Os suecos têm tanto jeito para vendas, que o Gripen quase não vende. No mundo real, com propostas idênticas, o Gripen não ganha concursos, muito menos os que envolvam o F-35. Falar da Ucrânia é um não-argumento, pois se nas opções para os ucranianos, houvesse a possibilidade de receberem o F-35, eles escolhiam-no ao invés do Gripen sem a menor das dúvidas.
Depois, convém entender de uma vez por todas, que o futuro caça da FAP, vai ter que operar por pelo menos 30 anos. Ou seja, 30 anos é muito tempo e muita coisa pode acontecer, e podemos depararmo-nos com um caso em que o caça de então, as missões não se resumam àquilo que se faz hoje. Daí que a escolha de um caça, o pilar central da defesa de um país como o nosso (isto é, que não tem uma tríade nuclear), é algo que tem que ser muito bem pensado.
Num futuro em que a maior parte dos países vizinhos poderão obter caças de 5ª geração nos próximos 15/20 anos, sermos os únicos presos com caças de geração 4.5 é um risco enorme.
Os americanos optaram por manter caças convencionais (isto é, abaixo da 5ª geração), porque se justifica. Eles não abdicam de ter os caças topo de gama (que em breve serão os de 6ª geração), e a ideia deles é complementarem-se entre si. Comparar com Portugal, é absurdo, até porque no nosso caso não estás a falar de usar caças de geração 4.5 para complementar os de 5ª geração, mas sim ficarmos reduzidos a 4.5 por pseudo-benefícios económicos.
Entretanto, é preciso aceitar que nem todos os programas ligados à Defesa, vão trazer benefícios para a economia. Era impossível num país tão pequeno, e com reduzido know-how, e que compra tudo em quantidades reduzidas, querer que todos os programas tenham impacto directo na economia.
No caso dos caças, iriam criar uma fábrica, o que tornava o programa todo mais caro, para produzir uma quantidade muito baixa (e nem sequer produzia o avião completo), e ao fim de 10 anos, a fábrica fechava e o pessoal que lá trabalhava, emigrava para uma das grandes empresas europeias ou americanas. Não é sustentável para um país como Portugal, que nem munição de armas ligeiras produz, achar que vai conseguir fabricar caças.