Unir os Pontos

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Lusitano89

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Re: Unir os Pontos
« Responder #930 em: Julho 30, 2023, 10:05:50 am »
 

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Luso

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Re: Unir os Pontos
« Responder #931 em: Julho 30, 2023, 01:25:48 pm »
E pelos vistos o Chico vai celebrar a missa em espanhol.
A nossa igreja está como o resto: tudo sonsos chico espertos.
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 
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Re: Unir os Pontos
« Responder #932 em: Julho 30, 2023, 04:28:01 pm »
Deviam era estar 40 graus à sombra para aqueles jumentos todos que lhe vão fazer a vénia
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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Cabeça de Martelo

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Re: Unir os Pontos
« Responder #933 em: Julho 30, 2023, 09:03:41 pm »
Já eu que sou agnóstico a anos, vou apoiar o evento e a minha pequena até vai tocar para um grupo Polaco.
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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CruzSilva

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Re: Unir os Pontos
« Responder #934 em: Julho 31, 2023, 10:11:25 pm »
Uma consideração sobre os norte-americanos (ou estado-unidenses como se calhar deveriam ser designados):

Temos muito em comum mas não somos iguais - a ilusão de que europeus e norte-americanos são iguais vem mais da nossa aparência física semelhante, a semelhança política ilustrada na democracia liberal e passado colonial por parte dos norte europeus do que tudo o resto. Somos aliados e parceiros mas nós europeus não somos vassálos deles nem pensamos exatamente da mesma forma, com FLAD ou sem FLAD.
« Última modificação: Julho 31, 2023, 11:39:05 pm por CruzSilva »
 

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ricardonunes

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Re: Unir os Pontos
« Responder #935 em: Agosto 03, 2023, 05:33:37 pm »
Artigo: "Rogeiro, o especialista", por Ricardo M. Santos, in Manifesto 74, 18 de julho de 2023

Citar
Excerto:

"Nuno Rogeiro apareceu no espaço público no começo das década de 90 do século passado, como especialista em coisas, nomeadamente, várias. Ao longo dos anos, foi passando por vários Órgãos de Comunicação Social, vendendo as suas análises sempre sábias e assertivas, com mais certezas que dúvidas, o que não deixa de ser curioso para quem se debruça sobre Relações Internacionais. Rogeiro tem hoje, com José Milhazes, um programa na SIC, onde debita tantas mentiras e manipulações que há um utilizador, no Twitter, que tem uma thread – uma cadeia de tweets – com mais de 200 desmentidos. Trata-se de Luís Galrão e é verificador de factos, cujo trabalho é de acompanhamento obrigatório, não só sobre este assunto como muitos outros.
O prodígio

Rogeiro foi uma espécie de Sebastião Bugalho dos anos 90. Chegou aos media por ser um jovem brilhante, como todos os que beneficiam da meritocracia hereditária. O facto de o seu pai, Clemente Rogeiro, ter sido Diretor Geral de Informação da Emissora Nacional, entre 1968 e 1973, sob o fascismo, nada tem, com certeza, a ver com a presença do jovem prodígio naquele que era, nos anos 90, um dos dois canais que existia no país. Clemente Rogeiro viria a ser nomeado ministro da Saúde em 1973, numa curta carreira que terminou precocemente, quando se deu o 25 de Abril, no ano seguinte."

Artigo completo

Rogeiro, o especialista

Luís Galrão gosta menos do Rogeiro que eu, dai dedicar-se a desmascarar o idiota....

Podem acompanhar em LGalrao

Potius mori quam foedari
 
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Re: Unir os Pontos
« Responder #936 em: Agosto 03, 2023, 07:20:56 pm »









Nem é preciso comentar...  Vamos comparar falsidades, mentiras e manipulações? 

Palha para burros e vira o disco....  :bang: :bang: :bang: :bang: :bang:
 

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Re: Unir os Pontos
« Responder #937 em: Agosto 03, 2023, 07:32:57 pm »
Não te esqueceste de ninguém??

