São Tomé e Príncipe

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papatango

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Re: São Tomé e Príncipe
« Responder #45 em: Maio 13, 2024, 11:36:47 am »
Citação de: dc
O interesse russo, parece-me óbvio, vai muito além da Nigéria. Se fosse só isso, não era preciso meterem-se em todos os cantos de África, e por exemplo não procuravam também uma maior aproximação à Guiné-Bissau (e vamos ver se o próximo alvo não é Cabo Verde). Podemos até destacar os 3 principais "interesses" russos na região: económico, militar e diplomático (influência).

Os russos funcionam segundo a regra de oportunidade.
Se houver oportunidade para criar problemas, eles criam...

A Nigéria é o mais populoso país de África e o seu maior produtor de petroleo. O segundo é a Argelia, mas aí os russos aparentemente têm uma palavra a dizer. Em Angola os russos estão em queda.

O controlo ou influência sobre o golfo da Guiné é importante, porque por aí passa a produção petrolifera da Nigéria (1º produtor) e de Angola (3º produtor) e também o petróleo do Congo e do Gabão.

Nós temos muito pouco que ver com o que ali se passa, para além de, termos pelo menos capacidade para enviar um navio desarmado para proteger algum navio que possa ser atacado.

As águas do golfo da guiné não são assim tão próximas. A distância entre Lisboa e São Tomé, é praticamente a mesma que entre Lisboa e o Yemen.

Ainda ontem o Rogeiro lembrou no programa da SIC, que os países africanos de lingua portuguesa  têm todos - desde a independência - acordos militares com os russos, excepto Cabo Verde.
Lembrou ainda que, se não os tiverem, na prática ficam sem forças armadas, porque mesmo exércitos pequenos dependem dos russos para peças, manutenção de viaturas ligeiras e munições.

Não podemos cair na armadilha dos comentários da comunicação social, com notícias bombásticas feitas por jornalistas juvenis, que na maior parte dos casos não sabem o que estão a dizer. Também não devemos dar crédito imediatoàs redações ávidas de notícias que sejam muito vistas e objeto de muitos clicks.

A somar a isto, temos um presidente que - porque não consegue ficar calado - acaba a meter mais lenha na fogueira.

Nem excluo que, o presidente não esteja a receber todos os relatórios da segurança interna e do ministério dos negócios estrangeiros, ou mesmo a sumula que os serviços do estado-maior produzem para ele.
Espero que alguém tenha tido o discernimento suficiente, para evitar que o Marcelo veja o que não deve ver.

Eventualmente quando disse que não sabia do acordo com os russos, e disse que gostava de ser informado, estaria a falar nisso.
(whishfull thinking) O primeiro-ministro de São Tomé, do clã Trovoada,  é um maçom, por isso há outros vetores por onde a informação passa.

« Última modificação: Maio 13, 2024, 11:43:19 am por papatango »
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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Luso

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Re: São Tomé e Príncipe
« Responder #46 em: Maio 13, 2024, 03:11:36 pm »
(whishfull thinking) O primeiro-ministro de São Tomé, do clã Trovoada,  é um maçom, por isso há outros vetores por onde a informação passa.

 :o
Maçon? Mas afinal isso não é uma mera agremiação cultural e recreativa?
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 
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Tiamate

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Re: São Tomé e Príncipe
« Responder #47 em: Maio 13, 2024, 03:32:07 pm »
Citação de: dc
O interesse russo, parece-me óbvio, vai muito além da Nigéria. Se fosse só isso, não era preciso meterem-se em todos os cantos de África, e por exemplo não procuravam também uma maior aproximação à Guiné-Bissau (e vamos ver se o próximo alvo não é Cabo Verde). Podemos até destacar os 3 principais "interesses" russos na região: económico, militar e diplomático (influência).

Os russos funcionam segundo a regra de oportunidade.
Se houver oportunidade para criar problemas, eles criam...


Eu leio cada cada coisa...

Os russos e todos os estados com interesses económicos ou geopolíticos numa determinada região, ora fdx!!

Até parece que foi muito diferente na América do Sul ou nas "primaveras árabes"...
 
