Atenção que quando mencionei um possível referendo estava a ser irónico. A figura do referendo em Portugal é, ao contrário de outros países europeus, um escrutínio raríssimo de efectuar, e naturalmente o que eu queria dizer é que se o Governo quisesse mesmo abdicar das FAs teria um instrumento directo à sua disposição. No entanto sou daqueles que acredita que se se referendasse tanto a manutenção das Forças Armadas como a permanência da NATO, o resultado seria favorável à continuidade em ambos os casos. Afinal, e de acordo com os últimos inquéritos, as FAs e as forças de segurança são consideradas as instituições mais credíveis e fiáveis pela sociedade portuguesa.
O que eu quero dizer, e não vou mais bater na mesma tecla até porque o tópico diz respeito a outro assunto, é que este Governo parece ter uma agenda para os militares, que claramente aposta na desarticulação da actividade nos ramos. Não partilho completamente da opinião de certos colunistas que afirmam que este Executivo, e quem o suporta, está finalmente a ajustar contas com quem levou a cabo a revolução do 25 de Abril, que este ano completará 40 anos. Acho, isso sim, que a loucura de cortes e poupança e do discurso economicista, para além de um elenco de incompetentes, está a fazer com que este Governo corte a direito, destrua, e não meça as consequências presentes e futuras de tais actos.