Skylander

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TaGOs

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« Responder #30 em: Julho 11, 2008, 06:06:16 pm »
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Aeronáutica: Grupo promotor do Skylander em Portugal adquire construtora francesa

Évora, 10 Jul (Lusa) - O grupo francês GECI International, promotor da construção do avião Skylander em Évora, anunciou hoje a aquisição da empresa Reims Aviation Industries, líder europeia da vigilância aérea e quarta construtora aeronáutica francesa.


O anúncio em Portugal surge depois do grupo francês ter comunicado ao mercado, quarta-feira, após o fecho da Bolsa de Paris, a assinatura de um memorando de entendimento para uma tomada de participação maioritária no capital da Reims Aviation Industries.

"A GECI subscreve, inteiramente, um aumento de capital reservado da Reims Aviation Industries, num investimento total de 4,5 milhões de euros, a 1,40 euros por acção", revela o grupo, acrescentando que, no final da operação, a sua participação no capital da construtora aeronáutica vai ascender aos "52,39 por cento".

O grupo congratula-se por, com esta tomada de participação estratégica, reforçar a sua posição de "novo construtor aeronáutico" e aumentar as "competências na construção, costumização e modificação de aviões".

"Estamos muito satisfeitos. Esta empresa rapidamente surgiu como uma oportunidade para o nosso desenvolvimento, pelo seu posicionamento de nicho e domínio das aplicações de vigilância e missões especiais, mas também pela qualidade humana e profissional das suas equipas", afirmou Serge Bitboul, presidente da GECI Internacional.

Segundo o mesmo responsável, a cooperação entre as duas empresas "acelera o processo de desenvolvimento do Skylander", avião que vai ser construído em Évora, num projecto que tem em curso a fase de industrialização.

A GECI realça que, a nível mundial, "os novos turbo-propulsores são cada vez mais procurados pelas suas substanciais economias de consumo", pelo que "a produção dos dois bimotores F406 e Skylander SK-100 responde, perfeitamente, às necessidades de um mercado em franco crescimento e muito condicionado pela subida dos preços dos combustíveis".

O grupo francês transporta para a Reims Aviation os seus conhecimentos de engenharia aeronáutica, acumulados ao longo de um percurso de mais de 25 anos, junto dos "maiores construtores mundiais", permitindo-lhe aumentar a oferta de produtos, com a adaptação do avião F406 a todo o tipo de aplicações.

O negócio vai também possibilitar à Reims Aviation propor "novos serviços com forte valor acrescentado, aumentando as suas capacidades de costumização, modificação e modernização de equipamentos".

"A complementaridade das duas empresas permite à GECI Internacional aumentar e desenvolver as suas competências na construção e apoio pós-venda e consolidar a sua posição no mercado aeronáutico e optimizar a sua colocação na cadeia de valor", acrescenta o grupo, em comunicado.

A GECI sublinha ainda que as equipas do Skylander vão beneficiar do "know-how" dos "mais de 50 anos" de experiência da Reims Aviation na produção de aviões ligeiros, em particular através da "assistência à criação da fábrica de montagem do SK-100 em Évora".

"A partilha de conhecimentos permitirá também a optimização da cadeia de fornecimento dos dois aparelhos", o F406 e o SK-100.

O projecto do Skylander, da responsabilidade da Sky Aircraft Industries, criada pela GECI em parceria com investidores portugueses, envolve um investimento de mais de 100 milhões de euros, incluindo a construção de uma fábrica na zona do aeródromo municipal de Évora.

A Sky Aircraft Industries prevê produzir 1.100 aviões, entre 2011 e 2027, estando o voo do primeiro protótipo previsto para "finais de 2009".

O projecto, que já reúne mais de 400 promessas de compra, muitas delas para o Dubai, prevê criar 3.000 postos de trabalho, 900 directos e os restantes indirectos.

RRL.

