A bandeira dos Lusitanos

  • 14 Respostas
  • 12819 Visualizações
*

dremanu

  • Investigador
  • *****
  • 1254
  • Recebeu: 1 vez(es)
  • +7/-18
A bandeira dos Lusitanos
« em: Abril 11, 2004, 07:04:05 pm »
Um amigo mandou-me esta informação que eu desconhecia por completo. E o mais interessante é que a fonte é Brasileira. Sendo assim aqui fica para os colegas do forum terem oportunidade ficarem a conhecer, se já não conheciam.



BANDEIRA DOS LUSITANOS

Quando a península ibérica foi invadida pelos romanos, os lusitanos da Serra da Estrela se opuseram à dominação. Resistiram bravamente durante dez anos, liderados por Viriato, até que Roma envia Cipião, que suborna três embaixadores do chefe luso - Audax, Ditalkon e Minuros que, em 140 AC, o assassinam enquanto dormia.

Assim, décadas depois, em 61 AC, seria necessário o próprio Júlio César para submeter os povos do noroeste, transformando a região numa província romana, a Lusitânia.

A bandeira dos lusos, como se vê, é o que há de mais simples: um pano com o desenho do animal símbolo.

A cor branca deve ter sido escolhida por acaso, sem intenção de querer expressar algo.

Para os primitivos, as cores não representavam os grupos, ao invés, pelo emblema - algum instrumento, vegetal, animal ou astro. O branco realçava o dragão verde.

O dragão dos lusos pode ter esta pauta de idéias: os pés do leão significam a fortaleza; as asas de águia, a sabedoria, a velocidade; a cauda da serpente a astúcia, a estratégia, a vigilância.

O verde foi inspirado na exuberante natureza da Lusitânia. Cabe ressaltar que o dragão é o elemento mais rico da simbologia.

Na batalha de Aljubarrota, em 14 de agosto de 1385, D João I, de Portugal, derrotou decisivamente o Rei de Castela e garantiu a independência de Portugal. Os cavaleiros da Ala dos Namorados, comandados pelo Condestável Nuno Álvares Pereira lutavam sob uma bandeira verde como o velho dragão lusitano.

O verde permanece na última bandeira portuguesa e na atual Bandeira do Brasil.

Não há nenhum registro escrito com a forma correta da Bandeira dos Lusos, surgindo divergência entre os autores sobre a forma do dragão e seu posicionamento na bandeira. A versão apresentada é a mais aceita.
"Esta é a ditosa pátria minha amada."
 

*

Luso

  • Investigador
  • *****
  • 8530
  • Recebeu: 1623 vez(es)
  • Enviou: 684 vez(es)
  • +940/-7282
(sem assunto)
« Responder #1 em: Abril 11, 2004, 07:40:29 pm »
Ora aqui está uma bela bandeira, "carago"!
Devia era ser azul: seria linda!  8)
- Penso eu de que...
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

*

Luso

  • Investigador
  • *****
  • 8530
  • Recebeu: 1623 vez(es)
  • Enviou: 684 vez(es)
  • +940/-7282
(sem assunto)
« Responder #2 em: Abril 11, 2004, 07:43:45 pm »
Dremanu, que referências clássicas conhece sobre os Lusitanos?
Há tempos que procuro material sobre o assunto mas até agora nada.
Conhece o Rainer Daehnhardt?
Claro que sim, aposto!
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

*

emarques

  • Especialista
  • ****
  • 1177
  • Recebeu: 1 vez(es)
  • +1/-0
(sem assunto)
« Responder #3 em: Abril 13, 2004, 02:05:40 am »
Um par de imprecisões... Não foi Júlio César que pacificou o noroeste, foi Augusto. Daí os nomes de algumas cidades: Bracara Augusta, Asturica Augusta (Astorga)...

E segundo as divisões provinciais de Augusto, o território a norte do Douro formava outra província, a Galécia.

Quanto à tal bandeira, não sei o que pensar. Já se usavam bandeiras na altura? A ideia que tenho dos romanos é daquelas águias com um pano vermelho por baixo (tipo Astérix ;)) E se alguém usasse bandeiras com um símbolo que representasse a nação, penso que seriam os romanos, não os lusitanos.
Ai que eco que há aqui!
Que eco é?
É o eco que há cá.
Há cá eco, é?!
Há cá eco, há.
 

*

papatango

  • Investigador
  • *****
  • 7493
  • Recebeu: 974 vez(es)
  • +4596/-871
(sem assunto)
« Responder #4 em: Abril 13, 2004, 12:31:05 pm »
Realmente isto é um bocado lirico.

De Facto, não havia bandeiras como as conhecemos hoje.

Mesmo as bandeiras ou pendões romanos, não representavam Roma, mas sim a legião. Cada legião tinha um.

Portanto, considerando que Viriato teve relevância militar por volta de 150 AC, é evidente que atribuir uma bandeira aos lusitanos é um bocado esquisito para não dizer outra coisa.

O dragão era uma figura mítica utilizada pelos povos Celtas. No entanto como sabemos, é por muitos posto em causa que os Lusitanos fossem um povo Celta, pois embora tivessem características Celtas, tinham outras que indicam que não o seríam. A origem dos Lusitanos continua a ser um mistério, e algumas análises genéticas indicando que uma grande parte da população portuguesa poderá (sublinho poderá) não ter nenhum parentesco próximo, podem contribuir para tornar a origem dos Lusitanos ainda mais estranha.

Creio que alguns historiadores colocam bandeiras com o dragão verde,  na peninsula, apenas no século V. Em 428, os Vandalos e os Alanos passam para o norte de África e ficam os Suevos (ficam, em conjunto com os Ibero-Romanos, que continuaram a constituir a maíoria da população).

