E pensava eu que o carnaval já tinha passado, afinal não.
Esta de hoje dia 5 de Março de 2009 ainda haver quem pretenda que o CRIMINOSO Salazar deixou o país numa boa situação ou de que fez obra que mereça ser lembrada, só pode ser piada.
Salazar não foi apenas um criminoso pela opressão política e policial que instigou e de que beneficiou durante dezenas de anos, ou pelos crimes que explicita ou implicitamente promoveu.
Salazar podia ter sido isso mas podia também ter deixado obra, no âmbito da economia, no capitulo do social, na vertente educativa.
Houve ditadores que, apesar de o serem, deixaram alguma obra feita nalgum ou alguns dos aspectos mencionados. Para não ir mais longe lembro o caso de Franco que quando morreu Espanha era já uma potência industrial.
Mas nós tugas neste capítulo tivemos muito azar. Saiu-nos o ditador mais retrógado e menos esclarecido que nos podia ter calhado em rifa. Acho que pior era difícil. (Só se fosse algum Ceausescu).
No que à economia diz respeito no final da década de sessenta o PIB português representava muito menos da metade da média da CEE.
A industria era praticamente inexistente devido às políticas incompetentes. O condicionamento industrial diz-vos alguma coisa?
A agricultura era de subsistência, campos abandonados pela emigração massiva.
Em meados da década 60 do séc. passado era frequente às portas de Lisboa deparar com crianças seminuas ou descalças, no resto do país nem é bom falar.
Em contrapartida o regime vivia na fábula das reservas de ouro. Ter reservas de ouro é bom, mas como é fácil de perceber não é isso que desenvolve um país.
Na esfera social o país era um desastre.
A emigração era massiva, às centenas de milhar, a assistência médica não chegava à maior parte da população. Fora dos grandes centros então, era quase inexistente. A maioria da população não activa não usufruia de qualquer apoio social. A mortalidade infantil estava praticamente ao nível de um país africano.
Nos centros urbanos o regime INVENTA um problema (sim aqui creio que conseguiu ser original) que até aí não tinha ocorrido. Trata-se do problema do arrendamento urbano. Com a ideia brilhante do congelamento das rendas, o regime liquidou o mercado de arrendamento nos centros urbanos. Como resultado a partir dessa data não se construiram mais imoveis para arrendar. Deixou de haver pura e simplesmente casas para arrendar e aquelas que apareciam eram a preços proibitivos. Morar em partes de casa, casa dos pais ou dos sogros foi a soluçao de recurso. Como solução última os portugueses foram compelidos a comprar casa, situação que se mantém ainda hoje, lançando-os para níveis de endividamento de que hoje vemos a gravidade. Com essa "simples" ideia de congelar as rendas Salazar lixou a vida não de uma mas de várias gerações de portugueses, durante um século portugueses sofreram e vão sofrer por causa da incompetência daquele génio. É bom não esquecer que o problema já tem mais de 40 anos e penso que levará pelo menos outros tantos a ficar resolvido.
No que se refere à educação salta à vista os 40% de analfabetos e dos que o não são só uma pequena minoria chega a frequentar o ensino secundário (já nem falo em terminá-lo!).
Este é o país maravilhoso de Salazar. Haja decência!
