A LPM e as opções necessárias

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Rui Elias

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A LPM e as opções necessárias
« em: Março 31, 2004, 02:00:56 pm »
Em termos de compras de equipamento militar há que fazer opções, já que os dinheiros públicos não são infinitos, e como para breve não se vislumbra nenhuma ameaça credível que ponha em causa a integridade do território, essas opções criteriosas nas aquisições são fundamentais.

É sabido que cabe em primeiro lugar ao militares definir as priorirzar as necessidades para os três ramos das Forças Armadas (FA), expôr essas necessidades, e que depois cabe ao poder político decidir em conformidade com as disponibilidades orçamentais, com as opções de política governamental, e adequa-la à nossa política externa e de defesa.

Mas também cabe ao cidadão comum discutir e apreciar as propostas e projectos que se adivinham através da apresentação da nova Lei de Programação Militar.

Julgo ser defensável que em situação de crise se devia sacrificar a opção dos submarinos para a Armada.

Repare-se:

Apenas 2 submarinos é muito pouco, uma vez que apenas um permanecerá em estado de prontidão, enquanto o outro acosta para manutenção, e para a área marítima sob a responsabilidade de Portugal um submarino é ridiculamente pouco.

Desse modo, o dinheiro dos submarinos deveria ser canalizado para a manutenção e up-grade das fragatas Vasco da Gama (julgo que está prevista), para a substituição das 3 fragatas João Belo por 5 fragatas usadas até 12 anos (e não apenas 3 como está previsto), que no fim de contas é práticamente o que já têm as Vasco da Gama, e acelerar o programa de construção do Navio Logístico Polivalente, bem como dos "patrulhões" oceânicos, que presumivelmente virão a substituir as corvetas.

É que apenas 6 fragatas, sem que nenhuma flotilha de 2 cruzadores se possua, é muito pouco!

Deste modo poderia haver a capacidade de, em permanência termos 2 fragatas a patrulhar as águas nacionais e a prestar apoio aos PALOP's, que já nos solicitaram esse apoio (S. Tomé e Príncipe).

Quanto aos aviões de transporte, aos actuais 6 C-130 devia ser dada a oportunidade de receberem beneficiações para se manterem por mais 10 ou 12 anos e simultaneamente manter a compra dos 6 novos C-130-J, para que Portugal passasse a ter uma base de 12 aviões de transporte estratégico, o que não me parece pouco para um país com interesses territoriais como o nosso, e com crescentes participações em missões internacionais.

Ao fim desse 12 anos, abatiam-se os actuais C-130 e comprar-se-iam outros 6 novos.

Também a cooperação com os PALOP's requer a capacidade de projecção aérea de forças para acudir a catástrofes naturais ou humanas e esses aviões poderiam ser um instrumento por excelência para isso, bem com para o transporte de víveres ou outros equipamentos, e reservando-se ainda um para missões de observação científica, e meteorológica, ao serviço dos institutos e universidades que assim poderia ter um instrumento por excelência.

Ainda com a poupança na compra desses submarinos (apenas 2), poderíamos investir no médio prazo para a aquisição de uma esquadrilha de 18 ou 20 aviões tipo F-18, para que Força Aérea pudesse ter alguma paridade com Espanha.

Ainda seria necessário construir um navio-hospital dedicado, que Portugal já teve no passado, para acudir a catástrofes naturais (de que os Açores são férteis) e instrumento de cooperação com o espaço lusófono, ou ainda para missões militares em que Portugal participasse no quadro das Nações Unidas.

Finalmente, para que o Exército não passe de um imenso museu militar, é necessário, e concordo com a substituição dos blindados de rodas e das armas ligeiras, ou do hospital de campanha.

Mas não seria igualmente necessário que se investisse em blindados de transporte mais recentes, para maior mobilidade de tropas e num sistema integrado de defesa anti-aérea moderno, bem como em artilharia móvel?

Quanto à aviação ligeira para o Exército, 8 ou 10 helicópteros ligeiros não será pouco?

Para que se atingisse um nível de operacionalidade credível deveriam ser adquiridos 5 ou 6 helicópteros pesados com capacidade de transporte de tropas e capacidade de transporte de veículos ou peças de artilharia por ar, e uma esquadrilha de 12 helicópteros mais ligeiros para rotação de tropas em teatro de operações e com capacidade de combate através de lançadores de mísseis/foguetes e canhões.

Julgo que esse força para o Exército seria mais credível.

Quanto à 2ª esquadrilha de F-16, para quando a sua operacionalização?

Quando as duas esquadras estiverem operacionais, já os aviões poderão estar mais obsoletos que os velhos A-7 de má memóra :lol: .

E julgo que se fossemos pelo caminho de aumentar a frota de fragatas, acelerar a construção dos patrulhas oceânicos e avançar "rapidamente e em força" para a construção de um NPL e do navio-hospital, a Marinha aceitaria sacrificar a força submarina, pelo menos para já.