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dc

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Re: São Tomé e Príncipe
« Responder #48 em: Maio 13, 2024, 05:01:55 pm »
O controlo ou influência sobre o golfo da Guiné é importante, porque por aí passa a produção petrolifera da Nigéria (1º produtor) e de Angola (3º produtor) e também o petróleo do Congo e do Gabão.

E da Namíbia também.
https://leitor.jornaleconomico.pt/noticia/galp-anuncia-reservas-de-10-mil-milhoes-na-concessao-da-namibia

O Golfo da Guiné é, para todos os efeitos, importante para nós. Com os russos (e possivelmente chineses) por lá, assiste-se a um desequilíbrio do poderio militar regional, em que um país sozinho conseguirá fazer bloqueios navais se lhes apetecer.
Em caso de conflito generalizado, a situação piora ainda mais, já que passamos de umas FA que andavam "focadas" na ideia de que "só precisamos de investir em capacidade X, Y e Z, porque a ameaça russa ficaria estagnada no Atlântico Norte e dificilmente chega aqui", para uma ameaça russo-chinesa (e quaisquer aliados que possuam) que agora pode surgir de várias frentes.

Citar
As águas do golfo da guiné não são assim tão próximas. A distância entre Lisboa e São Tomé, é praticamente a mesma que entre Lisboa e o Yemen.

A distância entre Lisboa e STP é irrelevante. Até porque os russos no Níger conseguem estar ainda mais próximos de Portugal continental (ou da Península Ibérica em geral). Os russos no Mali ou na Argélia ficam ainda mais próximos. A questão é que tendo acesso a STP, e possivelmente Guiné-Bissau (e o próximo passo poderá ser Cabo Verde), permite à Rússia e seus aliados ter muito maior presença no Atlântico, e abrir toda uma frente marítima que até agora seria impensável.

Se relativamente ao flanco Leste num conflito de larga escala, temos, além da distância, uma carrada de países que nos separam de forças russas, com forças russo-sino-irano-etc no Atlântico Sul, não existe nada que os separe de nós ou que os impeça (fisicamente) de tentar atacar a Madeira. As FA portuguesas são demasiado limitadas para conseguirem dissuadir ou combater tal ameaça.

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Ainda ontem o Rogeiro lembrou no programa da SIC, que os países africanos de lingua portuguesa  têm todos - desde a independência - acordos militares com os russos, excepto Cabo Verde.
Lembrou ainda que, se não os tiverem, na prática ficam sem forças armadas, porque mesmo exércitos pequenos dependem dos russos para peças, manutenção de viaturas ligeiras e munições.

Pois, e Cabo Verde estará certamente na mira dos russos, tal como já estão na mira dos chineses.

E a dependência desses países dos russos, é fácil de resolver. Tivesse Portugal uma indústria de Defesa digna desse nome, capaz de produzir Pandur, viaturas 4x4, armas ligeiras (SCAR) e munições (nem é preciso exagerar muito mais que isto), conseguia fornecer (cedências pontuais, mas maioritariamente vendas) material para substituir o equipamento soviético.
Nos PALOP apenas, deve haver um mercado potencial para umas 500-1000 viaturas na classe das Pandur. Haverá certamente muito mais para uma viatura táctica ligeira 4x4 (não blindada) que fosse produzida em Portugal (sob licença). Quantas centenas de milhares de SCAR podiam ser vendidas? E quantos milhões de munições 5.56 e 7.62?
Uma boa política externa e uma boa indústria de Defesa muitas vezes andam de mãos dadas.

A isto acresce uma reorientação parcial da CPLP, para ser algo mais palpável. Por exemplo, a criação de uma Guarda Costeira da CPLP, com NPOs co-financiados pelos vários membros. E mais tarde outros meios, seguindo o mesmo raciocínio, como aeronaves de transporte e/ou patrulha marítima. Aqui tinhas uma CPLP útil, apelativa para novos membros, e com muito maior visibilidade geopolítica do que tem hoje. Uma CPLP que passaria a ser capaz de responder a catástrofes por exemplo, ganharia logo outra preponderância.
 

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Re: São Tomé e Príncipe
« Responder #49 em: Maio 13, 2024, 06:15:01 pm »
Eu só sei é  que enquanto o Zaire lá andou os vodkas não tiveram tomates.
Essa é que é essa
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas