Quando falo em sermos potência naval, não quero dizer que devamos ser um potentado. Apenas quero significar que não me agrada que andemos aqui aos caídos em segunda mão dos outros países. A Holanda ou a Dinamarca não são grandes potências, mas PENSAM as suas forças armadas, no caso as suas marinhas. Não andam aí à procura de navios em segunda mão baratinhos, antes concebem, projectam e constroem os barcos de que precisam, dentro das suas estratégias nacionais.
O que eu queria dizer é que o nosso País deve fazer o mesmo. Definir as prioridades de Defesa e, depois, procurar encontrar as melhores soluções, mesmo atendendo à nossa pequena dimensão. Não nos interessa ter muitos navios de guerra, nem que sejam grandes. Mas pensarmos bem as nossas necessidades estratégicas, que derivam da geografia nacional que nos coube, e então projectar as forças que precisamos ter.
Não gosto nada de ver idealistas, como são muitos foristas aqui, auto- reprimirem-se e dizerem: "Ah, mas isto é impossível para nós, não temos dinheiro!..."
Acho que temos o direito de sonhar ao menos e admitir a possibilidade de algo melhor do que a miséria a que nos habituámos.
Por isso, recuso a auto-repressão do sonho e continuo a pensar numa Marinha de Guerra portuguesa que tenha 5 ou 7 fragatas modernas (das quais duas anti-aéreas), dois (ou três) submarinos de futuro, um Navpol em condições (para o futuro...), 8 ou 10 NPO (para devidamente patrulharmos a nossa grande ZEE, que é o nosso futuro!), etc. etc....
Se se reparar, em termos de forças de superfície, a marinha holandesa está reduzida aos 4 "destroyers" LCF e às duas fragatas Karel Doorman que lhes restam. A Dinamarca vai ficar com as duas Absalon e mais as três belíssimas fragatas que estão a construir e a Noruega vai ter as 5 Nansen. A própria Espanha julgo que está reduzida a 6 fragatas OHP/Santa Maria e aos "destroyers" F-100. E não me quero referir à Bélgica ou à Irlanda, cujas marinhas são uma tristeza... Apenas falo das marinhas de alguns países "deste campeonato", salvo seja...
Assim sendo, para concluir, parece-me que um número de 5/7 fragatas é razoável para a dimensão do nosso Portugal. Mas têm de ser navios capazes de ombrearem sem vergonha com os das outras Nações, e não "uma esquadra do carapau"...
É verdade que as duas fragatas classe M vieram acrescentar potencial à nossa Armada, contudo pergunto-me se não continuam a fazer-nos falta navios de defesa anti-aérea de área. E, por favor, não pensemos outra vez em compras de segunda-mão! Dignas, seriam duas Meko A-200 AAW ou então duas daquelas fragatas dinamarquesas.
Um contrato com os alemães poderia então ser pensado, com vista a uma futura substituição das nossas VdG por umas Meko-D, por exemplo.
Tendo em perspectiva uma participação na sua construção que viabilizasse a recuperação e a modernização dos nossos estaleiros navais, que "andam pelas ruas da amargura"...
Seria motivo de orgulho para os portugueses verem então a sua Marinha de Guerra à altura de defender a Nação e levar de novo o nome de Portugal, por esses mares que nunca (antes de nós) tinham sido navegados, em nome da civilização e da paz...