Economia nacional

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miguelbud

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Re: Economia nacional
« Responder #165 em: Abril 28, 2020, 10:54:18 am »
Eu também acho preferivel ter muitas empresas médias do que 3 gigantes. Apenas referi o facto das nossas ditas gigantes serem pequenissimas no contexto europeu/ mundial, porque vivem essecialmente das vendas nacionais. A PT foi talvez a que conseguiu estar mais perto de se tornar maiorzita, mas só e apenas através da joint venture com a Telefonica, e depois deu no que deu.

Quanto ás nossas empresas médias que conseguem competir lá fora e terem algum volume de vendas sao poucas. Agarrando nos exemplos do programa "Fabrico Internacional", nós precisariamos de pelo menos 100 Simodes ou Frulacts. Empresas estabelecidas no mercado mundial, detidas por capital nacional. A Autoeuropa é uma excelente empresa, mas tem a produçao concentrada na VW com os riscos inerentes que isso significa. Uma das razoes pela lentidao da nossa retoma, foi nao termos empresas destas, se bem que muitas empresas portuguesas conseguiram começar a exportar, mas é um processo lento. A outra razao é que as empresas de serviços em Portugal vivem do estado, e se o estado nao tem dinheiro para gastar, elas nao tem vendas.

Uma coisa que me perturba imenso neste momento é a probablidade de extraçao de lítio em Portugal. Se isto nao tiver em conta o processamento do mesmo em território nacional, ainda para mais com esse tal plano do AICEP, é outra oportunidade perdida.
 

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Lusitan

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Re: Economia nacional
« Responder #166 em: Abril 28, 2020, 02:49:34 pm »
Eu não percebo muito de economia. O pouco que sei é de ler sobre questões sociais. Mas parece-me a mim que o problema de Portugal se explica com o tipo de economia praticada desde os tempos dos Descobrimentos. Continuamos a praticar uma economia extractiva, como nos tempos das colónias, sem no fundo nos preocuparmos em criar valor. Se olharmos para o PSI-20 vemos um grande número de empresas extractivas.

https://medium.com/@stephenjhinton/explainer-what-is-the-extractive-economy-65172f28bd6

As PMEs na Alemanha exportam tanto como as grandes multinacionais. E ao contrário das multinacionais não fazem lavagem de dinheiro e a evasão fiscal é muito baixa. O sistema de aprendizagem no trabalho alemão é também favorável às PMEs criando trabalhadores especializados e com elevado know-how que não só aumentam a capacidade de criar valor das PMEs, mas também estimula a criação de novas PMEs. Mesmo as empresas de família têm elevada capacidade tecnológica.
As multinacionais são importantes na criação de emprego, mas se não estiverem bem reguladas e supervisionadas podem ser mais fonte de problemas do que de riqueza. Basta ver a General Motors nos EUA, a PT em Portugal, o sistema bancário, etc.
 
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Re: Economia nacional
« Responder #167 em: Abril 28, 2020, 08:36:18 pm »
Bancos nacionais aceleram corrida ao dinheiro barato do BCE para responder à pandemia
https://eco.sapo.pt/2020/04/28/bancos-nacionais-aceleram-corrida-ao-dinheiro-barato-do-bce-para-responder-a-pandemia/
Citar
Com o Banco Central Europeu (BCE) a acenar com dinheiro barato num contexto de pandemia, os bancos portugueses estão a “correr” para o apanhar. Há mais bancos a assumirem a intenção de recorrer às operações de refinanciamento de prazo alargado, as designadas ORPA direcionadas III, disponibilizadas pela entidade liderada por Christine Lagarde com condições mais favoráveis. Resposta às necessidades de liquidez das empresas e particulares explicam o apetite, mas o setor quer também tirar partido das oportunidades de rentabilidade criadas pelo liquidez extremamente barata.

Dois bancos nacionais assumiram ter participado nas ORPA direcionadas III realizadas em março, de acordo com o inquérito sobre o mercado de crédito do Banco de Portugal. Mas houve quatro a revelar a intenção de participar em operações futuras deste mecanismo em que o BCE concede empréstimos de longo prazo aos bancos, oferecendo-lhes um incentivo — com juros mais baixos face ao habitual — de modo a que estes disponibilizem mais crédito às empresas e famílias.