 :mrgreen: :mrgreen:

 
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ricardonunes

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Re: Unir os Pontos
« Responder #938 em: Agosto 03, 2023, 07:41:15 pm »
Caso não te tenhas apercebido, os comentadores atras que mencionas quando publicam algo mencionam a sua fonte de informação,  não são como tu o papatangas e os rogeiros das tv's e internet, que se apropriam/recolhem informação, não interessa se correta ou incorreta, e a debitam como sendo sua, chama-se a pessoas assim, e estou a ser fofinho, VIGARISTAS.

E mais uma, a quem apontas o dedo, não se escondem atrás de um nick name, dão a cara quando debitam a sua opinião...
Potius mori quam foedari
 

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Icterio

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Re: Unir os Pontos
« Responder #939 em: Agosto 03, 2023, 07:52:30 pm »
Só debitam propaganda do Kremlin, Ponto.  Nem tem capacidade de raciocínio.

Tu, e os outros a quem cortaram a avença, como o embaixada e Hammerhead, são completos ignorantes e estúpidos.  Incapazes de somar dois mais dois.
« Última modificação: Agosto 03, 2023, 08:14:59 pm por Icterio »
 

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ricardonunes

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Re: Unir os Pontos
« Responder #940 em: Agosto 03, 2023, 08:42:04 pm »
Só debitam propaganda do Kremlin, Ponto.  Nem tem capacidade de raciocínio.

Tu, e os outros a quem cortaram a avença, como o embaixada e Hammerhead, são completos ignorantes e estúpidos.  Incapazes de somar dois mais dois.

E a tua propaganda é de onde??

Ok, já sei....
Do novo/nova porta voz da AFU  :mrgreen:


Sarah Ashton-Cirillo



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Luso

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Re: Unir os Pontos
« Responder #941 em: Agosto 04, 2023, 09:32:20 am »
Ricardo, desculpa mas não consigo ignorar quem veicula o comentário acerca do Rogeiro: O Manifesto 74 que, no "quem somos", conclui:

"Erguendo sempre a nossa bandeira vermelha e o ideal que nos une a esse sonho milenar de transformar o sonho em vida: o socialismo e o comunismo.
Este é o nosso manifesto. Outubro é a nossa forja, Abril a nossa força!"

https://manifesto74.pt/quem-somos/
 :G-Kill:

Para mim é evidente que o Rogeiro os é o que é devido aos contactos que tem. "Lesboa" é assim, Portugal é assim. É um "tio" que sabe se movimentar num meio que é o seu e encontrou o seu nicho. Para nós que somos "nerds" vemos com alguma facilidade que ele não é assim tão especialista, nem deve, sinceramente, gostar tanto destes assuntos como nós.
Aliás, ele recentemente comentou que uma lancha de fiscalização (Centauro) estava equipada com "uma peça de 20mm ou 30mm, não sei" https://www.radios-online.pt/podcasts/expresso-leste-oeste-de-nuno-rogeiro. Um cromo sabe identificar um oerlikon e qual o seu calibre. O Rogeiro, "perito" em coisas militares, pelos vistos não sabe.
Também faz comentários engraçados relativamente aos "patrulhões", não sabendo porque não foram vendidos a países da CPLP...

Quanto ao autor do artigo, Ricardo M. Santos, escreve pérolas do género:
"As tentativas da direita e extrema-direita em relevar o 25 de novembro, não são menos do que procurar descredibilizar a Revolução de Abril e as suas conquistas, que tanto custam a engolir aos herdeiros do fascismo."https://manifesto74.pt/25-de-novembro-o-dia-em-que-temos-de-fazer-tudo-de-novo/

Mais palavras para quê?
« Última modificação: Agosto 04, 2023, 09:50:27 am por Luso »
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Cabeça de Martelo

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Re: Unir os Pontos
« Responder #942 em: Agosto 04, 2023, 01:48:11 pm »
Portugal 2050

Como vão ser as nossas casas? Até que idade viveremos? Quais as doenças mais comuns? Quantos seremos? Estará muito mais calor? Em que vamos trabalhar? O que vamos comer? Viagem ao futuro de um país. (Estas imagens foram produzidas com recurso a software de inteligência artificial, projetando o rosto dos portugueses daqui a 27 anos)

