Estávamos apinhados como sardinhas em lata em celas que nos bons velhos tempos, se calhava encher, apenos comportavam sete valorosos adeptos do reviralho. A comida também era péssima mas, essa, conseguíamos corrigi-la com alguns suplementos que nos chegavam do exterior. Os companheiros de cela eram geralmente catitas e, quando o não eram, não tardavam a ser metidos nos eixos. Dos guardas prisionais também não havia grandes razões de queixa. Eram quase todos correctos, alguns simpáticos e uns poucos bastante camaradas quando sentiam não estarem a ser observados pelos militares. Alguns, chegaram a correr riscos, passando-nos recados ou cartas para o exterior.
Alguns soldados e sargentos tentaram armar-se em tesos mas bastava mandá-los à merda para os pôr no seu lugar e perderem a vontade de armarem em heróis.
Quanto à vasta fauna de inquisidores, a coisa raiva o ridículo e, de certo modo, privados de rádios, televisões e jornais, acabaram por se tornar a nossa maior diversão.
Eram quase todos oficiais da Armada, a maioria ostentava ao peito um submarino que me parecia sumamente consentâneo não com a profissão mas com o recorte moral de todos eles. Eram gentinha de águas profundas, daquela que desconfia da própria sombra e que só morde pela calada.
Ao princípio também se tentaram armar em duros mas, coitados, passou-lhes.
Depois, os interrogatórios pareciam-me mais penosos para eles do que para nós: estávamos ali sem um simples mandato de captura, presos ao arbítrio de um qualquer “otelo” ou “otolo” e, salvo alguma raríssima excepção, sem qualquer peso na consciência. A maior parte, passados todos estes anos, ainda não logrou descortinar por que carga de água foi dar com os costados à cadeia.
Mas os pobres rapazes, coitados, achavam-nos uns terríveis “fachistas” e, de resto, queriam mostrar serviço e abrilhantar os galões com a desmontagem de alguma rede tenebrosa. Só que não sabiam que raio nos haviam de perguntar e, de resto, não tinham a menor ideia de como dirigir um interrogatório.
Como tinham aprendido no cinema e no folclore que corria jornais, rádios e televisão, deram para nos interrogar de noite. Não era bem a famosa tortura do sono, mas a aproximação de que se sentiam capazes. Muitos de nós éramos noctívagos e, apagadas as luzes das celas, improvisávamos iluminações malcheirosas que nos permitissem ficar a conversar pela noite dentro. Os interrogatórios nocturnos, até alta madrugada, não nos incomodavam e a malta ficava calmamente a conversar à espera do camarada que geralmente voltava eufórico a contar os dislates dos inquisidores e as bacoradas inventadas para lhes responder.
Houve uma vez que me deparei com um trio assaz solene (e soletre) que me avisou que, daquela vez, a coisa era mais séria.
Acendi um cigarro, coisa que irritava a maioria e esperei a bojarda: pois, estava acusado de ser do ELP.
Eu sabia do ELP – quem já esteve preso sabe que as cadeias são como os bairros antigos e os inexpugnáveis condomínios modernos: não há segredos.
Dominando o riso, fiz uma coisa que nunca me havia passado pela cabeça: declarei-me pronto a contar tudo e na disposição de prestar declarações por escrito. Um furriel com cara de poucos amigos, acho que pelo trabalhão que lhe ia dar, lá meteu uma folhinha de papel azul na máquina de escrever e, com dedos emperrados, começou a bater a minha confissão.
Contritamente, afirmei pertencer, de facto, ao famigerado movimento e penitenciei-me até de ser um dos seus fundadores.
Os tipos, desgraçados, rejubilaram e quase que me abraçaram. Depois, como não podia deixar de ser pediram pormenores. Nomes? Quem eram os cérebros daquela teia tenebrosa?
Lembrei, então, que o ELP nascera em Espanha, estava eu já a gozar o conforto que, misericordiosa, a revolução ofertava a transviados como eu. Ajudara a fundar o ELP mas ali de dentro, mesmo através da espessura ciclópica das paredes do Forte de Caxias. Quem, por Madrid comandava o ELP não o podia saber ao certo. Mas, estando eu preso, sem direito a correspondência, privado do contacto de amigos, só com direito a visita de familiares directos, quando estas não me eram vedadas por qualquer castigo, os meus cúmplices directos, quem me servira de ligação com os energúmenos do exterior, eram evidentemente eles. Os senhores carcereiros e demais responsáveis pelo Forte.
O furriel parou de bater as teclas da máquina e olhou os superiores, sem saber o que fazer. Os tipos acabaram por me correr para a cela e, a partir daí, deixaram de me chatear.
E é tudo o que se me oferece dizer sobre as sevícias…

http://ultimoreduto.weblog.com.pt/arquivo/113334.html
"Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa"

Respeito
 

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Yosy

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« Responder #51 em: Outubro 08, 2006, 12:40:32 am »
Acerca dos dois últimos posts...

