Indefinição vai marcar os próximos tempos na Venezuela diz o General Loureiro dos Santos
A indefinição vai marcar os próximos tempos na Venezuela, não só até às eleições, mas também em função do resultado destas e da liderança que daí emergir, chavista ou opositora, disse hoje ao Diário Digital o general Loureiro dos Santos. Horas depois da morte de Hugo Chávez, multiplicam-se as conjecturas, sem quaisquer certezas em relação ao futuro de um país cujo poder estava ancorado em torno de uma única figura, «El Comandante», que apesar de ter designado um «sucessor» não terá nas suas hostes um «herdeiro» do seu carisma e perfil de liderança.
Nicolás Maduro, 50 anos, antigo líder sindicalista e actual vice-presidente da Venezuela, é o delfim de Chávez e saltou para a frente das câmaras quanto «El Comandante» o apontou como sucessor, numa tentativa de assegurar um chavista puro como herdeiro, e não um representante de uma corrente dentro do socialismo, segundo os analistas.
Ora ainda não passaram 24 horas sobre o desaparecimento de Chávez e já há sinais de lutas internas.
Os que apoiam a Constituição consideram que deve ser o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, a assumir e dirigir o país até às eleições, como estabelece a Magna Carta. Por outro lado, há membros do Governo que defendem que deve ser Maduro a assumir, tal como disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, Elías Jaua, que terça-feira à noite assegurou que será o vice-presidente a dirigir a Venezuela.
«A luta pelo poder não é só entre chavistas e oposição, é também entre os próprios chavistas. Não sabemos que figuras podem emergir entretanto», afirmou Loureiro dos Santos, salientando que também se desconhece o posicionamento dos militares em todo este cenário.
«Não sabemos que papel poderão ter no pós-Chávez, que era ele próprio militar e se preocupou muito com as Forças Armadas, e até com a constituição de uma milícia paralela para servir de contraponto a algumas posições de militares dissidentes», salientou o general.
«Há também a questão simbólica de Chávez, que pode ser usada pela milícia, sublinhando não pôr de parte a possibilidade de poderem surgir tentativas golpistas nas eleições.
Nas eleições de Outubro de 2012, a oposição – liderada por Henrique Capriles - teve uma votação nunca antes alcançada durante a liderança de Chávez, 44%, um resultado que pode agora traduzir-se numa vitória absoluta, já sem «El Comandante» na corrida.
Um tal resultado poderia levar, por exemplo, os militares ou a milícia chavista a intervir pela força, considera Loureiro dos Santos.
Em termos internacionais, Cuba – aliada muito próxima de Chávez – pode ser muito prejudicada com a nova liderança da Venezuela, se esta surgir das fileiras da oposição, adianta ainda o general Loureiro dos Santos, frisando que também o movimento da «revolução bolivariana» poderá agora vir a ser dirigido por Rafael Corrêa, o presidente do Equador.
«É muito difícil prever neste momento o que se irá passar, há factores muito complexos em causa e é difícil saber qual é o actor que irá prevalecer», considerou Loureiro dos Santos.
Diário Digital