Por Raquel Albuquerque



Há 27 anos, em 2023, já tinha nascido a maior parte das pessoas que hoje enfrentam este dia de calor na praia. Os que tinham mais de 40 anos na altura são os mais velhos de agora e as crianças de então estão hoje a ser pais. 2050 parecia um ano distante, mas as projeções e cenários já davam uma ideia do que podíamos esperar

TEXTO RAQUEL ALBUQUERQUE
INFOGRAFIAS CARLOS ESTEVES

É quinta-feira, dia 4 de agosto de 2050. Está um dia quente, como agora está quase sempre. Já não temos uma ou duas ondas de calor por ano como no início do século, são mais de cinco e chegam a durar um mês. Numa grande parte do país, sobretudo do Tejo para baixo, estão mais de 25°C durante cinco meses e é frequente chegarmos aos 46°C ou 47°C. Tudo isto estava estudado há 27 anos, em 2023, quando os cientistas apresentaram três cenários do que seria o clima em Portugal se pouco ou nada mudasse e este até era o moderado. Mas, na altura, 2050 parecia um tempo muito distante. Poucos se apercebiam que 1996 estava à mesma distância, andando para trás no tempo, e que, em 2023, já tinha nascido a maioria dos que estão hoje a enfrentar este dia de calor.
O areal das praias e as zonas ribeirinhas também já não são como eram. Três décadas de erosão costeira e a subida gradual do nível do mar encolheram algumas praias e afetaram milhares de portugueses que viviam perto da costa. Temos entre 24 e 32 centímetros a menos de terra, tal como tinha sido estimado, o que corresponde a galgamentos de dezenas ou de centenas de metros a mais em alguns lugares. E tudo isso acontece porque não foi cumprido o Acordo de Paris, não foi evitado um aumento de 1,5°C na temperatura global face ao período pré-industrial e as emissões de dióxido de carbono continuaram a subir até 2045, mudando profundamente a forma como vivemos agora. “As alterações são preocupantes do ponto de vista da saúde pública”, dizia ao Expresso, em julho de 2023, Pedro Matos Soares, coordenador da equipa de cientistas do Instituto Dom Luiz da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), responsável pelo “Roteiro Nacional para a Adaptação 2100”, promovido pela Agência Portuguesa do Ambiente, com o Banco de Portugal, Direção-Geral do Território, Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e Direção Norueguesa de Proteção Civil (DSB). “As temperaturas máximas começam a chegar aos limites humanos de resposta fisiológica, pondo em causa os grupos mais vulneráveis”, explicava. Hoje, os trabalhadores agrícolas, varredores de ruas ou operários da construção civil já não conseguem trabalhar ao sol em determinados períodos do ano e foram criadas regras para os proteger, como o governo espanhol tinha feito em 2023, ao proibir o trabalho ao ar livre em dias de temperaturas extremas. Já na altura o então secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, avisava que já não se vivia a era do aquecimento global, mas a da “ebulição” global.
Somos agora um pouco menos de 10 milhões, tal como o Eurostat projetava no cenário base. Mas o número exato de habitantes resulta das migrações das últimas décadas: se o país tivesse recebido mais imigrantes seríamos mais, se tivesse fechado as portas seríamos menos de nove milhões. E em meados da década de 2020 os especialistas avisaram que a economia deixaria de funcionar se Portugal não atraísse mais imigrantes. “Temos de tornar o país atrativo e isso significa fazer para a imigração o que fizemos para o turismo”, defendia Pedro Góis, sociólogo e investigador da Universidade de Coimbra.
 
Ninguém se atrevia então a traçar cenários para a imigração ou emigração do futuro. “São imprevisíveis”, frisava Rui Pena Pires, coordenador do Observatório da Emigração. Mas, pelo mundo inteiro, na década de 2020, já eram nascidos os imigrantes atuais e muitos foram abandonando as suas terras nos anos seguintes para fugir aos problemas criados pelo crescimento acelerado da população. Países como Níger, República Democrática do Congo, Mali, Somália, República Centro-Africana, Chade e Angola duplicaram o número de habitantes em 30 anos. Além disso, as alterações climáticas tornaram muitos lugares inabitáveis. “As pessoas vão ter de sair dessas zonas, senão morrem. Só não sabemos para que países irão”, resumia Rui Pena Pires. “E uma pressão migratória grande tende a resultar numa subida ao poder de forças políticas que fazem mais uso das fronteiras. Há o risco de vermos um salto grande do racismo na Europa.”