O 1º a elogiar Kaulza de Arriaga...o homem não tinha assim tanto prestígio - piorou a situação em Moçambique (com a estúpida Operação Nó Górdio - practicamente a antítese do que é a contra-guerrilha), usou a mesma estratégia que já tinha falhado na Guerra do Vietname e arranjou tantos problemas ao ponto de até a Rodésia querer correr com ele!

O 2º é ridículo. É do conhecimento geral os excessos que aconteceram durante o PREC, mas o artigo chega ao ponto de infantilizar os militares do MFA.
 

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TOMKAT

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« Responder #52 em: Novembro 12, 2006, 02:45:17 am »
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Peditório para resgatar militares

Pinto de Albuquerque, ex-pára-quedista que arriscou a pele na guerra travada na Guiné Bissau, não estava a gostar do rumo da conversa, sobre a forma de reunir 25 mil euros para resgatar os restos mortais de três companheiros sepultados, em campo aberto e envoltos em lençóis, na antiga colónia. E levantou-se "O Estado português não pode, de maneira nenhuma, admitir um peditório, para que os seus filhos que tombaram em campo possam regressar a casa!", atirou, emocionado, Albuquerque.

O refeitório da Base de Tancos, onde estavam reunidos mais de cem ex-combatentes da Companhia de Caçadores Pára-quedistas n.º 121, rebentou em palmas. Quem as bateu, porém, logo foi chamado à realidade "Passaram-se 33 anos e os nossos companheiros continuam lá. O Estado, até hoje, esteve-se marimbando!", lembrou um dos antigos militares, para quem mais vale avançar para a campanha de angariação de fundos, lançada pelo jornal de Cantanhede Aurinegra (um dos sepultados era deste concelho), do que esperar pela boa vontade do Governo.

É que o problema já foi colocado ao Ministério da Defesa, por Manuel Rebocho, sargento de outra companhia de pára-quedistas enviada para a Guiné. "Atiraram-me para a Liga dos Combatentes, que também gostava de trazer os nossos companheiros, mas diz que não tem meios", explicou Rebocho. O ex-militar que, ao fazer uma tese de doutoramento, sobre "Sociologia da Paz e dos Conflitos", descobriu que três "páras" e cinco soldados do Exército sepultados em Guidaje, perto da fronteira com o Senegal, nunca haviam sido trasladados para Portugal.

Além de criticar a ingratidão do Estado, Rebocho avisou "Os pára-quedistas têm uma máxima que diz que 'ninguém fica para trás', e, neste caso, ficaram... Ou os pára-quedistas resgatam os três homens, ou tiram a frase da sua ideologia".

O capitão que comandava a Companhia 121, Almeida Martins, não teve tempo para participar na discussão sobre a trasladação dos soldados, por "razões familiares", e só assistiu à homenagem aos mortos. No final desta cerimónia, não gostou que o JN lhe perguntasse se a referida máxima fora violada. "Os pára-quedistas não deixaram um homem para trás! Aqueles três foram enterrados num cemitério improvisado, mas não ficaram no campo de batalha", sustentou Martins, hoje general.

Dois dias após a fatal emboscada da guerrilha do PAIGC, a 23 de Maio de 1973, os três cadáveres já estavam em avançado estado de decomposição, devido às altas temperaturas que se faziam sentir. Tendo sido, por isso, enterrados em terra de ninguém, Rebocho lamenta que a Força Aérea não tenha voltado a Guidaje para os recuperar. "Os Fuzileiros e os Comandos não deixaram lá ninguém", comparou.

Ficaram lá muitos mais

A trasladação dos páraquedistas José Lourenço para Cantanhede, de António Vitoriano para Castro Verde e de Manuel Peixoto para Vila do Conde só depende dos contributos depositados numa conta da Caixa de Crédito Agrícola de Cantanhede (NIB 0045 3020 40207967255). A operação está programada, com o apoio de investigadores da Universidade de Évora, e pode realizar-se já em Fevereiro. Porém, a dimensão do problema dos combatentes da Guerra Colonial cujos corpos nunca regressaram a Portugal ultrapassa, em muito, aqueles três casos. Mesmo em Guidaje, a localidade da Guiné onde foram sepultados os três pára-quedistas, estão "muitos mais" corpos de ex-combatentes, notou ontem o general Almeida Martins, referindo a existência de mais cemitérios improvisados noutros antigos quartéis guineenses. E o problema, afectando, sobretudo, militares do Exército, estende-se às outras ex-colónias. O sargento Vilela Antunes, que experimentou a guerra em Angola, Guiné e Moçambique, não há muito tempo visitou, no último país, um cemitério, de Mueda, onde há perto de cem campas de soldados portugueses, cobertas de capim com mais de um metro de altura, contou.

fonte http://jn.sapo.pt/2006/11/12/nacional/p ... tares.html


País que não sabe honrar os seus mortos, dificilmente faz algo de bom pelos vivos... :roll:
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Cabeça de Martelo

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« Responder #53 em: Novembro 12, 2006, 10:58:33 pm »
Isto é que me deixa lixado, para não dizer outra palavra. Estamos a falar de homens que deram a vida pela pátria, que deram o que de mais precioso tinham, a sua vida e é assim que o estado Português paga?! Ladrões, escumalha, mais vale uma gota de sangue destes homens do que todo o sangue no corpo desses PORCOS!!!
Eu por natureza não sou dado a extremismos, mas porra, estamos a falar de PORTUGUESES, será que eles não têm vergonha na cara?! Bando de mentecaptos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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« Responder #54 em: Novembro 12, 2006, 11:08:24 pm »
Citação de: "Cabeça de Martelo"
Isto é que me deixa lixado, para não dizer outra palavra. Estamos a falar de homens que deram a vida pela pátria, que deram o que de mais precioso tinham, a sua vida e é assim que o estado Português paga?! Ladrões, escumalha, mais vale uma gota de sangue destes homens do que todo o sangue no corpo desses PORCOS!!!
Eu por natureza não sou dado a extremismos, mas porra, estamos a falar de PORTUGUESES, será que eles não têm vergonha na cara?! Bando de mentecaptos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


Como ser moderador nestas ocasiões? Perante esta linguagem só posso dizer... "- Idem!"

E é assim com coisas destas e mais outras que se constrói o cenário de Saramago, de um país morto, que já fez o que tinha a fazer.

- O tanas, digo eu!
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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« Responder #55 em: Novembro 15, 2006, 04:30:25 am »
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O Major-General Pára-Quedista Cristóvão Avelar Sousa assume operação de resgate dos 8 camaradas sepultados em campo aberto no destacamento militar de Guidaje, na Guiné.


A equipa do Ultramar.Terraweb

http://ultramar.terraweb.biz

 



Cumptos
A realidade não alimenta fóruns....
 

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mcalberto

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« Responder #56 em: Novembro 16, 2006, 10:20:43 am »
Caros cabeça de martelo e luso,

Bonitas palavras, mas de difícil interpretação. Se não vejamos, até com a ajuda e citando: "25 de Abril é libertinagem e tachos, mortes, fome, guerra e miséria. Há que pensar nos outros, não é verdade?"

Assim se referia o luso quando lhe perguntaram o significado de algumas datas.

Temos assim, que para o visado, o espaço temporal em que hoje escreve é um espaço de libertinagem, tachos, morte, fome, guerra e miséria. Certamente por contraponto com o anterior a 25 de Abril, que teria sido de rigor, de isenção, de paz e de riqueza.

Concedendo, que não sabendo do que fala, usufrui pelo menos a liberdade de hoje poder dizer o que então não podia, por dois motivos fundamentais, não só porque não era vivo ou a ser limitava-se a balbuciar, ou então se falasse falaria de tudo, menos disto, é bom que saibam o seguinte:

O poder político anterior ao 25 de Abril, que nunca aceitou nem tentou resolver a questão africana pela via do diálogo, que lhe foi proposto muito antes do início da guerra de África, nem em momentos posteriores, quando já no decurso da guerra, o mesmo foi tentado por dirigentes políticos mundiais, teve sempre para com o conflito africano e para o envolvimento das forças armadas uma clara e inequívoca mensagem de "desenrasquem-se, morram por aí, que nós, uma vez por ano, honramos os que morrerem".

E assim foi, nos meios de combate colocados à disposição das forças armadas, no abandono a que eram votados os militares no teatro de operações, na integração civil quando regressavam do T.O., e obviamente no epifenómeno associado à morte dos combatentes. A estes o Estado não assegurava o regresso dos seus corpos exigindo aos familiares o pagamento para o mesmo se poder fazer. Temos assim, que se alguém nunca honrou o compromisso para com aqueles a quem obrigava a partir para África, era e foi claramente o tal Estado, que para alguns, nos quais o luso se inclui,  terá sido um bom Estado.

Exigir hoje, de um Estado, que nas vossas palavras é o contrário do que gostariam, é no mínimo um exemplo de contradição a que só pela ignorância do que então se vivia, podem deitar a mão.

A história da Guerra Colonial, está de facto por fazer. Por um lado a proximidade da mesma e a existência, felizmente, de milhares e milhares de combatentes que ainda se encontram vivos, mas, muitos deles, com os traumas inerentes aos milhares de mortos e estropiados que viram à sua frente, acaba por funcionar como uma barreira à divulgação de todos os episódios que então se viveram, por outro a não desclassificação da documentação existente nos arquivos, aguardando que sobre os mesmos passe o período legal, acabam por impedir um debate, que tem de ser sério, rigoroso e objectivo e para o qual muito pode contribuir este fórum, se em vez de opiniões de duvidoso esclarecimento, pudessem acrescer factos objectivos que ocorreram naquele período.
 

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Cabeça de Martelo

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« Responder #57 em: Novembro 16, 2006, 10:26:24 am »
Caro mcalberto onde me viu a defender o Estado Novo?!  :?
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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Luso

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« Responder #58 em: Novembro 16, 2006, 11:37:04 am »
Face a este estado cleptocrático eu peço um Estado Novo.
Agora cada um que entenda o que quiser.
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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JLRC

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« Responder #59 em: Novembro 16, 2006, 12:31:55 pm »
Citação de: "mcalberto"

Bonitas palavras, mas de difícil interpretação. Se não vejamos, até com a ajuda e citando: "25 de Abril é libertinagem e tachos, mortes, fome, guerra e miséria. Há que pensar nos outros, não é verdade?"

Assim se referia o Luso quando lhe perguntaram o significado de algumas datas.

Temos assim, que para o visado, o espaço temporal em que hoje escreve é um espaço de libertinagem, tachos, morte, fome, guerra e miséria. Certamente por contraponto com o anterior a 25 de Abril, que teria sido de rigor, de isenção, de paz e de riqueza.

Concedendo, que não sabendo do que fala, usufrui pelo menos a liberdade de hoje poder dizer o que então não podia, por dois motivos fundamentais, não só porque não era vivo ou a ser limitava-se a balbuciar, ou então se falasse falaria de tudo, menos disto, é bom que saibam o seguinte:

O poder político anterior ao 25 de Abril, que nunca aceitou nem tentou resolver a questão africana pela via do diálogo, que lhe foi proposto muito antes do início da guerra de África, nem em momentos posteriores, quando já no decurso da guerra, o mesmo foi tentado por dirigentes políticos mundiais, teve sempre para com o conflito africano e para o envolvimento das forças armadas uma clara e inequívoca mensagem de "desenrasquem-se, morram por aí, que nós, uma vez por ano, honramos os que morrerem".

E assim foi, nos meios de combate colocados à disposição das forças armadas, no abandono a que eram votados os militares no teatro de operações, na integração civil quando regressavam do T.O., e obviamente no epifenómeno associado à morte dos combatentes. A estes o Estado não assegurava o regresso dos seus corpos exigindo aos familiares o pagamento para o mesmo se poder fazer. Temos assim, que se alguém nunca honrou o compromisso para com aqueles a quem obrigava a partir para África, era e foi claramente o tal Estado, que para alguns, nos quais o luso se inclui,  terá sido um bom Estado.

Exigir hoje, de um Estado, que nas vossas palavras é o contrário do que gostariam, é no mínimo um exemplo de contradição a que só pela ignorância do que então se vivia, podem deitar a mão.

A história da Guerra Colonial, está de facto por fazer. Por um lado a proximidade da mesma e a existência, felizmente, de milhares e milhares de combatentes que ainda se encontram vivos, mas, muitos deles, com os traumas inerentes aos milhares de mortos e estropiados que viram à sua frente, acaba por funcionar como uma barreira à divulgação de todos os episódios que então se viveram, por outro a não desclassificação da documentação existente nos arquivos, aguardando que sobre os mesmos passe o período legal, acabam por impedir um debate, que tem de ser sério, rigoroso e objectivo e para o qual muito pode contribuir este fórum, se em vez de opiniões de duvidoso esclarecimento, pudessem acrescer factos objectivos que ocorreram naquele período.


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