Vamos por partes.
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Relativamente ao Centauro, com canhão de 120mm, em nenhuma altura eu achei que tal veículo fosse destinado a combater em campo aberto contra tanques, tipo T-72 ou equivalente. Eu estou absolutamente convencido de que os carros de rodas, por muito canhão que lhes ponham em cima, nunca serão tanques, e quando lhes colocarem blindagem, vão ficar tão pesados que serão inuteis.
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Relativamente à questão dos elementos comuns. Eu lembro que o Pandur-II com torre de 105mm, será sempre muito diferente dos restantes Pandur-II. As rodas, a suspensão, a seccção onde está acoplada a torre, o motor, serão diferentes. As coisas que podem ser iguais, serão os farois e os equipamentos de comunicação, e mesmo assim, dependendo da evolução da tecnologia, se calhar nem mesmo aí.
É por isso que falo do Centauro, que pode aguentar muito melhor uma peça de maior calibre.
Mas isto não quer dizer, como refiro no ponto anterior, que um Centauro possa enfrentar um T-72. Só se for para fugir rapidamente e esconder-se. As peças de grande calibre num carro 8x8 como o Pandur-II são para suporte a forças de infantaria. Se necessário, podem, claro atingir com sucesso carros blindados pesados, mas não têm a minima hipotese de resistir a um impacto, como não tem qualquer dos Pandur-II.
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Quanto aos de 120, admitindo que seriam Leo 2 () não haveria certamente correspondência entre a peça deste e a de um Pandur 120, e duvido muito que a nível das munições anti-tanque houvesse.
Spectral, se você vir as munições de 105mm disparadas pelos canhões L-119, são utilizáveis pelos 105mm dos M-60A3. Os países da NATO têm equipamentos com calibres idênticos exactamente por causa da compatibilidade. O que você pode dizer, com toda a razão, é que há munições que se forem disparadas pela peça de 120mm de um Leopard-II-A5, têm um efeito, e se forem disparadas por um 120mm de um Centauro, terão outro efeito. Mas isso não implica que não possam ser utilizadas. Numa situação de “desenrascanço”, podem.
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E já agora, estas boas notícias sobre o investimento a sério do Exército nos equipamentos dos Pandur parecem-me boa demais... Uma opção como o desmantelamento da BMI como a conhecemos (força de lagartas) e uma encomenda posterior de Pandurs talvez esteja no horizonte.
O que eu vou dizer a seguir é apenas uma opinião:Há quem há bastante tempo, proteste, por o exército precisar de um choque tecnológico, como aquele que sofreu a marinha com as Vasco da Gama, ou a Força Aérea com os F-16A/B e agora com os MLU.
Há quem afirme que quando vieram os M-60, se deveria ter optado por Leopard-II, mas que isso não se fez, por causa do choque que provocaria, com alterações muito grandes ao nível da logística.
Por isso, não é de estranhar que, presentemente, haja quem defenda que o choque deve ocorrer, mesmo que em pequena escala com as Viaturas Blindadas sobre Rodas.
Se, as VBR se incorporarem, com um nível tecnológico elevado e forem capazes de uma considerável operacionalidade, então das duas uma:
Ou acabam os tanques pesados
Ou é necessário substituir os M-60.
Pessoalmente, o “instinto” canino
diz-me que as forças blindadas pesadas, a que estamos habituados a associar a Brigada Mista Independente, não vão deixar de existir.
No entanto, esse mesmo instinto, também me diz, que o seu número será reduzido. A BMI, ou melhor, as forças pesadas do exército, ficarão reduzidas a uma unidade da dimensão de um batalhão de carros de combate, e dois de infantaria mecanizada. (unidades indicadas apenas para dar uma ideia de dimensão)
Os Leopard-II, serão inevitáveis, e os M-113,
para já continuarão ao serviço. Aqui, no que respeita aos Leopard-II, como acho que vai haver uma redução, acho que pela primeira vez desde o principio dos anos 50, teremos carros de combate à altura do mais moderno que existe na Europa.
No entanto, as mudanças governativas, podem, por si só, mudar muita coisa. Por isso, temos que aguardar, para aplaudir, se for caso disso, e para protestar, se as chefias militares e o MDN não justificarem cada cêntimo que gastam.
Cumprimentos