Expedição liderada por investigador português faz «medição precisa» do Quilimanjaro
Uma equipa científica internacional, liderada pelo português Rui Fernandes, vai subir na próxima semana o Quilimanjaro, na Tanzânia, para fazer a "medição precisa" da altitude da montanha mais alta de África. Rui Fernandes, que representa no projecto o Instituto Geofísico Infante D. Luiz, de Lisboa, disse hoje à Agência Lusa que a expedição "Kili2008" integra 14 investigadores de vários países, seis dos quais são portugueses.
As anteriores medições do pico Uhuru, o ponto mais elevado do Quilimanjaro, efectuadas no século XX, na época colonial e nos anos 90, esta última através de GPS, ditaram dois valores diferentes para a sua altitude - 5.895 e 5.892 metros - resultados que ainda hoje são questionados entre os especialistas.
"O Quilimanjaro é a montanha mais alta do mundo onde se pode caminhar até ao topo", declarou Rui Fernandes, engenheiro geográfico e docente do Departamento de Informática da Universidade da Beira Interior (UBI). A expedição, que conta com patrocínios de instituições nacionais e estrangeiras, públicas e privadas, deverá permitir uma "medição precisa" da altitude, a partir de cálculos científicos "nunca antes realizados".
As medições de altitude convencionais tinham em conta o nível médio das águas do mar, mas o GPS veio permitir fazer esses cálculos em relação ao elipsóide, a superfície geométrica que melhor representa a forma da Terra. A equipa instala-se em Moshi, a cidade tanzaniana mais próxima do Quilimanjaro, e inicia os trabalhos no dia 01 de Outubro.
Vai medir a gravidade em diferentes pontos do antigo vulcão coberto de neve, que se ergue na planície da savana, próximo da fronteira com o Quénia. Novos cálculos científicos, segundo Rui Fernandes, deverão demonstrar a sua altitude "com uma precisão nunca antes obtida".
Até aos 1.800 metros de altitude, o grupo desloca-se em jipes. Segue depois a pé cerca de 30 quilómetros até ao pico Uhuru, transportando o equipamento com a ajuda de carregadores locais. Dos 14 investigadores, apenas seis vão escalar o monte, ficando os restantes fora do parque nacional do Quilimanjaro, que a UNESCO classificou em 1987 como Património da Humanidade.
Em Agosto, Rui Fernandes esteve em Moshi, para instalar alguns equipamentos necessários à concretização do projecto. Sexta-feira e sábado, os seis portugueses partem para aquela cidade, a maioria via Nairobi, no Quénia, enquanto o líder da expedição viajará por Dar es Salaam, capital da Tanzânia.
Quando atingirem o cume do Quilimanjaro, os investigadores vão assinalar o momento com um brinde de "Licor Beirão", cuja fábrica da Lousã patrocina a iniciativa. Os outros patrocinadores são a Fundação para a Ciência e Tecnologia, a Câmara Municipal da Lousã, a agência de viagens Paneuropa e a Trimble, uma marca norte-americana de equipamentos de precisão.
Participam institutos de investigação da Universidade do Algarve, Coimbra, Porto e Beira Interior. O projecto envolve ainda entidades da Tanzânia, Quénia, Egipto e Holanda.
Ciência Hoje