Os Suevos fixam-se no noroeste da peninsula ibérica, desde Coimbra até á Corunha, no norte da Galiza.

A origem do dragão verde, deverá eventualmente ter origem nos Suevos. Muito mais tarde, há registos de que nas lutas de D. Afonso Henriques, contra os Galegos, terá defrontado tropas de alguns nobres, que traziam como armas, um dragão verde em fundo branco.

Quando se tentam reviver algumas tradições antigas, e com ligações aos Celtas, o dragão verde normalmente vem á baila.

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

*

JNSA

  • Analista
  • ***
  • 833
  • +1/-2
(sem assunto)
« Responder #5 em: Abril 13, 2004, 01:36:24 pm »
Um dragão, e ainda por cima verde!!! Safa, realmente o que nasce torto...  :bang:

Mas clubismos à parte, tenho sérias dúvidas em relação à veracidade desta informação.

Em primeiro lugar a identificação de um povo/nação por uma bandeira é algo que provavelmente ainda não existiria à época ( o que não invalida que se identificassem pelo símbolo do seu chefe, o que poderia ser o caso ). De facto, mesmo a nossa primeira bandeira nacional ( cruz azul sobre fundo branco ) está envolvida em alguma polémica entre os historiadores - uns dizem que seria a bandeira de D. Afonso Henriques e não a de Portugal, outros ainda que a cor não seria o azul, e há ainda quem discuta se ela teria mesmo existido sob a forma de bandeira, e não apenas pintada em alguns escudos...

Sendo assim, uma suposta bandeira do tempo dos Lusitanos é algo para duvidar...

Há ainda outro pormenor relevante - os símbolos religiosos lusitanos que mais chegaram aos dias de hoje são o javali (que seria a representação da sua principal divindade) e ainda, por vezes, o urso - portanto animais reais, e não míticos, que representavam a força da natureza. Se eles tivessem uma bandeira era mais lógico que esta tivesse um javali ou um urso em vez de um dra... dra... vocês sabem...  :snip:
 

*

Luso

  • Investigador
  • *****
  • 8530
  • Recebeu: 1623 vez(es)
  • Enviou: 684 vez(es)
  • +940/-7282
(sem assunto)
« Responder #6 em: Abril 13, 2004, 02:17:04 pm »
"lógico que esta tivesse um javali ou um urso em vez de um dra... dra... vocês sabem... "

Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

*

dremanu

  • Investigador
  • *****
  • 1254
  • Recebeu: 1 vez(es)
  • +7/-18
(sem assunto)
« Responder #7 em: Abril 13, 2004, 03:13:12 pm »
Luso já ouvi falar desse nome, mas por acaso nunca li nada do que foi escrito por esse senhor. Faço tenção de o fazer brevemente.

Quanto á bandeira dos Lusitanos, não sei se é verdade ou não, como disse foi um amigo que me mandou. Talvéz bandeira não sejá o termo correto, sendo que é um termo que hoje em dia associamos a uma representação da nação, e de um povo. O mais apropriado seria dizer o estandarte utilizado pelos Lusitanos para se identificarem quando lutavam em conjunto.

Não creio ser correto assumir que os povos da antiquidade pré-romana em Portugal, não tinham o concepto de lutarem unidos debaixo de um estandarte. O general Hannibal recrutava soldados entre os povos da peninsúla ibérica, e inseria-os ao seu exército. Sendo que esse exército era multi-racial, e contava com milhares de homens, animais, e equipamento, alguma forma teria que haver de organizar essa massa humana, senão seria o caos. E se ele ganhou várias batalhas contra os Romanos, foi porque tinha alguma forma sofisticada de organizar o exército.

Quanto aos romanos esses lutavam debaixo de estandartes padronizados, taís como:



       

E que tal continuar esta discussão, expandindo o tema para incluir todo o tipo de informação sobre os Lusitanos.
"Esta é a ditosa pátria minha amada."
 

*

dremanu

  • Investigador
  • *****
  • 1254
  • Recebeu: 1 vez(es)
  • +7/-18
(sem assunto)
« Responder #8 em: Abril 13, 2004, 03:15:18 pm »
Os Povos da Lusitânia

Mário Saa fez um estudo bastante exaustivo sobre as Estradas Romanas em Portugal.

Assim, na sua Obra “As grandes vias da Lusitânia – Livro XV” escreve em 1964, o seguinte:

A Lusitânia era limitada a norte pelo Douro, a leste pela actual fronteira de Leão, a sul pelo Tejo até ao Oceano Atlântico.

À parte oriental estendiam-se os Vetões, que foram incluídos na Província. A estes Vetões pertenciam, no entanto, os Lancienses Oppidanos, com a sua sede em Lancia Oppidana, ocupantes de uma boa parte da Lusitânia restrita. São eles o segundo povo do rol, sendo igaeditanos o primeiro.

Os lancienses, quer de Lancia Oppidana (Serra d’Opa), quer de Ocellum (Castelo Branco?), estes também chamados Lancienses, quedavam a norte e a oeste dos igaeditanos, até aos cimos da Estrela. Do outro lado, a dar sobre o Mondego, estendia-se o povo dos Lancienses Transcudanos e, para além do Mondego, os Tálores, que melhor escreveríamos Tálures, usando a desinência usual verificável em Ástures, Pésures, etc.

A capital dos Tálures era Talabrica (Viseu).

Não antecipemos, porém.

Norba Caesariana, da gens Quirina, centrada em Idanha, estendia-se para sul e sueste até à ponte de Alcântara, e ainda para além da ponte, sobre Cáceres e Trujillo que, entre os romanos, foram respectivamente Castra Caecilia (Castri Célices ou simplesmente Castris) e Castro Júlia, duas cidades tributárias da colónia Norbense.