As instituições financeiras nacionais que participaram nas ORPA de março, justificaram o recurso a esse mecanismo sobretudo com a necessidade de reforçarem o cumprimento dos respetivos requisitos regulamentares ou prudenciais, mas também com a necessidade de atenuarem dificuldades de financiamento atuais e pelas condições atrativas de rendibilidade permitidas.
Foi em março que a pandemia parou a maioria das economias europeias, acabando por reduzir a liquidez nos mercados. Muitos investidores, penalizados pela turbulência que se instalou nos mercados financeiros, retraíram-se, evitando novos investimentos em antecipação ao forte impacto do Covid-19 no ciclo económico.

Os bancos que pretendem agora participar em futuras ORPA apontaram precisamente as dificuldades de financiamento atuais, assim como condições atrativas de rendibilidade permitidas pela liquidez do BCE, para recorrerem a estas operações de financiamento em breve.

“Os bancos anteveem uma utilização da liquidez sobretudo para os dois fins referidos, mas também como alternativa ao crédito interbancário [em que os bancos se financiam junto de outros bancos] ou a outras operações de cedência de liquidez“, diz o inquérito realizado pelo Banco de Portugal. E também “para a aquisição de obrigações soberanas nacionais”, permitindo-lhes, com o BCE a comprar dívida pública no mercado — tem uma “bazuca” de 750 mil milhões de euros –, obter algum retorno.

Os bancos dizem ainda esperar que “a sua participação nestas operações contribua para melhorar a respetiva situação financeira, nomeadamente através da melhoria da capacidade para cumprir os requisitos regulamentares e prudenciais e da rendibilidade e posição de liquidez global do banco”, mas também “para o aumento do volume de crédito concedido a empresas e a particulares“.
De acordo com o inquérito do Banco de Portugal (BdP) aos bancos sobre o mercado de crédito, no que respeita à procura de crédito, os bancos “anteveem um forte aumento da procura por parte das empresas e uma forte redução por parte dos particulares, em particular no segmento da habitação”.

Este aumento da procura de crédito perspetivada do lado das empresas enquadra-se num contexto em que têm sido disponibilizadas linhas de financiamento que podem ser utilizadas pelas empresas para mitigar os efeitos da pandemia na sua atividade. Foram lançadas linhas que ascendem a milhares de milhões de euros, isto ao mesmo tempo que empresas e famílias passaram a ter acesso a moratórias nos créditos.
 

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Re: Economia nacional
« Responder #168 em: Abril 28, 2020, 09:05:14 pm »
As PMEs na Alemanha exportam tanto como as grandes multinacionais. E ao contrário das multinacionais não fazem lavagem de dinheiro e a evasão fiscal é muito baixa. O sistema de aprendizagem no trabalho alemão é também favorável às PMEs criando trabalhadores especializados e com elevado know-how que não só aumentam a capacidade de criar valor das PMEs, mas também estimula a criação de novas PMEs. Mesmo as empresas de família têm elevada capacidade tecnológica.
As multinacionais são importantes na criação de emprego, mas se não estiverem bem reguladas e supervisionadas podem ser mais fonte de problemas do que de riqueza. Basta ver a General Motors nos EUA, a PT em Portugal, o sistema bancário, etc.

O sistema de ensino alemao é muito melhor que o nosso, porque desde muito cedo começa a diferenciar o trigo do joio (pelo menos há 20 anos era assim). A performance escolar é muito importante e logo a seguir á escola primária os alunos sao distribuidos por agrupamentos escolares mais puxados (para quem tem melhores notas), ou mais acessíveis (para os que tem mais dificuldades de aprendizagem). Isto nao é entanque, de acordo com a sua performance podem ir para um agrupamento mais avançado no ano seguinte. Quem nao sai da cepa torta acaba por aprender um ofício e sai da escola pronto a trabalhar. Para além disso há 20 anos tinha uma coisa muito interessante que era o acesso á faculdade; só os melhores entravam directamente de acordo com o numero de vagas, os outros tinham de esperar uns semestres e enquanto esperavam podiam escolher entre o serviço cívico ou serviço militar.