Lusa/Fim
 

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MERLIN

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« Responder #31 em: Julho 21, 2008, 04:27:20 pm »
Uma noticia interessante, mas o facto é que o SkyLander continua so no papel. Parece uma novela mexicana do tipo NPO!!!
Cumptos
"Se serviste a patria e ela te foi ingrata, tu fizestes o que devias, ela o que costuma"
Padrea Antonio Vieira
 

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ricardonunes

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« Responder #32 em: Setembro 06, 2008, 11:12:59 am »
Skylander voa para França

A GECI International anunciou ontem, ao final da tarde, em comunicado à bolsa de Paris, o lançamento oficial na Região da Lorena do programa Skylander, após uma reunião entre o presidente da GECI, Serge Bitboul, e Jean-Louis Borloo, ministro de Estado, da Ecologia, da Energia, do Desenvolvimento Sustentável e do Ordenamento do Território.

“Perante a oportunidade proposta pelo Estado [francês] e pela Região da Lorena de instalar esta nova indústria aeronáutica em Chambley-Bussières e a vontade de respeitar o nosso calendário de projecto, procedemos à relocalização do programa. A GECI Internacional conta apoiar-se numa rede de parceiros industriais e espera integrar franceses, portugueses e outros europeus”, afirma Serge Bitboul.

“Estamos orgulhosos do apoio oferecido pelo Estado e pela Região da Lorena para o lançamento do programa Skylander. Com a tomada de participação na Reims Aviation Industries, a GECI Internacional reforça a sua lógica industrial e afirma vontade de se tornar o novo actor no mercado do turbo propulsor ligeiro”, conclui o presidente da GECI.

Jean-Louis Borloo e o secretário de estado responsável pelo Ordenamento do Território, Hubert Falco, já felicitaram a decisão tomada pelo conselho de adminstração da GECI International. Para o ministro de Estado, "este projecto permitirá consolidar um tecido industrial sólido e com grande desempenho, entre outros aspectos".

França ganha “guerra económica”, com inteligência


O voo do Skylander para França é um claro sinal da falta de inteligência competitiva de uma burocracia de estado, sem inteligência e, portanto, sem estratégia e sem capacidade de decisão para o desenvolvimento económico e que não só não sabe o que quer fazer como não deixa fazer. As "dúvidas" portuguesas (de facto, manifestações de ignorância pura e dura) sobre a importância e qualidade do projecto não as teve Nicolas Sarkozy. A Espacialnews sabe que o governo francês contactou a GECI no início de Agosto e em três semanas resolveu o assunto que em Portugal as autoridades não conseguiram tratar em mais de quatro anos, perdendo assim esta “guerra económica”.

A "guerra económica" é isto: a região da Lorena e o Estado Francês conseguiram 'sacar' a Portugal e a Évora um excelente projecto económico... Não por falta de boa vontade do investidor francês que tem adiado sucessivamente o projecto face aos atrasos portugueses, fiel à decisão de concretizá-lo em Évora.

Assim fica provado, mais uma vez, aquilo que a Espacialnews tem defendido, desde há anos: não é possível qualquer "choque tecnológico" sem estruturas de inteligência competitiva e sem a existência de "fundos" especificamente alocados à inovação e geridos por profissionais competentes... Sem isso, o "choque tecnológico" é uma miragem.

Ao que a EspacialNews pôde apurar, esta decisão da GECI deve-se ao facto de o desenvolvimento do projecto em Évora, nos prazos definidos, se ter tornado impossível face aos entraves e outras questões absurdas colocadas pela burocracia portuguesa, encarregue de dar seguimento ao projecto, já há muito classificado como Projecto de Interesse Nacional.

Face a estas dificuldades (que eram do conhecimento do gabinete de Sarkozy em todo o seu detalhe...), a GECI Internacional não teve outra opção... O conselho de administração da GECI, face à proposta escrita e calendarizada do governo francês (com um prazo de resolução de três semanas, até ao fim de Agosto!), decidiu aproveitar a oferta do governo Sarkozy e transferir o projecto para a Região da Lorena, até para não pôr em causa as mais de 600 intenções de compra do Skylander já registadas.

