Piratas à Abordagem

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Lusitano89

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Re: Piratas à Abordagem
« Responder #150 em: Março 23, 2012, 11:03:18 pm »
UE prolonga missão de combate à pirataria na Somália


Os chefes da diplomacia dos 27 decidiram hoje prolongar até Dezembro de 2014 a missão 'Atalanta', de combate à pirataria na Somália, em que Portugal participa, a partir de segunda-feira e durante dois meses.  

A fragata 'Corte-Real' largou no dia 12 da Base Naval de Lisboa, com 196 militares a bordo, incluindo um destacamento de helicópteros e duas equipas de fuzileiros do pelotão de abordagem, segundo informação do Estado-Maior General das Forças Armadas.

O Conselho de Ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia decidiu hoje prolongar a missão 'Atalanta', que tem entre os seus objectivos proteger os navios que transportam ajuda do Programa Alimentar Mundial, a distribuir a deslocados na Somália e lutar contra a pirataria na região.

Os ministros decidiram também que a missão 'Atalanta' passará a operar também nas águas costeiras da Somália e nas bases dos piratas em terra, ao longo da costa.

O documento refere que o raio de acção da missão «inclui o território costeiro e as águas territoriais da Somália», mas ressalva que para isso é necessário que o Governo somali dê o seu consentimento.

Lusa
 

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Lusitano89

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Re: Piratas à Abordagem
« Responder #151 em: Março 31, 2012, 01:35:23 pm »
Empresa fundada por português combate pirataria em alto mar


As rotas internacionais ameaçadas pela pirataria são bem conhecidas por António Beirão, um português residente em Inglaterra, que criou no ano passado uma empresa de segurança marítima privada, negócio onde os riscos são vividos em alto mar. Com quase uma década de experiência no circuito internacional de segurança, António Beirão, de 43 anos, criou em outubro passado a SPG & MSC (Special Projects Group & Maritime Security Consultancy), empresa vocacionada para a proteção de embarcações que naveguem em águas perigosas, nomeadamente na Somália, região que registou mais de metade dos ataques de pirataria ocorridos em 2011.

Criada em Inglaterra, onde o empresário reside há oito anos, e com uma base de operações na União das Comores, a empresa é composta por ex-elementos de forças militares e policiais portuguesas e britânicas.

“Neste momento, só trabalhamos com 'rangers' (forças especiais), ex-paraquedistas, dois ou três ex-fuzileiros (...). Temos depois alguns elementos da polícia para outro tipo de contratos, mas a espinha dorsal da empresa são estes elementos”, afirmou António Beirão, numa entrevista à Lusa.

Elementos que, segundo o responsável, têm a formação necessária para integrar equipas armadas e enfrentar situações de risco.

“Como fazemos serviços com armas, e com diversos tipos de armamento, todas as pessoas que contratamos têm de ter perfil, têm de ser pessoas que já operaram em zonas perigosas. Temos alguns elementos que estiveram no Iraque, no Afeganistão (...). Já estiveram debaixo de fogo e dão-nos algumas garantias de comportamentos”, frisou.

A equipa atual da empresa é composta em 75 por cento por operacionais portugueses, incluindo três diretores. Os restantes elementos são britânicos.

Todas as operações são estudadas ao pormenor, tendo em consideração o tipo de navio, a área do destino e as condicionantes do percurso.

O armador pode requerer uma embarcação para fazer o acompanhamento de todo o trajeto ou solicitar a presença de uma equipa armada a bordo.

Neste último caso, frisou o responsável, a equipa embarca antes de entrar na zona perigosa e só depois entram a bordo as armas, sempre controladas pelas autoridades locais.

“A partir daí a viagem é feita, 24 horas de serviço na ponte do navio. Há casos em que os operacionais podem patrulhar o navio, mas normalmente é sempre na ponte de comando do navio, controlar o radar, ver as embarcações que se aproximam ou então nas alas do navio, a bombordo e a estibordo”, explicou.

Sobre os valores monetários envolvidos nestas operações, António Beirão admitiu apenas que são significativos.

A presença de elementos civis armados dentro de embarcações comerciais é uma das questões delicadas deste negócio.

“Há cerca de três, quatro anos, nem todos os países davam permissão para ter equipas armadas a bordo e hoje em dia ainda existe este fator. (…) Há situações em que transportamos armas automáticas, armas de guerra, e temos outras situações em que os próprios barcos não permitem este tipo de armas a bordo e temos sempre de cumprir as leis do navio e as leis dos países onde vamos embarcar ou desembarcar”, salientou.

Quando questionado sobre a eficácia das equipas armadas, o responsável não mostrou dúvidas e garantiu que “não há hipótese de combater armas com mangueiras de água” em alto mar.

“Se um navio não tiver homens armados pode fazer algumas manobras de diversão, tentar dificultar ao máximo o acesso dos piratas a bordo (...), mas se os piratas estiverem bem organizados, se o navio for atacado por três ou quatro embarcações, passada meia-hora, um quarto de hora ou 40 minutos, conseguem tomar o navio”, afirmou António Beirão, relatando que as tripulações sentem-se mais tranquilas com a presença destas equipas.