A metrópole da colónia era, evidentemente, Idanha (Civitas Igaeditanorum), imediatamente a norte do Tejo.

Cáceres figura no itinerário de Antonino Pio debaixo da forma Castris Célices, na via militar de Emerita à legio VII Gemina (Leão) com passagem do Tejo em Garrovillas onde, próximo, devemos situar Turmulos; e com passagem por Galisteo (ao pé de Plasência) onde verificamos as ruínas romanas de Rusticiana. Logo adiante, Banhos de Montemayor, junto a Bejar, onde teria existido a lusitana Capara. Depois Salamanca, Zamora, Leão.

A via de Mérida a Leão transpunha longitudinalmente o país dos Vetões de que Ptolomeu falava.

A colónia Norba Caesariana, cujo esteio territorial era, sem dúvida a Igueditania, ou seja a vasta comarca conhecida por Civitas Igaeditanorum tinha por centro a extinta cidade que agora se chama Idanha-a-Velha, e estendia-se sobre a outra margem do Tejo, em direcção ao sueste, envolvendo as tributárias Castra Caecília e Castra Júlia, respectivamente Cáceres e Trujillo.

Os Lancienses Oppidanos, com inclusão dos Oceleses (Oqueleses) , da cidade de Ocelum (Castelo Branco?) limitavam por oeste, noroeste e norte, o povo dos Igaeditanos. Sua capital, Lancia Oppidana, achava-se no alcarial romano da Serra d’Opa, ao pé do Santuário da Senhora da Póvoa e não distante do castro de Sortelha Velha.

Os Tálures, a noroeste dos Lancienses centravam-se em Talábrica (Viseu).

 Os Interamnienses, habitantes do Interamnium (terra de entre os rios), ocupavam parte do espaço de entre Távora e Côa que, nesta região, são os dois principais afluentes da margem esquerda do Douro. Pertenciam ao Interamnium as localidades actuais de Terranho, Moreira do Rei, Trancoso,  Aldeia Velha, etc.

A cidade Interamnium corresponderá provavelmente a Moreira, não obstante o Terranho e a Torre do Terranho lhe deterem o nome.

Entre os Ástures, a norte do Douro, havia, segundo Ptolomeu, duas cidades denominadas Interamnium, uma delas cognominada Flavium.

Os Interamnienses lusitanos, omissos em Ptolomeu mas citados na ponte de Alcântara e em inscrições da Idanha, confrontavam a leste com os Colarni, povo da margem direita do Côa, antigo Cola.

A cidade Colarnum, estaria aí por Vilar Maior, no concelho do Sabugal. O topónimo “Vilar” aplica-se na acepção de alcarial, o mesmo que ruínas, geralmente romanas. Os Colarnos são o quinto povo da inscrição de Alcântara.

 Os Lancienses cognominados Transcudanos (sexto povo) ocupariam a aba setentrional da Serra da Estrela que seria, por esse tempo a Serra de Cuda, a originar a distinção de Transcudanos.

Logo os Áravos, sétimo povo da ponte, confrontavam com os Interamnienses e Colarnos. Eram centrados em Marialva (concelho de Meda) na margem esquerda do Côa. As ruínas romanas de Marialva são as mais notáveis do distrito da Guarda, como as da Idanha-a-Velha as mais notáveis do distrito de Castelo Branco, como as de Viseu as do seu próprio distrito, como as de Ul e Vale de Cambra as mais notáveis do distrito de Aveiro. Eram grandes cidades.

A Civitas Aravorum (cidade dos Áravos) consagra um monumento, e talvez um templo, a Júpiter Óptimo Máximo em Marialva. Jaz depositado no museu da Guarda.

Temos depois os Meidubricenses, no litoral lusitano dos Túrdulos Velhos.

Meidúbrica ou Meidóbrica, se não era o cabeço do Vouga, de ruínas romanas, era a estância profusamente arqueológica de Ul, com Vale de Cambra a seu lado, bairros de Oliveira de Azeméis, a cujo concelho pertencem, e de que são urbanamente precursores. Plínio informou: “Meidubricenses, qui plumbarii”.

São aqui, entre Vouga e Antuã as mais importantes minas de chumbo de Portugal, como da Lusitânia. Uma via romana da Idanha, sinalada com colunas miliárias, ou legionárias, passava por Viseu e atingia o Alto das Talhardas, sobre o mar, no curso terminal do Vouga, e daí se dividia em ramos sobre a região do chumbo. Era a mais notável via da ponte de Alcântara.

Aos Meidubricenses (oitavo povo) em ordem, que ocuparia o distrito de Aveiro, até mesmo a partir de Coimbra, segue-se o povo dos Artabricenses, se bem lemos o termo. Estes são os Ártabros ou Arotrebas, de Ptolomeu, que circundavam a baía do seu nome no noroeste de Calecia. O recanto noroeste da Lusitânia, chegado à foz do Douro, era ocupado pelo mesmo povo, que outrossim, ocuparia a margem setentrional do rio, inclusa a cidade do Porto.

 Segue-se o confinante povo dos Banienses, já não Lusitano, pois que pertencia à margem direita do Douro e por ela se estendia ao longo do rio, ocupando, designadamente, o território de Baião, e bem assim o da arqueológica e religiosa Panóias, ao pé de Vila Real;  como o da mineira Torre de Moncorvo com sua serra de Reboredo.

Em inscrição de Moncorvo se alude à Civitas Baniensium que nós relacionamos com a designação regional de Baião, limitada a sul pelo Douro e a oeste pelo Tâmega.