Quanto ao modo como o mercado recebeu esta decisão, bastará ver a evolução em bolsa, hoje, das acções da GECI e a evolução nos últimos dois dias da sua participada Reims Aviation.

Como epílogo desta triste história, registe-se que a burocracia de estado, com Basílio Horta à cabeça, tem aqui um excelente episódio para descobrir o que é isso da "guerra económica global" e como essa "globalização" exige inteligência competitiva e impõe tempos de decisão muito curtos... Agradeçam, se fazem favor, esta lição de Sarkozy....

"Uma notável oportunidade para o tecido industrial da Lorena"


O presidente do Conselho Regional da Lorena, Jean-Pierre Masseret, salientou ontem que o Skylander “constitui para a nossa região uma notável oportunidade para estimular o seu tecido industrial, nomeadamente no domínio da construção aeronáutica”.

A Região da Lorena ajudará à instalação, em Chambley, das actividades do gabinete de estudos e actividades industriais do projecto e mobilizará o tecido industrial e financeiro regional.

Um grupo-projecto, dirigido pela Direcção do Ordenamento do Território (DIACT), a Região Lorena e a sociedade GECI International, foi já constituído e os primeiros trabalhadores vão chegar a Chambley antes do fim do ano, a partir de Novembro.

Sobre a GECI International

Há mais de 25 anos que o grupo exerce as suas actividades de consultadoria e desenvolvimento de engenharia de alta tecnologia, com uma presença privilegiada no universo dos transportes e da aeronáutica. Aliando conhecimento, excelência e inovação, o grupo, constituído por 700 trabalhadores e presente em mais de 10 países, participa em todo o mundo nos maiores programas aeronáuticos. Parceiro privilegiado dos maiores construtores, a GECI International capitaliza a sua experiência e know-how técnico para oferecer ao mercado conceitos e produtos próprios inovadores.

A GECI Internacional possui a certificação de “Empresa Inovadora” pelo OSEO/ANVAR.

EspacialNews
Potius mori quam foedari
 

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Cabecinhas

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« Responder #33 em: Setembro 06, 2008, 07:20:36 pm »
VERGONHA!
Um galego é um português que se rendeu ou será que um português é um galego que não se rendeu?
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Lightning

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« Responder #34 em: Setembro 06, 2008, 09:26:48 pm »
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..em três semanas resolveu o assunto que em Portugal as autoridades não conseguiram tratar em mais de quatro anos...


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André

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« Responder #35 em: Setembro 06, 2008, 11:03:12 pm »
Município de Évora pede explicações

A Câmara Municipal de Évora exigiu hoje esclarecimentos dos promotores do projecto de construção do avião Skylander e da AICEP sobre as razões da deslocalização do investimento para França.
Em comunicado enviado à agência Lusa, o município diz ter sido confrontado com notícias veiculadas pela comunicação social, segundo as quais a GECI International, empresa francesa de aeronáutica, declarava que tinha decidido deslocalizar o projecto do Skylander de Évora para França, para a região de Lorraine.

No comunicado, a autarquia exige ao grupo aeronáutico francês que, «em nome da transparência e de todo o bom acolhimento», preste «todos os esclarecimentos das razões que o levaram a esta súbita mudança de orientação».

Simultaneamente, o município diz esperar da parte das autoridades nacionais envolvidas na negociação, nomeadamente a AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal), «os esclarecimento necessários para que os alentejanos e os eborenses conheçam verdadeiramente todos os recentes desenvolvimentos deste assunto».

Depois de quatro anos de negociações em torno deste projecto com a entidade empresarial francesa e entendendo que a «transparência e o respeito que a população lhe merece assim o impõe», a câmara alega ter sido com «total surpresa» que teve conhecimento da deslocalização do projecto para França.

O município garante que «fez tudo o que estava ao seu alcance para instalar o Skylander em Évora, respondendo positivamente a todas as solicitações dos promotores do projecto e criando todas as condições para a instalação do mesmo.