“Quando chegamos a um navio vê-se perfeitamente a cara de alívio das tripulações. Sentem-se seguros ao fazer o percurso, têm uma equipa de quatro homens armados, que estão preparados e que têm formação, e em caso de haver contacto com piratas existe um código de conduta muito severo e restrito de atuação. Não somos militares, somos todos civis, temos um papel a desempenhar e estamos ali para fazer proteção do navio e da tripulação”, concluiu.

Lusa
 

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PedroI

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Re: Piratas à Abordagem
« Responder #152 em: Abril 18, 2012, 03:22:55 pm »
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Maritime Raid Force – Marines Gear Up To Battle Pirates
By John Konrad On April 17, 2012 in gCaptain

Marines from the 15th Marine Expeditionary Unit's Maritime Raid Force conduct a visit, board, search and seizure exercise aboard the USS Dewey at Naval Base San Diego, April 9. The MRF's primary role is to carry out raids against Maritime objectives including oil platforms, ships, and targets on shore and is based around the MEU's Force Reconnaissance platoon and supported by a security and headquarters element. (U.S. Marine Corps photo by Lance Cpl. Timothy Childers)

With the recent failure of Navy anti-pirate drones early this month, the US Marine Corps is taking a more traditional stance against the Somali pirates. This month the 15th Marine Expeditionary Unit’s (MEU) Maritime Raid Force began training at Camp Pendleton and Naval Base San Diego with Special Operations Training Group, I Marine Expeditionary Force, to learn the skills needed to take back pirated ships by force.

The Maritime Raid Force (MRF) is a special operations force designed to carry out raids against maritime objectives including gas and oil platforms, ships and ports. “The MRF performs small scale precision raids as well as maritime interdiction operations in support of MEU operations,” said Gunnery Sgt. Jason P. Fitzgerald, MRF staff non-commissioned officer in charge, Command Element, 15th MEU.

The MRF is composed of three elements, assault, security and headquarters. The assault element, those with boots on board ship, is made up of Marines and sailors from Force Reconnaissance Company of the 15th MEU. They are assisted by servicemembers from a Security Platoon, Marines from the Command Element and sailors from a Air Naval Gunfire Liaison Company fill the headquarters element. Working together they make an impressive small scale strike anti-pirate force.

“The MRF is important because it provides the MEU with small scale strike capability and a force capable of performing unique mission sets,” said Fitzgerald.

The unique missions of MRF include counter-piracy operations like the Sept. 9, 2010 boarding and control of a vessel infested with armed pirates. The MRF successfully took control of the ship without any injuries to the ship’s crew or Marines. But, with this month’s training, the Corps hopes to improve their tactical advantage.

“This MRF will do a broader expanse of operations than the previous iterations,” said Capt. Mathew Lesnowicz, MRF commander, Command Element, 15th MEU. “We will focus on counter-piracy, but we will also be relied upon for precision raids on land.”

During the first week of training the MRF servicemembers learned the basic skills they would need for the coming months. The Marines trained at a rappel tower to become proficient in fast roping before sliding from the hellhole of a CH-46E Sea Knight the following week.

Marines and sailors also participated in the military’s Shallow Water Egress Trainer course. Similar to HUET Training in the offshore industry, the course develops servicemembers survival techniques in case of a helicopter crash in open water. The troops also became confident using caving ladders, a portable wire-ladder system, to board vessels from rigid-hulled inflatable boats.

Once the Marines and sailors became proficient in these required skills, they began conducting visit, board, search and seizure drills at Naval Base San Diego. In these drills, the MRF boarded vessels with caving ladders and cleared the ship’s key spaces including the bridge, radio room and engine room.

The unit conducted this training to prepare themselves for the next phase of their training, Realistic Urban Training, which will further enhance their skill sets as the unit’s special operations force

The 15th MEU is a Marine Air Ground Task Force comprised of approximately 2,300 Marines and sailors who are training for their deployment scheduled for this fall.

This article was originally written by Lance Cpl. Timothy Childers , for the 15th MEU blog and was edited by John Konrad.
 

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Lusitano89

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Re: Piratas à Abordagem
« Responder #153 em: Abril 18, 2012, 07:07:14 pm »
Alemanha dá permissão a ataques contra piratas em terra


O Governo alemão decidiu hoje ampliar o mandato dos efectivos da marinha que participam na missão "Atlanta", ao largo da Somália, passando a permitir ataques aéreos ao solo contra piratas, e não apenas no mar. De acordo com a resolução aprovada hoje pelo executivo de Angela Merkel, os helicópteros germânicos ficam autorizados a atacar bases dos piratas situadas a menos de dois quilómetros da costa.

O novo mandato da Bundeswehr (Forças Armadas Alemãs) deverá ser aprovado no parlamento a 11 de Maio, com os votos da maioria de centro-direita.A oposição social-democrata (SPD) e ambientalista (Os Verdes), que votou a favor do anterior mandato, opôs-se à nova estratégia, advertindo para eventuais riscos. «O novo mandato será um fardo para os soldados, será brincar com o fogo», referiu o líder parlamentar dos Verdes, Juergen Trittin.