Por isso quando se diz que a populaçao na Alemanha é mais especializada, quer dizer que o trolha alemao estudou e tem um diploma em como assentar tijolo, enquanto que o trolha portugues foi aquele que nao deu para os estudos e foi trabalhar para as obras com o pai. Sei que existem escolas profissionais em Portugal, e apesar de haver algumas com qualidade, há ainda muitas com um longo caminho a percorrer.
 
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Re: Economia nacional
« Responder #169 em: Abril 29, 2020, 11:54:31 am »
As PMEs na Alemanha exportam tanto como as grandes multinacionais. E ao contrário das multinacionais não fazem lavagem de dinheiro e a evasão fiscal é muito baixa. O sistema de aprendizagem no trabalho alemão é também favorável às PMEs criando trabalhadores especializados e com elevado know-how que não só aumentam a capacidade de criar valor das PMEs, mas também estimula a criação de novas PMEs. Mesmo as empresas de família têm elevada capacidade tecnológica.
As multinacionais são importantes na criação de emprego, mas se não estiverem bem reguladas e supervisionadas podem ser mais fonte de problemas do que de riqueza. Basta ver a General Motors nos EUA, a PT em Portugal, o sistema bancário, etc.

O sistema de ensino alemao é muito melhor que o nosso, porque desde muito cedo começa a diferenciar o trigo do joio (pelo menos há 20 anos era assim). A performance escolar é muito importante e logo a seguir á escola primária os alunos sao distribuidos por agrupamentos escolares mais puxados (para quem tem melhores notas), ou mais acessíveis (para os que tem mais dificuldades de aprendizagem). Isto nao é entanque, de acordo com a sua performance podem ir para um agrupamento mais avançado no ano seguinte. Quem nao sai da cepa torta acaba por aprender um ofício e sai da escola pronto a trabalhar. Para além disso há 20 anos tinha uma coisa muito interessante que era o acesso á faculdade; só os melhores entravam directamente de acordo com o numero de vagas, os outros tinham de esperar uns semestres e enquanto esperavam podiam escolher entre o serviço cívico ou serviço militar.

Por isso quando se diz que a populaçao na Alemanha é mais especializada, quer dizer que o trolha alemao estudou e tem um diploma em como assentar tijolo, enquanto que o trolha portugues foi aquele que nao deu para os estudos e foi trabalhar para as obras com o pai. Sei que existem escolas profissionais em Portugal, e apesar de haver algumas com qualidade, há ainda muitas com um longo caminho a percorrer.

Há 2 aspectos que perdemos para a Alemanha, no ensino/competências (ensinado nas Escolas) e na educação/disciplina (ensinado em casa). Veja por exemplo como cumprimos prazos, ou horas que combinamos. Veja o arrastar dos estudantes para dentro da sala de aulas em contraposição com o fim da aula assim que se dá o toque de saída!!!! Você pode ter o melhor sistema de ensino (o nosso considero que está a maio da tabela dentro do que se passa na Europa), mas se os jovens não tiverem educação dada em casa, vai ser muito complicado progredirem!!!!!!

Mas há mais problemas, nós tínhamos um sistema de ensino que era muito bom no que fazia, as chamadas Escolas Industriais, que nasceram ainda na Monarquia e a ala esquerda que nos governou pós-25 de Abril destruiu, em 1975, ao colocar um ponto final. Porquê? Porque para a esquerda mais radical, era impensável os meninos serem distinguidos entre os que podiam ir para o Ensino Superior e os outros! Isso fazia-lhes muita confusão e lembravam as classes da idade média: nobreza, clero……..

Finalmente no final dos anos 80, mais concretamente em 1989, descobriram que acabar com as Escolas Industriais, que formava quadros intermédios, foi um dos maiores disparates que cometeram no pós 25-Abril. Para tentarem corrigir o tiro, criaram o Ensino Profissional (onde estou desde 2000, vindo de uma indústria….).

