Jornadas de Infantaria 2012 - Grupo de Trabalho 3O tiro de combate individual e coletivo das UEC, UEP e UES para os sistemas de armas individuais e coletivos face a um contexto operacional de emprego com ameaças e cenários diversificados.The individual and collective combat shooting at a company, platoon and squad level, while employing individual and collective weapons
systems in a complex and diversified scenario and threats“… o tiro como fator fundamental para o sucesso de qualquer unidade de combate.”
(FARENFIELD, Lieutenant Colonel Martin (2009). “The tactical Employment at Squad and Platoon Level and the Infantry Tactics in MOUT/FIBUA”. Azimute, nº 187, p. 54.)
Decorreram entre o dia 25 de junho a 27 de junho na Escola Prática de Infantaria, as Jornadas de Infantaria 2012, subordinadas ao tema “Novos paradigmas organizacionais, formativos e de liderança nas Unidades de Infantaria de Escalão Batalhão, Companhia e Pelotão”. Neste âmbito, foi abordado pelo Grupo de Trabalho Nº 3 “O tiro de combate individual e coletivo das UEC, UEP e UES para os sistemas de armas individuais e coletivos face a um contexto operacional de emprego com ameaças e cenários diversificados”.
Nota introdutória
Durante o decorrer dos trabalhos em sala, foram debatidos os conceitos e definições de tiro de combate, a situação atual do tiro na componente formativa e operacional, as infraestruturas de tiro existentes no Exército e possíveis simuladores de tiro. Relativamente aos conceitos de tiro de scritas em manuais homologados, verificámos que existem diferenças nas nomenclaturas adoptadas por unidades da componente operacional. Por exemplo, o tiro realizado em condições próximas do real é designado nas publicações doutrinárias do Exército como um tipo de tiro designado por “tiro de combate”, no entanto, há idades que assumem o tiro de combate como o único tipo de tiro que o militar executa. Relativamente à componente formativa e operacional, notámos que a prática do tiro de combate é diferente nestas duas vertentes. Na formação, a prática do tiro é vocacionada para a aquisição das técnicas, enquanto, no treino operacional é orientada para o treino das tarefas a desempenhar pelas pequenas unidades de Infantaria. No que respeita às infraestruturas de tiro e tendo em conta que os combates se desenrolam cada vez mais em áreas urbanas, constatámos que as carreiras de tiro existentes não são adequadas para executar
tiro real em áreas edificadas. Nesta óptica, e considerando que a ameaça se mistura facilmente com a população, onde é difícil a sua identificação, é importante que os alvos se adeqúem a essa ameaça. Relativamente aos simuladores, verificámos que existem vários tipos que podem ser uma mais-valia para apoiar o tiro real, nomeadamente no que respeita à aquisição da técnica de tiro.
Principais lacunas identificadas
Após o debate, segundo a ordem de ideias acima apresentada, identificamos as seguintes lacunas relativas ao tiro em geral e em particular ao tiro de combate:
1. Componente formativa
a) Os conceitos doutrinários estão dispersos e são confusos e redundantes.
b) As técnicas utilizadas na execução do tiro não são adequadas à finalidade das operações.
2. Componente operacional
a) Os objetivos de treino não estão sincronizados com os programas de tiro e além disso, as restrições relacionadas com o consumo de munições, não permitem a plena realização de todas as tarefas.
b) O atraso no desenvolvimento de TTP para executar tiro consoante as tarefas a serem realizadas em ambiente complexo, como é o caso do Combate em
Áreas Edificadas, leva os comandantes de Companhia, através da experiência e ousadia, a improvisarem TTP para o tiro real.
3. Infraestruturas
a) As carreiras de tiro não permitem executar tiro consoante todas as tarefas a executar por um Pelotão de Atiradores.
b) Não existem infraestruturas que permitam a execução de tiro real em ambiente urbano.
c) As carreiras de tiro não são adequadas para executar tarefas que envolvam viaturas.
4. Outros recursos
a) Não existem munições que permitam simular o tiro.
b) As necessidades de munições não estão adaptadas às sessões de tiro.
c) Não existem alvos tridimensionais para dar realismo ao treino.
d) Não existem alvos reativos.
Conclusões
Em primeiro lugar julgamos que é necessário reformular o programa de tiro para definir quais os objectivos a atingir na formação e no treino operacional.
Julgamos que a formação dos Oficiais, Sargentos e Praças deve ter como objectivo capacitar todos os formandos para utilização das técnicas de tiro individual,
que permitam ao militar desempenhar a função fundamental da Infantaria – o Atirador. Contudo, na formação, também é essencial iniciar o treino de tiro real nos baixos escalões para predispor os instruendos, nomeadamente os graduados, para o tipo de treinos que terão de desenvolver na componente operacional, onde o treino do tiro deve ser vocacionado para execução das tarefas das pequenas unidades de Infantaria, até escalão Pelotão. Contudo, nas primeiras fases do treino, importante praticarv o tiro individual, com vista a relembrar e a melhor o desempenho individual. Julgamos que uma forma simples de reorientar
tudo o que diz respeito ao tiro, é criar um órgão no exército que regule toda a atividade relativa a esta matéria. Este órgão teria como linha base de planeamento as necessidades da componente operacional e coordenar com as entidades de formação as medidas a implementar para satisfazer as necessidades operacionais.
Além disto, este órgão emanaria doutrina base comum a todo o exército, principalmente na definição de conceitos, e também geriria tudo o que respeita a infraestruturas, simuladores e distribuição e aquisições de munições consoante o planeamento da atividade operacional. Por fim, descrevemos alguns exemplos de trabalhos e procedimentos a desenvolver para minimizar as lacunas existentes no âmbito do tiro.
1. Componente formativa
a) Desenvolver um manual de tiro com conceitos actualizados de acordo com a doutrina NATO e/ou de outros países da aliança.
b) Desenvolver técnicas de execução de tiro de acordo com as situações reais do combate atual.
c) Executar o treino de tiro real depois de exercícios táticos para maximizar a recriação das condições reais de cansaço físico, psicológico e em simultâneo simular um ambiente táctico relacionado com o treino praticado.
d) Técnicas de formação necessitam ser revistas, com o intuito de dar mais realismo às sessões de tiro e despertar o máximo de motivação para a execução
do tiro.
2. Componente operacional
a) Os planos de treino de tiro devem ser adaptados consoante a especificidade de cada unidade.
b) Coordenar e integrar os seguintes planos:
• Plano Anual de Treino (CFT)
• Plano de Tiro (CID)
• Restrições aos consumos (CLOG)
3. Infraestruturas
a) Desenvolver uma infraestruturas que permita executar exercícios com fogo real:
• Até escalão Pelotão
• Nos diferentes tipos de operações e respectivas tarefas associadas
• Em ambiente urbano
• Em 360º com recurso a simuladores ou munições próprias para executar tiro a curtas distâncias.
Fonte
http://www.exercito.pt/sites/EPI/Public ... 3AGO12.pdf