G3 -> Você diz tantas coisas esquisitas (para não utilizar outros adjectivos) relativamente às questões de geoestratégia, que não é possível desmonta-las num tópico sobre um maluco russo que tenta provar o que é impossível provar.
Limito-me portanto à familia de carros de combate T-64/T-72/T-80
Não posso concordar consigo. O T-72 é de um gabinete completamente diferente do T-80. T-72 desenhado em Nizhny Tagil, e T-80 em Omsk. Logo o T-72 não é um desenvolvimento, para além do T-72 ser mais antigo. O T-72 usa características do T-62 (Nizhny Tagil) e algumas do T-64 ( este sim, usava a peça de 125mm antes de todos). Já o T-80 para além de ser mais novo do que o T-72, é da fábrica de Omsk, e é maioritariamente um desenvolvimento do T-64.
Da forma como leio o que você escreveu, você diz ao mesmo tempo uma coisa e o seu contrário. O T-64 e o T-80 são basicamente idênticos, razão pela qual me refiro a essa sub-família indistintamente.
O problema decorre de um facto muito simples:
O T-64, o T-80 e o T-72 são basicamente o mesmo tanque, mais ou menos como o M26, o M47 e o M48 também são basicamente a mesma coisa, com modificações pontuais. Vamos por partes
Primeiro apareceu o T-64 (1966). Era demasiado caro. Os russos começam a estudar uma alternativa em 1968
Em 1971, entra ao serviço o T-72. Ele é muito mais económico de produzir que o T-64, embora menos blindado. Utiliza o mesmo armamento do T-64, mas foi barateado com equipamentos desenhados para modernizar o T-62.
Em 1983, entra em produção o T-80, com motor a turbina, que foi um fracasso. A turbina consumia tanto parada quanto em movimento.
Entre 1987 e 1990 entra em produção o T-80U e o kit de conversão (motor a Diesel, para substituir a turbina).
Por volta de 1995 é lançado o T-90, que é basicamente idêntico ao T-72, mas mais blindado.
Os tanques da família apresentaram problemas de fiabilidade desde o inicio.
Quando a URSS foi para o Afeganistão, levou 1800 tanques e eram todos T-62 e T-55, embora já houvesse T-72 disponíveis, nenhum foi enviado para o Afeganistão.
A blindagem sempre foi o seu calcanhar de Aquiles. Fraca, débil, sem nenhum tipo de garantia, forçou os russos a utilizarem a blindagem reactiva, que passou a ser comum nos carros russos, eriçados de caixinhas explosivas por todo o lado.
A industria russa nunca teve qualquer controlo de qualidade. O prazo de validade da blindagem é mínimo e os russos concluiram que a blindagem reactiva era uma merd@ que só era reactiva, quando lhe apetecia. Os russos criaram blindagem reactiva que parecia que estava quase sempre com o periodo.
É por isso que os russos perderam a confiança na protecção. Muitos removeram a blindagem reactiva [1].
Há exemplos disso nos conflitos no Cáucaso, onde além do mais os chechenos utilizaram RPG-29 de ogiva dupla. Mesmo com a blindagem reactiva os tanques eram alvos demasiado fáceis.
Os T-80 com motor a turbina quando atingidos por uma explosão, não conseguiam ligar o motor a tempo (a explosão provoca um choque que desliga o motor e consome o oxigénio).
O desenho do veículo não ajudava e muitos deles incendiavam-se com grande facilidade.
A acomodação das cargas na torre, levava a que o incêndio acabasse em explosão do tanque, com o tradicional saltar da torre.
Perante a catástrofe, os russos retiraram o T-80 da Chechenia e substituiram o T-80 pelo T-72, mas o T-72 também mostrou ser ineficiente. Com o mesmo problema da blindagem reactiva, o T-72 era menos resistente e menos blindado. O T-72 também também rebentava por causa do combustível a arder na torre e além disso era fácil de destruir mesmo com o RPG-7 mais convencional e antigo.
É assim que volta o velho T-62 e também o T-55.
Os russos continuam a morrer em grande quantidade, mas pelo menos os generais poupam tanques mais caros.
Os russos enviaram no inicio 35.000 homens e 200 tanques (T-80 e T-72). Os terroristas chechenos eram 4.000 a 5.000.
Em três meses os russos perderam cerca de 200 tanques de um total de 846 blindados destruidos ou danificados.
Os generais russos, enviaram uma recomendação para os comandos, a pedir que se cancelasse a compra de tanques com motor a turbina.
Como sabemos, a guerra na Chechenia acabou, porque os mafiosos russos e chechenos negociaram vários acordos, entre os quais o controlo do jogo e o tráfico de cocaina na Russia.
O sistema nunca foi de qualidade. A industria russa, tem a mesma estrutura ineficiente e corrupta da era soviética e não tem controlo de qualidade nem métodos de produção modernos.
Os russos, OS MILITARES RUSSOS QUE SÃO QUEM MORRE DENTRO DOS TANQUES, perderam completamente a confiança nos seus veículos.
O espaço interno dentro de um T-72 é ridiculo, é uma ratoeira de onde não se pode fugir. A blindagem não presta e todos os militares russos sabem disso e o próprio ministro da defesa afirma isso em entrevista à Der Spiegel.
Hoje, perante evidências tão devastadoras, só as máfias que pretende manter as velhas fábricas a funcionar, defendem os velhos tanques, chegando mesmo a inventar disparates como aquele que aqui discutimos.
Mas há sempre um grupo de tolos, que insistem em acreditar em disparates.
Eu já cheguei a receber criticas, por dizer que o T-34 era inferior aos tanques alemães, porque o autor da crítica tinha jogado não sei que jogo de computador e conseguia sempre vencer um Panther com um T-34 :roll: :roll:
Esta é a realidade de que falamos quando discutimos estas coisas...
infelizmente.
[1] - A blindagem reactiva aumenta em várias toneladas o peso do tanque. Sem a blindagem reactiva ( inutil) os tripulantes têm mais probabilidade de sobrevivência porque o T-72 pode atingir uma velocidade até 8-10km/h maior. Grande parte dos T-80 e T-72 enviados para a Chechénia não tinham blindagem reactiva.
O problema russo, é que enviaram estes tanques para combater em áreas urbanas, onde a superior velocidade não podia ser utilizada como vantagem.