O objectivo do Ensino Profissional é o de formar quadros intermédios de jovens que podem ou não prosseguir estudos. Porque no ensino dito regular, os alunos se não tirarem um curso superior, não tem nenhuma formação para começarem a trabalhar! E para isso o Ensino Profissional é a resposta. Eu vou a um restaurante (não agora) e só pela maneira como os funcionários colocam os talheres, servem o vinho ou água, abrem uma garrafa, percebo logo se teve formação na área!!!!!

Vou dar-lhes um exemplo prático do problema do país:
Com o desaparecimento das Escolas Industriais, você num sector da construção civil, passou a ter uma obra comandada por um Engenheiro que nunca assentou um tijolo ou muro (os alunos de construção civil do Ensino Profissional têem aulas práticas de montar muros e depois demolirem o que fazem, utilizando várias técnicas, inclinações, etc) e do outro lado tem um operário que mal sabe ler ou nem sabe de todo e assenta um tijolo assim porque lhe disseram que era assim à 40 anos atrás!!!! Está a ver o problema? Depois o Engenheiro tem a planta para seguir a obra, mas tem os operários que nem sabem o que estão a ver ao olharem para uma planta!!!!! Por esse motivo o Ensino Profissional cria profissionais intermédios, porque não temos de ter vergonha nenhuma se toda a gente não prosseguir estudos ou até fazê-lo mais tarde. No fundo estes quadros intermédios sabem fazer plantas (o projecto de fim de curso na área de construção civil é o de entregarem um projecto completo de uma casa ou prédio) e sabem interpretá-las!!!! E olhe que estes quadros que formamos são muito bem pagos. Posso dizer-lhe que na área da electricidade, as empresas onde os nossos alunos estagiam (têem de estagiar no mínimo 600 horas até acabarem o 12º ano), “roubavam-nos” os alunos e nem deixavam concluir os cursos, porque precisavam de quadros intermédios (tivemos de colocar o estágio só no fim de tudo, para o caso da empresa pretender, pode ficar com o aluno a trabalhar por lá, porque já concluiu a parte lectiva).

Quanto aos empresários, passa-se a mesma coisa. Há de facto muitos empresários que nem saber fazer contas simples, como por exemplo:
Porque é que devemos trocar de computadores regularmente? Porque se um pc funcionar 8h/dia, 260 dias/ano e o KW/H = 0,20€
Um PC consome 450w/h, 8h por dia = 3,6Kw/dia ou  3,6 X 0,20€ X 260 = 187,20€ por ano

Se comprarmos um novíssimo Intel NUC com monitor, que consome 40w/h, 8h por dia = 0,32Kw/dia ou 0,32 X 0,20€ X 260 = 16,64€ por ano

Temos uma diferença = 170,56€ / ano / máquina
Ou seja, se deitarmos fora os velhos CRT e torres ineficientes, poupamos por ano e por computador, cerca de 170€, em 4 anos só a diferença paga o computador!!!!!!! No entanto ainda vemos muitas máquinas com o Windows 95, XT…….. E já nem falo nos benefícios fiscais que advêem pelas depreciações do imobilizado novo (por esse motivo, as grandes empresas e com gestão a sério, troca de computadores no máximo a cada 4 anos, só ganham dinheiro a fazer isso!!!!). Obviamente há excepções, ainda à pouco tempo li um artigo que referia que as torres de controlo de alguns aeroportos, ainda utilizam software específico e feito para funcionar no velhinho Windows 3.1!!!!!!!

Outro exemplo:
A passagem das lãmpadas de 36w fluorescentes para LED de 20w, reduz pelo menos para metade o consumo de energia eléctrica só na iluminação.

Ou se acabarem com os ventiladores e radiadores a óleo para aquecer no inverno, e instalarem Ar Condicionado inverter, com bomba de calor que consome 1Kw e produz 4Kw de calor, temos uma enorme redução do consumo. Para além de poder arrefecer o ambiente no verão!!!!