Quanto ao SPD, objectou que ataques aéreos contra objectivos no solo poderão causar vítimas entre civis, e garantiu que vai votar contra ou abster-se na votação da proposta do Governo.

Por seu turno, a Bundeswehr mostrou-se surpreendida pelo facto de o texto do novo mandato estabelecer o limite de dois quilómetros para ataques ao solo, alertando que tal permitirá ao piratas adaptar a sua logística às novas circunstâncias e sair da mira dos «raids».

A missão ‘Atalanta’ da União Europeia contra a pirataria no Corno de África iniciou-se em 2008, e incluiu até agora entre cinco a 10 navios de guerra, nomeadamente de Portugal, para vigiar uma zona marítima equivalente a 150 por cento da área de toda a Europa.

A Alemanha está a participar actualmente na missão com o seu maior vaso de guerra, o ‘Berlin’, que tem a bordo 230 efectivos.

Em Março, a UE chegou a acordo sobre o recurso a ataques aéreos para permitir a destruição de armamentos dos piratas nas praias somalis, o que implica um novo mandato para a Bundeswehr.

Lusa
 

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PedroI

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Re: Piratas à Abordagem
« Responder #154 em: Abril 18, 2012, 07:37:07 pm »
Será que foram os Alemães? Ou aquela malta que tem um livro de regras próprio tipo Rússia ou China?
Com ou sem Piratas e com ou sem "Estado" a Somália ainda é uma Nação (+/-) soberana.

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War planes strike suspected Somali pirate base: coastguard

(AFP) – 1 day ago (17/04/2012)

MOGADISHU — War planes fired several missiles at a suspected Somali pirate base in the north of the war-torn country, wounding two civilians, a coastguard official said Tuesday.

"Unknown military jets fired several missiles near the village of Gumah, elders told us at least two civilians were injured," said Mohamed Abdirahman, a coastguard.

Witnesses said the aircraft struck the north-eastern coastal village, which lies some 220 kilometres (140 miles) east of Bossaso, the main port of Somalia's breakaway Puntland state.

"Two aircraft attacked the village, which is between Hafun and Bargal towns...it came from the sea, and I think they were targeting pirates," said Muse Jama, an elder.

Several other witnesses confirmed the bombardment, but could not give further details of the planes.

"Officials in the area are investigating the incident," Abdirahman added, speaking from Bossaso.

Kalashnikov-wielding pirates prowl far out across the Indian Ocean from their bases in northern Somalia, seizing foreign ships which they hold for several months demanding multi-million dollar ransoms.

Last month the European Union authorised its navies to strike Somali pirate equipment on land, with a mandate for warships or helicopters to fire at fuel barrels, boats, trucks or other equipment stowed away on beaches.

However, it was not possible to establish which nation the aircraft belonged to, and the EU force have not yet said they have ever launched such an attack.

A spokesman for Atalanta, the EU anti-piracy mission, said it was "not involved whatsoever" and declined comment on who might be behind the strike.

The United States also operates unmanned drones flying over the Horn of Africa nation, and have reportedly struck suspected Al-Qaeda allied fighters in southern Somalia.

Piracy has flourished off war-torn Somalia, outwitting international efforts -- including constant patrols by warships and tough sentencing of the pirates they capture.

The EU's anti-piracy patrol has deployed between five and 10 warships off the Somali coast since 2008 to escort humanitarian aid shipments and thwart pirate raids on commercial vessels using vital shipping lanes.

Several other nations, including Russia and China, also provide protection for their ships as they pass through the busy shipping route through the Gulf of Aden and the Indian Ocean.

The pirates are believed to be holding dozens of ships and hundreds of sailors for ransom, and have also branched out into land based kidnapping.

In January, a daring US-led commando raid rescued two aid workers -- an American woman and a Danish man -- held hostage in central Somalia.
 

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PedroI

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Re: Piratas à Abordagem
« Responder #155 em: Abril 25, 2012, 12:00:48 am »
Fonte gCaptain

 

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Lusitano89

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Re: Piratas à Abordagem
« Responder #156 em: Maio 15, 2012, 11:57:47 am »
Avião da força naval europeia Atalanta bombardeou base de piratas na Somália


Um avião da força europeia anti-pirataria Atalanta bombardeou uma base de piratas na costa somali pela primeira vez desde o lançamento da operação, anunciou hoje a missão naval Atalanta, em comunicado.
 
A ação, "precisa e proporcional, foi lançada a partir do ar e todos os meios regressaram sem danos" para os navios europeus destacados ao largo do corno de África, precisou a missão naval europeia num comunicado, sublinhando que, segundo as primeiras informações, nenhum somali tinha ficado ferido.
 
A Operação Atalanta mantém destacados entre cinco e 10 navios de guerra ao largo da costa somali desde 2008, para dar apoio a navios de ajuda humanitária e evitar ataques de piratas a navios comerciais.
 
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia decidiram em março prolongar a missão naval até Dezembro de 2014 e autorizaram os navios de guerra ou aparelhos da aviação naval a bombardearem bases de piratas.