Na margem esquerda do Douro, em confinação com os Banienses e com os Tálures de Viseu e a leste com os Áravos de Marialva, habitavam os Pésures, último povo da ponte de Alcântara.

CONCORRENTES E TRIBUTÁRIOS POVOS DA
PONTE DE ALCÂNTARA – LUSITANOS

Igaeditanenses .................... Túrdulos        
Lancienses Oppidani ........... Vetões
Tálures ................................. Túrdulos
Interamnienses..................... Vacceus
Colarni .................................  Túrdulos
Lancienses Transcudani...... Vetões
Meidubricenses................... Túrdulos
Arabrigenses........................ Túrdulos
Banienses............................. Túrdulos
Paesures............................... Paesures
"Esta é a ditosa pátria minha amada."
 

*

dremanu

  • Investigador
  • *****
  • 1254
  • Recebeu: 1 vez(es)
  • +7/-18
(sem assunto)
« Responder #9 em: Abril 13, 2004, 03:48:12 pm »
Lancia Oppidana

Vale da Senhora da Póvoa (Vale de Lobo)

Serra d’Opa, Os Celtas na Serra d’Opa

 
Depois de termos procurado algum conhecimento sobre os Celtas, resta-nos agora fazer uma análise, ainda que sintetizada, deste povo que habitou toda a Europa.

Ficámos a saber que vieram do norte e ocuparam praticamente toda a Europa, tendo relevância na Irlanda, na Inglaterra, em França, na Alemanha, na Península Ibérica, etc. Os seus testemunhos encontram-se mais difusamente salvaguardados na Irlanda e na Inglaterra, mas aqui, na Península Ibérica, ainda podemos encontrar muitos vestígios, embora a maioria deles tenham sido apagados pelos povos que a seguir aqui chegaram.

De que há notícia, o primeiro povo aqui existente, foram os Íberos. Alguns autores dizem mesmo que Íberos e Hebreus eram o mesmo povo, mas ainda não chegaram a provas concretas. Segundo Atienza, investigador espanhol, os Íberos foram os sobreviventes da Atlântida quando esta desapareceu com o dilúvio universal.

Quando os Celtas chegaram à Península Ibérica, juntaram-se aos Iberos tendo formando um povo que passou a denominar-se de Celtiberos. De notar que os Celtas e os Íberos seriam da mesma raça, daí que não se tivessem guerreado, preferindo fundir-se num só povo. Os hábitos religiosos eram idênticos, embora os Íberos preferissem sepultar os seus mortos, os Celtas cremavam-nos. Ora se os Celtas ao expandirem-se passaram pela Índia, estes costumes funerários ainda hoje lá prevalecem. No entanto, aqui na Península Ibérica, coexistiram estes dois costumes, pois existem ainda muitos dólmenes, conhecidos em Portugal por nomes como ANTAS, ARCAS, ORCAS, MAMOAS, MAMOELAS, FURNAS, MOURAS,  etc., tudo monumentos funerários, segundo a Arqueologia, embora a palavra dolmen signifique MESA DE PEDRA.

Os Celtas eram grandes conhecedores da Natureza, a sua vida era totalmente feita ao ar livre, praticando a agricultura e a pastorícia. As casas eram normalmente redondas, com uma só entrada, com telhados de colmo, à semelhança das cubatas dos indígenas africanos. Eram normalmente de pedra mas, nos locais onde esta não abundava, faziam-se também de outros materiais, tais como madeira, caliça, terra, etc.

Normalmente as cidades eram pequenas porque viviam em tribos. Mas chegaram a ter grandes cidades fortificadas a que deram o nome de LUGDUNUM.

No Santuário da Senhora da Póvoa existiu uma cidade fortificada que actualmente se encontra soterrada. Daí chamar-se Póvoa àquela área por ali ter existido um aglomerado populacional, cujo tamanho só poderá ser conhecido se um dia forem feitas escavações arqueológicas no local, e voltar a trazer à luz do dia os restos da cidade que ali se encontra.

Um engano em que muita gente incorre, é o de dizerem que os Celtas viviam nos topos das montanhas, por os castros que chegaram aos nossos dias estarem situados nesses locais. Estes castros encontram-se naqueles lugares porque, quando deixaram de ser necessários à defesa das populações, estas regressaram aos vales, onde podiam praticar a agricultura. Só se refugiaram no alto das montanhas quando tiveram períodos de guerra, essencialmente com os Romanos, que os obrigaram a refugiar-se em locais inóspitos. Estes castros não desapareceram porque nunca mais para lá voltaram, e não são propícios à agricultura.

Na área de Vale da Senhora da Póvoa podemos ainda hoje encontrar alguns vestígios dos Celtas, através dos castros aqui existentes, embora alguns já não existam hoje porque foram deliberadamente destruídos, caso do castro do Peão, da Cerca, dos Enferrujados e Vendas dos Vinhos, e da Senhora da Póvoa. No entanto, ainda está bem à vista o castro actualmente designado por Sortelha Velha.

 No entanto, a maior quantidade arqueológica que aqui se pode encontrar é romana e visigótica. Foram encontradas moedas  cunhadas, romanas e algumas visigóticas que, segundo me foi informado, tinham cunhadas a esfinge do Rei visigótico VITIZA, que reinou desde 700 a 710.