E também a grande diferença de conhecimentos/competências, faz com que muitas empresas não saiam do sítio. Eu lembro de falar com um empresário (faliu 1 ano depois) a referir-me que tinha uma margem de 20 a 30% a vender carne. Por mais que eu insistisse com ele, com cálculos a mostrar que na realidade ganhava no máximo 10% ele estava fixado nos 20 ou 30%!!!!! Esquecia-se que não pode olhar para a diferença entre o preço que compra e o que vende, ele também tem custos, tem funcionários que ganham o seu salário, tem impostos, tem leasings de máquinas, contas de energia, da água, IMI, etc……Enfim, dava para dissertar por horas com os problemas que nós temos internamente  :mrgreen:
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Re: Economia nacional
« Responder #170 em: Abril 29, 2020, 02:05:27 pm »
As PMEs na Alemanha exportam tanto como as grandes multinacionais. E ao contrário das multinacionais não fazem lavagem de dinheiro e a evasão fiscal é muito baixa. O sistema de aprendizagem no trabalho alemão é também favorável às PMEs criando trabalhadores especializados e com elevado know-how que não só aumentam a capacidade de criar valor das PMEs, mas também estimula a criação de novas PMEs. Mesmo as empresas de família têm elevada capacidade tecnológica.
As multinacionais são importantes na criação de emprego, mas se não estiverem bem reguladas e supervisionadas podem ser mais fonte de problemas do que de riqueza. Basta ver a General Motors nos EUA, a PT em Portugal, o sistema bancário, etc.

O sistema de ensino alemao é muito melhor que o nosso, porque desde muito cedo começa a diferenciar o trigo do joio (pelo menos há 20 anos era assim). A performance escolar é muito importante e logo a seguir á escola primária os alunos sao distribuidos por agrupamentos escolares mais puxados (para quem tem melhores notas), ou mais acessíveis (para os que tem mais dificuldades de aprendizagem). Isto nao é entanque, de acordo com a sua performance podem ir para um agrupamento mais avançado no ano seguinte. Quem nao sai da cepa torta acaba por aprender um ofício e sai da escola pronto a trabalhar. Para além disso há 20 anos tinha uma coisa muito interessante que era o acesso á faculdade; só os melhores entravam directamente de acordo com o numero de vagas, os outros tinham de esperar uns semestres e enquanto esperavam podiam escolher entre o serviço cívico ou serviço militar.

Por isso quando se diz que a populaçao na Alemanha é mais especializada, quer dizer que o trolha alemao estudou e tem um diploma em como assentar tijolo, enquanto que o trolha portugues foi aquele que nao deu para os estudos e foi trabalhar para as obras com o pai. Sei que existem escolas profissionais em Portugal, e apesar de haver algumas com qualidade, há ainda muitas com um longo caminho a percorrer.

Exactamente. Na Alemanha a partir da 4ª classe, na maior parte das regiões do país (há locais em que a escola é parecida com a portuguesa mas são casos raros e muitas vezes na ex-RDA), as crianças são divididas entre Hauptschule (mais fracos), Realschule (médios) e Gymnasium (os melhores). O modelo não é estanque mas é raro haver mudanças.
O modelo alemão tem prós e contras, mas está pensado de forma a garantir mão-de-obra especializada para todos os sectores de actividade. Um agricultor na alemanha tem uma formação que cá só é possivelmente superada por quem tira um curso de engenharia agrónoma. E isso também dá prestígio às profissões.
Quando era miúdo estudei na Alemanha e fiquei estupefacto quando o meu melhor amigo na altura me disse que queria ser agricultor. Isso foi até ter ido à quinta do tio dele e ver como a agricultura na Alemanha estava (nos anos 90) a anos-luz do que se fazia em Portugal e a séculos de distância da agricultura que eu via os meus avós praticar. Ou quando mais recentemente estive na Alemanha a ver uma farmácia de bairro em que tinham equipamentos que nas Universidades em Portugal se têm de marcar com antecedência de mêses para se fazer investigação (HPLC) e tinham um laboratório na farmácia que estava ao nível do que o Laboratório Militar tem cá. A mentalidade é muito diferente da nossa, no sentido em que o objectivo não é retirar o máximo de lucro fácil, mas de criar valor.
 