VIVEMOS MAIS TEMPO

No dia de praia de hoje, uma em cada três pessoas estendidas na toalha tem mais de 65 anos e veem-se menos crianças. “A maioria da população terá acima de 50 anos. O número de pessoas com 65 ou mais anos poderá superar os 3,2 milhões, equivaler a um terço dos residentes e representar quase o triplo dos que têm menos de 15 anos”, resumia ao Expresso Maria João Valente Rosa, demógrafa e professora na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (UNL). “É expectável que as pessoas com 80 ou mais anos, maioritariamente mulheres dada a sua vantagem em relação à expectativa de vida, sejam mais do que as que têm menos de 15 anos.”
As crianças que nascem agora são os filhos dos bebés da década de 2020. E podem viver mais tempo que os pais. A esperança de vida à nascença ronda os 84 anos no caso dos homens e 88 nas mulheres, e a expectativa de vida aos 65 anos ultrapassa os 22 anos nos homens e aproxima-se dos 25 nas mulheres. Se há três décadas os portugueses tinham em média 46,8 anos, atualmente têm 51,6 anos. “Até ao início dos anos 2040, o envelhecimento da população será muitíssimo intenso. É reflexo do elevado número de entradas no grupo dos 65 anos, que correspondem a gerações nascidas até à década de 1970, em períodos de elevadíssima natalidade”, dizia Maria João Valente Rosa.
A boa notícia é que algumas das pessoas que tinham mais de 70 anos em 2023 vão poder ver como é o país em 2050 porque temos mais de 10 mil portugueses com idades acima dos 100 anos: mais mulheres — quase 9 mil — do que homens. Os idosos de hoje são os adultos com mais de 40 anos em 2023, os que já passaram parte da vida dependente do telemóvel e que agora são acompanhados à distância pelo médico ou enfermeiro e recebem alertas para fazer uma caminhada ou para beber água. Até há apps que lhes sugerem locais onde ir, como ‘vá andar e aproveite para ver as tílias em flor a 500 metros da sua casa’ ou ‘caminhe e vá ver a exposição sobre o seu hobby favorito a 1400 metros de distância’. São avanços tecnológicos resultantes da ligação entre a saúde e as cidades, mas há outras novidades: os médicos são mais especializados e apoiam-se em tecnologias sofisticadas e em motores de inteligência artificial, que analisam milhares de dados e fazem sugestões de diagnóstico e de terapêutica.
A boa notícia é que algumas das pessoas que tinham mais de 70 anos em 2023 vão poder ver como é o país em 2050 porque temos mais de 10 mil portugueses com idades acima dos 100 anos
“As gerações mais novas de 2023 não vão querer chegar a idosos com os sistemas de saúde que têm hoje. E, por isso, vão ser uma das grandes forças de mudança na Saúde”, antecipava ao Expresso Luís Lapão, professor de Saúde Global Digital na UNL. “Até 2050, as doenças crónicas vão continuar a crescer, mas a tecnologia irá permitir que as pessoas vivam melhor e com a saúde estável durante mais tempo. Também vamos evoluir positivamente no diagnóstico precoce do cancro, que pode ajudar a reduzir a mortalidade. Resta saber qual será o verdadeiro impacto que o aumento do stresse, da poluição e das mudanças climáticas vai ter na carga das doenças e na procura de serviços de saúde.”
Há 30 anos também não era fácil antecipar quais seriam as principais causas de morte em 2050, mas a Direção-Geral da Saúde (DGS) tinha feito esse exercício para o ano de 2030 e alertava para o risco de aparecerem doenças associadas ao aquecimento global, como a febre amarela, infeção por vírus zika, dengue ou malária, para além do aumento esperado da prevalência de doenças crónicas. No Plano Nacional de Saúde publicado em 2022, a DGS apontava ainda para o risco das infeções virais com potencial pandémico, para a mortalidade associada ao calor e frio extremos, a resistência aos antibióticos e as emergências em saúde pública. Para as doenças oncológicas, projetava uma melhoria na taxa de mortalidade, mas antecipava o aumento do cancro da laringe, traqueia, brônquios e pulmão, devido ao tabaco e à poluição.
Ao fim de três décadas, não caiu no esquecimento a pandemia de covid-19 e os cientistas apontavam para a década de 2030 um novo evento global. Foi útil que a Organização Mundial da Saúde (OMS) tivesse criado em 2023 um grupo de trabalho para preparar a resposta à crise de saúde seguinte, quer fosse uma pandemia, um crise ligada ao clima ou uma quebra da cadeia de fornecimento de alimentos. O português Luís Lapão fez parte desse grupo de especialistas, já na altura cientes de que uma crise climática podia atingir de forma fatal os mais vulneráveis. “A disrupção do sistema de saúde pode originar incapacidade de resposta para lidar com uma grande percentagem da população que sofra de desidratação, problemas respiratórios, queimaduras graves, desnutrição devido à dificuldade em ter acesso a alimentos, infeções causadas por vírus, bactérias ou fungos, e mesmo diretamente resultantes dos eventos meteorológicos extremos como afogamentos, desabamentos ou destruição de habitações”, explicava o membro da equipa Preparedness 2.0 criada pela OMS.