Aos Celtas foram atribuídos  outros nomes pelos Romanos, quando dividiram a Península Ibérica em províncias. Aos Celtas que viviam no actual Portugal, na maior parte desta superfície, chamaram-lhes Lusitanos, porque eram adoradores do  deus LUG, que significa LUZ, BRILHANTE. Chamaram a esta parte da Península LUSITÂNIA = TERRA DA LUZ. Os Romanos traduziram Lug para a sua língua (latim), dando origem a LUX. Então passou a ser denominada por Luxitania e os seus habitantes por luxitanos. Já este território era português, e chamava-se ainda Luzitânia e Luzitanos os seus habitantes. Os filólogos resolveram passar a escrever Lusitânia e Lusitanos, o que embaraça um pouco a compreensão das palavras por estas perderem a sua raiz etimológica.

 Quando falamos dos Lusitanos, vemos que era um povo que continuava a viver em tribos, continuando a manter as mesmas tradições celtas, até à chegada dos Cartagineses, oriundos da cidade de Cartago, no norte de África, e que se encontravam em guerra com os Romanos. Os Cartagineses resolveram entrar na Europa através da Península Ibérica, para avançar sobre Roma, comandados pelo famoso general Aníbal. Este recrutou, aqui na Lusitânia, uma boa parte do seu exército, com o qual fez tremer Roma.

Os Celtas eram guerreiros bastante aguerridos, mas também, bastante indisciplinados. A Península Ibérica acaba por ser invadida pelos Romanos devido ao facto dos Cartagineses aqui fazerem os seus recrutamentos militares.

Mas, não pensemos que foi apenas por isto que os Romanos invadiram este território. Os Romanos queriam conquistar toda a Europa, a fim de obter as riquezas naturais do território e, também, para alimentar as ambições dos generais Romanos que, assim, obtinham poder sobre Roma através dos seus exércitos, aumentando as suas fortunas pessoais com os saques que realizavam nas campanhas. De notar que Júlio César, bastante ambicioso, fez a sua campanha na Hispânia, a fim de poder pagar as suas dívidas em Roma.

Os Celtas, adoradores do deus LUG = LUZ, representavam este por três formas: LOBO, CORVO e GANSO.

Foi esta forma de LOBO que veio a dar origem a Vale de Lobo, actual Vale da Senhora da Póvoa. Repare-se que Lisboa tem como símbolo o CORVO.

O GANSO, a ave, tem a ver com o feminino de LUG – LUSINE ou MELUSINE, a actual Nossa Senhora da LUZ, a Virgem sem o menino ao colo. Todas as Igrejas ou Capelas relacionadas com a Senhora da LUZ = LUSINE = ISIS, estão viradas para nascente, lugar onde nasce a luz, o Sol.

Como se pode concluir, a religião céltica era animista, portanto baseada na natureza. Os Druidas, que eram os seus sacerdotes = sábios, tinham um profundo conhecimento da Natureza, ou seja, da Terra e do Céu. Eram óptimos astrónomos, astrólogos e curadores, o que hoje chamamos de médicos. Tinham um profundo conhecimento das plantas, e até hoje em dia, cada vez mais as medicinas se estão voltando para o seu legado.

Os próprios Gregos, base actual da cultura ocidental, diziam que os Druidas eram os homens mais sábios do mundo.

Os Celtas deixaram-nos monumentos que hoje são um verdadeiro quebra cabeças para os arqueólogos, historiadores e antropólogos.

Os Celtas, como já disse, viviam em tribos, guerreando-se entre si, tendo apenas encontrado uma unidade racial quando se tratou de combater os Romanos invasores. Aí apareceu Viriato que conseguiu unir as tribos, única forma de combater um exército poderoso como era o romano, de tal forma que, depois de oito anos de luta, os romanos tiveram de corromper os emissários de Viriato para que o matassem traiçoeiramente, tal era a qualidade de chefia deste homem. Após a morte deste, os Lusitanos ficaram sem um chefe à altura e sucumbiram facilmente às mãos dos invasores.

Viriato viria a ficar famoso e os historiadores romanos dele falaram com respeito, vendo nele um valoroso guerreiro, um homem justo e um grande estratega de guerra. Os seus estratagemas chegaram a ser estudados pelos militares romanos no tocante à verdadeira guerra de guerrilha, tão utilizada nos nossos dias, em todo o mundo.

 Segundo nos conta Estrabão, os Celtas não bebiam vinho, mas sim cerveja. Por isso vemos que os povos nórdicos, ainda hoje, bebem muita cerveja, não sendo apreciadores de vinho. O vinho expandiu-se mais em todos os países que foram aculturados pelos romanos. Cultivavam trigo em pouca quantidade porque faziam pão a partir da bolota. Tinham como árvore sagrada o Carvalho. Os seus rituais religiosos eram normalmente praticados na floresta, no seio da Terra-Mãe.

 Muito mais haveria para dizer sobre os Celtas, mas, fica este resumo que nos dá uma imagem de quem eram, como viviam e como sucumbiram às mãos dos romanos.

Que os Celtas estiveram na Serra d’Opa, não restam dúvidas. No entanto, quando se fala em povos antigos nesta região, fala-se muito de mouros e romanos. Vamos clarificar esta situação.

Há vestígios de vários castros Celtas ao longo desta serra:

O primeiro encontra-se a poente e chamam-lhe agora Sortelha Velha. Ainda estão visíveis os seus restos.

O segundo, no local denominado Enferrujados e Vendas dos Vinhos.

O terceiro, no Santuário da Senhora da Póvoa

O quarto, na zona do Peão, junto à fonte do Piolho (já não existe)

O quinto, junto à penha da serra, onde se encontra o talefe, num local ainda hoje denominado Cerca.

Alguns monumentos megalíticos são encontrados nesta Serra, conhecidos pelo nome de Antas, embora nesta região lhes chamem MOURAS, MAMOAS e ORCAS

Há também um alinhamento na Serra do Abrunhal, que actualmente serve de delimitação do distrito. É descrito nos Interrogatórios de 1758, pelo Padre Manuel Martins do Olival, com o nome de Breda dos Marcos (Vereda dos Marcos.