Infelizmente continuamos a assistir a umas FA enfraquecidas em quantidade e qualidade e com programações para décadas, o que não augura nada de bom para a defesa da soberania portuguesa.

É que descansar sob o “chapeu de chuva” da NATO é pouco, e como agora se diz, sob o “chapeu de chuva” americano, é um pouco como vender a alma ao diabo, e trair os princípios e valores da UE em que estamos inseridos.

E para mais, Portugal só poderá ter um papel relevante no seio da NATO ou da UEO, se as suas FA forem credíveis e com capacidade operacional e de projecção.

Como de igual modo só poderá ser credível para o seu espaço natural da lusofonia, a que nos ligam laços culturais e históricos, se for relevante no plano das relações internacionais, nomeadamente no seio da Europa a que já pertencemos de direito e de facto.
 

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Ricardo Nunes

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« Responder #1 em: Março 31, 2004, 02:30:02 pm »
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Apenas 2 submarinos é muito pouco, uma vez que apenas um permanecerá em estado de prontidão, enquanto o outro acosta para manutenção, e para a área marítima sob a responsabilidade de Portugal um submarino é ridiculamente pouco.

Não concordo. Sou um eterno defensor do submarino que considero a arma dissuasora por excelência e também uma excelente arma para missões "mais convencionais" ( monotorização de alvos "civis" - combate ao tráfico de droga por exemplo ). Mas isto é outra discussão. Relembro que muita da facilidade com que os Espanhois acturaram na crise de Perejil se deu pelo receio marroquino da frota submarina espanhola. Em termos de guerra naval não existe melhor preciosidade.


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Quanto aos aviões de transporte, aos actuais 6 C-130 devia ser dada a oportunidade de receberem beneficiações para se manterem por mais 10 ou 12 anos e simultaneamente manter a compra dos 6 novos C-130-J, para que Portugal passasse a ter uma base de 12 aviões de transporte estratégico, o que não me parece pouco para um país com interesses territoriais como o nosso, e com crescentes participações em missões internacionais.

No estado em que os nossos C-130 se encontram actualmente não é necessário nenhum update para se manterem mais 12 anos no activo. Mesmo no estado em que estão têm vida suficiente para chegar até 2016. ;)
É preciso é que sejam bem armados. Penso que o dinheiro seria mais bem gasto na compra de plataformas AWACS ( ERJ-145 AEW&C ) e plataformas de monitorização de alvos no solo e de reabastecimento aéreo. Os multiplicadores de força é que são realmente importantes e necessários.


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Mas não seria igualmente necessário que se investisse em blindados de transporte mais recentes, para maior mobilidade de tropas e num sistema integrado de defesa anti-aérea moderno, bem como em artilharia móvel?

De acordo. Precisamos de mais artilharia móvel. Penso que o sistema de defesa aérea de que fala, e de que tanta falta faz, deveria ser operado pela Força Aérea e não pelo exército. ;)


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Para que se atingisse um nível de operacionalidade credível deveriam ser adquiridos 5 ou 6 helicópteros pesados com capacidade de transporte de tropas e capacidade de transporte de veículos ou peças de artilharia por ar, e uma esquadrilha de 12 helicópteros mais ligeiros para rotação de tropas em teatro de operações e com capacidade de combate através de lançadores de mísseis/foguetes e canhões.

Os requesitos do exército são os de possuir capacidade de transporte de pelo menos 1 companhia. Para esse efeito os 10 NH-90 TTH são suficientes. Falta ainda decidir qual será o sucessor do EC-635 no tão polémico contrato de helis ligeiros para o GALE.
Penso que a próxima prioridade no que toca a aviação do exército deveria ser a aquisição de alguns UAVs. Os helis de ataque seriam também bem vindos.

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Quanto à 2ª esquadrilha de F-16, para quando a sua operacionalização?


É uma boa pergunta. Não existe data prevista. Mas antes de 2008/2010 não deverá acontecer.


Mais uma pequena nota pessoal: em termos de marinha penso que seria essencial dar uma capacidade real de projecção aos fuzos e isto passa pelo navio de apoio logístico, a compra das 20 viaturas blindadas já previstas e o aumento a frota de helis da marinha, que na minha opinião poderia apostar já no NH-90 ( como o exército já o opera a logística seria a mesma e traria mais fundos à indústria nacional ).

Um abraço
Ricardo Nunes
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Rui Elias

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caro Ricardo Nunes
« Responder #2 em: Março 31, 2004, 02:39:00 pm »
Desculpe porque não sou um especialista: o que é um "UAV" aplicado ao GALE? É uma aeronave? :?

Gostaria ainda de saber a sua opiião sobre a necessidade (ou não) de termos um Navio-Hospital dedicado, para além da valência prevista no distante NPL.
 