Lusa
 

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Lightning

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Re: Piratas à Abordagem
« Responder #157 em: Dezembro 12, 2012, 02:16:16 am »
O video e de 2010 mas acho que ainda nao foi postado... digamos que estes Russos nao batem bem da cabecinha :shock:

 

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typhonman

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Re: Piratas à Abordagem
« Responder #158 em: Janeiro 01, 2013, 09:33:17 pm »
Se fossem os americanos, caia o carmo e a trindade.... :G-beer2:
 

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Lusitano89

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Re: Piratas à Abordagem
« Responder #159 em: Fevereiro 11, 2013, 07:53:50 pm »
O papel de Portugal na segurança marítima do Golfo da Guiné
Miguel Nunes da Silva


Durante a passada década, a República Portuguesa tem participado em forças expedicionárias multinacionais encarregues da segurança de zonas específicas atingidas por flagelos como a pirataria ou no geral o crime organizado. Fê-lo no âmbito das operações da OTAN “Ocean Shield” e “Active Endeavour” assim como no âmbito da UE com o comando operacional "Euromarfor" activado também ao largo da Somália e no Mediterrâneo e a operação "Atalanta" destinada ao combate da pirataria Somali.

Embora a pirataria não tenha cessado no Oceano Índico, a sua incidência diminuiu consideravelmente. Igualmente positiva é a resposta internacional com variados países a contribuir para força internacional mandatada pela resolução 2020 do Conselho de Segurança da ONU.

Embora Portugal tenha interesse em manter o corno de África livre de pirataria, o tráfego comercial de Portugal não depende extraordinariamente daquela rota e a participação portuguesa assume-se sobretudo como interessada em fazer a manutenção das nossas responsabilidades diplomáticas em instâncias como a OTAN, UE e ONU.

Simultaneamente a geopolítica mundial alterou-se e existem hoje outras zonas de incidência de insegurança marítima nas quais Portugal deve seriamente considerar intervir. A principal será certamente o golfo da Guiné, aonde a pirataria tem vindo a aumentar e aonde a metodologia assimétrica tem vindo a privilegiar o roubo de petróleo com posterior venda no mercado negro, em detrimento do rapto para obtenção de resgate.

Para Lisboa, o cálculo dos seus interesses é claro: o Atlântico Sul tem prioridade em relação ao oceano Índico e ao mar Mediterrâneo. 70% do volume de trocas comerciais de Portugal é intracomunitário, sendo que os principais parceiros não Europeus (Angola, EUA, Nigéria, Brasil) situam-se no Atlântico e apenas uma pequena percentagem de estados liderada pela China e Coreia do Sul perfazem o nosso comércio com a Ásia e Oceânia. Estrategicamente, as nossas maiores comunidades de emigrantes e intercâmbios culturais estão também na orla Atlântica, assim como a maior parte dos nossos compromissos diplomáticos (CPLP, acordos UE-África, Mercosul) e dependências estratégicas – nomeadamente assegurar dissuasão convencional e dar provas de capacidades de domínio de teatro marítimo para complementar reivindicação nacional de expansão da ZEE).

Por conseguinte, neste momento apresenta-se o paradoxo de que Portugal está mais bem preparado para intervir em teatros aonde os seus interesses estratégicos e económicos correm menos riscos. Tendo isto em conta, Portugal deveria prontamente alterar o seu enfoque expedicionário para o Atlântico sul e potencialmente cooperar com a Missão Francesa Corymbe que mantém uma presença militar permanente de Paris nesta região.

Uma mobilização Portuguesa poderia passar pelo envio de uma fragata classe Vasco da Gama ou Bartolomeu Dias para vigilância e intervenção, ou, se coordenado com a marinha Francesa, o simples envio de uma aeronave P-3 Orion de patrulha e vigilância marítima operando por exemplo a partir da ilha de Príncipe. Os novos submersíveis da classe Tridente poderiam adquirir experiência no mesmo tipo de missão.

Há numerosos fatores que potenciam esta solução: Portugal tem ampla experiência no Atlântico sul, proximidade cultural com países da costa Africana e respectivas relações diplomáticas solidamente estabelecidas, variados parceiros com potencial para auxiliar a logística da projeção de forças – sobretudo lusófonos como S. Tomé e Príncipe ou Cabo Verde – possibilidade de afirmar a presença Portuguesa na região e possivelmente contribuir para a cooperação militar e/ou treino de forças locais. Portugal teria ainda interesse em afirmar-se como um interveniente credível no Atlântico Sul.

Esta solução política é tanto mais urgente considerando que as principais potências regionais da orla do Atlântico Sul demonstram diminuto interesse em intervir: a Nigéria aparenta dinâmicas idiossincráticas internas que poderão mesmo estar a potenciar o crime organizado transnacional na região, Angola e Brasil têm de facto algo a ganhar com ameaças à exportação petrolífera por parte de competidores e os Estados Unidos não só passam por dificuldades financeiras como exercem limitada influência na região e possuem limitados conhecimentos sobre a mesma.