Manifestando-se «desapontada» pela não materialização deste projecto, a autarquia reafirma a sua «firme determinação em concretizar em Évora outros projectos da indústria aeronáutica no desenvolvimento da estratégia que está delineada e firmada nos instrumentos municipais de planeamento».

«É oportuno reafirmar que os projectos de construção de duas unidades de produção de componentes aeronáuticos da responsabilidade do construtor Embraer se mantêm em evolução adiantada, conforme o calendário já acordado», salienta.

O projecto do Skylander, da responsabilidade da Sky Aircraft Industries, criada pela GECI em parceria com investidores portugueses, envolvia um investimento de mais de 100 milhões de euros, incluindo a construção de uma fábrica na zona do aeródromo municipal de Évora.

A Sky Aircraft Industries previa produzir 1.100 aviões entre 2011 e 2027, estando o voo do primeiro protótipo previsto para finais de 2009.O projecto apontava para a criação de 3.000 postos de trabalho, 900 directos e os restantes indirectos.

O autarca alentejano já garantiu hoje à Lusa que a decisão do grupo francês «não faz baixar os braços», alegando haver outros projectos de maior dimensão, como o da brasileira Embraer para a criação de duas fábricas aeronáuticas no concelho, num investimento de 169 milhões de euros.

Lusa

 

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pmdavila

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« Responder #36 em: Setembro 07, 2008, 05:29:34 pm »
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"Dinheiro dos contribuintes não pode ser dado às cegas"
LEONOR MATIAS e PEDRO AMARAL  

A GECI culpou a burocracia do Governo português pela sua decisão de abandonar o investimento em Évora, mas Basílio Horta diz que franceses recusaram entregar os estudos de viabilidade económica do projecto Skylander e exigiam receber 50 milhões de incentivos

Projecto não tinha sustentabilidade económica

O projecto do avião Skylander, previsto para Évora, nunca saiu do papel ao longo dos últimos quatro anos. Na sexta-feira, como noticiou ontem o DN, os franceses da GECI anunciaram que vão instalar a fábrica em França, devido aos entraves burocráticos colocados pelo Governo português. Basílio Horta, em declarações ao DN, garante que o investimento não avançou porque a GECI não apresentou os requisitos exigidos para a aprovação dos benefícios para um projecto considerado estruturante. O presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) fala mesmo em falta de "sustentabilidade económica do projecto", que nunca foi apresentada apesar dos sucessivos pedidos.

"Da nossa parte não houve qualquer entrave", refere, e aponta o facto de nem sequer ter sido exigido ao grupo aeronáutico "o protótipo do avião" para a aprovação de benefícios financeiros. Basílio Horta salienta que em causa está a atribuição de dinheiros públicos, que não é mais do que "o dinheiro dos contribuintes e que não pode ser dado às cegas".

Após a inércia que caracterizou o projecto, a nomeação de Augusto Mateus para consultor da GECI foi bem recebida pela AICEP, que a 29 de Junho, numa reunião com o grupo francês, voltou a pedir os estudos de viabilidade e sustentabilidade económica do projecto, que foi considerado PIN (de interesse nacional). Basílio Horta adianta que a 15 de Julho escreveu uma carta ao grupo a reafirmar o pedido. No fundo, diz, "só exigimos os requisitos que se pede a todos os outros projectos".

Basílio Horta afirma que o projecto do avião Skylander estava fixado em 200 milhões de euros e o grupo francês exigia "o incentivo máximo", que neste caso correspondia a 30% do total, ou seja, "50 milhões de euros".

Os rumores que pairavam em torno das dificuldades em concluir a instalação da fábrica de aviões confirmaram-se, e José Ernesto Oliveira descobriu pelos jornais uma realidade que já se prenunciava "há alguns meses, desde que se ouviam falar de fortes pressões ao mais alto nível, por parte do Governo francês, para levar o projecto para lá". No entanto, o presidente da Câmara Municipal de Évora assegura que recebeu a notícia com "perplexidade, surpresa e frustração". A fábrica da Skylander era "uma oportunidade muito boa para a cidade".