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Ricardo Nunes

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« Responder #3 em: Março 31, 2004, 02:50:30 pm »
:arrow: Quanto ao navio hospital penso que não seja necessário, pois o próprio NPL, salvo erro, possiu um mini-hospital de campanha com 2 salas de operação completamente equipadas.
« Última modificação: Abril 01, 2004, 09:55:30 am por Ricardo Nunes »
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Guilherme

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« Responder #4 em: Março 31, 2004, 02:51:09 pm »
UAV = Unmanned Aerial Vehicle.

É uma aeronave não-tripulada, como o Predator dos EUA.
 

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Ricardo Nunes

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« Responder #5 em: Março 31, 2004, 02:52:40 pm »
Para saber mais sobre UAVs pode consultar: http://www.uavcenter.com/index_e.asp
Ricardo Nunes
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Spectral

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« Responder #6 em: Março 31, 2004, 06:25:37 pm »
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a minha humilde opinão a solução passaria por 2 C-17 + 6 C-130H modernizados ( proposta da Boeing ) ou 8 C-130J.


a questão dos C-17 já fez escorrer muita tinta neste fórum  :D  :D

Os F-18 não trazem nada de novo em relação aos F-16. Já agora, alguem sabe em que consiste o MLU dos Hornets espanhóis ? Está ao nível do MLU dos F16 ( + FALCON UP, que é o nosso caso) ?
I hope that you accept Nature as It is - absurd.

R.P. Feynman
 

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fgomes

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UAV
« Responder #7 em: Março 31, 2004, 07:30:17 pm »
A propósito de UAV's, soube que os americanos estão a utilizar estes aparelhos, devidamente adaptados, para detectar e ajudar no combate a incêndios florestais. Seria possível termos aparelhos de dupla aptidão civil e militar ? Seria um bom argumento para a sua aquisição pelas Forças Armadas, se fosse possível a sua utilização nestas funções. Afinal também se utilizam helicópteros e aviões da Força Aérea e pessoal e veículos do Exército.
 

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Jorge Pereira

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Submarinos
« Responder #8 em: Abril 01, 2004, 03:02:08 am »
A utilidade e necessidade dos submarinos é para mim inquestionável :? . Também devemos ter em consideração que a aquisição do terceiro e quarto submarino (pelo menos o terceiro) continua a ser uma forte opção, já referida por altos responsáveis da Marinha e do próprio Ministério da Defesa :G-beer2: .
Um dos primeiros erros do mundo moderno é presumir, profunda e tacitamente, que as coisas passadas se tornaram impossíveis.

Gilbert Chesterton, in 'O Que Há de Errado com o Mundo'






Cumprimentos
 

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Fábio G.

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« Responder #9 em: Abril 02, 2004, 08:14:53 pm »
Eu também penso que é preferivél ter 2 subs que nenhum, pois se Portugal não conseguir ter o dominio submarino das suas águas no atlântico através dos seus próprios subs, de certeza que algum pais irá desempenhar essas funções mais tarde ou mais cedo e já se sabe que esse pais é a ESPANHA que vai renovar a sua frota com os S80A que segundo eles, são subs para manter o controlo do mediterrâneo e do atlântico.


Respondendo ao Spectral, o MLU dos F-18 espanhóis será feito a 67 dos 96 F-18 (90 operativos), e baseia-se nas seguintes modificações :


No cockpit instalárse-á um ecrã MHSD (Multi-Function Horizontal Situation Display) e outro MUFC (Multi-Function Up Front Control), são ecrans multifunções a cores e de alta resolução, que permitem a planificação táctica de missões, cartografia digitalizada, etc. Estes ecrans são os mesmos dos novos F/A-18 E/F. O novo computador será TPAC (Tactical Pilot Awareness Computer). Os ecrans citados são compativeis com os óculos de visão nocturna AN/AVS-9(V).


O sistema de comunicação será o ARC-210 Have Quick II. A aviónica será melhorada mediante a incorporação de sistemas integrados inerciais /GPS, o software incorpora a gestão de mapas digitais em vários formatos reduzindo a carga de trabalho do piloto e ainda um novo sisitema IFF.


O sistema de armas modernizado incluirá os misseis AIM-120 B AMRAAM (recentemente adquiridos) de alcance médio, o IRIS-T de curto alcance, e diversos armamentos ar-terra como o Taurus (possivel compra), o Storm Shadow (posivel compra), e ainda as bombas de guiadas por laser GBU-24 (USA) e a BPG-2000 (Espanha). Serão adquiridos 22 FLIR-LDT/R-LST Litening II como pod a juntar aos modernizados 17 NITE-Hawk, que utilizarão o novo software OFP-04E.
 

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Spectral

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« Responder #10 em: Abril 03, 2004, 07:52:24 pm »
Obrigado pelas informações sobre o F-18MLU. Parece ser um upgrade bastante eficaz..


cumptos
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R.P. Feynman