O contexto geoestratégico é favorável à ingerência Portuguesa e perante dificuldades financeiras próprias, Portugal deve equacionar as ameaças no Atlântico Sul como uma oportunidade para o exercer de vantagens competitivas nacionais que se tornariam a médio prazo um investimento rentável.

Jornal Defesa
 

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Lusitano89

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Re: Piratas à Abordagem
« Responder #160 em: Março 31, 2013, 02:17:35 pm »
Aumento de pirataria no Golfo da Guiné alarma comunidade internacional


O aumento da pirataria marítima no Golfo da Guiné, ameaçando importantes vias marítimas internacionais e o transporte de petróleo, está a alarmar os líderes regionais, ONU e organizações não-governamentais. Na sexta-feira, a justiça de São Tomé e Príncipe condenou dois comandantes de petroleiros apresados devido a "atividades ilegais", relacionados com crimes de contrabando, extravio e importação e exportação de mercadorias ilícitas.

A falta de vigilância levou mesmo o Governo de São Tomé e Príncipe a pedir apoios internacionais para vigiar as águas internacionais do Golfo da Guiné, apelando à “necessidade de conjugação de esforços com vista à intensificação de ações que garantam a segurança na região”.

Em novembro de 2012, o Conselho de Segurança da ONU organizou um debate sobre a pirataria, já considerada uma ameaça à paz internacional, que tem vindo a declinar no ponto mais “quente”, a costa da Somália, mas a aumentar na África Ocidental, segundo frisou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

“No Golfo da Guiné, a pirataria está relacionada com o roubo de petróleo e ligada ao mercado negro regional e crime organizado. Embora tenham sido feitos reféns, o pagamento de resgates não parece ser o principal objetivo”, disse Ban, que já enviou uma equipa de avaliação para o terreno.

O secretário-geral defendeu ainda que a resposta no Golfo da Guiné deve ter em conta as lições aprendidas na Somália, incluindo modernização das leis anti-pirataria, fortalecimento das capacidades policiais dos países africanos e apoiar redes regionais.

Ao abrigo de uma resolução do Conselho de Segurança (2039), adotada em fevereiro de 2012, a ONU está a prestar apoio à Comissão do Golfo da Guiné, baseada em Luanda, e à comunidade da África Ocidental (CEDEAO).

Uma nova resolução (2018), de 31 de outubro de 2012, condenou todos os atos de pirataria no Golfo da Guiné, apelando aos países da região para desenvolverem uma abordagem conjunta ao fenómeno, e o assunto tem voltado com regularidade ao Conselho.

Para abril de 2013 está prevista uma cimeira regional sobre pirataria nos Camarões.

Benim, Togo e Nigéria estão entre os países mais afetados, que, segundo a Organização Marítima Internacional, citada pelo diário nigeriano Daily Independent, já custou perto de 2 mil milhões de dólares à região, entre bens subtraídos, segurança e seguros adicionais.

O comando dos Estados Unidos para África (Africom) iniciou já exercícios navais de treino com alguns dos países afetados.

Timothy Walker, investigador do Instituto de Estudos Estratégicos sul-africano, calcula em 58 o total de incidentes de pirataria na região em 2012, mais 9 do que em 2011.

A 21 de janeiro registou-se um dos mais recentes ataques, ao largo da Costa do Marfim, quando um petrolífero foi capturado.

Segundo a especialista Milena Sterio, Professora associada da Cleveland-Marshall College of Law e membro do “think tank” Grupo de Trabalho para a Pirataria, o “modus operandi” dos piratas oeste-africanos é semelhante ao dos somalis, atacando com pequenas embarcações, tal como as dificuldades de sobrevivência que os levam ao crime.

Uma diferença, adianta num artigo publicado em fevereiro, é que, enquanto os somalis procuravam raptar estrangeiros para exigir resgates, os piratas oeste-africanos parcem mais interessados na carga, sobretudo petróleo, para vender no mercado negro, e são mais propensos a exercer violência, atuando de “forma mais brutal em relação às tripulações”.

“E, uma vez que o Golfo da Guiné é uma região produtora de petróleo, a sua importância estratégica, e portanto a necessidade de conter o aumento da ameaça de pirataria, pode ser mesmo maior do que a do Golfo de Áden alguma vez foi”, afirma.

Lusa
 

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Re: Piratas à Abordagem
« Responder #161 em: Outubro 15, 2013, 05:03:05 pm »
Bélgica prende líder pirata somali, atraído sob falso engodo


A Bélgica prendeu um pirata somali que se crê ter lucrado milhões de dólares com o pagamento de resgates ao longo dos anos em que operou na costa leste africana, noticiaram hoje os media belgas. O homem foi atraído a Bruxelas com o engodo de ir filmar um documentário sobre pirataria em alto mar. Mohamed Abdi Hassan, conhecido como «Afweyne» (boca grande), foi detido quando chegava ao aeroporto de Bruxelas no sábado, informou o jornal De Standaard.

Procuradores federais realizarão uma conferência de imprensa na tarde de hoje a respeito das duas pessoas detidas no aeroporto no sábado, suspeitas de envolvimento no sequestro do navio belga «Pomnpeii», em 2009.