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Re: Economia nacional
« Responder #171 em: Abril 29, 2020, 03:41:37 pm »
Lusitan,
Falta aí a Berufschule (escola profissional) e acho que a Realschule é mais fraca que a Haupschule. Mas independentemente do agrupamento os estudantes quando saem estao muito melhor preparados para a vida e mais propícios a inovar, uma vez que tem um conhecimento base muito sólido.
Agora imaginemos o que as bancadas á esquerda do PS fariam se em Portugal se quisesse descriminar as crianças desta forma.

Viajante,
há muitas escolas profissionais que só devem existir ou por causa de fundos europeus ou porque dao jeito ao governo para apresentaçao de estatísticas relativas á educaçao. O IEFP costuma ter cursos de formaçao para desempregados e sempre com muitos jovens e pessoal na casa dos 20. Isto nao é nada mais nada menos que um falhanço redondo do ensino em Portugal, mas deve dar imenso jeito a muitas pessoas.
 

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Re: Economia nacional
« Responder #172 em: Abril 29, 2020, 04:08:03 pm »
Viajante,
há muitas escolas profissionais que só devem existir ou por causa de fundos europeus ou porque dao jeito ao governo para apresentaçao de estatísticas relativas á educaçao. O IEFP costuma ter cursos de formaçao para desempregados e sempre com muitos jovens e pessoal na casa dos 20. Isto nao é nada mais nada menos que um falhanço redondo do ensino em Portugal, mas deve dar imenso jeito a muitas pessoas.

A única semelhança que existe entre a formação do IEFP e do Ensino Profissional é que ambas centram-se na formação!!!!!

O IEFP tem centros de formação direccionada para desempregados e jovens à procura do 1º emprego. São formações de curta duração e com 2 objectivos em mente, baixar a taxa de desemprego (enquanto frequentarem esses cursos não contam como desempregados) e tentar requalificar activos para áreas onde façam mais falta.

O Ensino Profissional é totalmente diferente, tem uma duração de 3 anos e que vai do 10º ao 12º ano, e só pode ser frequentado por quem tenho o 9º ano de escolaridade e idade máxima inferior a 20 anos! E como sabe os jovens actualmente são obrigado a estudarem até aos 18 anos ou até ao 12º ano!

Portanto, são mundos à parte e destinada a público alvo diferentes!

Quanto aos Fundos Comunitários que financia ambas as modalidades (FSE e Orçamento do Estado), tomara que fossem rentáveis, a única forma de sobreviverem é terem um accionista público (como o nosso caso) ou Associações Empresariais para formarem técnicos que precisem.

Um pormenor, os cursos ministrados no Ensino Profissional, têem de ter empregabilidade superior a 60% (estudar ou trabalhar) e quem escolhe é o Ministério da Educação em conjunto com os Municípios e as Associações de Municípios da zona em conjugação com os cursos pretendidos pelas Escolas, depois de obrigatoriamente questionarem as empresas da zona.
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Re: Economia nacional
« Responder #173 em: Abril 30, 2020, 11:24:19 am »
Lusitan,
Falta aí a Berufschule (escola profissional) e acho que a Realschule é mais fraca que a Haupschule. Mas independentemente do agrupamento os estudantes quando saem estao muito melhor preparados para a vida e mais propícios a inovar, uma vez que tem um conhecimento base muito sólido.
Agora imaginemos o que as bancadas á esquerda do PS fariam se em Portugal se quisesse descriminar as crianças desta forma.

Viajante,
há muitas escolas profissionais que só devem existir ou por causa de fundos europeus ou porque dao jeito ao governo para apresentaçao de estatísticas relativas á educaçao. O IEFP costuma ter cursos de formaçao para desempregados e sempre com muitos jovens e pessoal na casa dos 20. Isto nao é nada mais nada menos que um falhanço redondo do ensino em Portugal, mas deve dar imenso jeito a muitas pessoas.