A reviravolta negocial não deixou, no entanto, de suscitar alguma desconfiança inicial, pelo facto da confirmação oficial só ter surgido ontem à tarde, pelo próprio Serge Bitboul, presidente da GECI International. "Recebi a notícia pela imprensa e depois de tantos telefonemas comecei a achar que era fumaça demais para não haver fogo. Exigimos uma explicação à GECI porque sempre os acolhemos com espírito de colaboração, próprios da nossa cidade e não merecíamos este tipo de comportamento", realça.

"O projecto representava uma esperança que se evaporou", lamenta o presidente do Núcleo Empresarial da Região de Évora (NERE). "Caso tivesse sido concretizado, poderia ser uma grande mais valia para a cidade", considerou Vítor Barbosa, em declarações à Lusa.

Se poderia, ou não ter sido feita mais alguma coisa para evitar o "desvio" do investimento que previa a produção de 1100 aviões entre 2011 e 2027, e a criação de 3000 postos de trabalho, José Ernesto de Oliveira é claro: "Trabalhamos há quatro anos para cumprir todos os requisitos. Se calhar a AICEP poderia ter sido mais célere em todo o processo", remata.


Fonte
Com os melhores cumprimentos,
pmdavila

"Antes morrer livres que em paz sujeitos"
 

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Luso

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« Responder #37 em: Setembro 07, 2008, 07:03:26 pm »
Alguém se lembra do projecto de fruticultura de Tierry Russel (?) que básicamente resultou num sacar de subsídios?
Também poderia ter sido uma dessas, sobretudo quando este projecto demorava tanto tempo. E ainda falta o protótipo...

Entretanto...

“Investimentos aeronáuticos”: epílogo de uma farsa mal explicada?
 

(ÉVORA XXI, Setembro de 2005)

Decorria o mês de Setembro de 2005. Estávamos a pouco mais de um mês das eleições autárquicas e assim se anunciavam no ÉVORA XXI, o Jornal da Candidatura de José Ernesto Oliveira, do Partido Socialista, à Presidência da CME, os “investimentos” que iriam abrir caminho a 950 novos postos de trabalho:

«O Aeródromo de Évora prepara-se para acolher, com o apoio da Câmara Municipal e do Governo português, dois importantes projectos que irão criar cerca de 950 novos postos de trabalho. O primeiro refere-se à Falcon Wings – Produção de Aviões Lda., empresa de capitais belgas, que irá investir cerca de três milhões de euros numa unidade industrial, hangar e respectivas instalações de apoio, cujas obras de preparação já se iniciaram, destinadas à produção de aviões ligeiros. A fábrica irá ocupar uma área de 2688 m2, já cedida pela Câmara em direito de superfície. A evolução da produção aponta para a criação de 300 postos de trabalho e para a construção de 2500 aparelhos, após 16 anos de laboração.

O outro projecto da Sky Aircraft Industries envolve um investimento de 120 milhões de euros e permitirá criar 650 postos de trabalho. Durante vinte anos serão fabricados mais de quatro mil aviões bi-turbopropulsores com capacidade para 3,3 toneladas de mercadorias e 19 passageiros (29 na versão militar).

A captação de investimento externo e a criação de emprego, melhorando a vida das famílias e o desenvolvimento económico do nosso Concelho, tem sido uma preocupação prioritária do actual executivo, liderado por José Ernesto de Oliveira.»

Note-se a fantástica visão de um jornal de campanha que conseguiu ver «obras de preparação» já iniciadas, onde mais ninguém conseguiu ver nada nos três anos seguintes. Note-se como é frágil e ambígua a fronteira entre a verdade e a mentira, e como os «homens são tão crédulos e submissos perante as necessidades de cada momento que, quem quiser enganar, encontrará sempre alguém que se deixará enganar» como lembrava Maquiavel há mais de quinhentos anos.