Hassan é suspeito de comandar quadrilhas que fizeram fortuna com a cobrança de resgates por navios comerciais e iates sequestrados ao longo de mais de uma década de pirataria.

Hassan disse em Janeiro ter-se aposentado da pirataria, e especialistas da ONU acusaram um ex-presidente da Somália de protegê-lo ao conceder-lhe um passaporte diplomático.

Em 2011, a pirataria somali nas movimentadas rotas marítimas do Golfo de Áden e no noroeste do Oceano Índico lucrou 160 milhões de dólares (cerca de 118 milhões de euros) e custou 7 mil milhões de dólares (cerca de 5,16 mil milhões de euros) à economia mundial, de acordo com a fundação norte-americana One Earth Future.

Lusa
 

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HSMW

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Re: Piratas à Abordagem
« Responder #162 em: Janeiro 10, 2014, 09:56:35 am »
Documentário sobre a acção da marinha Indiana para resgatar um navio chinês sequestrado por piratas.
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 

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Re: Piratas à Abordagem
« Responder #163 em: Julho 15, 2014, 09:35:04 pm »
A pirataria no Golfo da Guiné ameaça a soberania de São Tomé e Príncipe


Como nos séculos passados, criminosos agem em alto-mar. A diferença é que agora estão à procura de embarcações com pescado, galões de combustível ou barris de petróleo.

Alguns dias de trabalho em alto mar haviam se passado. A tripulação do Dona Simoa se preparava para deixar Porto Gentil, na costa do Gabão,  e voltar para São Tomé Príncipe. Daniel Veloso, que há mais de 10 anos é pescador, estava entre os 12 tripulantes que foram surpreendidos por um grupo de criminosos que chegou em outra embarcação. "Era um barco tipo bote, com poucas coisas, mas com uma tripulação de 22 pessoas. Ao princípio nós achámos que precisavam de ajuda, mas quando encostámos no barco, fomos atacados. A maioria dos que lá estavam apontou-nos metralhadoras ou facas. O nosso comandante foi logo dominado", relata Daniel, que, mesmo depois de quase passado um ano, ainda se lembra, assustado, da acção dos piratas.

Após o ataque, Daniel conta que todos ficaram sob a mira dos piratas. Enquanto uns vigiavam a tripulação do Dona Simoa, outros davam conta de carregar a embarcação clandestina com todo o pescado e combustível que encontraram no barco de suas vítimas. "Eles conseguiram levar 400 quilos de peixe que havíamos capturado para vender em São Tomé, e mais 4 galões com cerca de 200 litros de combustível. Depois de roubarem tudo, foram embora. Não conseguimos mais voltar para São Tomé, pois já não havia combustível para a viagem. Denunciámos o ocorrido a Polícia do Gabão, mas nada aconteceu".

Relatos parecidos ao de Daniel Veloso são contados por outros homens que precisam ir até alto-mar para trabalhar na pesca. Nos últimos anos, o Golfo da Guiné foi surpreendido com o aumento de assaltos e roubos, ações conhecidas como pirataria marítima. Segundo o relatório internacional produzido pela seguradora Allianz Global, foram registrados no ano passado, naquela região, 48 incidentes de pirataria. De acordo com o relatório da Allianz, os ataques em 2013 representam 18% das ações piratas em todo o mundo.  

Os piratas da Guiné

De acordo com o coronel Marçal Lima, o diretor de Defesa Nacional pelo Ministério da Defesa de São Tomé e Príncipe, os ataques de piratas já são conhecidos em África. Há seis anos, segundo conta, raptos e sequestros eram comuns no Golfo de Adem, na região chamada corno de África, que compreende a área entre a Somália, o Yemen e a Etiópia. Após os raptos, os piratas exigiam quantias exorbitantes para liberar os reféns, que geralmente eram estrangeiros oriundos da Europa ou da América do Norte. "Tudo isto perturbava ali a circulação marítima, pois, além de aprisionar as pessoas, os piratas também buscavam prejudicar o comércio entre a Ásia, África, Europa e médio oriente", explica o coronel.

 No Golfo da Guiné, cuja costa pertence a nove países, incluindo São Tomé e Príncipe, "o modos operandi diferencia-se em relação às acções piratas de Adem. Na região de São Tomé e Príncipe, o objectivo não é o sequestro de pessoas, mas o roubo de petróleo, combustível, navios e pescado".
Apesar de os crimes piratas serem cometidos no mar, para o coronel Marçal, a pirataria começa na terra firme. "A situação de conflito nos países entorno do Golfo da Guiné e muitas outras condições favorecem os ataques que acontecem no mar", afirma Marçal, referindo-se aos conflitos étnicos, religiosos, e às desigualdades económicas e sociais vividas pela população daqueles países. "Há condições precárias para que haja armamentos e criminosos que vão em busca de riqueza no mar, e usam a pirataria como meio de sobrevivência".