INSETOS E ALGAS? SIM

Há 30 anos achava-se que no farnel da praia viria uma caixinha de grilos desidratados ou de larvas crocantes, mas não é bem assim. Os insetos e as algas ganharam mais espaço na alimentação nas últimas décadas, tal como a FAO recomendava, só que foram incorporados como ingredientes em alimentos processados e rações para animais, como antevia Luís Goulão, professor e investigador no Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa (ISA). “Para 2050, salientaria a substituição de proteína animal por fontes alternativas, com menor impacte ambiental, tais como insetos e algas, bem como a incorporação de suplementação com minerais, vitaminas ou antioxidantes, de fontes naturais, muitas vezes aproveitando desperdícios e subprodutos da indústria. Mas não se antecipa um consumo generalizado de insetos e algas como prato principal ou alterações significativas dos alimentos ou das refeições. Os ingredientes e os processos é que vão mudar.”
 
Nas marmitas de almoço para o trabalho levamos mais alimentos das hortas que existem nos telhados dos edifícios, em terraços, varandas e cozinhas. Também desperdiçamos menos porque Portugal foi obrigado pela Comissão Europeia a reduzir o desperdício alimentar per capita na restauração e em casa em 30% até 2030. Temos agora frigoríficos inteligentes que nos informam, através de apps, sobre o que devemos consumir de imediato. Elaboram listas de compras e sugerem receitas para aproveitar o que está perto do final de prazo, adaptadas aos gostos e exigências de saúde de cada um. “Para isso, os produtos alimentares terão códigos com largos volumes de informação, analisada através de inteligência artificial”, explicava Luís Goulão.
Nos campos agrícolas, o cenário é outro. Com as alterações climáticas veio mais calor e muito menos chuva. Há uma quebra de 10% a 30% na precipitação, como tinha sido estudado pela equipa coordenada por Pedro Matos Soares, da FCUL. “Com temperaturas mais elevadas, há mais evaporação, menos água no solo, mais necessidade de irrigação, logo mais stresse hídrico nos campos agrícolas e nas flores, além de maior risco meteorológico de incêndio”, resumia o cientista. É que agora, por década, temos mais dois ou três anos de seca severa do que tínhamos no passado e contam-se entre 20 e 45 dias de risco extremo de incêndio todos os anos.
Todas as alterações do clima mudaram as dinâmicas das pragas, doenças ou infestantes e obrigaram a mudar algumas culturas de local. As macieiras, pessegueiros e ameixoeiras, que precisam de um certo número de horas de frio durante o inverno, tiveram de ser transferidas para outras regiões, mais a norte. “No sentido inverso, podemos vir a assistir ao aumento de pomares de fruteiras tropicais no Algarve e Alentejo”, alertava, em 2023, o professor do ISA. “A redução de incidência de geadas e períodos de baixas temperaturas pode permitir a instalação de culturas tropicais e subtropicais que, até hoje, não seria possível. E em algumas zonas costeiras, a subida da água do mar pode levar à salinidade dos solos por intrusão e mudar a aptidão dessas zonas para determinadas espécies.”