Nestes três anos foi-se evidenciando a vacuidade das promessas e a triste realidade veio à tona: nenhum dos investimentos se concretizou, esfumando-se os anunciados 950 postos de trabalho. Perante os factos a Câmara de Évora exige explicações sobre deslocalização do projecto Skylander para França e faz muito bem. Mas não pode esquecer-se que também ela, e sobretudo o seu Presidente, devem explicações aos eborenses sobre esta estória muito mal contada. É que a verdade, como o azeite, acabará por vir à tona e, um dia, conhecer-se-ão as intrujices que envolveram esta encenação teatral, abrilhantada por Dráculas e outros figurantes de quinta categoria.


http://maisevora.blogspot.com/2008/09/i ... e-uma.html
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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PedroM

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« Responder #38 em: Setembro 08, 2008, 02:32:28 pm »
Skylander Air Race

O Skylander é um aviãozito de aspecto castiço que representava um grande negócio. Nem avião nem negócio saíram alguma vez do papel mas o aviãozito já saiu de Portugal. Aquele que seria o primeiro avião fabricado de raiz em Portugal já não o será. Foi-se o Skylander, ficaram algumas lições.

O investimento directo estrangeiro foi uma reinvenção deste Governo. Portugal estava há anos fora do circuito internacional dos grandes negócios e foi Manuel Pinho quem de repente se tornou um palpitante anunciador de projectos, novos modelos na Autoeuropa, fábricas do Ikea, pilhas de hidrogénio, refinarias, petroquímicas, aviões. Por detrás desta visibilidade do ministro da Economia estava o trabalho de um surpreendente Basílio Horta, que fora substituir Miguel Cadilhe na Associação Portuguesa de Investimento para, pensava-se, cumprir a quota de não socialistas em altos cargos do Estado. Basílio não quis ser medalha de ninguém e em vez de queixar da diplomacia económica, fê-la. Entretanto, a API fundiu-se com o Icep, como uma cobra que engole um boi e fica longamente inerte a digeri-lo.

Nem todos os investimentos anunciados se realizaram. O maior estrondo foi o do projecto da refinaria de Patrick Monteiro de Barros, que queria mais dinheiro do Estado do que o Governo quis dar – o mesmo Governo que tinha embandeirado em arco com esse mesmo investimento. Também o Skylander assim quis: 30% do investimento total pagos pelo Estado à cabeça, o resto logo se via.

O projecto Skylander vem de 2004, do Governo de Durão Barroso. Ia garantidamente arrancar em 2005. Em 2006, não havia dúvidas, era já em Setembro e até se falava de um segundo modelo. Em Setembro, o Ministério da Economia dizia que o projecto estava desbloqueado e a empresa, a GECI, dizia que sim senhor, era já em 2007. Em meados de 2007, a empresa realizava um aumento de capital que o senhor Serge Bitboul, o CEO da GECI, explicava ir direitinho para Évora. Em Novembro, as encomendas explodiam, mais de 350, mas só dava para arrancar em 2008. De cada vez que se falava no projecto, ele estava maior. Três mil postos de trabalho, quatro mil milhões de euros de valor acrescentado para o país, incorporação de fornecedores nacionais, 1.100 aviões produzidos entre 2011 e 2027, etc.

Setembro de 2008: o Skylander vai para França. A GECI diz que o Governo português não estava empenhado. O Governo português revela que o investimento (que fora anunciado com "break-even" nos 113 aviões) não afinal era economicamente rentável e que só os 50 milhões de euros de subsídios estatais o tornariam atractivo para os accionistas.

Alguém andou a gozar com o pagode nesta história do Skylander. Quem mais ri é o senhor Serge Bitboul, presidente da GECI em todos estes anos, que montou um circo de expectativas e quis ver na arena uma corte de palhaços, os eborenses que queriam os empregos, o Governo que queria cerimónias e exportações, o Estado Português que lhe pagaria a festa.

Serge Bitboul bem podia chamar-se Serge Pitbull, pela fidelidade efémera àqueles que acreditam nele. A sua empresa jamais poderá construir aviões como os que estiveram no Douro este fim-de-semana no Red Bull Air Race. Aliás, não é certo que possa sequer um dia construir o avião que habita nos estiradores deste vendedor de sonhos.

