Mas o que é que a capacidade económica da Catalunha (que é maior que a nossa desde que Portugal se criou como nação) tem a ver com os argumentos apresentados pelo Yosi?
A questão demográfica, é evidentemente importante, por causa de uma coisa chamada "Economia de Escala".
Mesmo antes da adesão, a Espanha, tinha uma economia fechada e absolutamente proteccionista. Mas a Espanha podia ser proteccionista, porque tinha um mercado interno que lhe permitia ser proteccionista. Portugal, como país de dimensão muito inferior, não podia ser proteccionista, porque o mercado pura e simplesmente não tinha dimensão para garantir a existência de empresas exclusivamente destinadas ao mercado interno.
Por tudo isto, comparar uma economia quatro vezes maior, fechada e proteccionista, com uma quatro vezes menor e aberta por necessidade de sobrevivência, é um absurdo.
Além disso, não me lembro que a Catalunha tenha durante 10 anos gasto 45% do Orçamento do Estado em defesa...
O artigo pede uma opinião espanhola, e como é obvio, a opinião espanhola será sempre uma opinião baseada no preconceito.
É evidente que, Portugal cometeu inumeros erros, mas é também evidente, que partiu de uma situação muito pior, saído de uma guerra de mais de uma década, que consumiu o país.
Não me lembro por exemplo de a Espanha ter recebido centenas de milhares de desalojados das ex-colónias, que foram um factor positivo, mas que inevitavelmente provocaram problemas à economia , ou afravaram problemas que já existiam(deficit, desvalorização da moeda e grande inflação).
Portugal entrou na CEE, com uma economia muitissimo mais débil que a da Espanha. O que é espantoso, é que um país que perdeu um império, que tinha "reservas de mercado" nas colónias e que em pouco mais de uma década passou de império colonial a país da CEE, tenha encaixado golpes tão grandes. A Espanha, não teve nenhum destes problemas. O dinheiro que Franco gastou a apoiar o crescimento da industria, Salazar gastou-o a comparar armas e a pagar a militares para manter o império.
Essa é a grande diferença, e quem não falar nessa enorme diferença, não sabe o que está a dizer e não pode ser por isso levado a sério.
Além disso, devo dizer que conheço as redes de estradas de Portugal da Espanha, da Alemanha do Reino Unido e da Itália.
As nossas estradas antigas, podem estar em más condições, mas as estradas mais recentes (20 anos) estão em condições bastante aceitaveis, quando em comparação com os restantes países que conheço.
O que de facto está mal, é a forma como a malha rodoviária está consttuida. É dificil de entender, como é que Lisboa, que é uma cidade relativamente pequena, tem os problemas de trânsito que tem. O principal problema que o espanhol vê na nossa rede de estradas é que para eles ela deveria ser um braço do sistema de estradas espanhol, para alimentar Madrid.
De notar igualmente as conclusões tiradas, de que os portugueses além de estupidos são corruptos, e que a Espanha é, obviamente um país inpoluto, sem corrupção alguma.
Temos que saber ler nas entrelinhas. Comentários que vêm de Espanha devem ser desmontados e "desinfectados".
Há muitos problemas em Portugal, no entanto, os comentadores espanhóis, pela sua tradicional incapacidade e incompetência, decorrente do desconhecimento e do preconceito genético contra Portugal, são sempre para analisar com o pé atrás.
Isto evidentemente, não quer dizer que devamos ficar sentados a achar que está tudo bem.
Não está!
Há muita coisa mal!
Mas comparar a realidade portuguesa com a espanhola, é um erro. Somos países diferentes com passados em grande medida opostos, é necessário ter isso em consideração.
Dito isto, somos evidente responsáveis por muiytos erros cometidos, e como já aqui disse várias vezes, eu coloco as responsabilidades nos primeiros cinco anos de governo(s) Antonio Guterres 1995-2000. A juntar a isto, a acção negativa do Presidente da República, ao estar de acordo com a política do "dialogo" que foi entendida como a politica da "facilidade". Recordo aqui os casos do lobby do garrafão, que impediu a entrada em vigor de uma lei que proibia a condução sob o efeito do alcool, ou o caso de Barrancos, em que se começaram neste país a fazer leis, especiais, apenas porque este ou aquele lobby fazia muita pressão.
A seguir a casos como a "rendição" de Barrancos, em que chegámos à pouca vergonha de a GNR saber que se estava a praticar um crime e olhar para o lado, eu como cidadão deixei de acreditar no Governo e no Presidente da República.
É portanto, em minha opinião, perfeitamente legitimo localizar no espaço o problema. Até 1995, a economia portuguesa, com altos e baixos, crescia a um ritmo superior ao da UE. Durante a segunda metade da década de 90, era preciso refrear gastos, e enxugar a administração pública. Nada disto foi feito. O problema não é Portugal, como exemplo, o problema foi um determinado período de governo que ajuizou mal, e decidiu pior.
A culpa é nossa porque como nação parecemos ser incapazes de aceitar qualquer sacrificio quando nos chega à porta. Toda a gente aceita sacrifícios, mas toda a gente sai à rua para protestar quando o sacrificio se torna pessoal.
Vide o vergonhoso caso das policias, que se desacreditaram nas ruas, comportando-se como arruaceiros da pior espécie.
Merecemos o que está a acontecer, a culpa é nossa.
Cumprimentos