Marçal Lima ressalta que em muitos casos há sempre alguém com capacidade financiadora por detrás destes homens, e acredita que é gente de variados países. "Os piratas mesmo são pessoas muito miseráveis, que precisam se arriscar em embarcações sem condições de percorrer muitas milhas, e por isso as ações acontecem cada vez mais próximo à costa dos países". O fato de os ataques ocorrerem cada vez mais perto do litoral faz com que a pirataria aconteça na rota dos navios petroleiros, pois "os navios têm de ir à costa para armazenar o petróleo e transportar para fora do continente o produto".

As abordagens piratas acontecem, por vezes, à saída destas embarcações. O coronel afirma que os bandos, fortemente armados, abordam estes navios, ameaçam as tripulações e roubam os seus pertences. No caso dos navios petroleiros, piratas apoderam-se da própria embarcação e conduzem-na para um local seguro, onde podem vender o produto e descaracterizar o navio para ser utilizado novamente. "São pessoas que conhecem muito bem a região".

Segundo a Organização Marítima Internacional (OMI), de todos os países do Golfo da Guiné, Benim, Togo e Nigéria estão entre os mais afetados pela pirataria. De acordo com a OMI, as ações piratas já deram prejuízos de quase 2 milhões de dólares à região, entre bens e produtos subtraídos, e investimentos em segurança.

Petróleo

A região do Golfo da Guiné, além de ser rica em pescado de característica migratória, como o atum, por exemplo, guarda no fundo do oceano uma grande reserva de petróleo. Para os países ali situados, um dos maiores problemas com os piratas gira em torno da produção petrolífera, que é roubada em muitos ataques, como salientado por Marçal. "Hoje os países do Golfo da Guiné são ricos em petróleo, de modo que são o futuro da produção petrolífera no continente", assegura o diretor.

Dentre os principais produtores está a Nigéria, que em 2008 atingiu a marca de produção de mais de 2 milhões de barris por dia, conforme Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). Assim como a Nigéria, também a Guiné Equatorial, o Gabão e Gana se destacam nesta produção. São Tomé e Príncipe, de acordo com Marçal, ainda não iniciou a exploração do óleo, que "está em água ultra profundas".

Uma das zonas de exploração são-tomense é em conjunto com a Nigéria. São Tomé e Príncipe vai garantir 40% do seu rendimento, quando essa mesma exploração for iniciada. Contudo, para assegurar a produção são-tomense, o governo está desenvolvendo medidas que evitem a acção dos piratas na região. Dentre esta série de medidas, estão várias parcerias com países europeus e americanos. Um sistema de radar, por exemplo, instalado em parceria com os Estados Unidos, realiza a fiscalização da costa das ilhas, que possui 200 milhas náuticas de extensão. "Se for um navio legal, ele terá um sistema automático que o identificará no nosso sistema de radares. Quando este sistema não responde, precisamos interceptar esta embarcação".

Foi com este sistema de radares que em março de 2013 a Guarda Costeira de STP apreendeu dois navios que contrabandeavam combustível para a Europa. "Não era um navio pirata, mas se tratava de combustível que estava sendo transportado sem nota fiscal, e que deve ter sido adquirido de forma ilegal. Então, o comandante da embarcação foi multado e detido", acrescenta o director Lima.
 
Combate

Para além deste sistema de radares instalado com ajuda norte-americana, os são-tomenses garantiram parcerias com diversos outros países. Quer ao nível regional, com países do Golfo da Guiné, e os demais países africanos, quer ao nível internacional, com países como Portugal, Reino Unido e Brasil, São Tomé e Príncipe busca ajuda para manter a soberania do seu território marítimo e a segurança das embarcações que ali navegam. "Quem está mais afetado é quem compra o petróleo de nós. Por isso, há todo interesse das grandes potências em criar estratégias contra esses crimes aqui na região", ressalta o corenel Marçal, referindo-se às potências europeias e aos EUA.
Um dos principais parceiros de STP contra os piratas é Portugal. O adido da embaixada portuguesa para a cooperação, Nuno Vaz, explica que, dentre outras acções de parceria, o Estado português mantém há 2 anos um acordo antipirataria com o governo são-tomense. Este acordo viabiliza para o país infraestrutura para o patrulhamento marítimo, bem como ocorreu em abril deste ano, quando uma fragata e uma aeronave P3 estiveram em actividade no país. Desde então, a vigilância das águas de jurisdição das ilhas é feita com a ajuda da Marinha de Portugal.

Este acordo firmado com os portugueses permitiu que São Tomé e Príncipe tivesse infraestrutura e pessoal capacitado para participar do exercício militar OBAN GAME, que ocorreu em março deste ano no Golfo da Guiné. Coordenado pelos Estados Unidos, este exercício teve ainda a participação do Brasil e da França, que mantêm actividades de cooperação com  países da região. A operação ocorreu como treino de oficiais e também reforço da vigilância no Golfo. Os resultados, porém, são confidenciais e, portanto, não foram divulgados.