A Berufsschule é mais tarde, após completar o 10º ano. A Realschule é o nível médio e a Hauptschule é o nível mais baixo.

https://pt.slideshare.net/guestf68f14/das-deutsche-schulsystem/3
 
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Re: Economia nacional
« Responder #174 em: Maio 04, 2020, 09:29:34 am »
Paradas, 25% das empresas ficam sem dinheiro para salários em pouco mais de um mês
https://eco.sapo.pt/2020/05/02/paradas-25-das-empresas-ficam-sem-dinheiro-para-salarios-em-pouco-mais-de-um-mes-embargo/
Citar
Se fossem a contar apenas com o dinheiro que têm em caixa ou nos depósitos bancários, 25% das empresas portuguesas não conseguiriam pagar mais do que um mês de salários numa paragem total da sua atividade. Essa situação é mais dramática no alojamento e restauração, grande parte do setor do turismo, segundo uma análise publicada no boletim mensal do Gabinete de Estratégia e Estudos (GEE) do Ministério da Economia que, porém, não vincula o Governo.Num momento em que muito do tecido empresarial está há cerca de mês e meio (quase) paralisado, dois economistas do GEE, Gabriel Osório de Barros e Nuno Tavares, foram tentar perceber qual é a capacidade das empresas portuguesas para assegurar o pagamento das remunerações numa situação de paragem total da atividade. “Esta situação colocou-as numa situação única em termos da sua gestão corrente uma vez que a repentina quebra de receitas não pode ser, pelo menos no curto prazo, acompanhada por uma equivalente redução na estrutura de custos”, escrevem.

“No caso do encerramento compulsivo e na ausência de outras alternativas, restará às empresas fazerem uso das suas disponibilidades como forma de garantir a continuidade dos pagamentos“, concluem. Para aferir a margem das empresas, foi calculado o “cash-buffer” que corresponde ao rácio entre o valor das disponibilidades e a folha salarial mensal. Esta é uma forma de medir a resistência das empresas antes de as medidas de apoio anunciadas pelo Governo chegarem ao terreno, como é o caso das linhas de crédito ou do lay-off, medidas que não são tidas em conta neste exercício.
A conclusão é clara: há uma “forte prevalência de empresas com capacidade reduzida (em número de meses) para fazer face aos seus custos salariais recorrendo apenas à sua caixa ou a depósitos bancários“. Falando em números, é possível dizer que, com base nos dados disponíveis e apesar das limitações metodológicas, “25% das empresas não disporiam de recursos suficientes para fazer face a mais do que um mês de salários”.

Em termos setoriais, o alojamento e a restauração são os mais afetados com 50% das empresas sem recursos suficientes para assegurar “muito mais do que um mês” de salários. Estas áreas ligadas ao turismo são precisamente das mais expostas às medidas de contenção adotadas pelo Governo e a nível mundial, sendo também são das mais afetadas no volume de negócios, entre outros indicadores, tal como mostram os inquéritos semanais do Instituto Nacional de Estatística (INE) e do Banco de Portugal.

 

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Re: Economia nacional
« Responder #176 em: Maio 06, 2020, 07:54:06 pm »
https://observador.pt/2020/05/06/portugal-quer-ser-cluster-da-industrializacao-na-europa-diz-ministro-dos-negocios-estrangeiros/

Eu posso andar esquecido, mas ía jurar que foi este mesmo Ministro que maltratou os empresários nacionais ainda no final de 2019!!!!

Percebeu finalmente, de alguns acetatos da Faculdade de Economia do Porto, quando começou a leccionar, que o orçamento de estado só cresce (mais dinheiro para gastar) se os empresários ganharem mais dinheiro e pagarem mais impostos. E que a indústria, essa coisa poluente é a que mais riqueza cria!!!!!

Pode até dar-se o caso dos seus colegas de governo terem mais escolhas de empresas para fornecer o mercado nacional, sem recorrerem a empresas amigas do partido ou onde até foram sócios!!!!!! Mais empresas trás mais escolha e poder de decisão!!!!!