Qual a origem do nome da Serra? Creio que se deve ao nome da deusa Romana OPES ou OPAS, deusa da abundância, associada com Saturno.
"Esta é a ditosa pátria minha amada."
 

*

dremanu

  • Investigador
  • *****
  • 1254
  • Recebeu: 1 vez(es)
  • +7/-18
(sem assunto)
« Responder #10 em: Abril 13, 2004, 04:08:10 pm »
Outra visão dos povos que contribuiram para a constituição de Portugal...

Os Lusitanos, Callaïcos, Asturos e cantabros.

" O país entre o Tejo e os Artabros está ocupado por mais ou menos trinta povos. Bem que a região seja rica em fruta, gado, ouro, prata e outros metais de valor, antigamente estes povos não tratavam de trabalhar este solo rico mas preferiam dar-se ao banditismo e às  guerras constantes entre eles mesmos, ou atravessando o Tejo, contra os vizinhos (…)

Os Lusitanos são conhecidos como engenhosos para as emboscadas, a busca de informações, são impetuosos, rápidos, capazes de manobrasrápidas. Levam um pequeno escudo de dois pés de diâmetro, côncavo, fixado ao corpo com correntes. Levam também um punhal ou uma faca. Vão de jaqueta em linho. Alguns levam cota de malha e um capacete(…).

Alguns deles estão também armados de lanças com pontas em bronze. Diz-se dos habitantes da beira Douro que vivem de modo espartano; lavam-se, untam-se com azeite duas vezes por dia em locais especiais e  praticam o banho de vapor em estufas de pedra aquecidas ao lume, mas banham-se em àgua fria e fazem um só jantar, frugal, que comem  cuidadosamente.

Os Lusitanos fazem sacrifícios. Examinam as entranhas sem ectomia. Examinam também as veias do flanco e fazem predições tocando-as. Consultam de mesmo modo as entranhas de seres humanos, dos  prisioneiros de guerra. Velam a vítima com uma manta e ao momento do sacrifício dão um golpe na parte baixa da barriga ; tiram uma primeira predição do modo como cai o corpo.

Corta-se também a mão direita dos prisioneiros para a consagrar em oferta. Os montanheses são todos sóbrios. Só bebem àgua e dormem no chão. Deixam crescer o cabelo como as mulheres mas levantam-no e atam-no na testa para o combate. Comem essencialmente carne de bode. Sacrificam  ao deus da guerra um bode, os prisioneiros de guerra e cavalos(…)

Organizam também concursos para as tropas ligeiras, os hoplitas e a cavalaria, havendo provas de pugilato, de corrida, de combates com lanças e combates em disposição em linha fechada.  As povoações das montanhas vivem durante os dois terços do ano da colheita da bolota do carvalho. São secos e esmagados. Faz-se depois uma farinha para fazer um pão que se conserva muito tempo. Bebem geralmente cerveja, raramente vinho pois o disponível é consumido  depressa nos banquetes familiares. Utilizam manteiga em vez de azeite.

Celebram os banquetes sentados : cada convidado tem um assento reservado, contruído ao longo do muro. Cada um se senta em relação a  idade e a posição social, e depois é disposta a comida na mesa. Quando se começa a beber, os homens dançam, todos agrupados ao som da flauta ou baixando-se e saltando alternadamente. Em Bastetania as mulheres  dançam com os homens : dançam frente a frente amarrados pelos braços esticados.  Os homens vestem-se com uma grande capa preta que serve também de cobertura quando dormem nos colchões feitos de ervas e folhas secas.

As mulheres utilizam casacos e vestem-se com bordados de cores vivas.
Alguns povos servem-se de moedas, de prata para pagar ou fazem trocas de mercadorias. Deitam do topo dos rochedos os condenados à morte. Lapidam os parricidas, mas longe dos montes e das fontes. A cerimónia de  casamento é igual à dos gregos. Os doentes, como era antigamente o caso no Egipto, são expostos na rua para que possam lhes dar conselho  os que tiveram as mesmas doenças(…) O sal é vermelho mas fica branco depois de ser moído.

Assim vivem as populações montanhosas. Falo das que se seguem ao longo da costa norte da Ibéria, os Callaïcos, os Asturos e os Cantabros, até ao país dos Bascos e os Pirineus. Todos vivem da mesma maneira. "

Estrabão, Geografia, III, 3, 5-7

O autor antigo Polìbio, testemunha da queda de Numancia en 133 a.C.
conta :

" A frequência das batalhas, o número dos que morriam e o valor dos celtibéros eram tão grandes que o medo pregou as suas garras sobre os
mais jovens e que os antigos confessaram nunca ter visto coisa igual.
"
Polìbio, Historias, XXXV, 4

O mesmo autor descreve assim a dureza das batalhas.

" Chamamos as guerras de fogo, as guerras que conduzem os romanos contra os celtiberos. A natureza desta guerra foi tão extraordinaria  como a ausência de interrupção dos combates. As guerras da Grécia e da  Àsia se terminavam geralmente numa só batalha; raramente em duas ; e a decisão da batalha fazia-se num só momento, o do primeiro impacto e o  do ataque.. Foi tudo ao contrário nesta guerra. Pois quase todas as  batalhas só paravam com o cair da noite ; e os homens resistiam com coragem sem que os seus corpos cedessem ao cansaço e recusando-se a
recuar, como arrependimento, recomençavam o combate. Quase nem o inverno parava esta guerra e a série de batalhas sem interrupção. Na verdade, se alguém quer imaginar uma guerra de fogo, que não pense noutra senão esta. "

Polìbio, Historias XXXV, 1

Estes textos foram traduzidos do livro do historiador francês especialista dos celtas
Vencesla Kruta « les celtes, histoire et dictionnaire : des origines à la romanisation et au christianisme, collection Bouquins, editions Robert Laffon, Paris 2000 ».