A Marinha do Brasil iniciou, também em março, um trabalho de formação dos oficiais da Guarda Costeira de STP. A missão, que durará um ano, conta com a participação de nove fuzileiros navais brasileiros, que serão os responsáveis por essa mesma formação. De acordo com o embaixador do Brasil para STP, José Carlos de Araújo Leitão, a luta pela segurança no Golfo da Guiné será constante. "O trabalho de vigilância no Golfo da Guiné deve coibir o contrabando de combustível e de pescado. São riquezas que estão na região e chamam a atenção dos piratas", destaca o embaixador, que acredita que os piratas são criminosos bem estruturados com embarcações e outros equipamentos que permitem, por exemplo, um "arrastão" de pescado em alto-mar.

O embaixador brasileiro não descarta a possibilidade de estas acções serem coordenadas por criminosos de várias nacionalidades, pois, segundo o diplomata, além das riquezas, esta área do Atlântico Sul é geograficamente estratégica para a África e para países de outros continentes. Por isso, as atividades de fiscalização, em sua opinião, devem ser reforçadas e garantidas para resguardar a soberania de STP.

A pirataria marítima está prevista no Código Penal são-tomense como crime (artigo nº 388). Aqueles que forem apanhados em flagrante podem ser condenados de 2 até 8 anos de prisão. Segundo o presidente da Ordem dos Advogados de São Tomé e Príncipe, André Aragão, mecanismos como esta legislação são extremamente relevantes para resguardar a soberania e as riquezas do país, visto que a zona marítima é 600 vezes maior que a área terrestre, formada pelas duas pequenas ilhas.
O coronel Marçal afirma que, apesar de todas as acções e parcerias para o combate à pirataria, é muito difícil estabelecer leis contra estes crimes. "Há uma série de instrumentos e acordos internacionais que os Estados têm considerado. Acontece que nenhum Estado quer se responsabilizar pelo julgamento destes criminosos, pois muitos desses crimes acontecem em águas internacionais, e esta ainda é uma área muito vaga em termos de legislação internacional". Para o coronel, é necessário que os Estados ratifiquem a série de convenções e medidas jurídicas já existentes e se entendam no julgamento dos crimes de pirataria marítima.
Esta produção só foi possível realizar graças ao programa de formação jornalística, Beyond Your World, o qual é financiado pela Comissão Europeia e pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros Holandês.

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Lusitano89

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Re: Piratas à Abordagem
« Responder #164 em: Dezembro 08, 2014, 04:37:31 pm »
Intervenção da ONU na Somália é cara e não ataca raiz da pirataria, afirma investigador português


Um projeto de doutoramento da Universidade de Coimbra conclui que a intervenção das Nações Unidas (ONU) na Somália tem um custo elevado, limita-se a criar corredores de segurança e não ataca as raízes do problema da pirataria.

A atuação da ONU na Somália, em que Portugal preside ao fórum jurídico, começou em 2008 e consiste “na criação de corredores protegidos por forças navais internacionais e forças armadas privadas, bem como no estabelecimento de uma infraestrutura rudimentar de julgamento” no país e num modelo de construção de um Estado central “imposto de cima para baixo e de fora para dentro”, criticou Gilberto de Oliveira, investigador da Universidade de Coimbra, que terminou recentemente um doutoramento sobre a intervenção da ONU naquele país do Corno de África.

O problema da intervenção da ONU na Somália, país onde se registaram um grande número de ataques de piratas somalis a navios mercantes em meados dos anos 2000, deve-se, em grande parte, à “sua forte dependência das forças navais estrangeiras”, sublinhou.

Apesar de se observar uma “redução na quantidade de ataques e sequestros nas águas do Corno de África”, a partir de 2012 e 2013, o investigador salientou que “não se pode ignorar” a capacidade dos piratas de “adaptação e diversificação das suas atividades para contornar as pressões impostas pela intervenção internacional”. Para além disso, desde a mobilização internacional que a capacidade do “embrião de governo central” da Somália para conter a pirataria não tem evoluído “substancialmente”, apontou.

Enquanto aos olhos da comunidade internacional pode haver “a impressão de que o problema está solucionado”, “o máximo que se pode dizer é que a atividade da pirataria está momentaneamente adormecida”. Para o investigador, a sustentabilidade da segurança no litoral da Somália a longo prazo é “questionável”, salientando que as redes de pirataria, que persistem no país, “podem ser facilmente reativadas em larga escala, ao menor sinal de relaxamento da atual estratégia de contenção”.

O problema está longe de ser resolvido, concluiu, recordando que a pirataria somali remonta ao final dos anos 1980, estando ligada “ao estágio inicial de guerra civil na Somália” e “à deterioração da fiscalização do seu mar territorial”, entre outros pontos. Segundo o investigador, deveria ser pensada uma alternativa “ao nível das comunidades locais dependentes da pirataria”.

O “curto governo da União das Cortes Islâmicas” na região centro do país foi um exemplo das “mobilizações locais contra a pirataria”, sendo que em 2006 a pirataria tinha sido “praticamente eliminada” dessa zona do país, por ação das milícias islâmicas, que se retiraram da região em 2007, por intervenção de tropas da Etiópia, em apoio ao governo de transição.

A intervenção poderia ser criada “em micro-escala, de custo relativamente mais reduzido”, com respostas “negociadas de baixo para cima”, numa transformação “mais modesta, menos intrusiva e mais contextualizada”, defendeu.

Lusa