O movemento de refuxiados cristiáns dende o sur peninsular cara ó norte está ben documentado, e foi persistente entre os séculos VIII e XII. Comezando polo propio Don Rodrigo, fundador da Astúrias independente, e os seus achegados. De feito, foron eses refuxiados do sur os que na meirande parte introduxeron o cristianismo nas costas cántabras e asturianas. A posteriori, rebelións mozárabes en territorio baixo control musulmán provocaron novas ondas de refuxiados. Os textos da época constatan a superpoboación dos vales asturianos e cántabros do século VIII ata o X.
Na história de Portugal, dá-se pouca relevância aos movimentos de pessoas a seguir às invasões muçulmanas.
Os verdadeiros refugiados, foram os refugiados da elite visigoda que se foram afastando para norte à medida que os árabes e berberes avançavam.
Quanto ao rei visigodo/germânico Roderick, ele morreu em combate, segundo alguns em Guad-Alet, embora segundo outros tenha sobrevivido.
A oposição no extremo norte peninsular é uma oposição de um pequeno grupo de visigodos armados, que terão sido comandados por Pelagio. A batalha que marca essa resistência foi Covadonga em 722, mas há historiadores espanhóis que afirmam que a batalha de facto nunca existiu e que se tratou provavelmente de uma simples refrega (uma de entre muitas). Aliás, como por exemplo acontece com a batalha de Ourique, em que D. Afonso Henriques teria vencido os cinco reis mouros a que ainda hoje se faz referência na bandeira de Portugal.
O que os documentos nos mostram, é que as cidades ficaram vazias da administração, quer da administração civil visigoda quer da administração religiosa (que muitas vezes se confundiam).
Braga, por exemplo foi abandonada e a igreja mudou-se para a protecção das muralhas de Lugo.
O povo - fixo na terra por um sistema de servidão que os fez criar raizes - ficou lá e aceitou na maioria dos casos o dominio dos senhores muçulmanos e em muitos casos aceitou mesmo a nova religião.
O que os senhores das Asturias e de Leão vão fazer mais tarde, é reconquistar os territórios e voltar a instaurar as velhas práticas.
Mas quanto mais se avança de norte para sul, menor era a presença da administração visigotica, que se tinha a sul do Minho quase extinguido.
É por isso que o povo que ficou na terra se organizou e data dessa altura o aparecimento dos concelhos/municipios livres, os quais são o resultado da necessidade de organização sentida pelas populações depois da saída da administração visigótica.
É por isso, que quando se pretende unificar o condado da Galiza e o condado portucalense, os portugueses, que eram antigos servos dos visigodos, que ao longo de mais de três séculos se tinham passado a governar sozinhos não aceitaram que muitos dos usos que continuavam a ser comuns na Galiza (para onde tinha fugido parte da nobreza visigoda) voltassem a ser reimplantados em Portugal.
São esses, que apoiam D. Afonso Henriques na luta contra a própria Mãe, mas acima de tudo na luta contra a velha monarquia visigoda, ou o que ela representava para o povo e a burguesia.
Portanto, se havia, como a história afirma, gente disposta a lutar pelo D. Afonso Henriques contra a implantação do velho sistema, então podemos deduzir que se houve exodo, esse foi essencialmente um exodo de nobres, senhores feudais, baixa nobreza e alto clero.
O mesmo alto clero e alta nobreza cujo último suspiro se dá na batalha de Toro, onde o apoio do Rei de Portugal à Rainha Joana não é suficiente para vencer as tropas da pretendente Isabel, apoiada pelas talassocracias da Coroa de Aragão.
Em Portugal, não temos o mesmo tipo de relação com o «Mouro» como em outros lugares da peninsula. Muito do que foi conseguido, foi à custa da pressão árabe sobre a velha monarquia visigótica, que era odiada por grande parte da população. Assim, os mouros foram vistos por muitos como libertadores.
Com o tempo, e com a divisão religiosa cada vez mais vincada, que também foi resultado da tomada do poder nos reinos islâmicos por fanáticos religiosos, passou a haver razões para uma divisão maior, que viria a existir até à conquista final do Algarve no século XIII.
A título de conclusão, o Reino da Galiza e o Reino de Leão, como o Reino das Astúrias são realidades que podem ter acabado, sendo extintas tanto pela pressão portuguesa como finalmente pela pressão castelhana.
Mas esses reinos representavam na peninsula, a presença visigoda que era mal vista e indesejada por todos os povos peninsulares.
É por isso que «Pardo de Cela» não tem uma imagem assim tão boa. Ele é, um representante da velha linhagem, e como todos os representantes da velha linhagem, ele era favorável aos velhos hábitos feudais que os portugueses rejeitaram inicialmente e que posteriormente os castelhanos também rejeitaram dois séculos mais tarde.
Cumprimentos