Mostram claramente as caracteristicas celtas dos nossos povos: o culto
da guerra e da bravura guerreira, o culto, a importancia das fontes de agua e dos penedos.  Na alimentaçao tambem se reconhecem caracteristicas celtas como a utilização  Da manteiga e não do azeite mediterranico ; bebem cerveja e raramente o vinho Mediterranico ; comem um pão feito de bolotas de carvalho pão conhecido pelos historiadores e celtologos como o « pão dos druidas ». Vemos também a presença de sacrificios humanos que existiam pelo todo mundo celta.
"Esta é a ditosa pátria minha amada."
 

*

Luso

  • Investigador
  • *****
  • 8530
  • Recebeu: 1623 vez(es)
  • Enviou: 684 vez(es)
  • +940/-7282
(sem assunto)
« Responder #11 em: Abril 13, 2004, 08:51:18 pm »
Excelente, Dremanu. Obrigado!
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

*

emarques

  • Especialista
  • ****
  • 1177
  • Recebeu: 1 vez(es)
  • +1/-0
(sem assunto)
« Responder #12 em: Abril 13, 2004, 10:52:59 pm »
Obrigado pela transcrição de Estrabão, é a mais extensa que já vi. Só tinha encontrado pouco mais que frases soltas.

Esse texto da Serra d'Opa de quem é, e quando foi publicado? Pareceu-me mais interessado em entrar no panceltismo do que em estudar as especificidades das populações ibéricas. Na verdade, parece até que o autor estava tão interessado em falar de Celtas que resolveu não falar dos lusitanos. :)
Ai que eco que há aqui!
Que eco é?
É o eco que há cá.
Há cá eco, é?!
Há cá eco, há.
 

*

P44

  • Investigador
  • *****
  • 18299
  • Recebeu: 5545 vez(es)
  • Enviou: 5957 vez(es)
  • +7166/-9542
Eu Logo vi...
« Responder #13 em: Junho 02, 2004, 12:02:25 pm »
Tá explicado porque este país nasceu torto...escolheram para simbolo um dragão verde???????!!!!!!!!!! :shock:  :wink:  :P
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

*

dremanu

  • Investigador
  • *****
  • 1254
  • Recebeu: 1 vez(es)
  • +7/-18
(sem assunto)
« Responder #14 em: Junho 18, 2004, 05:12:30 pm »
Viriato,grande leader dos Lusitanos,antepassados dos Portugueses.



"...Sucedeu o pastor Viriato,natural de Lobriga,hoje a vila de Loriga,no cimo da Serra da Estrela,Bispado de Coimbra,..."

--------------------------------------------------------------------------------

Algumas citações, de alguns dos principais historiadores romanos antigos:

- "...Viriato,um Lusitano de nascimento,sendo pastor desde criança nas altas montanhas* da Lusitânia,foi para todos os Romanos,motivo do maior terror.A príncipio armando emboscadas,depois devastando províncias,por último vencendo,pondo em fuga,subjugando exércitos de Pretores e Cônsules romanos. ..."(Orósio(5.4.1)

-"...Viriato,nascido e criado nas mais altas montanhas* da Lusitânia,onde foi pastor desde criança,conseguiu reunir o apoio de todo o seu povo,para sacudir o jugo romano,e fundar uma grande nação livre na Hispânia. ..."(Floro(1.33)

-"...Este Viriato era originário dos Lusitanos...Sendo pastor desde criança,estava habituado a uma vida dura nas altas montanhas*...Famoso entre as populações,foi por eles escolhido como chefe..."(Diodoro Sículo(33.1.1.-4)

*Hermínius,actual Serra da Estrela.Os Hermínius foram a maior fortaleza,e o coração da Lusitânia.

Todos os grandes historiadores antigos,começando pelos Romanos,elogiam as grandes qualidades de Viriato.Nelas se destacam,a inteligência,o humanismo,a capacidade de liderança,e a sua grande visão de estratega militar e político.

A este grande homem,que liderou os Lusitanos, antepassados dos Portugueses,os Romanos só conseguiram vencer recorrendo à vergonhosa traição cobarde.

Este homem,tal como outras grandes figuras que ficaram na história,tinha origens humildes,provando-se na época,tal como hoje,que as capacidades individuais não dependem do estrato social,nem das habilitações académicas.

Viriato era apenas um pastor,habituado desde criança a percorrer as altas montanhas dos Hermínius(actual Serra da Estrela),onde nasceu,e que conhecia como a palma das suas mãos.Foi naquelas montanhas que os que os Romanos tiveram mais dificuldades na sua luta para subjugar os Lusitanos.À terra-natal de Viriato,a localidade mais próxima do ponto mais alto,os Romanos puseram o nome de Lorica,nome de antiga couraça guerreira.

===============================================

Loriga - Vila bela e histórica na Serra da Estrêla -




Lorica,foi o nome dado pelos Romanos a Lobriga, povoação que foi,nos Hermínius(actual Serra da Estrêla),um forte bastião lusitano contra os invasores.Os Hermínius foram a maior fortaleza lusitana e Lorica situada no coração dessa fortaleza,perto do ponto mais alto.Lorica,do latim,é nome de antiga couraça guerreira,de que derivou Loriga,com o mesmo significado.Os Romanos puseram-lhe tal nome,devido à sua posição estratégica na serra,e ao seu protagonismo durante a guerra com os Lusitanos(* LORICA LUSITANORUM CASTRUM EST).