CASAS PARTILHADAS E TUDO ELÉTRICO

Além de ser mais frequente ver hortas nos topos dos edifícios, as cidades tornaram-se mais verdes. O ruído, a poluição, a falta de ruas arborizadas e o espaço ocupado pelos carros estavam a destruí-las. “Em 2050, as ruas serão mais permeáveis, arborizadas, verdes e a água deve voltar a fazer parte da paisagem urbana. Atrás do verde e do azul vêm abelhas, insetos e pássaros, um clima mais ameno, espaços de encontro e uma cidade mais saudável”, ambicionava Rita Castel’ Branco, urbanista e especialista em mobilidade. Os carros são elétricos e mais partilhados, os transportes públicos melhoraram e andamos mais de comboio. Já em 2023, em Berlim, na zona do antigo aeroporto de Tegel, estava a nascer uma cidade dos dias de hoje: sem carros voadores nem arranha-céus, com habitação acessível, ruas quase sem carros, espaços verdes, biodiversidade e um uso eficiente de água e energia.
Depois da grave crise de habitação em meados da década de 2020, foi construída habitação pública em antigos quartéis desativados, velhos hospitais fechados, áreas industriais públicas abandonadas e alguns espaços baldios em bairros municipais, construídos nas décadas de 1960 e 1980, que nunca foram ocupados. Há menos propriedade individual e mais espaços partilhados. “Os habitantes não compram um espaço, mas o direito de viver num edifício por 75 ou 90 anos e, à medida que a família evolui, vão negociando com o condomínio, associação ou cooperativa a possibilidade de mudarem de piso para um apartamento maior”, descrevia o arquiteto Nuno Grande, professor da Universidade de Coimbra. “Há zonas comuns, como pátio, sala de convívio, cantina ou lavandaria. Os edifícios são construídos com estruturas simples, de pilar e parede de betão, ou até madeira nos mais ecológicos, e depois cabe a cada associado decidir como divide o interior.” Em 2022, o prémio de arquitetura mais importante da União Europeia, o Mies van der Rohe, tinha sido atribuído a um edifício construído nessa lógica, o La Borda em Barcelona.
Dentro das nossas casas também há diferenças, como a energia que consumimos. É praticamente tudo elétrico e quase 100% com origem renovável, produzida a partir do sol, vento ou água, o que tornou a eletricidade bastante mais barata. O ano de 2050 era o da meta do Governo em tornar Portugal neutro em carbono e o antigo primeiro-ministro António Costa até acreditava que o objetivo seria alcançado em 2045. Para especialistas como João Peças Lopes, professor catedrático da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, esse era um cenário possível e Portugal até poderia chegar a 2050 sendo um grande produtor de recursos energéticos renováveis, a par de Espanha, dando uso aos níveis de insolação muito acima de outros países e ao bom vento para produzir eletricidade barata, atraindo grandes indústrias consumidoras de energia, como a do aço, amoníaco ou os data centers. “Também haverá mais autoprodução, ou seja, mais painéis nas coberturas e telhados, que levará as pessoas a produzirem uma parte da energia elétrica que consomem”, dizia.
Os eletrodomésticos em casa são mais eficientes, todos ligados à internet e existem apps que permitem gerir o seu consumo energético, tirando partido dos recursos renováveis e reduzindo ainda mais o custo da eletricidade. Os transportes de passageiros são também movidos a eletricidade e hidrogénio, quase todos os automóveis são elétricos e há sistemas de carregamento ultrarrápidos nas estações de serviço e pela cidade. “Noutros sectores da economia, vamos ter de recorrer também ao hidrogénio, com origem sustentável, a partir da eletrólise da água. É o caso das indústrias que precisam de calor de alta temperatura, como a do vidro ou da cerâmica.”