Graças à acção de Salazar, o País entrou em franca recuperação, em todos os sectores. Assim:
1) pronta reabilitação do escudo, que veio a ser das moedas mais valorizadas do mundo, a par do dólar americano e do franco suíço; orçamentos não equilibrados; não mais vencimentos em atraso; substituição e sucessivo aumento de reservas de ouro, que no fim do regime eram perto de 900 toneladas; insignificante dívida pública, externa e interna, sempre limitadas a níveis tidos por convenientes;
2) obras públicas: grande rede de edifícios escolares, a todos os níveis de ensino; aeroportos e remodelação de portos; novos hospitais, e tribunais, e quartéis para o Exército, Marinha e Aviação; remodelação das estradas e construção de pontes; reparação de edifícios e monumentos nacionais, etc. etc., e a Ponte Salazar;
3) grandes barragens, quer de energia eléctrica, quer de irrigação agrícola e abastecimento público; florestação de várias serras, sem árvores; planos de fomento; arranque do desenvolvimento quer industrial, quer do turismo (de início, com as Pousadas; depois, com médios e grandes hóteis), etc. etc.;
4) no campo social: deixou de haver quer grupos de pobres a pedir pelas portas, quer filas de mendigos, em dias de romaria; e início de salários mínimos, horário de trabalho, abono de família e assistência médica e medicamentosa; construção de esplêndidos bairros sociais, com casas adquiridas por encargo mensal compatível com os salários de então; e criação das Casas do Povo e Casas dos Pescadores; e férias na FNAT, a preço acessível aos trabalhadores; e cursos de Formação Profissional Acelerada, etc. etc.;
5) fomento do ensino a todos os níveis - e criação do ensino técnico-profissional, nas escolas comerciais e industriais e agrícolas; grande campanha contra o analfabetismo, em grande parte vindo do regime anterior;
6) celebração da Concordata com a Santa Sé, a pôr termo a injustiças sofridas pela Igreja Católica - e assegurando-Ihe liberdade de culto;
7) a grandiosa Exposição do Mundo Português, em frente ao Mosteiro dos Jerónimos;
construção de grandes paquetes: Santa Maria, Vera Cruz e Infante D. Henrique;
9) e, principalmente, o espectacular sucesso no campo da cultura: Artes, Letras e Ciências.
Com efeito: o sentido quer de dignidade, quer de grandeza que o Estado Novo imprimiu à vida nacional, em breves anos fez com que surgisse uma vasta plêiade de grandes valores, tanto na Situação, como na Oposição, com nomes que o povo ainda bem recorda e que agora não têm par. Apenas uma breve resenha:
Medicina: Egas Moniz (prémio Nobel, em 1943) e Francisco Gentil (fundador do Instituto Português de Oncologia);
Matemática: Bento Caraça, Vicente Gonçalves, Esparteiro, Mira Fernandes;
Engenharia: Duarte Pacheco, Edgar Cardoso, etc.;
Escultura: Francisco Franco, Leopoldo de Almeida, Barata Feyo, etc.;
Arquitectura: Raul Lino, Cotinelli Telmo, Januário Godinho, etc.;
Pintura: Vieira da Silva, Almada Negreiros, João Reis, Henrique Medina, Cargaleiro, Carlos Botelho, etc.;
Direito: em Coimbra, Alberto dos Reis e Antunes Varela; em Lisboa, Marcello Caetano, Cavaleiro Ferreira, etc.;
Advocacia: Bostorf Silva, J. G. Sa' Carneiro, Azeredo Perdigão, etc.;
Teatro e cinema: actrizes: Rey Collaço, Maria Mattos, Palmira Bastos e Laura Alves;
actores: Vasco Santana, António Silva, Vilarett, Ribeirinho, etc.;
Escritores: Júlio Dantas, Aquilino Ribeiro, Vitorino Nemésio, Miguel Torga, Fernando Namora, etc. etc.;
Poetas: José' Régio, Correia de Oliveira, Moreira das Neves, etc.;
jornalistas: António Ferro, Norberto Lopes, Ferreira da Costa;
Historiadores: Alfredo Pimenta, Damião Peres, Jaime Cortesão, António José Saraiva, Franco Nogueira;
Realizadores de cinema: Lopes Ribeiro, Leitão de Barros, Artur Duarte, com filmes que ainda hoje se recordam e são vistos com muito agrado na televisão;
Música: piano: Viana da Motta, Varela Cid, Maria João Pires; violoncelo: Guilhermina Suggia; maestros e compositores: Freitas Branco, Frederico de Freitas, Tavares Belo, Ruy Coelho, Jolli Braga Santos; canções populares: Alberto Ribeiro; fado: Alfredo Marceneiro, Hermínia Silva, Amália Rodrigues;
Cultura popular: renasce o artesanato, em peças de barro e cerâmica, e de ferro forjado e de cobre; e surgem grupos folclóricos, por todo o País, e que de tudo foi grande impulsionador António Ferro.