O cancelamento do investimento do Skylander é uma péssima notícia para Évora, cujas excelentes condições naturais para a aeronáutica ficam em exclusivo para a Embraer, e para Portugal. Mas não é pior que a figura de parvos que nos fizeram passar ao longo de cinco anos.
http://www.jornaldenegocios.pt/index.ph ... &id=330284
 

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JQT

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« Responder #39 em: Setembro 08, 2008, 07:46:03 pm »
Peço desculpa mas é em momentos como este, e com artigos de análise como estes, que se vê a burrice de imprensa que temos em Portugal, em particular o da Espacialnews.

Há uma regra muito antiga e sempre válida nos negócios: o segredo é a alma do negócio. Não se diz a toda a gente o que se vai fazer: faz-se e surpreende-se o mercado. Quando uma empresa anda durante anos a publicitar-se sem avançar com nada de concreto, é porque não é para ser levada a sério.

Eu sou insuspeito de apoiar o governo socialista e acho que aqui o Governo só pecou por dar tanta atenção e criar tanto mediatismo com um projecto e uma empresa que não tinham ponta de credibilidade. O Skylander foi proposto ao governo Durão Barroso/Paulo Portas e foi sumáriamente rejeitado pelo Dr. Miguel Cadilhe, o pai natal de serviço na altura (um incompetente de primeira apanha). Desejoso de show-off e de vender ilusões, o PS e o autarca PS de Évora deram-lhes ouvidos. Recorde-se que na mesma altura que no Portugal Air Show de 2005, o projecto foi publicamente lançado pelos promotores, que diziam que já tinham centenas de encomendas para um avião do qual não existia certificação, não existia fábrica, não existiam fornecedores, nem sequer existia um protótipo, nessa mesma altura a empresa GECI estava pura e simplesmente falida. Saíu da falência em 2006. E era um projecto tão bom, tão viável, que dependia de ajudas brutais do estado português para arrancar. Até se saíram com uma versão de combate a incêndios, apesar de não ser um hidroavião.

Lembro-me de, nesse Portugal Air Show, conversar com (ir)responsaveis de algumas das empresas envolvidas no projecto, que diziam que o avião não tinha hipóteses de ter sucesso porque iria entrar em competição directa com o CASA Aviocar (só que neste caso sem rampa traseira), num nicho de mercado muito pequeno. Mas mesmo assim diziam que o que interessava era montar a produção (com o Estado a pagar os prejuízos, claro) porque outros aviões que viessem a ser produzidos esses sim poderiam ser aviões de sucesso e porque assim se criava um suposto pólo aeronáutico de Évora, que trabalharia com a EADS/CASA em Sevilha no A400M, no fornecimento de componentes; segundo a opinião corrente, a CASA tinha tido mais olhos que barriga e não era capazes de produzir tudo o que tinham contratado para o A400M, pelo que a solução era subcontratar os construtores aeronáuticos de Évora (!!!!) Eu não sei o que esta gente andou a beber, mas devia ser bom!

Não há dúvida que é por causa destas ingenuidades de bradar aos céus - diria mesmo desta loucura -, é que é fácil fazer vingar contos do vigário neste país.

Aparentemente, numa última tentativa para levar o Governo a aderir ao projecto como eles queriam, a GECI montou escritório nas Amoreiras e começaram a contratar gente no princípio deste ano, gente essa que agora vai perder o emprego por causa desta ilusão. Eu conheço uma pessoa nessa situação.

De qualquer forma, em Évora já há muito que se sabe que este projecto não iria dar em nada (logo em 2005, toda a gente foi à net saber coisas sobre a GECI para ficarem a saber que estava falida), porque esta era uma empresa de que nunca ninguém tinha ouvido falar, que se arroga de muitos pergaminhos, mas sem currículo concreto, que por si só não projectou o avião, mas que encomendou o projecto ao engenheiro inglês autor do Britten-Norman Islander.