...
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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Re: Unir os Pontos
« Responder #943 em: Agosto 04, 2023, 01:49:05 pm »
Continuação:

FOMOS A MARTE

Quanto à economia portuguesa, era difícil antecipar em 2023 o cenário atual. Os economistas recea¬vam que o país continuasse a ser pouco competitivo e achavam que o crescimento da economia nessa altura (2,4%), acima da União Europeia (1%) e da zona euro (1,1%), era apenas conjuntural. Até porque o PIB per capita punha Portugal na cauda da Europa, prestes a ser apanhado pela Roménia. “O país afastou-se da média nas últimas décadas e, se essa for a tendência, vai continuar a perder e em 2050 será a Albânia”, alertava o economista Pedro Brinca, defendendo urgência em atrair investimento e reter a população mais qualificada.
Dentro de casa é praticamente tudo elétrico e quase 100% com energia de origem renovável, produzida a partir do sol, vento ou água
Um dos problemas de agora resulta da perda de população ativa, tal como os demógrafos e economistas projetavam. “É expectável que o número de pessoas entre os 15 e os 64 anos vá diminuindo até 2050 porque as gerações que vão chegando a este grupo são cada vez mais reduzidas, nascidas em períodos de baixa natalidade”, explicava ao Expresso Maria João Valente Rosa. Também se sabia pouco sobre o impacto que a inteligência artificial viria a ter em várias profissões, sobretudo depois de o ChatGPT ter surgido em 2022.
“Podemos vir a ter uma perda de importância em funções intermédias e um ganho nas que estão nos extremos, como um cargo de direção ou um cuidador pessoal”, dizia João Cerejeira, economista e professor na Universidade do Minho. Certo era que a necessidade de cuidadores pessoais iria aumentar, fruto do envelhecimento da população, e muitos viriam de outros países. “Assistimos a uma etnicização em profissões como os operários da construção civil, serviços domésticos, motoristas de Uber ou pescadores, e vai ser visível nos cuidadores pessoais, nos médicos e até professores”, resumia o sociólogo Pedro Góis.
Hoje também trabalhamos mais tempo: a OCDE projetava a idade da reforma para os 68,4 anos, mas era difícil há três décadas antever o cenário atual. Os trabalhadores que estão perto da reforma são a geração que ficou conhecida como a mais qualificada de sempre, a dos mil-euristas, a dos que emigraram durante a troika ou que saíram de casa dos pais mais tarde por não conseguirem pagar casa. “É natural que a idade da reforma continue a subir até aos 70 anos, não só pela sustentabilidade da Segurança Social, mas porque a própria população poderá sentir que tem condições de trabalhar e de ser produtiva”, dizia o economista João Cerejeira. “Por isso, precisamos de um sistema de Segurança Social mais flexível, que permita, a quem queira, reformar-se mais cedo ou prolongar durante mais tempo a sua vida ativa.”
As nossas empresas tornaram-se mais digitais, porque foi esse o rumo do mundo. Os custos dos equipamentos e da computação foram diminuindo, e houve avanços na neurotecnologia, realidade virtual e nanotecnologia. Entre as muitas aplicações da inteligência artificial, havia quem antecipasse, em 2023, uma aposta tecnológica no mar, instalando áreas de aquacultura de leguminosas e plantas adaptadas, associado a um plano hidrológico de dessalinização.
 
