Lisboa, 23 Mar (Lusa) - O Governo português tem preparada uma "força militar conjunta" para, caso necessário, retirar os portugueses que vivem na República Democrática do Congo, anunciou hoje o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE).
Valia mais, a meu ver, evacuar a titulo definitivo todos os portugueses da
RDCongo e considerar como da sua única responsabilidade pessoal as consequências da opção daqueles que ali quiserem permanecer ou pretendam instalar.
Lembro que neste momento, o centro da capital se transformou num teatro de guerrilha, com notícia da presença de elementos pró-Bemba do outro lado do rio Zaire(
Brazaville) à espera de estabelecer uma 'ponte' com os seus 'camaradas' em
Kinshasa.É possível que hoje mesmo haja uma acalmia nos combates, para dar lugar a alguma discussão...mas nao será por muito tempo...!!!
Recordo ainda que a comunidade internacional (ou seja nós os contribuintes!) investiu dezenas de milhões de dólares para garantir as primeiras eleições livres do país.Como resultado,
Joseph Kabila foi eleito presidente e
Antoine Gizenga escolhido para primeiro-ministro a partir de uma maioria parlamentar.Que a
UE considerou legitimo esse governo ("
o Congo é um pais democrático e a ajuda que lhe prestamos não pode estar dependente de condições" palavras do comissário europeu
Louis Michel) e que não deveria ser posto em causa.No entanto, passados três meses das eleições, o adversário derrotado parece dispor de exército pessoal, mesmo no coração da capital !!!
A
MONUC, força das Naçoes Unidas para a Republica do Congo(a mais importante missão até agora montada pela organização internacional!) recusa intrometer-se nesta crise.O que nos pode levar a ver afundar todo o processo democrático desenrolado até hoje.Curiosamente o (novo)representante da
UE para a região dos Grandes Lagos explicava anteontem que o problema entre as milicias de
Bemba e as
'forças republicanas' era " ausência de contactos directos"(sic)"e que pertencia ao governo dar o primeiro passo".A imprensa belga de hoje classifica, e justamente, esta posiçao de ...'
surrealista'.
A meu ver a
RDCongo, tal como Angola e a maioria dos paises africanos com fronteiras artificiais traçadas nos tempos coloniais, precisam de de discutir realmente a sua identidade e limites fisicos, e idealmente organizarem-se numa verdadeira
União Africana, mas primariamente reconhecendo as suas diferenças etnicas, linguisticas, culturais, historicas...senão manteremos estes problemas 'ad eternum'...
Afinal, a nossa experiência na Europa, nomeadamente nos
Balcãs e
ex-URSS, onde fomos aceitando, a bem ou mal, sucessivas divisões e sub-divisões de estados para se transformarem em mini-nações (o último exemplo dos quais é o
Kosovo) não pode(deve) ser autorizada em Africa ?? ...porquê?