O que se passa é que Portugal já tem fama internacional de um país governado por corruptos populistas, que estão prontos a esbanjar o dinheiro do Estado em qualquer iniciativa que dê inaugurações e publicidade, nem que seja para levar um tremendo calote. Um país de otários falidos e desesperados, a quem se podem pedir milhões dizendo que são condição sine qua non para nos fazerem o favor de investir cá, nesta pocilga.

Vá lá que o Basílio Horta se saíu bem. Mas do que se devia falar é dos outros investimentos que se têm perdido, dos que não vêm para a praça pública prometer o paraíso: a Daewoo que não veio para a antiga fábrica Renault de Setúbal, VW Lupo que não veio para Setúbal nem Palmela, a Pininfarina e a fábrica da Toyo que já não vem para cá. Isso é que devia ser dito a analisado. Os problemas mantêm-se: impostos altos, lei laborais comunistas que fazem as empresas reféns dos trabalhadores, energia e combustíveis caríssima, péssimo sistema de transportes (muitas auto-estradas mas caríssimas; portos ineficazes; caminho de ferro de mercadorias inexistente), telecomunicações 3x mais caras do que noutros países europeus, assistência médica caótica, péssimo sistema de ensino e formação profissional, burocracia gigantesca que só serve para potenciar a corrupção, excesso de feriados, desonestidade permanente, justiça demorada e duvidosa...

E depois dizem que o problema é que o Estado não dá ajudas.

JQT
 

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JQT

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« Responder #40 em: Setembro 08, 2008, 07:48:44 pm »
Só mais esta: indústria aeronáutica em Évora? Milhares de pessoas emigrarem para Évora? Tenham juízo. O Alentejo precisa é que se deixe a agricultura funcionar. Évora já foi muito próspera mas como capital de uma grande região agrícola. E tudo o resto são disparates.

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dremanu

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« Responder #41 em: Setembro 08, 2008, 10:52:10 pm »
O pessoal em Portugal não se deve queixar, têm o que merecem, pois continuam a votar no partido dos sacanas(PS), sendo assim, colhem o que semeiam.
"Esta é a ditosa pátria minha amada."
 

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nelson38899

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« Responder #42 em: Setembro 08, 2008, 10:58:22 pm »
E eu pergunto a vossa excelência, será que há algum partido que consiga ganhar as eleições sem fazer boa figura na televisão
"Que todo o mundo seja «Portugal», isto é, que no mundo toda a gente se comporte como têm comportado os portugueses na história"
Agostinho da Silva
 

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dremanu

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« Responder #43 em: Setembro 08, 2008, 11:06:37 pm »
Citação de: "nelson38899"
E eu pergunto a vossa excelência, será que há algum partido que consiga ganhar as eleições sem fazer boa figura na televisão


Com dinheiro, qualquer um faz boa figura na televisão. E se quem está por trás de apresentar os programas de televisão ao povo, estiver particularmente interessado em que este ou aquele faça boa figura na televisão, vão estruturar tudo para que de facto esse tal faça uma boa apresentação na mesma.
"Esta é a ditosa pátria minha amada."
 

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Chicken_Bone

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« Responder #44 em: Setembro 09, 2008, 12:19:47 am »
JQT: gostei da tua resposta. Elucidativa.
No entanto, n concordo com algumas das observações, como, por exemplo ter o preço das telecomunicações mais caras.

Tb n veria grande problema em q a indústria aeronautica fosse para Évora, ja q demoraria 1s anos a levar pessoal para la. Mas, tb n entendo bem pq o Alentejo, já q esta longe da grande industria. A razao q m vem a cabeça seria o tempo (atmosferico), preço d terrenos e topografia e, tv a proximidade com Sevilha (CASA).
No fundo, o q quero dizer é q n m parece inviavel, mas acho q deve haver alternativas mais apropriadas.

dremanu: entre os 2 grandes partidos, n interessa grande coisa escolher 1 deles. As políticas terminam sp por ser mt semelhantes.

"Ask DNA"
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