Estados Unidos de África

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comanche

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Estados Unidos de África
« em: Junho 30, 2007, 04:11:30 pm »
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Estados Unidos de África em discussão, Sócrates convidado de honra
 
Os chefes de Estado e de governo africano reúnem-se a partir de domingo em Accra, capital do Gana, para a IX cimeira da União Africana (UA), com uma agenda dominada por uma proposta de criação dos Estados Unidos de África.
 


"Os Estados Unidos de África não são um sonho, são uma realidade e a história não nos perdoará se não adoptarmos uma acção objectiva para a levar por diante", declarou o presidente da Comissão da UA, Alpha Oumar Konare, numa intervenção numa reunião ministerial preparatória da cimeira, que se realiza de 01 a 03 de Julho.

Nesta cimeira participa pela primeira vez o primeiro-ministro português, José Sócrates, convidado de honra da UA na sua qualidade de presidente em exercício da União Europeia, cargo que assume de 01 de Julho a 31 de Dezembro.

Esta participação assume particular importância na perspectiva da cimeira UE-África, que decorrerá a 08 e 09 de Dezembro em Lisboa, permitindo contactos exploratórios e definir com mais precisão alguns pontos da agenda.

Assistem também à cimeira, como convidados, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, e o Comissário europeu para o Desenvolvimento, Louis Michel.

A cimeira africana, sob o lema "O Grande Debate sobre um Governo de União", realiza-se em Accra pela primeira vez desde 1965, quando o seu anfitrião foi o já falecido presidente ganês Kwame Nkrumah, um ardente defensor de uma solução federativa para o continente.

África encontra-se actualmente numa encruzilhada, dividida entre os mais radicais, que pretendem um acção imediata para a união continental, e os moderados, que defendem um avanço mais lento e cauteloso face à questão.

Para Konare, África teve "demasiadas guerras, conflitos e fome, entre outros males".

"O debate não é novo, mas a questão é: por que ficou estagnado durante quase cinco decénios?", sublinhou o dirigente da UA.

As dúvidas sobre a criação de uns Estados Unidos de África são muitas, sendo as mais correntes quando deveriam ser lançados, qual a sua estratégia, com que rapidez devem avançar, e sob que formato - uma confederação, uma federação unificada ou um só Estado? Totalmente contrários à criação de uns Estados Unidos estão nesta altura países como Cabo Verde, que se faz representar na cimeira pelo presidente Pedro Pires, que consideram a ideia, no mínimo, prematura.

"Não é o momento de criar os Estados Unidos de África", mas sim de "criar Estados mais fortes, com critérios de convergência", porque "os Estados Unidos de África não podem ser criados no vazio", sublinhou recentemente o primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, defendendo uma integração africana faseada, de forma sustentada.

Além de Pedro Pires, está já confirmada a presença nesta cimeira de dois outros chefes de Estado de países de língua oficial portuguesa - João Bernardo "Nino" Vieira, da Guiné-Bissau, e Armando Guebuza, de Moçambique.

Muitos funcionários da UA notam entretanto que estruturas como o Parlamento pan-africano, o Tribunal, o Conselho de Paz e Segurança e o Conselho Económico e Social do organismo continental constituem já passos para um governo de união.

Segundo Konare, o movimento para a integração poderia começar com dois ou três países, para acelerar o processo, enquanto o vice-presidente ganês, Aliu Mahama, sublinhava que "nunca antes na história de África foi tão crucial e urgente a questão de um governo de união para este continente".

"A magnitude e complexidade dos desafios que África enfrenta actualmente obrigam-nos, não só a fortalecer a unidade e solidariedade continental, mas também a dinamizar e reforçar as nossas estruturas, que não têm funcionado de forma efectiva e eficaz", sublinhou Mahama.

"É por isso que deveríamos aplicar todas as nossas energias e esforços para elaborar as modalidades e calendários necessários para conseguir um Governo de União, conceito com que todos nós, creio, estamos de acordo", realçou.

À medida que se desenvolve o debate, a pergunta na boca de todos é se os Estados Unidos de África poderão ajudar a eliminar a pobreza das massas e construir um novo continente, em que haja paz, estabilidade, respeito pelos direitos humanos e pelas leis, bem como prosperidade.

A UA, cuja Assembleia Geral se inicia domingo, é uma organização pan-africana com o objectivo declarado de impor um continente unido, em paz e prosperidade. Desde a sua criação, em 2002, em substituição da Organização da Unidade Africana (OUA), que a União Africana, com 53 Estados membros, tenta incrementar o desenvolvimento, erradicar a pobreza e colocar África na economia global.

O presidente em exercício da UA é actualmente o chefe de Estado do Gana, John Kufuor, em cujo país decorre esta cimeira.

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