As voltas que o mundo dá!!!!!! O Santos Silva, que de parvo não tem nada, voltou a ser pragmático!!!!!
 

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Re: Economia nacional
« Responder #177 em: Maio 10, 2020, 03:51:46 pm »
Um irlandês feliz por encontrar a cerveja Super Bock à venda no lidl na Irlanda.



https://mobile.twitter.com/CiaranOConn0r/status/1259186482356649986
Abbati, medico, potronoque intima pande
 
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Re: Economia nacional
« Responder #178 em: Maio 14, 2020, 12:21:41 am »
Centeno fica no Governo. "Ficou esclarecida falha de informação ao primeiro-ministro"

https://observador.pt/2020/05/13/centeno-reunido-com-costa-em-sao-bento/

Acabou mais um episódio circense, com o divórcio mais que certo, marcado lá para Junho ou Julho, depois do Centeno apresentar o rectificativo e fazer as malas de cartão para o Banco de Portugal (Diz-se que paga melhor, não chateiam tanto e reformam-se mais cedo).

Depois de mais um número de circo do PM garantir que não havia mais dinheiro para o Novo Banco enquanto não terminasse a Auditoria Forense à gestão do BES/Novo Banco dos últimos 18 anos, quando o Costa estava farto de saber que não era esta auditoria que autorizava ou não mais transferências para o Fundo de Resolução, mas sim a auditoria que todas as sociedades cotadas têem sobre si e em relação à prestação de contas anual. Ainda por cima parece-me que o Costa já deveria ser PM em 2017 quando decidiram vender o Novo Banco à Lone Star e também devia saber que deram um aval de 3,9 mil milhões ao Fundo de Resolução (condição para a Lone Star aceitar a oferta!!!!!!!).

Não bastava o monumental disparate da resolução do ex-BES permitida pelo Passos, em 2014 (só para não ter de liquidar o banco e com isso o déficite disparar), o Costa continua o mesmo caminho em 2017 e permite a venda à Lone Star, com injecções indirectas ao Fundo de Resolução (assim também não conta para o déficite).

Das 2 uma, ou o PM é incompetente e fala na AR sem saber do que fala ou é aldrabão e estava farto de saber que o dinheiro tinha de ser transferido (os 850 milhões até estavam inscritos no Orçamento de Estado que a nova geringonça aprovou!!!!!!).
O senhor Costa não se lembra do que disse em Fevereiro?
https://www.publico.pt/2020/02/27/economia/noticia/injeccao-novo-banco-sera-orcamento-estado-costa-1905703
citação: "O primeiro-ministro afastou hoje a hipótese de uma injecção de capital única no Novo Banco, como defendeu o presidente do Fundo de Resolução, garantindo ainda que o Estado vai aplicar o tecto máximo de 850 milhões de euros." in Público de Fevereiro de 2020.

Agora a culpa foi do Centeno....... está certo!!!!!!

Mas mesmo depois da confusão do layoff que nunca mais é pago, a Ministra de Saúde meter os pés pelas mãos e até dizer que o 13 de Maio podia realizar-se depois do circo do 1º de Maio, o que é que o Costa tirou da cartola para passar a gafe da AR com o Novo Banco? Apoia o Ti Celito!!!! Desta ninguém estava à espera! Com esta jogada que eu reconheço de mestre, mete o PR no bolso (gaba-o a dizer que esteve bem no Parlamento e indirectamente sugere que o Centeno esteve mal), afasta possíveis candidatos socialistas como a Ana Gomes e ao mesmo tempo arruma com a confusão dos 850 milhões ao Novo Banco!!!!!!

Temos artistas!!!!!
« Última modificação: Maio 14, 2020, 12:25:07 am por Viajante »
 
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Re: Economia nacional
« Responder #179 em: Maio 14, 2020, 02:41:02 am »
Esse jornal Observador trabalha para quem?
Tem tido uns artigos pouco imparciais.
« Última modificação: Maio 14, 2020, 02:42:41 am por HSMW »
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