Relativamente à capacidade ou à falta dela, eu lembro que não estou a colocar em causa a qualidade técnica das equipas que têm por missão modernizar os aviões.
Todos nós sabemos como é que funcionam as coisas no funcionalismo público e mesmo nas empresas privadas.
Quando há um pequeno grupo de pessoas a fazer uma tarefa de maior responsabilidade, a norma é que os "outros" os sobrecarreguem com todo o serviço.
E não há milagres ! ! !
A única forma que existe para analisar a qualidade e capacidade de um grupo, uma empresa ou de uma instituição, é analisar os resultados.
São a única forma de verificar o sucesso ou a falta dele:
E a verdade é que dos 40 F-16 A/B que Portugal comprou, metade novos e metade usados, apenas quatro são capazes de cumprir uma missão de combate (em teoria)
Quatro, 1+1+1+1. Não são precisos todos os dedos da mão para os contar 10% do total.
Essa é a realidade da Força Aérea: Quatro aviões de combate operacionais (e isto a acreditar nos planespotters, essa raça odiada pelos militares, sempre disposta a revelar os terríveis segredos do país).
Claro que oficialmente nada se sabe, e está tudo envolvido no mais comprometedor dos silêncios.
Nós que pagamos, não sabemos o que se passa, e portanto podemos até concluir que o nosso dinheiro foi gasto e desbaratado, porque ninguém presta contas.
Mas a palavra fracasso, insiste em não abandonar o processo.
Não adianta, como já vimos, fazer grandes e bombásticas declarações e profissões e afirmações de Fé nas nossas capacidades.
As nossas capacidades não se mostram nos discursos, mostram-se nos resultados, e os resultados até ao momento, são uma porcaria.
Não é possível concluir nada de forma diferente, quando se chega à conclusão qie até vamos vender aviões que nem sairam dos caixotes.
Mas evidentemente, garanto a todos os presentes, que cada repartição, cada capelinha tem já o seu dossier completo e documentado, para se defender e apresentar todas as desculpas para justificar a incompetência.
TODOS eles serão seguramente capazes de apontar o dedo aos outros, afirmando como uma criança na escola, assustada com a professora, e que aponta para outra criança do outro lado da sala, com um comprometedor "foi ele sô psora", para tentar livrar-se de um puxão de orelhas.
É assim que funciona a máquina da Administração Pública. E as Forças Armadas, a acreditar em todas as notícias conhecidas parece que se transformaram em mais uma repartição pública, onde ainda por cima - sob a alegação de segredo militar, se torna mais facil esconder a incompetência.
A «desculpa» é uma instituição, num país de brandos costumes, onde todos desculpam todos, onde uma palmadinha nas costas resolve um problema e onde o tradicional "deixa lá... acontece aos melhores." se tornou numa frase emblemática para desculpar o desleixo.
Por tudo isto, é perfeitamente legitimo alertar para esta possibilidade.
Há razões claras e objectivas, para termos este tipo de preocupações.
Isto tudo, independentemente daqueles que conseguem manter ainda parcialmente operacional o edificio. Quer o da Administração Pública, quer o militar. Por esses e por causa desses também temos que ser capazes de identificar os problemas, sem correr o risco de sermos injustos para com aqueles que apesar de tudo não desistem de ser competentes.
Quando tivermos formas de premiar a competência e punir o desleixo dentro da Administração Pública e naturalmente também nas Forças Armadas, deixará de haver razões para estes comentários.
Cumprimentos