É um caso raro de um nome que se mantém praticamente inalterado há dois mil anos,sendo altamente significativo da antiguidade e da história da povoação(por isso,a couraça é a peça central e principal do brasão histórico da vila).

A povoação foi fundada estratégicamente no alto de uma colina,entre duas ribeiras,num vale de origem glaciar, onde a presença humana existe há,pelo menos,cinco mil anos.Desconhece-se,como é evidente,a longinqua data da fundação,mas sabe-se que a povoação existe há mais de dois mil e seiscentos anos,e surgiu originalmente no mesmo local onde hoje está o centro histórico da vila.No Vale de Loriga,existem actualmente,além da vila,as aldeias de Cabeça,Muro,Casal do Rei,e Vide.

Da época pré- romana existe,por exemplo uma sepultura antropomórfica,num local onde existiu um antigo santuário,numa época em que o nome da povoação era Lobriga,etimologia de evidente origem céltica.Lobriga,foi uma importante povoação fortificada,Celta e Lusitana,na serra.

A tradição local,e diversos antigos documentos,apontam Loriga como tendo sido berço de Viriato,que nasceu,sem dúvida,nos Hermínius,onde foi pastor desde criança.É interessante a descrição existente no livro manuscrito História da Luzitânia,do Bispo-Mor do Reino(1580):"...Sucedeu o pastor Viriato,natural de Lobriga,hoje a villa de Loriga,no cimo da Serra da Estrêla,Bispado de Coimbra,ao qual,aos quarenta annos de idade,aclamarão Rey dos Luzitanos,e casou em Évora com huma nobre senhora no anno 147...".

A rua principal, da àrea mais antiga do centro histórico da vila de Loriga,tem o nome de Viriato,em sua homenagem.
Ainda hoje existem partes da estrada,e uma das duas pontes(século I a.C.),com que os Romanos ligaram Lorica ao restante império.A ponte romana ainda existente,sobre a Ribeira de Loriga,está em bom estado de conservação,e é um bom exemplar da arquitectura da época.
A estrada romana ligava Lorica a Egitânia (Idanha-a-Velha),Talabara (Alpedrinha),Sellium (Tomar),Scallabis (Santarém),Olisipo (Lisboa) e a Longóbriga (Longroiva),Verurium (Viseu),Balatucelum (Bobadela),Conímbriga (Condeixa-a-Velha)e Aeminium (Coimbra).
Loriga,foi também importante para os Visigodos,os quais deixaram uma ermida,provavelmente o templo cristão mais antigo construído na localidade, dedicada a S.Gens,um santo de origem céltica,martirizado em Arles,na Gália,no tempo do imperador Diocleciano.A ermida sofreu obras de alteração e o orago foi substituído, passando a ser de Nossa Senhora do Carmo.Com a passagem dos séculos,os loricenses passaram a conhecer o santo por S.Ginês,hoje nome de um bairro do centro histórico da vila.A actual derivação do nome romano,Loriga,começou a ser usada pelos Visigodos.

A igreja matriz tem,numa das portas laterais,uma pedra com inscrições visigóticas,aproveitada quando da construção datada de 1233.A antiga igreja,era um templo românico,com traça semelhante à da Sé Velha de Coimbra,embora o edifício tivesse dimensões diferentes,tinha o tecto e abóbada pintados,e, quando foi destruída pelo sismo de 1755,possuía quadros da escola de Grão Vasco nas paredes.
Desde a reconquista cristã, que Loriga esteve sob a exclusiva influência administrativa e eclesiástica de Coimbra.Na segunda metade do século XII já existia a paróquia de Loriga,e os fieis dos então pequenos lugares ou "casais" dos arredores,vinham à vila assistir aos serviços religiosos.
A vila de Loriga,recebeu forais de João Rhânia(senhorio das Terras de Loriga no tempo de D.Afonso Henriques),D.Afonso III ,D.Afonso V ,e recebeu foral novo de D.Manuel I .

Com D.Afonso III,a vila regressou à posse da Coroa,e em 1474,D.Afonso V doou Loriga ao fidalgo Àlvaro Machado,doação confirmada em 1477, e mais tarde por D.Manuel I.No entanto,após a morte do referido fidalgo,a vila foi incluída definitivamente nos bens da Coroa.No século XIII,o concelho de Loriga abrangia a àrea compreendida entre a Portela de Loriga(hoje também conhecida por Portela do Arão)e Pedras Lavradas,incluindo as àreas das actuais freguesias de Alvoco da Serra,Cabeça,Teixeira,e Vide.Na primeira metade do século XIX,em 1836,o concelho de Loriga passou a incluír Valezim e Sazes da Beira.Valezim,actual aldeia histórica,recebeu foral em 1201,e o concelho foi extinto em 1836,passando a pertencer ao de Loriga. Alvoco da Serra recebeu foral em 1514 e Vide recebeu foral no século XVII,mas voltaram a fazer parte do concelho de Loriga em 1828 e 1834 respectivamente,também no início do século XIX.As sete freguesias que ocupam a àrea do antigo município loricense, constituem actualmente a denominada Região de Loriga.

Loriga,é uma vila industrializada(têxtil) desde o início do século XIX,quando "aderiu" à chamada revolução industrial,mas,já no século XVI os loricenses produziam bureis e outros panos de lã.
Mais tarde,a metalurgia,a pastelaria,e mais recentemente,o turismo (Loriga tem enormes potencialidades turisticas),passaram a fazer parte dos pilares da economia da vila.Em Loriga existem a única estância e pistas de esqui existentes em Portugal.
"Esta é a ditosa pátria minha amada."