“Além de competências na área da biotecnologia, este plano requer profundíssimos conhecimentos e capacidade a nível de engenharia mecânica, civil, robótica, eletrónica, eletrotecnia, materiais, controlo, inteligência artificial e de todo um conjunto de valências para o desenvolvimento e produção de toda a tecnologia marítima e subaquática”, antecipava Luís Sarmento, investigador na área da inteligência artificial e machine learning.
Continuamos também a explorar o Espaço. Por exemplo, a NASA e a Agência Espacial Europeia conseguiram levar a espécie humana a Marte, embora a tão falada “colonização” do planeta seja ainda um sonho longínquo. “Confirma-se a existência de vida microbiana simples em Marte e em Enceladus, uma das luas de Saturno, através do estudo de amostras de solo marciano, trazidas para a Terra, e através de uma missão robótica. Essa revolução para a Humanidade leva ao planeamento de novas missões para a procura de vida noutras luas no Sistema Solar”, projetava José Afonso, presidente da Sociedade Portuguesa de Astronomia e investigador da FCUL e do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço. O estudo de exoplanetas cresceu, conhecem-se hoje planetas em milhares de estrelas neste sector da galáxia e, desde os anos 2030, estudam-se as suas atmosferas. São já conhecidos mais de 150 planetas aparentemente semelhantes à Terra e Portugal continua a estar envolvido em algumas destas iniciativas, apesar da crise que a comunidade astrofísica nacional atravessou em mea¬dos da década de 2020.
Na Terra, somos 9,7 mil milhões, a população deverá crescer até aos 10,4 mil milhões em 2086 e só depois começará a diminuir, segundo as Nações Unidas. “Até 2050 os cenários demográficos são muito claros e não faz sentido negá-los. Quando em demografia se fala de futuro, pelo menos a médio prazo, não estamos a fazer um exercício de adivinhação ou de profecia. A maioria das pessoas que farão parte desse futuro em 2050 já nasceram”, frisava a demógrafa Maria João Valente Rosa. “Sabendo que foi o desenvolvimento que nos trouxe esta demografia, é agora necessário aproveitar devidamente os seus resultados.”
Ao contrário do que se achava há 30 anos, por baixo dos guarda-sóis e barracas de praia ainda se veem pessoas a ler livros e jornais, ainda que menos em papel do que antes. Continuamos a falar sobre as notícias do tempo, do recorde de temperaturas e das mortes por excesso de calor. Nas escolas primárias, explicam às crianças que, há 27 anos, na geração dos avós, por todo o mundo, já se conheciam as projeções e cenários climáticos que permitiam ter dado outro rumo ao planeta, evitando que aquecesse tanto. E nos nossos arquivos históricos ainda encontramos exemplares de jornais impressos, como o Expresso de 4 de agosto de 2023, que escreveram sobre o que se projetava para o futuro e lembraram que o retrato de Portugal em 2050 dependia, em parte, do que os portugueses fizessem do país nas décadas seguintes.
As imagens que acompanham este artigo foram geradas e alteradas a partir dos programas de inteligência artificial Leonardo.AI, Midjourney, FaceApp, Generative Fill (Photoshop Beta) e Real-ESRGAN

FICHA TÉCNICA

Este artigo parte dos dados de vários relatórios e estudos com projeções e cenários para 2050 em Portugal e no mundo, entre os quais estão: “Projeções de População Residente 2018-2080”, INE, 2020; “Ageing Report 2021”, Comissão Europeia, 2021; Eurostat Population Projections 2022-2100; artigos científicos do “Roteiro Nacional para a Adaptação 2100”, APA/FCUL, 2022 e 2023; “Migrações e Sustentabilidade Demográfica”, FFMS, 2017; “Plano Nacional de Saúde 2021-2030 — Projeções e Prognóstico”, DGS, 2022; “Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050”, 2019; “Skills Forecast Trends and Challenges to 2030”, OCDE, 2018; “The Future of Food and Agriculture — Alternative Pathways to 2050”, FAO, 2018; “Relatório do Estado do Ambiente — Cenários Macroeconómicos para Portugal 2050”, APA, 2022.





7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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ricardonunes

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Re: Unir os Pontos
« Responder #944 em: Agosto 04, 2023, 03:23:42 pm »
Ricardo, desculpa mas não consigo ignorar quem veicula o comentário acerca do Rogeiro: O Manifesto 74 que, no "quem somos", conclui:



Nem eu, mas o que está em causa é o artigo que publiquei e não é outros com os quais também não concordo.

Não me interessa quem é o mensageiro ou a cor politica dele, mas quem vir desmascarar o vigarista Rogeiro mais o cachaceiro das barbas brancas, tem toda a minha atenção.
Potius mori quam foedari