A conquista e a ocupação da Amazônia Brasileira

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A conquista e a ocupação da Amazônia Brasileira
« em: Fevereiro 05, 2010, 07:25:44 pm »
A conquista e a ocupação da Amazônia brasileira no período colonial: a definição das fronteiras
Autor Rezende, Tadeu Valdir Freitas de
Unidade Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)
Área de concentração História Econômica
Orientador ¤ Wright, Antonia Fernanda Pacca de Almeida
 
Banca Examinadora ¤ Lejbman, Raymunda Cléa Pitt Brandão Goldman Vel
¤ Ruiz, Rodrigo Hernan Gonzalez
¤ Siciliano, Rosana
¤ Silva, José Ultemar da
¤ Wright, Antonia Fernanda Pacca de Almeida
 
Data da Defesa 20/10/2006

 
Resumo Original
A conquista e ocupação da Amazônia, no período colonial, foram empreendimentos conduzidos pelo Estado, planejados e executados com prioridade política pelo governo metropolitano, que resultaram na incorporação ao território do Brasil de, aproximadamente, 60% de sua área total atual. Coube a Portugal, ainda durante a vigência da União Ibérica, sob ordens do Rei de Espanha, a expulsão dos franceses de São Luís do Maranhão e a fundação, em 1616, do Forte do Presépio de Santa Maria de Belém. A partir dessa posição, pescadores e comerciantes ingleses e holandeses, que iniciavam sua instalação no baixo Amazonas, foram expulsos pelas forças portuguesas comandadas por Pedro Teixeira, que passaram então a controlar o acesso à maior bacia hidrográfica do mundo. Com a criação do Estado do Maranhão e Grão-Pará, em 1621 - entidade política autônoma e independente do Estado do Brasil - a administração desses territórios passou a ser diretamente subordinada ao governo de Lisboa, iniciando-se um processo irreversível de exploração e penetração territorial pela vasta rede hidrográfica amazônica. Uma expedição oficial, realizada entre 1637 e 1639, pretendeu estabelecer um limite entre os domínios das duas Coroas ibéricas; foi chefiada por Pedro Teixeira, que lavrou ata de posse para Portugal das terras situadas a oeste da povoação de Franciscana, fundada pelos portugueses em pleno território do Equador atual. Pouco tempo depois, entre 1647 e 1651, o bandeirante Antonio Raposo Tavares realizou uma das maiores expedições geográficas da história, uma viagem de São Paulo a Belém, percorrendo mais de 5.000 km pelos sertões do continente americano. Essa expedição revelou acessos do sul do Brasil para a Amazônia e a importância do Rio Madeira e sua ligação com os altiplanos andinos. Por essa razão, estratégica, a Coroa portuguesa determinou a ocupação do vale do Rio Madeira pelos missionários religiosos, agentes imprescindíveis de conversão e conquista que, em pouco menos de um século depois da construção de Belém, haviam irradiado a ocupação por meio de dezenas de missões fundadas nos mais diversos pontos do território amazônico. Lisboa determinou também: o enfrentamento das incursões francesas no norte do Amazonas; a conquista dos Rios Negro e Branco; a expulsão dos jesuítas a serviço de Espanha do Rio Solimões; e a expedição ao Rio Madeira para conter a presença espanhola a oeste do Rio Guaporé. Todas as ações fizeram parte da estratégia para garantir a posse da Amazônia e tinham por objetivo preservar as conquistas territoriais empreendidas pelas expedições oficiais, pelos missionários, entradistas e bandeirantes. Principalmente a partir do reinado de Dom João V, de 1706 a 1750, Portugal passou a priorizar a definição de suas fronteiras coloniais com o propósito de revisar os acordos anteriores de limites e abolir o Tratado de Tordesilhas, firmado em 1494. A aproximação das Coroas ibéricas e a extraordinária atuação de Alexandre de Gusmão nas negociações de fronteiras resultaram na assinatura, em 1750, do Tratado de Madri: legalizava-se, pelo argumento de posse da terra - uti possidetis - e pela busca das fronteiras naturais, a ocupação da Amazônia e do Centro-Oeste do Brasil. Na Amazônia, Lisboa decidira tomar para si o controle das missões religiosas, realizando um programa de profunda reorganização política, econômica, social, administrativa, judicial e religiosa. Essa política propunha-se, sobretudo, a promover o povoamento do território e a garantir sua defesa e sua posse. Vilas foram fundadas; missões, erguidas à categoria de vilas; e, sobretudo, uma linha defensiva de fortificações portuguesas, construídas para guarnecer os limites exteriores da região: São José de Marabitanas e São Gabriel da Cachoeira, no Rio Negro; São Francisco Xavier de Tabatinga, no Rio Solimões; São Joaquim, no Rio Branco; Santo Antônio do Içá, na desembocadura do Rio Içá com o Solimões; São José de Macapá, na foz do Rio Amazonas; e Real Príncipe da Beira, no Rio Guaporé. Essas fortificações permitiram a ocupação definitiva do território e demonstram o propósito de Lisboa em defender e consolidar o espaço amazônico conquistado. Embora tivesse sido revogado logo após sua assinatura, o Tratado de Madri estabeleceu o princípio doutrinário que acabaria por prevalecer na demarcação definitiva das fronteiras do Brasil. Deve-se à penetração dos sertões pelos expedicionários, missionários, entradistas e bandeirantes a realização física da expansão colonial portuguesa na América; e ao Tratado de Madri, a inteligência e a prioridade política para a manutenção dessa conquista territorial tão singular. Com base nesse acordo, o Brasil independente teria sua área total mais que triplicada e logo trataria de oficializar suas fronteiras com as nações sul-americanas recém-formadas; processo que não ocorreu no restante da América hispânica e nem mesmo na América do Norte, em que as grandes alterações de fronteiras se deram depois da independência. A Amazônia, a despeito de todas as dificuldades para sua colonização, permaneceu brasileira graças ao esforço e ao empenho político empreendidos por Portugal para manter essa vasta região como parte de seu império colonial ultramarino
Ensinam estas Quinas que aqui vês,
Que o mar com fim será grego e romano:
O mar sem fim é português
E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma
E faz a febre em mim de navegar
Só encontrará de Deus na eterna calma
O porto sempre por achar.
 

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Re: A conquista e a ocupação da Amazônia Brasileira
« Responder #1 em: Fevereiro 05, 2010, 08:49:45 pm »
Bandeirantes de Belém do Pará





A Expedição de Pedro Teixeira
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Re: A conquista e a ocupação da Amazônia Brasileira
« Responder #2 em: Fevereiro 06, 2010, 03:11:19 pm »
(Uma elucidação suplementar para que se perceba:
As Expedições(conhecidas até à atualidade) comandadas por Espanhóis como a dos estremenhos Francisco de Orellana e Gonzalo Pizarro ou Carvajal que a descreveu, como depois do Navarro Pedro de Úrsua, traído pelo perturbante Basco Lope de Aguirre - e seus homens - haviam descoberto, explorado e descido o Amazonas antes, em missões que acabaram de forma desesperada, assim como de alguns Missionários, seis Militares e dois Franciscanos espanhóis, André de Toledo e Domingos Brieda trazidos pelo português Francisco Fernandes, o primeiro capitão a subir o Amazonas a remo e vela até jundo aos Andes e Rio Napo, que viriam a marcar o destino da missão Portuguesa.
A Missão comandada por Pedro Teixeira sería a primeira a subir o Amazonas, Solimões e o Napo até Quito, portanto a primeira a subir a mesma rota contra a corrente - mas até ao Pacífico (e a primeira fazer também reconhecimentos geográficos novos na Amazónia, descobrindo pela primeira vez para os Europeus muitos novos rios afluentes e grande levantamento geográfico da região) - e a primeira a fazê-lo nos dois sentidos: Atlântico, Pacífico e Atlântico, e a cartografá-la devidamente pela primeira vez. Por isso se chama a conquista, levada a cabo pelo Capitão e seus homens, brancos, nativos etc.. Fundou Missões e Povoados pelo Brasil, demarcou com Padrões com as Quinas de Portugal toda a vasta região até aos Andes, fundou até Franciscana, que está hoje em território equatoriano, junto à fronteira peruana e perto da fronteira brasileira. Conquistou vastíssimos territórios para o Brasil.)
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"Parte de Cametá a expedição de Pedro Teixeira, capitão-mor por Sua Majestade, das entradas e descobrimentos de Quito e do rio das Amazonas. Levava um regimento dado pelo rei. Devia fazer a exploração do rio Amazonas, descobrir uma comunicação fluvial com Quito e escolher o limite mais conveniente entre os domínios das duas coroas e o local para uma povoação na linha divisória". (Barão do Rio Branco)"

Cristobal de Acuña

Filho de família nobre e influente nasceu em Burgos, em 1597. Ingressou na Companhia de Jesus, em 1612, e tão logo recebeu as ordens sacras foi enviado para a América. Foi professor de Teologia moral no Colégio de Cuenca (Quito) e mais tarde reitor daquele estabelecimento. Em fevereiro de 1639, juntamente com outro irmão da ordem, o padre André de Artieda, foi designado para acompanhar Pedro Teixeira na sua viagem de volta pelo rio das Amazonas chegando à Belém em dezembro do mesmo ano.


Pedro Teixeira


As informações sobre a data de nascimento de Pedro Teixeira são conflitantes. O ’Conquistador da Amazônia’, de ascendência nobre, nasceu em São Pedro de Cantanhede, distrito de Coimbra, Portugal em 1587 (ou 1570). Foi Cavaleiro da Ordem de Cristo e Moço Fidalgo da Casa Real e, na localidade de Praia, nos Açores, casou-se com Ana Cunha, filha do Sargento-Maior Diogo de Campos Moreno. Veio para o Brasil em 1607 com 20 (ou 37) anos onde contribuiu de forma notável para manutenção da soberania portuguesa na Terra Brasilis e na expansão da fronteiras amazônicas para além do tratado de Tordesilhas.

 
O currículo de Pedro Teixeira é vasto e impressionante e, por isso, reproduziremos somente algumas de suas operações mais importantes. Como alferes, em fevereiro de 1614, enfrentou os franceses na Batalha de Guaxenduba e, em 1616, juntamente com Francisco Caldeira Castelo Branco, fundou a cidade de Belém do Pará. Ainda em 1616, com duas canoas armadas bateu uma nau holandesa na foz do Xingu e, em maio de 1623, destruiu a Fortificação de Mariocay, onde havia se instalado uma guarnição de holandeses e ingleses, e neste mesmo local construiu a fortificação de Santo Antônio de Gurupá.

 
"Em 23 de maio de 1625, Pedro Teixeira, tendo às suas ordens os Capitães Pedro da Costa Favela e Jerônimo de Albuquerque, ataca e toma o forte holandês de Maniutuba, na foz do Xingu. O comandante inimigo Oudaen consegue fugir, com parte da guarnição, em uma lancha, para a ilha de Tucujus". Após a vitória do dia anterior, Pedro Teixeira desembarca na ilha de Tucujus (Amazonas), onde os ingleses, comandados por Philipp Pursell (irlandês), tinham três fortins. Os dois primeiros foram tomados quase sem resistência, fugindo os defensores. Adiantando-se então, teve o Capitão Favela de sustentar viva peleja com os ingleses e holandeses, que vinham ao encontro. Os dois chefes inimigos, Pursell e Oudaen, ficaram no campo entre os mortos. O outro fortim rendeu-se a Pedro Teixeira". (PARANHOS)

 
Em Maio de 1625 impede uma nova tentativa de ocupação pelos holandeses das ilhas da Foz do Amazonas; em 21 de Outubro de 1625 expulsa os holandeses da Fortificação de Torrego, na confluência do Maracapucu.

 
Em 21 de junho de 1629, "o Capitão Pedro da Costa Favela parte de Belém do Pará com a missão de tomar ou render o forte de Taurege (Torrego), construído pelos ingleses na margem esquerda do Amazonas. Nada consegue e suspende as hostilidades, retirando-se para a aldeia de Mariocai. O forte de Torrego só foi tomado, no dia 24 de outubro, por Pedro Teixeira". (PARANHOS)

 
24 de outubro de 1629, "o Capitão Pedro Teixeira, que assediava com forças do Pará o forte inglês de Taurege, pelos nossos chamados Torrego, derrota um corpo inimigo, que vinha em socorro dos sitiados. O assédio começara no dia 24 de setembro, em que Teixeira ai desembarcou, vencendo a oposição do inimigo. Duas sortidas foram repelidas, e, vencido o socorro que esperava, rendeu-se no mesmo dia o comandante do forte, James Pursell, com 80 soldados e alguns índios. Arrasada a fortificação, seguiu Teixeira para a aldeia de Mariocai, depois Vila de Gurupá. A guarnição inglesa foi conduzida para o Pará e seu chefe remetido para Lisboa. O forte de Taurege ficava na margem esquerda do Amazonas, junto ao rio hoje chamado Toheré. Cumpre não confundir este James Pursell com Philip Pursell, morto em combate na ilha de Tucujus". (PARANHOS)

 
Em 26 de outubro de 1629, "chegava o Capitão Pedro Teixeira com as tropas, que dois dias antes haviam rendido o forte de Taurege, e com os prisioneiros ingleses, à aldeia de Maiocai (10 anos depois Vila de Gurupá), quando o Capitão North, que trazia reforços para o inimigo em 2 navios maiores, 1 patacho e 2 ou 3 lanchas, tentou um desembarque. Repelido este ataque, foram os ingleses fundar o forte de Camaú, na ponta de Macapá, só conquistado pelos nossos a 9 de julho de 1632". (PARANHOS)

 
A expansão da soberania portuguesa


No século XVII a região amazônica era palco de disputa pelas potências européias, como Castela, França, Holanda e Inglaterra. O governador do Estado do Grão-Pará e Maranhão, Jácome Raimundo de Noronha, em outubro de 1636, no período em que os portugueses se encontravam sob o jugo castelhano (Coroa Ibérica - 1580/1640), idealizou a expansão da soberania portuguesa na bacia amazônica antevendo que o período da restauração se avizinhava. Para concretizar o audacioso empreendimento, nomeou Pedro Teixeira para a chefia da expedição, com o propósito de estender os domínios de Portugal até as terras peruanas fundando povoados que marcassem o limite das terras da Coroa Portuguesa no Amazonas. O motivo para a escolha de Pedro Teixeira, além de suas qualidades militares, era seu profundo conhecimento da região e a política que implementava em relação aos indígenas.


A narrativa


Cristobal de Acuña escreveu, em 1641, a ’Relación del Descubrimiento del rio de las Amazonas’, a obra teve a sua primeira edição publicada em Madrid, pela ’Imprensa del Reyno’. A crônica do padre jesuíta é leve, dividida em pequenos capítulos, com explicações objetivas e interessantes tornando sua leitura amena e agradável.

Pedro Teixeira começa a sua viagem


"Saiu, pois, este bom caudilho dos confins do Pará aos 28 de outubro de mil seiscentos e trinta e sete anos, com quarenta e sete canoas de bom tamanho e nelas setenta soldados portugueses, mil e duzentos índios de voga e guerra, que, juntos ás mulheres e moços de serviço, passariam de duas mil pessoas. Durou a viagem cerca de um ano, tanto pela força das correntes, como também pelo tempo que, em preparar subsistência para tão numeroso exército, era forçoso se gastasse, e principalmente por caminharem sem guias certos, que os pudessem dirigir sem rodeios nem dilações pelos caminhos mais curtos".

 
O capitão-mor chega a Quito


"Com esta confiança e poucos companheiros, continuou Pedro Teixeira em seguimento do seu coronel, que já se encontrava desde alguns dias na cidade de Quito. Aí foram bem recebidos e agasalhados, tanto dos Seculares como dos Eclesiásticos, mostrando todos o prazer que sentiam em ver, em seu tempo, e por vassalos de Sua Majestade não só o descoberto, senão também navegado, desde a sua foz até suas primeiras nascentes, ao afamado rio Amazonas".


 
Resolução do vice-rei do Peru


"Recebida naquela Real Audiência de Quito a notícia. que bastava para dar plano concreto do muito que às duas Majestades Divina e humana importava acudir com brevidade ao bom êxito de negócio tão importante, não se atreveram os senhores Presidente e Ouvidores a resolver coisa alguma, sem primeiro dar conhecimento ao vice-rei do Peru, que era então o Conde de Chinchón.

 
Conde de Chinchón: Jerônimo Fernandez de Cabrera Bobadilla y Mendoza chegou a Lima, como vice-rei do Perú em 14 de janeiro de 1629 e governou até 18 de dezembro de 1639. Seu nome está ligado à cinchona, a quina, usada como remédio contra a malária.

 
Este, depois de consultar sobre o assunto a gente mais ponderada da cidade de Lima, Corte daquele Novo Mundo, resolveu por carta sua ao Presidente de Quito (que era o licenciado D. Alonso Perez de Salazar), datada de dez de novembro de seiscentos e trinta e oito, que o Capitão Pedro Teixeira voltasse logo com toda a sua gente à cidade do Pará, pelo mesmo caminho por onde tinha vindo, dando-se-lhe todo o necessário para a viagem, pela falta que tão bons capitães e soldados fariam sem dúvida naquelas fronteiras, que de ordinário são infestadas pelo inimigo Holandês, mandando juntamente que, se fosse possível, se depusessem as coisas de modo que fossem em sua companhia duas pessoas dignas, às quais se pudessem dar fé pela Coroa de Castela, de todo o descoberto e do mais que na viagem de volta se fosse descobrindo".

 
A real audiência nomeia o padre Cristobal de Acuña para esta jornada

 
"(...) nomeou em primeiro lugar, para esta empresa, ao padre Cristobal de Acuña, religioso professo, e atual reitor do colégio da Companhia na cidade de Cuenca, jurisdição de Quito; e em segundo lugar, por seu companheiro, ao padre Andrés de Artieda, lente de Teologia no dito Colégio da mesma cidade de Quito. Aceita pelos senhores da Real Audiência a nomeação dos dois Religiosos da Companhia de Jesus, se lhes mandou uma Provisão Real (cuja cláusula pusemos no começo desta narrativa), na qual se lhes ordena que, sendo com ela requeridos, partam imediatamente da cidade São Francisco de Quito, em companhia do Capitão-Mor Pedro Teixeira, e chegando à do Pará, passem à Espanha, a dar conita ao rei, nosso Senhor, em sua real pessoa, de tudo o que cuidadosamente tiverem notado no decurso da viagem".

Peixe Boi e Pescados deste Rio

"Contudo do que mais se alimentam e que, dizem, lhes faz pratos, é o incontave1 pescado, que com incrível abundância colhem todos os dias, às mãos cheias, neste Rio. Mas entre todos o que como Rei aí domina, e do qual está povoado todo o Rio, desde as suas nascentes até que deságua nos mares, é o Peixe-boi, peixe que de tal só tem o nome, pois não há pessoa que, quando o come, não o tenha por carne temperada; é do tamanho de um bezerro de ano e meio e na cabeça, se tivesse chifres e orelhas, não se diferenciaria dele; tem por todo o corpo alguns pelos, não muito compridos, a modo de cerdas moles, e se move dentro d’água com dois braço curtos, que em forma de pás lhe servem de remos, de baixo dos quais mostra a fêmea os seus peitos, com que nutre com leite os filhos que pare. Do couro, que é muito grosso, fazem adargas os guerreiros, e tão fortes, que bem curtido, não o atravessa uma bala de arcabuz.

 
Este peixe só se sustenta de erva que pasce, como se fosse boi verdadeiro, donde adquire a sua carne tão bom gosto, e é de tanta sustância, que com pequena quantidade fica uma pessoa mais satisfeita e com mais força que se comesse o dobro de carneiro. Debaixo d’água sustém pouco o anhélito e assim, onde quer que ande, levanta amiúde o focinho para cobrir novo alento, donde vem a sua total destruição, pois ele mesmo se vai mostrando ao seu inimigo; vêem-no os índios e o seguem em pequenas canoas, e esperam que, querendo respirar, tire fora d’água a cabeça, e cravando-o com os seus arpões, que fazem de conchas, lhe tiram a vida; dividem-no em porções médias, que assadas em grelhas de pau, duram, sem estragar-se, mais de um mês. Não fazem dele chacinas para o ano todo (e que são de muito preço) por não haver sal em abundância, que o que empregam para temperar as suas comidas é muito pouco, e feito de cinzas de certa qualidade de palmeiras, que mais é salitre que sal".

 
Tartarugas do Rio e como as guardam

 
"Mas já que não lhes é dado conservar estas chacinas, não lhes falta indústria para terem carne fresca durante todo o inverno, que, embora não seja tão gostosa como aquela, é mais sã e não menos proveitosa. Fazem para isto uns currais grandes, cercados de paus, e cavados por dentro, de modo que, como lagoas de pouco fundo, conservem sempre em si a água de chuva. Feito isso, no tempo em que as tartarugas saem a desovar nas praias, eles também deixam as suas casas, e emboscando-se nos postos conhecidos, por elas mais frequentados, esperam que, saindo à terra, venha cada qual ocupar-se em fazer a cova onde pretende deixar os ovos; saem nesta ocasião os índios, cercam-nas pelo lado da praia, por onde devem fazer a sua retirada para a água, e de chofre acometendo sobre elas, em breve tempo se vê,em senhores de grande quantidade, sem outro trabalho que o de as virar de pernas para o ar, com o que, sem se poderem mexer, as mantêm todo o tempo que querem, até que colocadas todas em vários cordéis, por uns furos que lhes fazem no casco, lançadas na água, remando eles em suas canoas, as levam a reboque sem nenhum trabalho, até mete-las nos currais que fizeram, onde as soltam, dando-lhes por prisão aquele estreito cárcere, e alimentando-as com ramos e folhas de árvores, as mantêm vivas por todo o tempo que necessitam.

 
São estas tartarugas tão grandes e maiores que rodelas de bom tamanho; é sua carne como de vitela; as fêmeas tem no bucho, quando as matam, mais de duzentos ovos cada uma, um pouco maiores e quase tão bons como os de galinha, embora de mais difícil digestão. Estão nesse momento tão gordas, que de duas se tira uma botija de manteiga, a qual, temperada com sal, é tão boa, mais gostosa e dura muito mais que a cozida de vacas; serve para frigir peixe e para quaisquer gêneros de guisados, em que aqui se usa a melhor e mais delicada manteiga. Apanham estas tartarugas em tal abundância, que não há um destes currais que não tenha de cem tartarugas para cima, com o que nunca sabem estes bárbaros que coisa seja a fome, pois uma só basta para satisfazer uma família, por muita gente que tenha".

 
Modos de pescar que usam

 
"(...) O modo de pescar é diferente, conforme as variações do tempo e as enchentes ou vazantes das águas. Assim, quando estas baixam tanto que já os lagos secam, sem ter comunicação com o Rio, usam de uma espécie de trovisco, que naquelas costas chamam timbó, da grossura de um braço, pouco mais ou menos, e tão forte, que machucados dois ou três destes paus, e batendo com eles a água que ainda naqueles lagos mantém os peixes, apenas estes chegam a provar do seu vigor, todos se deixam apanhar com as mãos. Mas o modo ordinário com que em todos os tempos e ocasiões se apoderam de quanto peixe vive neste abastecido rio, é com as flechas que com uma mão arremessam de uma pazinha que sustentam, e cravadas no peixe, lhes faz o ofício de bóia, para conhecer onde, depois de ferida, se retira a presa, a que com presteza se arrojam, e agarrando-a, a recolhem nas canoas.

 
Arpão de bico: formado por uma haste de madeira nobre de mais de dois metros de comprimento e, em cuja ponta é adaptado um bico em forma de ponta de flecha. No bico é amarrada uma corda de fibra vegetal de mais de uma dezena de metros e a outra ponta da corda é amarrada na popa da embarcação. Depois de arpoado o peixe o bico se solta da haste e esta faz o papel de bóia e, o pescador pode conduzi-lo, depois de cansado, como se faz com uma linha de pesca.

 
Este modo de pescaria não se limita a uma ou outra qualidade particular de peixe, mas em geral se estende a todos, que nem uns por grandes, nem os outros por pequenos, são privilegiados, passando todos pela mesma rasoura. Com ser estes peixes, como já disse, de tão diversas qualidades, são muito bons de gosto, e muitos deles de particularíssimas propriedades, como é a de um peixe, que os índios chamam Poraque, que é a modo de uma enorme enguia, ou por melhor dizer, como um pequeno congro, o qual tem a propriedade que, enquanto estiver vivo, quantos lhes tocam tremem do corpo inteiro enquanto dura o contacto, como se tivessem um calafrio de quartans, cessando tudo no instante em que dele se apartam".

 
As ferramentas que usam

 
"As ferramentas de que se utilizam para trabalhar, não só as suas canoas, mas também as suas casas e o mais de que hão mistér, são machados e enxós, não temperados por bons oficiais nas ferrarias de Viscaia, mas forjadas nas frágoas de seus entendimentos, tendo por mestra, como em outras coisas, a necessidade. Esta lhes ensinou a cortar no casco mais duro da tartaruga, que é a parte do peito, uma prancha de um palmo de comprimento e pouco menos de largura, que curada no fumeiro, e afiada numa pedra, é presa num cabo, e com ela, como bom machado, embora não com tanta presteza, cortam o que desejam. Deste mesmo metal fazem as suas enxós, servindo-lhes de cabo para elas uma queixada de peixe-boi, que a natureza formou com a sua volta, de propósito para tal fim. Com estas ferramentas lavram tão perfeitamente, não só as suas canoas, mas também mesas, taboas, assentos e outras coisas, como se tivessem os melhores instrumentos de nossa Espanha.

 
Em algumas nações são estes machados de pedra trabalhada a poder de braços, que adelgaçam de modo que, com menos receios de quebrar-se, e mais depressa que com os outros de tartaruga, cortam qualquer árvore, por grossa que seja. Seus escopros, goivas e cinzéis para obras delicadas, que as fazem com grande primor, são dentes e colmilhos de animais, os quais encabados em seus paus, não fazem menos bem o seu ofício que os de fino aço. Quase todos tem em suas províncias algodão, uns mais, outros menos; mas nem todos dele se aproveitam para vestir-se, mas antes quase todos andam nus, tanto os homens como as mulheres, sem que a vergonha natural os vexe, a não querer parecer que estão no estado de inocência".

 
Rio das Amazonas

 
"Estas mulheres varonis tem sua sede entre grandes montes e altíssimos cerros, dos quais o que mais se alteia entre os outros, e que, como o mais soberbo, é combatido dos ventos com mais rigor, pelo que sempre se mostra descalvado e limpo de vegetação, se chama Yacamiaba. São mulheres de grande coragem, e que sempre se conservaram sem o comércio ordinário de varões, e mesmo quando estes, pelo acordo que tem com elas, vêm uma vez por ano às suas terras, recebem-nos com as armas nas mãos, que são arco e flechas, que atiram durante algum tempo, até que cientes de que vêm de paz os conhecidos, deixando as armas, acodem todas às canoas ou embarcações dos hóspedes, e tomando cada qual a rede que encontra mais à mão, que são as camas em que eles dormem, a levam para casa, e pendurando-a em sítio onde o dono a reconheça, o recebem por hóspede aqueles poucos dias, passados os quais eles voltam para as suas terras, repetindo-se todos os anos esta viagem pela mesma época.

 
As filhas fêmeas que nascem desta união, conservam e criam entre elas, porque são as que hão de levar adiante o valor e costumes de sua nação, mas os filhos varões não se sabe com certeza o que fazem com eles. Um índio que, sendo pequeno, tinha ido com seu pai a esta entrada, afirmou que os filhos varões eram entregues aos pais, quando no ano seguinte voltavam a sua terras. Mas contam os outros, e parece o mais certo por ser mais corrente, que reconhecendo-os como tais, lhes tiram a vida. O tempo descobrirá a verdade, e se estas são as famosas Amazonas dos historiadores, que guardam em sua comarca tesouros que dão para enriquecer o mundo todo".


 Entra no mar o rio das Amazonas


"A vinte e seis léguas da ilha do Sol, debaixo da linha Equinocial, espraiado em oitenta e quatro de boca, tendo pelo lado do Sul o Zaparará e do oposto o Cabo do Norte, deságua no Oceano o maior pélago de águas doces que há no descoberto, o mais caudaloso rio de todo o Orbe: a Fenix dos rios, o verdadeiro Maranhão, tão suspirado e nunca acertado dos do Perú, Orellana antigo e, para dize-lo de uma vez, o grande rio das Amazonas, depois de haver banhado com as suas águas mil trezentas e cinquenta e seis léguas de extensão, depois de sustentar com suas riquezas infinitas nações de Bárbaros, depois de fertilizar imensas terras e depois de haver passado pelo coração de todo o Perú e, como canal principal, recolhido em si o melhor e mais rico de todas as vertentes.


Este é em suma o novo descobrimento deste grande rio que, encerrando em si grandiosos tesouros, a ninguém repele, mas antes, a todo gênero de gente convida liberal a que deles se aproveite. Ao pobre oferece sustento, ao trabalhador recompensa do seu trabalho, ao mercador empregos, ao soldado ocasiões de mostrar o seu valor, ao rico maiores riquezas, ao nobre honras, ao poderoso estados, e ao próprio Rei um novo Império. (...)"



Fontes:
ACUÑA, Cristobal de - Novo Descobrimento do Rio Amazonas - Uruguai, Montevidéu,1994 - Editora Oltaver.

PARANHOS, José Maria da Silva (Barão do Rio Branco) - Efemérides Brasileiras (1845-1912) - Brasil - Rio de Janeiro, 1946 - Imprensa Nacional.
« Última modificação: Fevereiro 22, 2010, 01:11:56 pm por Templário »
Ensinam estas Quinas que aqui vês,
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Re: A conquista e a ocupação da Amazônia Brasileira
« Responder #3 em: Fevereiro 06, 2010, 03:24:29 pm »
4 de Julho de 1641
Desta vez a data consignada neste registro não se refere ao nascimento; ao contrário, aponta a data da morte de um herói, de um desbravador, de um patriota, ocorrida há 363 anos na cidade de Belém do Pará. É que não se conhece o dia e mês do seu nascimento; apenas o ano. Trata-se do dia do falecimento do Capitão-Mor Pedro Teixeira, um ano e cinco meses depois de ter sido nomeado capitão-mor do Grão-Pará. Considerado por todos os historiadores nacionais o Conquistador da Amazônia, nasceu na Vila de Cantanhede, nas proximidades de Coimbra, Portugal, em 1587.

A partir de 1614 esteve presente nos embates que terminou com a expulsão dos franceses do Maranhão, ainda com a patente de alferes. Combatente português de grande coragem participou de notáveis empreitadas na Amazônia, inclusive da fundação e construção do Forte do Presépio, origem da cidade de Belém, a partir de 12 de janeiro de 1616, sob as ordens de Francisco Caldeira Castello Branco.

Designado para comandar a expedição que fez a primeira viagem de ida e volta no rio Amazonas, até Quito, saiu de Belém a 28 de outubro de 1637 regressando a 12 de dezembro de 1639. A 16 de agosto de 1639, já no seu regresso de Quito, Pedro Teixeira plantou um marco limitando e legitimando o domínio português naquela região, em frente à boca do Aguarico, na margem do Napo, denominada Franciscana, evento que ficou registrado em ata. A 28 de fevereiro de 1640 foi nomeado governador da província do Grão-Pará, cargo que ocupou por pouco tempo por motivo de sua precária saúde.

É homenageado pela Marinha do Brasil com o seu nome em um dos navios-patrulha fluvial, o P20 NPaFlu Pedro Teixeira - "Onde a Amazônia precisar, o Boto vai chegar!". Na cidade de Tabatinga, Amazonas, a histórica São Francisco Xavier de Tabatinga, funciona a Escola Estadual Pedro Teixeira, em sua homenagem, inaugurada em 1983, o que tem um significado muito especial: mais de três séculos depois da sua morte, ainda existia a lembrança do Conquistador da Amazônia. A cidade de Manaus também o homenageia com o seu nome em uma das suas principais avenidas, avenida de Pedro Teixeira, na seqüência do bairro de D.Pedro.

As anotações que estão a seguir, em ordem de datas, das façanhas realizadas pelo Capitão-Mor Pedro Teixeira, foram selecionados e transcritas do livro "Efemérides Brasileiras", do Barão do Rio Branco (José Maria da Silva Paranhos, 1845-1912), editado no Rio de Janeiro pela Imprensa Nacional a 15 de junho de 1946.

23 DE MAIO DE 1625
"Pedro Teixeira, tendo às suas ordens os Capitães Pedro da Costa Favela e Jerônimo de Albuquerque, ataca e toma o forte holandês de Maniutuba, na foz do Xingu. O comandante inimigo Oudaen (não Housdan, como escreveram Berredo e Varnhagem) consegue fugir, com parte da guarnição, em uma lancha, para a ilha de Tucujus".

24 DE MAIO DE 1625
"Após a vitória do dia anterior, Pedro Teixeira desembarca na ilha de Tucujus (Amazonas), onde os ingleses, comandados por Philipp Pursell (irlandês), tinham três fortins. Os dois primeiros foram tomados quase sem resistência, fugindo os defensores. Adiantando-se então, teve o Capitão Favela de sustentar viva peleja com os ingleses e holandeses, que vinham ao encontro. Os dois chefes inimigos, Pursell e Oudaen, ficaram no campo entre os mortos. O outro fortim rendeu-se a Pedro Teixeira".

21 DE JUNHO DE 1629
"O Capitão Pedro da Costa Favela parte de Belém do Pará (Berredo, 254) com a missão de tomar ou render o forte de Taurege (Torrego), construído pelos ingleses na margem esquerda do Amazonas. Nada consegue e suspende as hostilidades, retirando-se para a aldeia de Mariocai. O forte de Torrego só foi tomado, no dia 24 de outubro, por Pedro Teixeira".

24 DE OUTUBRO DE 1629
"O Capitão Pedro Teixeira, que assediava com forças do Pará o forte inglês de Taurege, pelos nossos chamados Torrego, derrota um corpo inimigo, que vinha em socorro dos sitiados. O assédio começara no dia 24 de setembro, em que Teixeira ai desembarcou, vencendo a oposição do inimigo. Duas sortidas foram repelidas, e, vencido o socorro que esperava, rendeu-se no mesmo dia o comandante do forte, James Pursell, com 80 soldados e alguns índios. Arrasada a fortificação, seguiu Teixeira para a aldeia de Mariocai, depois Vila de Gurupá. A guarnição inglesa foi conduzida para o Pará e seu chefe remetido para Lisboa. O forte de Taurege ficava na margem esquerda do Amazonas, junto ao rio hoje chamado Toheré. Cumpre não confundir este James Pursell com Philip Pursell, morto em combate na ilha de Tucujus".

26 DE OUTUBRO DE 1629
"Chegava o Capitão Pedro Teixeira com as tropas, que dois dias antes haviam rendido o forte de Taurege, e com os prisioneiros ingleses, à aldeia de Maiocai (10 anos depois Vila de Gurupá), quando o Capitão North, que trazia reforços para o inimigo em 2 navios maiores, 1 patacho e 2 ou 3 lanchas, tentou um desembarque. Repelido este ataque, foram os ingleses fundar o forte de Camaú, na ponta de Macapá, só conquistado pelos nossos a 9 de julho de 1932".

28 DE OUTUBRO DE 1637
"Parte de Cametá a expedição de Pedro Teixeira", capitão-mor por Sua Majestade, das entradas e descobrimentos de Quito e do rio das Amazonas". Levava um regimento (instruções) dado pelo rei. Devia fazer a exploração do rio Amazonas, descobrir uma comunicação fluvial com Quito e escolher o limite mais conveniente entre os domínios das duas coroas e o local para uma povoação na linha divisória".

3 DE JULHO DE 1638
"O Capitão-Mor Pedro Teixeira, que a 28 de outubro do ano anterior (1637) saíra de Cametá para a exploração do rio Amazonas e reconhecimento da comunicação fluvial com a cidade de Quito, chega nesta data à foz do Aguarico, na margem oriental e esquerda do Napo. Ali deixa ele um destacamento ao mando do Capitão Pedro da Costa Favela, e continua a subir o Napo, como já o tinha feito a sua vanguarda, dirigida pelo Coronel Bento Rodrigues de Oliveira, que desde 24 de junho estava em Paiamino".

16 DE FEVEREIRO DE 1639
"O Capitão-mor Pedro Teixeira começa em Quito a sua viagem de regresso para o Pará. Acompanhavam-no vários religiosos, entre os quais o Padre Christobal de Acuña, jesuíta autor da relação desta viagem (Nuevo descubrimento del gran rio de las Amazonas). Teixeira, que partira de Cametá em 28 de outubro de 1637, terminou a sua famosa expedição no dia 12 de dezembro de 1639".

24 DE JUNHO DE 1639
"O Coronel Bento Rodrigues de Oliveira, chefe da vanguarda do Capitão-Mor Pedro Teixeira, encarregado da exploração do rio Amazonas, chega ao Paiamino, povoação dos espanhóis, situada sobre o rio do mesmo nome, afluente da margem direito do Napo. Pedro Teixeira só ali chegou a 15 de agosto".

16 DE AGOSTO DE 1639
"O Capitão-mor Pedro Teixeira, de volta de Quito, chega à foz do Aguarico no Napo, e toma posse da margem esquerda deste último rio, em nome de Filipe IV, para servir de divisa entre os domínios de Portugal e Castela".

12 DE DEZEMBRO DE 1639
"O Capitão-Mor Pedro Teixeira chega a Belém do Pará, de volta de sua expedição a Quito".

28 DE FEVEREIRO DE 1640
"Por nomeação do governador do Estado do Maranhão, toma posse Pedro Teixeira no governo da capitania do Pará, que governou até maio de 1641".

4 DE JUNHO DE 1641
"Morre em Belém do Pará o Capitão-Mor Pedro Teixeira, célebre pelas suas vitórias que alcançara no Amazonas e mais ainda pela sua exploração do grande rio, realizada de 1637 a 1639".

Arthur Reis, no seu trabalho "Os Portugueses na Revelação da Amazônia", inclui uma dimensão política aos feitos de Pedro Teixeira. São suas palavras:

"Pelo que se aprende do trabalho de Jaime Cortesão, o bravo capitão das conquistas amazônicas, subiu e desceu o rio entre 1637-1639, obedecendo também a propósitos políticos. O governador Jácome de Noronha, a cuja iniciativa se deveu a entrada, objetivava: ampliar pelo Amazonas acima a extensão da soberania portuguesa, contra os interesses da Coroa espanhola, para tal dando instruções especiais ao sertanista que a comandava e, ao mesmo tempo, abrir comércio com o Peru, fazendo de Belém o porto de saída das mercadorias, nelas incluída a riqueza mineral, que o Peru vinha exportando, pelo Pacífico, para a Espanha.

Imaginava-se, então, que seria fácil trazer, pelas águas do Rio-Rei, a produção argentífera de Potosi e Cuzco. A lição do mestre português repousa no farto documentário novo que divulgou. E de acordo com esse documentário, verifica-se que Pedro Teixeira, ao chantar como marco de limites, entre as duas coroas unificadas, no vale amazônico, a povoação de Franciscana, cumpriu determinação clara e positiva de Jácome, que antevia a Restauração ocorrida pouco depois e, com ela, o alongamento do espaço onde se exerce a soberania mansa e intensa de sua pátria".

É tradição na Escola Superior de Guerra - ESG homenagear vultos da história brasileira, com os seus nomes nas turmas concludentes dos seus cursos. Assim, mais uma vez, fato impressionante ocorreu com os 130 concludentes do seu Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia de 1995, quando resolveram, passados mais de três séculos e meio, lembrar e prestar eloqüente homenagem ao Capitão-Mor Pedro Teixeira: a turma ESG de 1995 é denominada Turma Pedro Teixeira. Na ocasião, foi divulgada a seguinte nota:

"O Capitão Pedro Teixeira - Conquistador da Amazônia, nasceu na Vila de Cantanhede, situada a 20 km ao NE de Coimbra, Portugal, em 1587.

Sabe-se que, desde criança, foi forte, adquirindo na fase adulta uma compleição invejável que o tornou talhado para a vida agreste.

Após a expulsão dos franceses do Maranhão em fins de 1615, o governo português determina o envio de uma expedição à foz do rio Amazonas, com vistas a consolidar sua posse sobre a região. A força expedicionária lusa foi constituída por três companhias. Como subalterno de uma delas, seguia o então alferes Pedro Teixeira.

A 12 de janeiro de 1616, a tropa entrou na Baía de Guajará. Desembarcou numa ponta de terra firme, onde desde logo foram iniciadas as obras de instalação e defesa. Em local bem selecionado, foi erguido o Forte que tomou o nome de Presépio, origem da atual cidade de Belém.

O destemido desbravador prossegue prestando inestimáveis serviços à coroa portuguesa. Combate holandês e inglês em muitas refregas, bem como realiza várias entradas de exploração dos sertões amazônicos.

A maior de todas as suas façanhas teria inicio em outubro de 1639. À frente de 2.500 pessoas, entre militares, índios e familiares, empreende viagem de exploração da calha do rio Amazonas, partindo de Belém. Empregando cerca de 50 grandes canoas, atinge Quito, no Equador, e regressa a Belém depois de haver percorrido mais de 10.000 km de rios e trilhas. Com esse feito - um dos maiores da nossa história - contribuiria para assegurar a posse de vasta porção da bacia amazônica por parte de Portugal.

Como reconhecimento pelos seus 25 anos de profícuos serviços ao Rei de Portugal, Pedro Teixeira foi nomeado para o cargo de Capitão-Mor do Grão-Pará. Tomou posse em fevereiro de 1640. Infelizmente, sua gestão foi curta, durando até maio de 1641. A 4 de julho desse ano faleceu na mesma Belém que auxiliou a fundar e consolidar.

Mais de três séculos após sua morte, os empreendimentos de Pedro Teixeira ainda nos causam admiração. As lutas travadas contra os invasores estrangeiros e a exploração da bacia amazônica fizeram-no um dos maiores heróis da então Colônia no século XVII.

Por isso, sua figura deve representar o símbolo da luta pela preservação da soberania brasileira sobre a Amazônia."

O Exército Brasileiro devota comovente lembrança ao Capitão-Mor Pedro Teixeira, considerando-o definitivamente como o Conquistador da Amazônia. No seu site, na página destinada ao Comando Militar da Amazônia, além de um amplo registro das façanhas do destemido herói luso-brasileiro, anota suas palavras em Franciscana: "Tomo posse destas terras, se houver entre os presentes alguém que a contradiga ou a embargue, que o escrivão da expedição o registre". (JUN-2004)

Antônio Parreiras: A conquista do Amazonas, 1907, Museu Histórico do Pará, Belém, Brasil
Date 2005(2005)
« Última modificação: Fevereiro 07, 2010, 03:18:45 pm por Templário »
Ensinam estas Quinas que aqui vês,
Que o mar com fim será grego e romano:
O mar sem fim é português
E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma
E faz a febre em mim de navegar
Só encontrará de Deus na eterna calma
O porto sempre por achar.
 

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Templário

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Re: A conquista e a ocupação da Amazônia Brasileira
« Responder #4 em: Fevereiro 06, 2010, 03:26:11 pm »
Hiran Reis e Silva
Publicado em 28/04/2009 às 8:04 - 166 exibições
Paraíbanews.com

  Acuña, Pedro Teixeira, e o Rio das Amazonas
“Parte de Cametá a expedição de Pedro Teixeira, capitão-mor por Sua Majestade, das entradas e descobrimentos de Quito e do rio das Amazonas. Levava um regimento dado pelo rei. Devia fazer a exploração do rio Amazonas, descobrir uma comunicação fluvial com Quito e escolher o limite mais conveniente entre os domínios das duas coroas e o local para uma povoação na linha divisória”. (Barão do Rio Branco)

- Cristobal de Acuña

Filho de família nobre e influente nasceu em Burgos, em 1597. Ingressou na Companhia de Jesus, em 1612, e tão logo recebeu as ordens sacras foi enviado para a América. Foi professor de Teologia moral no Colégio de Cuenca (Quito) e mais tarde reitor daquele estabelecimento. Em fevereiro de 1639, juntamente com outro irmão da ordem, o padre André de Artieda, foi designado para acompanhar Pedro Teixeira na sua viagem de volta pelo rio das Amazonas chegando à Belém em dezembro do mesmo ano.

- Pedro Teixeira

As informações sobre a data de nascimento de Pedro Teixeira são conflitantes. O ‘Conquistador da Amazônia’, de ascendência nobre, nasceu em São Pedro de Cantanhede, distrito de Coimbra, Portugal em 1587 (ou 1570). Foi Cavaleiro da Ordem de Cristo e Moço Fidalgo da Casa Real e, na localidade de Praia, nos Açores, casou-se com Ana Cunha, filha do Sargento-Maior Diogo de Campos Moreno. Veio para o Brasil em 1607 com 20 (ou 37) anos onde contribuiu de forma notável para manutenção da soberania portuguesa na Terra Brasilis e na expansão da fronteiras amazônicas para além do tratado de Tordesilhas.

O currículo de Pedro Teixeira é vasto e impressionante e, por isso, reproduziremos somente algumas de suas operações mais importantes. Como alferes, em fevereiro de 1614, enfrentou os franceses na Batalha de Guaxenduba e, em 1616, juntamente com Francisco Caldeira Castelo Branco, fundou a cidade de Belém do Pará. Ainda em 1616, com duas canoas armadas bateu uma nau holandesa na foz do Xingu e, em maio de 1623, destruiu a Fortificação de Mariocay, onde havia se instalado uma guarnição de holandeses e ingleses, e neste mesmo local construiu a fortificação de Santo Antônio de Gurupá.

“Em 23 de maio de 1625, Pedro Teixeira, tendo às suas ordens os Capitães Pedro da Costa Favela e Jerônimo de Albuquerque, ataca e toma o forte holandês de Maniutuba, na foz do Xingu. O comandante inimigo Oudaen consegue fugir, com parte da guarnição, em uma lancha, para a ilha de Tucujus”. Após a vitória do dia anterior, Pedro Teixeira desembarca na ilha de Tucujus (Amazonas), onde os ingleses, comandados por Philipp Pursell, tinham três fortins. Os dois primeiros foram tomados quase sem resistência, fugindo os defensores. Adiantando-se então, teve o Capitão Favela de sustentar viva peleja com os ingleses e holandeses, que vinham ao encontro. Os dois chefes inimigos, Pursell e Oudaen, ficaram no campo entre os mortos. O outro fortim rendeu-se a Pedro Teixeira”. (PARANHOS)

Em Maio de 1625 impede uma nova tentativa de ocupação pelos holandeses das ilhas da Foz do Amazonas; em 21 de Outubro de 1625 expulsa os holandeses da Fortificação de Torrego, na confluência do Maracapucu.

Em 21 de junho de 1629, “o Capitão Pedro da Costa Favela parte de Belém do Pará com a missão de tomar ou render o forte de Taurege (Torrego), construído pelos ingleses na margem esquerda do Amazonas. Nada consegue e suspende as hostilidades, retirando-se para a aldeia de Mariocai. O forte de Torrego só foi tomado, no dia 24 de outubro, por Pedro Teixeira”. (PARANHOS)

24 de outubro de 1629, “o Capitão Pedro Teixeira, que assediava com forças do Pará o forte inglês de Taurege, pelos nossos chamados Torrego, derrota um corpo inimigo, que vinha em socorro dos sitiados. O assédio começara no dia 24 de setembro, em que Teixeira ai desembarcou, vencendo a oposição do inimigo. Duas sortidas foram repelidas, e, vencido o socorro que esperava, rendeu-se no mesmo dia o comandante do forte, James Pursell, com 80 soldados e alguns índios. Arrasada a fortificação, seguiu Teixeira para a aldeia de Mariocai, depois Vila de Gurupá. A guarnição inglesa foi conduzida para o Pará e seu chefe remetido para Lisboa. O forte de Taurege ficava na margem esquerda do Amazonas, junto ao rio hoje chamado Toheré. Cumpre não confundir este James Pursell com Philip Pursell, morto em combate na ilha de Tucujus”. (PARANHOS)

Em 26 de outubro de 1629, “chegava o Capitão Pedro Teixeira com as tropas, que dois dias antes haviam rendido o forte de Taurege, e com os prisioneiros ingleses, à aldeia de Maiocai (10 anos depois Vila de Gurupá), quando o Capitão North, que trazia reforços para o inimigo em 2 navios maiores, 1 patacho e 2 ou 3 lanchas, tentou um desembarque. Repelido este ataque, foram os ingleses fundar o forte de Camaú, na ponta de Macapá, só conquistado pelos nossos a 9 de julho de 1932”. (PARANHOS)

- A expansão da soberania portuguesa

No século XVII a região amazônica era palco de disputa pelas potências européias, como Castela, França, Holanda e Inglaterra. O governador do Estado do Grão-Pará e Maranhão, Jácome Raimundo de Noronha, em outubro de 1636, no período em que os portugueses se encontravam sob o jugo castelhano (Coroa Ibérica – 1580/1640), idealizou a expansão da soberania portuguesa na bacia amazônica antevendo que o período da restauração se avizinhava. Para concretizar o audacioso empreendimento, nomeou Pedro Teixeira para a chefia da expedição, com o propósito de estender os domínios de Portugal até as terras peruanas fundando povoados que marcassem o limite das terras da Coroa Portuguesa no Amazonas. O motivo para a escolha de Pedro Teixeira, além de suas qualidades militares, era seu profundo conhecimento da região e a política que implementava em relação aos indígenas.

- A narrativa

Cristobal de Acuña escreveu, em 1641, a ‘Relación del Descubrimiento del rio de las Amazonas’, a obra teve a sua primeira edição publicada em Madrid, pela ‘Imprensa del Reyno’. A crônica do padre jesuíta é leve, dividida em pequenos capítulos, com explicações objetivas e interessantes tornando sua leitura amena e agradável.

- Pedro Teixeira começa a sua viagem

“Saiu, pois, este bom caudilho dos confins do Pará aos 28 de outubro de mil seiscentos e trinta e sete anos, com quarenta e sete canoas de bom tamanho e nelas setenta soldados portugueses, mil e duzentos índios de voga e guerra, que, juntos ás mulheres e moços de serviço, passariam de duas mil pessoas. Durou a viagem cerca de um ano, tanto pela força das correntes, como também pelo tempo que, em preparar subsistência para tão numeroso exército, era forçoso se gastasse, e principalmente por caminharem sem guias certos, que os pudessem dirigir sem rodeios nem dilações pelos caminhos mais curtos”.

- O capitão-mor chega a Quito

“Com esta confiança e poucos companheiros, continuou Pedro Teixeira em seguimento do seu coronel, que já se encontrava desde alguns dias na cidade de Quito. Aí foram bem recebidos e agasalhados, tanto dos Seculares como dos Eclesiásticos, mostrando todos o prazer que sentiam em ver, em seu tempo, e por vassalos de Sua Majestade não só o descoberto, senão também navegado, desde a sua foz até suas primeiras nascentes, ao afamado rio Amazonas”.

- Resolução do vice-rei do Peru

“Recebida naquela Real Audiência de Quito a notícia. que bastava para dar plano concreto do muito que às duas Majestades Divina e humana importava acudir com brevidade ao bom êxito de negócio tão importante, não se atreveram os senhores Presidente e Ouvidores a resolver coisa alguma, sem primeiro dar conhecimento ao vice-rei do Peru, que era então o Conde de Chinchón.

Conde de Chinchón: Jerônimo Fernandez de Cabrera Bobadilla y Mendoza chegou a Lima, como vice-rei do Perú em 14 de janeiro de 1629 e governou até 18 de dezembro de 1639. Seu nome está ligado à cinchona, a quina, usada como remédio contra a malária.

Este, depois de consultar sobre o assunto a gente mais ponderada da cidade de Lima, Corte daquele Novo Mundo, resolveu por carta sua ao Presidente de Quito (que era o licenciado D. Alonso Perez de Salazar), datada de dez de novembro de seiscentos e trinta e oito, que o Capitão Pedro Teixeira voltasse logo com toda a sua gente à cidade do Pará, pelo mesmo caminho por onde tinha vindo, dando-se-lhe todo o necessário para a viagem, pela falta que tão bons capitães e soldados fariam sem dúvida naquelas fronteiras, que de ordinário são infestadas pelo inimigo Holandês, mandando juntamente que, se fosse possível, se depusessem as coisas de modo que fossem em sua companhia duas pessoas dignas, às quais se pudessem dar fé pela Coroa de Castela, de todo o descoberto e do mais que na viagem de volta se fosse descobrindo”.

- A real audiência nomeia o padre Cristobal de Acuña para esta jornada

“(…) nomeou em primeiro lugar, para esta empresa, ao padre Cristobal de Acuña, religioso professo, e atual reitor do colégio da Companhia na cidade de Cuenca, jurisdição de Quito; e em segundo lugar, por seu companheiro, ao padre Andrés de Artieda, lente de Teologia no dito Colégio da mesma cidade de Quito. Aceita pelos senhores da Real Audiência a nomeação dos dois Religiosos da Companhia de Jesus, se lhes mandou uma Provisão Real (cuja cláusula pusemos no começo desta narrativa), na qual se lhes ordena que, sendo com ela requeridos, partam imediatamente da cidade São Francisco de Quito, em companhia do Capitão-Mor Pedro Teixeira, e chegando à do Pará, passem à Espanha, a dar conita ao rei, nosso Senhor, em sua real pessoa, de tudo o que cuidadosamente tiverem notado no decurso da viagem”.

- Peixe Boi e Pescados deste Rio

“Contudo do que mais se alimentam e que, dizem, lhes faz pratos, é o incontave1 pescado, que com incrível abundância colhem todos os dias, às mãos cheias, neste Rio. Mas entre todos o que como Rei aí domina, e do qual está povoado todo o Rio, desde as suas nascentes até que deságua nos mares, é o Peixe-boi, peixe que de tal só tem o nome, pois não há pessoa que, quando o come, não o tenha por carne temperada; é do tamanho de um bezerro de ano e meio e na cabeça, se tivesse chifres e orelhas, não se diferenciaria dele; tem por todo o corpo alguns pelos, não muito compridos, a modo de cerdas moles, e se move dentro d’água com dois braço curtos, que em forma de pás lhe servem de remos, de baixo dos quais mostra a fêmea os seus peitos, com que nutre com leite os filhos que pare. Do couro, que é muito grosso, fazem adargas os guerreiros, e tão fortes, que bem curtido, não o atravessa uma bala de arcabuz.

Este peixe só se sustenta de erva que pasce, como se fosse boi verdadeiro, donde adquire a sua carne tão bom gosto, e é de tanta sustância, que com pequena quantidade fica uma pessoa mais satisfeita e com mais força que se comesse o dobro de carneiro. Debaixo d’água sustém pouco o anhélito e assim, onde quer que ande, levanta amiúde o focinho para cobrir novo alento, donde vem a sua total destruição, pois ele mesmo se vai mostrando ao seu inimigo; vêem-no os índios e o seguem em pequenas canoas, e esperam que, querendo respirar, tire fora d’água a cabeça, e cravando-o com os seus arpões, que fazem de conchas, lhe tiram a vida; dividem-no em porções médias, que assadas em grelhas de pau, duram, sem estragar-se, mais de um mês. Não fazem dele chacinas para o ano todo (e que são de muito preço) por não haver sal em abundância, que o que empregam para temperar as suas comidas é muito pouco, e feito de cinzas de certa qualidade de palmeiras, que mais é salitre que sal”.

- Tartarugas do Rio e como as guardam

“Mas já que não lhes é dado conservar estas chacinas, não lhes falta indústria para terem carne fresca durante todo o inverno, que, embora não seja tão gostosa como aquela, é mais sã e não menos proveitosa. Fazem para isto uns currais grandes, cercados de paus, e cavados por dentro, de modo que, como lagoas de pouco fundo, conservem sempre em si a água de chuva. Feito isso, no tempo em que as tartarugas saem a desovar nas praias, eles também deixam as suas casas, e emboscando-se nos postos conhecidos, por elas mais frequentados, esperam que, saindo à terra, venha cada qual ocupar-se em fazer a cova onde pretende deixar os ovos; saem nesta ocasião os índios, cercam-nas pelo lado da praia, por onde devem fazer a sua retirada para a água, e de chofre acometendo sobre elas, em breve tempo se vê,em senhores de grande quantidade, sem outro trabalho que o de as virar de pernas para o ar, com o que, sem se poderem mexer, as mantêm todo o tempo que querem, até que colocadas todas em vários cordéis, por uns furos que lhes fazem no casco, lançadas na água, remando eles em suas canoas, as levam a reboque sem nenhum trabalho, até mete-las nos currais que fizeram, onde as soltam, dando-lhes por prisão aquele estreito cárcere, e alimentando-as com ramos e folhas de árvores, as mantêm vivas por todo o tempo que necessitam.

São estas tartarugas tão grandes e maiores que rodelas de bom tamanho; é sua carne como de vitela; as fêmeas tem no bucho, quando as matam, mais de duzentos ovos cada uma, um pouco maiores e quase tão bons como os de galinha, embora de mais difícil digestão. Estão nesse momento tão gordas, que de duas se tira uma botija de manteiga, a qual, temperada com sal, é tão boa, mais gostosa e dura muito mais que a cozida de vacas; serve para frigir peixe e para quaisquer gêneros de guisados, em que aqui se usa a melhor e mais delicada manteiga. Apanham estas tartarugas em tal abundância, que não há um destes currais que não tenha de cem tartarugas para cima, com o que nunca sabem estes bárbaros que coisa seja a fome, pois uma só basta para satisfazer uma família, por muita gente que tenha”.

- Modos de pescar que usam

“(…) O modo de pescar é diferente, conforme as variações do tempo e as enchentes ou vazantes das águas. Assim, quando estas baixam tanto que já os lagos secam, sem ter comunicação com o Rio, usam de uma espécie de trovisco, que naquelas costas chamam timbó, da grossura de um braço, pouco mais ou menos, e tão forte, que machucados dois ou três destes paus, e batendo com eles a água que ainda naqueles lagos mantém os peixes, apenas estes chegam a provar do seu vigor, todos se deixam apanhar com as mãos. Mas o modo ordinário com que em todos os tempos e ocasiões se apoderam de quanto peixe vive neste abastecido rio, é com as flechas que com uma mão arremessam de uma pazinha que sustentam, e cravadas no peixe, lhes faz o ofício de bóia, para conhecer onde, depois de ferida, se retira a presa, a que com presteza se arrojam, e agarrando-a, a recolhem nas canoas.

Arpão de bico: formado por uma haste de madeira nobre de mais de dois metros de comprimento e, em cuja ponta é adaptado um bico em forma de ponta de flecha. No bico é amarrada uma corda de fibra vegetal de mais de uma dezena de metros e a outra ponta da corda é amarrada na popa da embarcação. Depois de arpoado o peixe o bico se solta da haste e esta faz o papel de bóia e, o pescador pode conduzi-lo, depois de cansado, como se faz com uma linha de pesca.

Este modo de pescaria não se limita a uma ou outra qualidade particular de peixe, mas em geral se estende a todos, que nem uns por grandes, nem os outros por pequenos, são privilegiados, passando todos pela mesma rasoura. Com ser estes peixes, como já disse, de tão diversas qualidades, são muito bons de gosto, e muitos deles de particularíssimas propriedades, como é a de um peixe, que os índios chamam Poraque, que é a modo de uma enorme enguia, ou por melhor dizer, como um pequeno congro, o qual tem a propriedade que, enquanto estiver vivo, quantos lhes tocam tremem do corpo inteiro enquanto dura o contacto, como se tivessem um calafrio de quartans, cessando tudo no instante em que dele se apartam”.

- As ferramentas que usam

“As ferramentas de que se utilizam para trabalhar, não só as suas canoas, mas também as suas casas e o mais de que hão mistér, são machados e enxós, não temperados por bons oficiais nas ferrarias de Viscaia, mas forjadas nas frágoas de seus entendimentos, tendo por mestra, como em outras coisas, a necessidade. Esta lhes ensinou a cortar no casco mais duro da tartaruga, que é a parte do peito, uma prancha de um palmo de comprimento e pouco menos de largura, que curada no fumeiro, e afiada numa pedra, é presa num cabo, e com ela, como bom machado, embora não com tanta presteza, cortam o que desejam. Deste mesmo metal fazem as suas enxós, servindo-lhes de cabo para elas uma queixada de peixe-boi, que a natureza formou com a sua volta, de propósito para tal fim. Com estas ferramentas lavram tão perfeitamente, não só as suas canoas, mas também mesas, taboas, assentos e outras coisas, como se tivessem os melhores instrumentos de nossa Espanha.

Em algumas nações são estes machados de pedra trabalhada a poder de braços, que adelgaçam de modo que, com menos receios de quebrar-se, e mais depressa que com os outros de tartaruga, cortam qualquer árvore, por grossa que seja. Seus escopros, goivas e cinzéis para obras delicadas, que as fazem com grande primor, são dentes e colmilhos de animais, os quais encabados em seus paus, não fazem menos bem o seu ofício que os de fino aço. Quase todos tem em suas províncias algodão, uns mais, outros menos; mas nem todos dele se aproveitam para vestir-se, mas antes quase todos andam nus, tanto os homens como as mulheres, sem que a vergonha natural os vexe, a não querer parecer que estão no estado de inocência”.

- Rio das Amazonas

“Estas mulheres varonis tem sua sede entre grandes montes e altíssimos cerros, dos quais o que mais se alteia entre os outros, e que, como o mais soberbo, é combatido dos ventos com mais rigor, pelo que sempre se mostra descalvado e limpo de vegetação, se chama Yacamiaba. São mulheres de grande coragem, e que sempre se conservaram sem o comércio ordinário de varões, e mesmo quando estes, pelo acordo que tem com elas, vêm uma vez por ano às suas terras, recebem-nos com as armas nas mãos, que são arco e flechas, que atiram durante algum tempo, até que cientes de que vêm de paz os conhecidos, deixando as armas, acodem todas às canoas ou embarcações dos hóspedes, e tomando cada qual a rede que encontra mais à mão, que são as camas em que eles dormem, a levam para casa, e pendurando-a em sítio onde o dono a reconheça, o recebem por hóspede aqueles poucos dias, passados os quais eles voltam para as suas terras, repetindo-se todos os anos esta viagem pela mesma época.

As filhas fêmeas que nascem desta união, conservam e criam entre elas, porque são as que hão de levar adiante o valor e costumes de sua nação, mas os filhos varões não se sabe com certeza o que fazem com eles. Um índio que, sendo pequeno, tinha ido com seu pai a esta entrada, afirmou que os filhos varões eram entregues aos pais, quando no ano seguinte voltavam a sua terras. Mas contam os outros, e parece o mais certo por ser mais corrente, que reconhecendo-os como tais, lhes tiram a vida. O tempo descobrirá a verdade, e se estas são as famosas Amazonas dos historiadores, que guardam em sua comarca tesouros que dão para enriquecer o mundo todo”.

- Entra no mar o rio das Amazonas

“A vinte e seis léguas da ilha do Sol, debaixo da linha Equinocial, espraiado em oitenta e quatro de boca, tendo pelo lado do Sul o Zaparará e do oposto o Cabo do Norte, deságua no Oceano o maior pélago de águas doces que há no descoberto, o mais caudaloso rio de todo o Orbe: a Fenix dos rios, o verdadeiro Maranhão, tão suspirado e nunca acertado dos do Perú, Orellana antigo e, para dize-lo de uma vez, o grande rio das Amazonas, depois de haver banhado com as suas águas mil trezentas e cinquenta e seis léguas de extensão, depois de sustentar com suas riquezas infinitas nações de Bárbaros, depois de fertilizar imensas terras e depois de haver passado pelo coração de todo o Perú e, como canal principal, recolhido em si o melhor e mais rico de todas as vertentes.

Este é em suma o novo descobrimento deste grande rio que, encerrando em si grandiosos tesouros, a ninguém repele, mas antes, a todo gênero de gente convida liberal a que deles se aproveite. Ao pobre oferece sustento, ao trabalhador recompensa do seu trabalho, ao mercador empregos, ao soldado ocasiões de mostrar o seu valor, ao rico maiores riquezas, ao nobre honras, ao poderoso estados, e ao próprio Rei um novo Império. (…)”

Fontes:
ACUÑA, Cristobal de - Novo Descobrimento do Rio Amazonas - Uruguai, Montevidéu,1994 - Editora Oltaver.
PARANHOS, José Maria da Silva (Barão do Rio Branco) - Efemérides Brasileiras (1845-1912) - Brasil - Rio de Janeiro, 1946 - Imprensa Nacional.

« Última modificação: Fevereiro 23, 2010, 06:08:55 pm por Templário »
Ensinam estas Quinas que aqui vês,
Que o mar com fim será grego e romano:
O mar sem fim é português
E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma
E faz a febre em mim de navegar
Só encontrará de Deus na eterna calma
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Re: A conquista e a ocupação da Amazônia Brasileira
« Responder #5 em: Fevereiro 06, 2010, 06:37:11 pm »
Em discurso na cerimonia em homenagem ao desbravador português Pedro Teixeira no Senado Federal Aloizio Mercadante destacou o papel preponderante do militar na garantia da Amazônia como território brasileiro. Destacou também a importância da unidade nacional do Brasil que muito se deve a atuação da Coroa Portuguesa nos tempos do Império. Além disso, defendeu o papel do Brasil no cenário mundial em relação ao aquecimento global e a preservação do meio ambiente. Ao final, convoncou uma nova sessão em homenagem a Pedro Teixeira para daqui a 30 anos, quando do aniversário de 400 anos da primeira expedição portuguesa a navegar todo o rio Amazonas.

Mercadante resgata o papel do português Pedro Teixeira na história do Brasil
Ensinam estas Quinas que aqui vês,
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Re: A conquista e a ocupação da Amazônia Brasileira
« Responder #6 em: Fevereiro 07, 2010, 02:27:12 pm »
Professora Anete Ferreira, historiadora de Pedro Teixeira
História do ‘curuiacatu ‘, o homem branco bom

Como se interessou por este tema, tão desconhecido na história de Portugal e do Brasil e que é o percurso do navegador Pedro Teixeira, o primeiro a chegar à Amazónia e a tornar este território parte do Brasil?

Sou paraense, natural de Belém do Pará, e quando cheguei a Portugal percebi que nada se conhecia sobre a Amazónia e sobretudo sobre Pedro Teixeira. Então comecei a aprofundar as investigações para poder dar um maior conhecimento aos portugueses, pois acho que é fundamental saberem quem é o Pedro Teixeira. As pessoas dizem que eu sou empolgada em relação ao percurso de Pedro Teixeira porque eu acho que ele foi um homem de uma coragem fantástica, de uma bravura que Portugal tem em débito com este navegador.
Ele chegou ao Brasil no séc. XVII, que eu considero ser o século de Pedro Teixeira porque ele chegou no inicio do século, em 1608, a Pernambuco, e depois foi chamado para integrar os componentes da batalha para expulsar os franceses - 1615 - de São Luís do Maranhão. Portugal sai vitorioso e, pela sua coragem e luta, Pedro é chamado a integrar a comitiva de Francisco Caldeira Castelo Branco, que organizava uma expedição para fazer a descoberta da Amazónia, justamente Belém do Pará, que é considerada a porta de entrada da Amazónia.
Pedro Teixeira era um simples soldado, um alferes, e foi como alferes que ele integrou a comitiva de Francisco Castelo Branco. Ao chegar ao Pará, dá-se a fundação da cidade em 1616, mais uma conquista para Portugal. Ele foi o escolhido pelo governador e fundador da cidade, Francisco Castelo Branco, para voltar a São Luís para comunicar o êxito da viagem ao governador. Fez todo o percurso a pé, entre Belém e São Luís, e para isso convoca dois soldados e os índios, que vão abrindo caminho. Este é o primeiro trabalho de Pedro Teixeira, de demarcação. Ele fez a demarcação do território entre Belém e São Luís por terra.
No retorno desta viagem já foi com outros militares, veio por via marítima. Levou muita artilharia, uniformes e muitos objectos para distribuir pelos colonos e os índios, como prendas, lembranças. Em seguida Pedro Teixeira integra o grupo que organiza o escudo de Belém, para marcar a fundação de Belém como pertença de Portugal, ao lado de
António Abreu e Chichorro. Quando se dá a construção do forte do castelo, o governador soube que havia estrangeiros em Gurupá e Pedro Teixeira é escolhido para comandar uma expedição para a expulsão dos holandeses, o que Pedro consegue fazer.
Em 1626, aconteceu algo estranho, ninguém passava de Gurupá. Até que chegou um frade de Lisboa e Pedro convida-o a ver o que havia para lá de Gurupá. Então o governador organiza uma descida (em linguagem colonial, significa trazer os índios para ser catequizados, trabalhados em casa dos colonos, digamos mesmo escravizados). Essas expedições eram sempre comandadas pelo militar e por um missionário, que era uma figura que impunha muito respeito quando os nativos o viam. Eles foram os dois, acompanhados por uma tropa de militares e índios (os índios tinham que fazer sempre parte destes grupos porque só eles conheciam os segredos dos rios e o tempo das marés) e descobriram o rio Tapajos. Pedro e o frade vão até ao cacique e dizem qual é a finalidade, deixando os militares de retaguarda, para o caso de ser necessário intervir em caso de algum problema. É assim que Pedro Teixeira se torna no descobridor do rio Tapajos.
Desta forma voltaram sem nenhum tipo de problemas, sem nenhuma animosidade ou exigência porque a tribo que lá se encontrava – tapajos e índios borari – não foi hostil e por alguns já conheciam o frade de outros locais do Brasil.
De seguida participa de outras batalhas, sempre comandando a expulsão de estrangeiros: franceses, ingleses….mas numa batalha contra os ingleses Pedro saiu bastante ferido, tendo de ser tratado no local com a medicina alternativa dos índios, o que o salvou. Em 1632, Jacome de Noronha, o militar, é destacado para ir expulsar os estrangeiros que se encontravam na foz do rio amazonas e convida Pedro Teixeira para o acompanhar, pois já conhecia o caminho. Jacome foi além de Pedro Teixeira e incendiou os navios e os estrangeiros que fugiram foram descobertos e mortos.
Na realidade o seu livro fala da expedição de Pedro Teixeira, mas na verdade temos, não uma, mas várias expedições ...
Exactamente, esse trabalho que fiz agora ‘Um Português ao Serviço da Amazónia’ tem todo o percurso dele. E também no trabalho ‘A Jornada de Pedro Teixeira’ fala de toda a evolução de cada batalha e expedição em que ele participou.
O tempo foi passando e os índios expulsam uma expedição de padres espanhóis na foz do rio Amazonas. Uns morreram, outros fugiram, mas dois destes padres decidiram
descer o rio e chegaram a Gurupá e daí foram enviados para Belém do Pará. O governador achou por bem que estes padres fossem ouvidos por Jacome de Noronha, que na altura já era o governador do Maranhão e conhecia todo o trabalho de Pedro Teixeira. Já em São Luís do Maranhão, os padres são entrevistados, dizem porque ali estão, mas são indicados para voltarem numa expedição. Pedro Teixeira é chamado para conquistar o resto da Amazónia, ate ao Peru, e ele aceitou. Então um dos padres que veio na água foi servindo de guia, voltando até ao Peru.
Nessa expedição vai um grande número de índios, cerca de 1200, porque se explica que um numero tão grande quisesse, na altura, integrar esta expedição?
A tribo tupinambá tinha o desejo de alcançar a terra onde não existiam males, animosidades e onde as pessoas não morriam. Justamente quando Pedro Teixeira parte, ainda sem saber o caminho, convida-os e eles aceitam, tendo um grande apoio da parte deles. Formada a expedição Pedro Teixeira volta a Belém e a Câmara não aceita a expedição por considerar que era muito perigosa. Pedro não se deu por vencido e voltou para acabar a construção das canoas e organizar a expedição e partiu. Esta expedição sai de Gurupá a 28 de Outubro de 1637, passa Belém do Pará e chega à foz do rio Amazonas.
Este percurso de ida é muito bem recebido pelo rei do Peru e quando lá chegam são recebidos com uma grande manifestação por ter sido um português a subir o rio Amazonas. Pedro Teixeira entrega o mapa da região e a relação, uma anotação de tudo o que ele ia vendo: viu umas ilhas desertas a que deu o nome ilha das areias; viu outras ilhas que chamou de Santa Luzia. Quando chegou ao Peru já tinha uma cartografia construída, de fauna, de flora, de etimologia e economia. Entregou-a ao rei do Peru e este enviou para Espanha, porque estávamos sobre a coroa ibérica.
Quando chegou a Madrid, a Companhia das Índias pede que Pedro Teixeira seja castigado por ter chegado ao Peru sem ter pedido autorização. Contudo, D.Filipe, ao ler a relação que Pedro Teixeira fez, considerou que este empreendeu uma grande viagem de mais-valia para a coroa ibérica. Pedro Teixeira regressa para Belém e é recebido com inúmeras festas e manifestações. No regresso ele levava uma carta lacrada de Jacome de Noronha que dizia que ele tinha que fazer a demarcação da possessão portuguesa e deixar o marco na localidade. Quando regressa, na fronteira, tem o acto de posse, o escrivão transcreve e ele diz que tomava posse da terra em nome de Espanha mas que
era para Portugal. Isto criou muita confusão e desentendimento e ficou o registo de tudo para Portugal.

Como é que se explica que, em época de coroas unificadas entre Portugal e Espanha, que um navegador decida reivindicar o território para um país que era o seu – Portugal – à revelia da decisão do rei?

Desde o Tratado de Tordesilhas, em 1494, que se falava da divisão do mundo, entre Portugal e Espanha. Desde aí que Portugal ia tomando posse das novas terras descobertas, eram 370 léguas alem do mar, segundo o Tratado de Tordesilhas, e Portugal prevaleceu-se disso. Sobretudo com auxílio das missões religiosas. Assim, quando Pedro Teixeira faz este pronunciamento, era nada mais nada menos que para Portugal. A sua viagem de regresso dá-se em Dezembro de 1639, estamos a comemorar os 370 anos do seu regresso. Nesta altura Pedro Teixeira já tinha demarcado todo o território que permanece, até hoje, para Portugal.

Como era há 370 anos a aventura de subir o rio Amazonas?

Era uma aventura de muita coragem, como os exploradores portugueses tiveram. Eram homens que não temiam nada e que obedeciam corajosamente ao rei fazendo o seu trabalho sem constrangimento porque estavam a servir a coroa, a pátria. Tanto assim é que a Amazónia era portuguesa e D.Filipe manda dividir a Amazónia do Brasil porque as comunicações eram dificílimas. Assim ficou a Amazónia portuguesa e o Brasil, cujas comunicações eram raríssimas.
A Amazónia só comunicava com Lisboa e era de lá que recebiam as ordens. É só quando acontece esta viagem que Portugal toma conhecimento do que era a riqueza da Amazónia, do que eles tinham conquistado e lhes pertencia. Pedro Teixeira notabilizou-se por esta viagem e a sua chegada a Belém ficou marcada por manifestações de todos pela sua viagem. Os índios gostavam muito dele porque já o conheciam. Dizem que houve uma saída em que ele matou índios, mas isso foi uma saída em que ele foi com Bento Maciel Parente, um governante que tinha um grande desejo em exterminar os índios. Mas houve baixas de ambos os lados, houve sucessos de ambos os lados, quer dos portugueses quer dos colonos. Isso era uma dualidade, não se podia dividir o que era bom e mau.

Como é que os índios chamavam a Pedro Teixeira?

Era ‘curuiacatu ‘, homem branco bom.
Quando regressa da viagem pára em Santarém para descansar com a tribo tapajós. Claro que a expedição não voltou completa. Os índios que não conseguiram alcançar o lugar que procuravam ficaram desiludidos e decidiram não voltar. Apenas voltaram uma centena e tal: militares, alguns índios e os frades, que ele pediu no Peru para o acompanharem para fundar a ordem dos mercedarios, em Belém e em São Luís. Não há uma estatística de baixas, não sabemos quantos morreram efectivamente. Sabe-se que os índios desertaram, e que eram a maioria dos que compunham a expedição. Quando Pedro Teixeira regressa é nomeado interventor, e mais tarde governador, cargo que manteve ate Maio de 1641, ano em que morreu (Junho).

Principais perigos da Amazónia naquela altura?

A febre, as doenças próprias do clima tropical, os insectos e a flora virgem que assustava a maioria das pessoas. Dai que os índios eram a peça fundamental para acompanharem qualquer trabalho.

Pedro Teixeira já não regressa a Portugal?

Já não regressa. Ele manifestou o desejo de regressar em 1640 e estava a planear voltar. Acontece que se deu a independência e Pedro estava já muito desgastado, com a idade e todo o trabalho que fez e que deu para Portugal. Morreu em Belém do Pará e foi sepultado na igreja de Nossa Senhora das Graças, uma capela dentro do forte do presépio mas construída de taipa e pilão. Quando a chuva lá entrou, com a subida das águas, os restos mortais de Pedro foram descobertos e depois sepultados debaixo do altar-mor na catedral de Belém, uma informação que vou confirmar agora.

Deixa descendência?

Segundo eu sei, verbalmente pois não há documentação, existe uma família em são Mamede que afirma ser a 8ª geração de Pedro Teixeira. Ele foi casado duas vezes, com duas moças descendentes dos Açores e a sua descendência conhecida deixou lá: a sua filha Maria Teixeira e uma neta, que inclusive pediu uma cismaria, no final do século XVII, sendo-lhe concedida essa cismaria e no documento diz: “é concedida à neta de Pedro Teixeira, o conquistador da Amazónia”.

A probabilidade de existir descendência é maior no Brasil do que em Portugal?

Exactamente. Apesar desta família portuguesa afirmar ser descendente, não há documentos que o provem. Eu agora vou tentar aprofundar isso e fazer uma árvore genealógica. Já houve uma tentativa de se fazer, mas esbarra-se nesta família, porque não há forma de confirmar a sua filiação. Mas espero consegui-lo em Pernambuco.

Como se explica que seja um herói tão desconhecido?

Acredito que Pedro Teixeira é desconhecido em Portugal e no Brasil, porque na Amazónia ele é muito conhecido, sobretudo em Belém do Pará. Penso que não houve uma preocupação de Portugal em zelar pelos seus heróis, o que lamento muito. Você também não houve falar de Raposo Tavares, um homem que subiu de São Paulo até a Amazónia, demarcando todo o território. Não sei se compete às autoridades, ao conselho de cultura da educação ou aos militares, porque ele foi um militar, lembrar esta personagem. Não percebo porque não há um tributo a esta figura que foi Pedro Teixeira.

O seu trabalho aqui em Portugal tem sido muito a divulgação desta figura nas escolas, do seu percurso e história. Como acontece a sua vinda para Portugal e esse livro que publicou, uma das poucas obras sobre este navegador? Como é a sua vida nestes anos que está em Portugal?

A minha vinda para Portugal foi para fazer um curso na universidade, que infelizmente não se realizou porque não havia o número necessário de inscritos. Nessa altura já estava a fazer palestras no Rotary e fui convidada a fazer uma palestra sobre a Amazónia pelo Centro Nacional de Cultura. Aí começaram os meus passos neste sentido e depois de ser apresentada às autoridades daqui descobri que eles tinham muito
interesse sobre a história da Amazónia. Eu, apaixonada, nascida e criada na Amazónia, tinha que dar a conhecer a Amazónia aos portugueses. Então fui desenvolvendo os meus trabalhos e chegou a Expo’98. Nesta altura a embaixada ia ter um dia dedicado à Amazónia e eu fui chamada para uma entrevista, na qual disse que o que estava a trabalhar era numa apresentação sobre Pedro Teixeira. Pediram-me para desenvolver a ideia e apresentá-la na palestra sobre Pedro Teixeira, que foi muito bem sucedida. Nesta altura já estava em composição a Comissão dos Descobrimentos Portugueses para a comemoração dos 500 anos da descoberta do Brasil. É constituído o Comissariado para este programa e eu fui chamada a publicar a minha palestra sobre Pedro Teixeira, porque nas comemorações dos 500 anos houve a publicação de muitos livros. Entretanto coincide a viagem do Presidente Fernando Henrique Cardoso a Portugal, onde é assinado um acordo bilateral das Comissões para as Comemorações dos 500 anos do Brasil. Assim todos os projectos brasileiros foram para o Brasil, o meu inclusive. Foi aprovado, inserido nas comemorações dos 500 anos e lançado em Portugal. Teve uma óptima aceitação, a edição está esgotada. Mas eu continuei com o trabalho sobre Pedro Teixeira e propus-me a apresentá-lo nas escolas. Desta forma comecei a ter mais contacto com as Câmaras, sobretudo a Câmara de Cantanhede, a terra de Pedro Teixeira. Nesta altura o produtor e o realizador viram o livro e, já tendo na ideia fazer algo sobre Pedro Teixeira, fizeram o documentário sobre a grande exposição de Pedro Teixeira, da qual eu sou a conselheira histórica.

Acompanhou as filmagens?

Não acompanhei, mas indiquei as pessoas para prestarem depoimentos. Eu fiz o contacto e eles foram para lá recolher os depoimentos.

Na sua opinião, olhando a distancia de 370 anos, e sendo a amazónia um património indiscutível de toda a humanidade, qual considera ser o impacto que esta aventura com mais de três séculos tem no futuro da humanidade. Como estabelece esta ponte entre passado e futuro?

O título do meu livro é ‘ A Expedição de Pedro Teixeira: a sua importância para Portugal e o Futuro da Amazónia. A Amazónia hoje é muito divulgada no mundo, como pulmão do mundo. Eu sempre acreditei que a Amazónia tem muito potencial, mas isto
ficou muitos anos em silêncio. E hoje está um pouco degradada, não tanto pela imensidão que é, 60% do território do Brasil. A grande vantagem que eu acho que existe é que ela está intacta desde a demarcação do território. Aquela extensão territorial que os portugueses formaram permanece até hoje. E tivemos um acréscimo que foi o Acre, que era território português, que foi integrado na amazónia. Toda esta extensão d amazónia é uma grande valia e precisa ser estudada com atenção, perfeição para não acabar com aquela riqueza. Hoje sabemos que com as queimadas, a invasão dos madeireiros, muita coisa foi destruída e extinta e nunca havia sido catalogada. Só espero que surja um governante que reúna toda a informação sobre a Pan-Amazónia (chama-se assim porque a um determinado momento você não sabe onde está, porque faz todo parte do mesmo sistema aquático e ecológico). Espero que continue a ser um território respeitado.

Como se sente agora que Pedro Teixeira vai ser homenageado no Brasil no dia 10?

Fico orgulhosa de saber desta homenagem a este grande vulto da história luso-amazónica. Acho que é tempo suficiente de fazer isso para lhe dar o reconhecimento devido. Este tributo nada mais é que uma obrigação do governante de Portugal e do Brasil de lhe prestar uma homenagem. A estátua dele em Belém do Pará foi erigida pelos habitantes e a Praça também se chama Pedro Teixeira. Existem muitas referências a ele no Brasil: hinos, praças, etc. O governo brasileiro editou cédulas do século XX com referência a ele.

O que pensa que podia ser feito para aumentar o reconhecimento desta historia ao nível das escolas, do ensino?

Acho que o Ministério da Cultura deveria inserir Pedro Teixeira no curriculum escolar. Devia ser institucionalizado este prémio a Pedro Teixeira que a Portugal Telecom agora lança para promover o conhecimento sobre o seu percurso e impacto. Os alunos do secundário deveriam ter conhecimento disso.

Como é que os seus públicos reagem quando apresenta esta figura, que eles não conhecem?

Há uma reacção muito curiosa porque eles não conhecem. O impacto do documentário é enorme, prende a sua atenção. Felizmente eles assistem a tudo e ouvem a palestra com muita atenção. No final, na altura do debate, sentem-se quase tristes por não saberem que esta figura teve um papel tão importante no Brasil, sobretudo na Amazónia.

Prepara uma segunda edição, o que traz de adicional?

Se partir para uma segunda edição pretendo incluir os dois casamentos, a filha e a neta em Belém do Pará. O que ela desenvolveu, o tipo de agricultura e o casamento dela. Quero fazer uma árvore genealógica exacta e descobrir a data certa da sua chegada ao Brasil, porque sei que os portugueses não iam directamente para a Amazónia, iam para onde existiam conflitos.
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Re: A conquista e a ocupação da Amazônia Brasileira
« Responder #7 em: Fevereiro 07, 2010, 02:52:52 pm »
20.12.2009
No âmbito da Homenagem a Pedro Teixeira
Presidente da Câmara de Cantanhede discursou no Senado Federal do Brasil

O Presidente da Câmara Municipal de Cantanhede foi um dos intervenientes na homenagem a Pedro Teixeira, que decorreu no passado dia 10 de Dezembro, no Senado Federal do Brasil, assinalando também os 370 anos da expedição dirigida pelo Conquistador da Amazónia. Presente na sessão a convite da presidência do plenário de senadores brasileiros, João Moura falou em representação do Município de Cantanhede, onde em 1585 nasceu o responsável pela conquista de mais de metade do território do Brasil, na sequência da odisseia que comandou e que veio a definir a sua fronteira ocidental.

 Além do líder do presidente da edilidade cantanhedense, estiveram na mesa de honra o senador Aloizio Mercadante, líder da bancada do Partido Trabalhista no Senado Federal e principal promotor da homenagem, representantes dos comandos das Forças Armadas brasileiras, bem como Zeinal Bava, Presidente Executivo da Portugal Telecom, empresa que vai patrocinar um prémio sobre Pedro Teixeira, e Anete Costa Ferreira, autora do livro "A Expedição de Pedro Teixeira – A sua Importância para Portugal e o Futuro da Amazónia", cuja edição foi financiada pela Câmara Municipal de Cantanhede.

 Na sua intervenção perante o plenário de senadores e inúmeras personalidades convidadas, João Moura referiu que “o facto de estar a participar, no Senado Federal do Brasil, na sessão comemorativa dos 370 anos da Conquista da Amazónia por Pedro Teixeira, constitui uma grande honra para os cidadãos do Concelho de Cantanhede, sobretudo porque se trata do reconhecimento do grande feito de um ilustre cantanhedense que influenciou a história do Brasil ao ter levado os limites do território para onde estão hoje”.

 O Presidente da Câmara enalteceu a iniciativa do Senador Aloizio Mercadante, “por ter promovido a homenagem a Pedro Teixeira e por ter actuado no sentido de procurar referências desta importante figura história em Cantanhede. E recordo a propósito o que o Senador Mercadante me disse na visita que fez ao Município que represento em Outubro passado: que foi em Cantanhede que começou a conquista da Amazónia”.

 Referindo que, “no início da década de 1990, o nome do conquistador da Amazónia foi atribuído a uma escola” e que “foi inaugurada a estátua em sua homenagem, uma obra notável do escultor Alves André”, o autarca referiu que “o Município de Cantanhede tem vindo a desencadear iniciativas para fomentar o interesse em Pedro Teixeira o seu papel na conquista da Amazónia, nomeadamente palestras, debates e outras acções pedagógicas destinadas a estimular os alunos de diversos graus de ensino a aprofundarem o conhecimento desta temática, bem como o apoio à edição de livros e à realização de estudos sobre a matéria”.

 Segundo o líder do executivo camarário, “a autarquia pretende intensificar este género de acções e esta homenagem a Pedro Teixeira no Senado Federal Brasileiro pode ser o ponto de partida para o estabelecimento de parcerias com entidades para iniciativas que venham a ter grande impacto quer em Portugal quer no Brasil”.

 A este propósito, João Moura salientou a importância da criação do Prémio Pedro Teixeira, entretanto anunciado no âmbito na sessão comemorativa pelo Presidente Executivo da Portugal Telecom, empresa que vai ainda patrocinar o lançamento de um sítio na Internet sobre este capítulo da história luso-brasileira e sobre os impactos futuros da descoberta da Amazónia. Conforme adiantou Zeinal Bava “o prémio vai distinguir os três melhores trabalhos realizados por estudantes entre 12 e 18 anos, organizados em grupos de quatro ou cinco alunos, sobre a vida, o percurso ou o impacto dos feitos do capitão português que ousou subir a remo o rio Amazonas, à frente de uma expedição com 2500 homens”.

 
Pedro Teixeira nasceu em Cantanhede por volta de 1585 e em 1607 foi para o Brasil, onde viria a distinguir-se na expulsão dos franceses do Maranhão e no comando dos portugueses contra as tentativas de ocupação holandesa e inglesa. Ao subir o rio Amazonas desde a foz até Quito, demarcou a fronteira ocidental do Brasil, contribuindo decisivamente para a definição do seu território, que é não só o maior da América Latina como o único que tem o português como língua oficial num continente onde em mais de vinte países se fala o espanhol.

 
 A homenagem a Pedro Teixeira em sessão especial do Senado Federal do Brasil partiu de um requerimento do Senador Aloizio Mercadante, líder da bancada do Partido Trabalhista (PT) no Senado Federal do Brasil e principal figura do bloco de apoio ao Governo de “Lula” da Silva. O político brasileiro, recorde-se, visitou Cantanhede em Outubro para, segundo afirmou, “conhecer a cidade onde nasceu Pedro Teixeira e tomar contacto com alguns dos elementos patrimoniais existentes em torno deste cantanhedense para a organização de uma exposição e uma homenagem”.
O requerimento de Mercadante, também subscrito por outro senadores, refere que, “com 47 canoas, 70 solados e 1200 índios flecheiros, a expedição de Pedro Teixeira partiu de Gurupá, em Outubro de 1637, enfrentou dificuldades quase intransponíveis, subiu os rios Amazonas e Negro e, inacreditavelmente, chegou até à cidade do Quito, actual capital do Equador. Na viagem de volta, a expedição de Pedro Teixeira fundou a cidade de Franciscana, “para servir de baliza aos domínios das casas de Portugal e Espanha”. Em 12 de Dezembro de 1639, mais de dois anos depois de iniciada, a expedição chegava ao seu fim no porto de Belém”.

 No documento pode ler-se que “os objectivos desse monumental esforço de exploração foram tomar posse das terras em nome do Rei de Portugal e estabelecer Belém como rota de escoamento das mercadorias que saíam do Peru para Espanha pelo Pacífico. Essa façanha hercúlea foi descrita no livro “novo Descobrimento do Grande Rio Amazonas” lançado em Madrid, em 1641. As autoridades espanholas, no entanto, mandaram imediatamente queimar todos os exemplares da obra, pois ela dava sustentáculo às reivindicações territoriais de Portugal na Amazónia ocidental, para além do que dispunha o Tratado de Tordesilhas”.

 
O texto que fundamenta a homenagem dá conta que, “devido ao seu grande feito, Pedro Teixeira foi nomeado Capitão-Mor do Grão Pará, em 1640”, e que “viria a falecer em 4 de Julho de 1641, apenas um ano e cinco meses depois de receber essa honraria. Entretanto, seu exemplo de dedicação e heroísmo ficou indelevelmente gravado na história da Amazónia e na história do Brasil. Graças a ele, Portugal pôde reivindicar exitosamente a posse de vastas terras da Amazónia. Terras que hoje estão no mapa do Brasil.

 

“Nada mais justo, portanto, que o Senado homenageie esse autêntico herói que, com seu titânico esforço, contribuiu decisivamente para engrandecer, no sentido literal, o nosso país”, conclui o requerimento.

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quinta-feira, 10 de Dezembro de 2009
Zeinal Bava marcou presença no Senado Brasileiro para a homenagem ao navegador Pedro Teixeira, que no séc. XVII descobriu a Amazónia.


Realizou-se no Senado Brasileiro uma homenagem a Pedro Teixeira, um militar e navegador que no século XVII descobriu a Amazónia e a demarcou como parte do território brasileiro e da coroa portuguesa. A PT apoiou desde o início esta homenagem contribuindo para o processo de reconhecimento nacional e internacional deste herói, até agora, desconhecido.

Zeinal Bava participou na cerimónia
de homenagem a Pedro Teixeira
 
“É com grande orgulho que a Portugal Telecom se associa à homenagem de reconhecimento a Pedro Teixeira, conhecido pelos índios como um homem bom e, sem dúvida, um nome maior da História de Portugal e do Brasil e cujo impacto nas gerações futuras é hoje mais evidente do que nunca”, afirma Zeinal Bava, CEO da PT.

No âmbito do enorme contributo da PT na preservação da história de vida de Pedro Teixeira, Zeinal Bava foi convidado a participar numa sessão do Senado Brasileiro, durante a qual se procedeu à homenagem do navegador, foi votado um projecto lei que inclui o nome de Pedro Teixeira no Livro dos Heróis da Pátria, localizado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, e discutida a futura introdução do percurso e vida de Pedro Teixeira nos manuais escolares de forma a alargar o conhecimento histórico referente à descoberta da Amazónia.

Zeinal Bava assiste à homenagem a Pedro Teixeira, em lugar de destaque, na mesa do Senado, que preside à cerimónia, juntamente com o Senador José Sarney,presidente do Senado Federal, Senador Aloizio Mercadante, líder da bancada do PT, João Moura, presidente Câmara Municipal Cantanhed, Anete Costa Ferreira, historiadora de Pedro Teixeira e General Darke Nunes de Figueiredo, chefe de estado maior do Exército brasileiro.

 
Ao contactar com a história deste herói desconhecido, a Portugal Telecom identificou-se com a coragem e empenho do navegador e decidiu apoiar o reconhecimento desta figura histórica. “Tem tudo a ver com os nossos valores, a primazia do conhecimento, a ousadia de desafiar o impossível e a atitude de abertura ao mundo e de multiculturalidade que estão no epicentro da nossa actuação onde quer que nos encontremos”, explica Zeinal Bava, presidente executivo da PT.

 
A partir deste momento a empresa disponibilizou recursos para viabilizar a recuperação da memória fragmentada do percurso do navegador, tendo para tal constituído uma equipa de investigadores e historiadores que organizou a pesquisa de um vastíssimo trabalho de recolha do acervo de informação.

Mas mais do que preservar uma história, a PT considera importante que se projecte a figura do navegador e o seu exemplo nas gerações futuras, nomeadamente nas escolas. Deste paradigma nasce o Prémio Pedro Teixeira para jovens dos 12 aos 18 anos de escolas em Portugal e no Brasil que vai incentivar e premiar trabalhos sobre esta figura histórica.

Os vencedores deste prémio, autores dos melhores trabalhos sobre Pedro Teixeira vão ter a oportunidade de conhecer um pouco mais desta história. A equipa vencedora do Brasil vem visitar Portugal, Cantanhede, onde poderá conhecer melhor os primeiros 30 anos da vida do navegador, e da equipa portuguesa vai viajar até à Amazónia, onde entenderá a grande dimensão dos seus feitos, realizados na segunda metade da sua vida.

A par do Prémio, a PT desenvolveu o site Pedro Teixeira, onde se podem encontrar os conteúdos recolhidos na fase de pesquisa, trabalhos produzidos pela comunidade científica e os trabalhos desenvolvidos no âmbito do Prémio. Este site vai permitir o acesso, em todo o mundo, à história de Pedro Teixeira.

Mais sobre Pedro Teixeira

Oriundo de Cantanhede, Coimbra, este militar português destacou-se pela luta contra os franceses, ingleses e holandeses que ameaçavam o domínio português no Baixo Amazonas, Brasil. Participou, ainda, como alferes na fundação de Belém do Pará, que abriu as portas do Rio Amazonas para os portugueses, e construiu, com o auxílio de índios tupinambás, uma estrada para ligar Belém ao Maranhão.

Mas o que deu grande vulto histórico a Pedro Teixeira foi a sua expedição pelo Amazonas. Com 47 grandes canoas, 70 soldados e 1.200 índios flecheiros, a expedição de Pedro Teixeira partiu de Gurupá, perto de Belém, em Outubro de 1637, subiu os rios Amazonas e Negro e chegou à cidade de Quito, actual capital do Equador. A 12 de Dezembro de 1639 a expedição chegava ao fim com a sua chegada ao porto de Belém.

Os objectivos desta exploração foram tomar posse das terras em nome de Portugal e estabelecer Belém como rota de escoamento das mercadorias que saíam do Peru para a Espanha pelo Pacífico. Embora na altura a Península Ibérica estivesse unida sob uma só coroa, as administrações portuguesa e espanhola funcionavam autonomamente e Pedro Teixeira fazia questão de tomar posse das terras em nome de Portugal.
Ensinam estas Quinas que aqui vês,
Que o mar com fim será grego e romano:
O mar sem fim é português
E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma
E faz a febre em mim de navegar
Só encontrará de Deus na eterna calma
O porto sempre por achar.
 

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Re: A conquista e a ocupação da Amazônia Brasileira
« Responder #8 em: Fevereiro 26, 2010, 01:54:53 pm »
PEDRO TEIXEIRA

O CONQUISTADOR DA AMAZÔNIA

 I

OUSADIAS DE PEDRO TEIXEIRA  

1.      Pedro Teixeira teve a sua vida inscrita, para sempre, no rol restrito dos grandes conquistadores da história humana e tem lugar privilegiado entre os maiores heróis  nacionais.
         O nome de Pedro Teixeira está para sempre inscrito, nos anais  da História da Grande Amazônia e do Brasil.

2.        O maior feito de sua vida foi a conquista da Amazônia para a Coroa portuguesa, ainda durante a União da Coroa Portuguesa à Espanhola, num ato que denotava rebeldia ao domínio espanhol, deixando perplexo o Governo de Quito, no atual Equador.
        O Governo do Pará organizou esta grande expedição, com  contribuições do povo e do próprio Pedro Teixeira, sem pedir auxílio, nem licença ou comunicar à Espanha, como é lógico.  
         Era uma clara declaração de liberdade e independência do Reino de Portugal, frente à Espanha.
         Pedro Teixeira seguiu a mesma rebeldia , em favor da Restauração da Independência de Portugal, tal qual fizeram os Bandeirantes de São Paulo e da Bahia. Teixeira  podia ter dito a célebre frase de Raposo Tavares aos jesuítas do Sul: “Saiam daqui. Esta terra é nossa; é do rei de Portugal” Em Tupi: “Coivê ore retama”. [Esta Terra é nossa]
         Os bandeirantes nunca se conformaram com a união das coroas, deixando claro que atuavam pela Coroa Portuguesa. Ponto.

3.        Pedro Teixeira, na viagem de volta, fez um ato simbólico de posse semelhante ao de Raposo Tavares, ao fundar, no Rio Napo, abaixo da foz do rio Aguarico, uma povoação com o nome de Franciscana, fincando aí um marco divisório, servindo de baliza aos domínios das Coroas de Castela e de Portugal. No cerimonial da fundação e demarcação de limites e fronteiras, declara o escrivão, formalmente:

“Eu, escrivão, tomei estas terras nas mãos e as dei nas mãos do Capitão-Mor (Pedro Teixeira)(...) investido da dita posse, pela Coroa de Portugal, no dito sítio e mais terras, rios, navegação e comércio (...) Se houver entre os presentes, alguém que contradiga ou embargue este ato, que o escrivão da expedição o registre”

 

         4.        Este ato, como a própria viagem, é mais uma clara manifestação do espírito de luta pela Restauração da Independência de Portugal, que a Espanha tanto temia.
            Todos os envolvidos nestes atrevimentos de conquista tiveram contas a prestar ao Rei da Espanha. O Governador Geral do Maranhão e Grão-Pará, autor moral destes feitos,  Jácomo Raimundo de Noronha, foi destituído do cargo e chamado à Espanha.
           O que salvou Pedro Teixeira foi que o governo precisava dele para enfrentar os holandeses que, com grandes forças, vinham tentando reconquistar o Norte e Nordeste do Brasil.
          Teixeira foi salvo pelo gongo, da punições da Espanha, pelo fato auspicioso da efetivação da Restauração de Portugal, separando-se da Espanha, em 1º de Dezembro  de 1640, após 60 anos de dominação.

“Os portugueses salvam a pátria do pesadíssimo e intolerável jugo Castelhano” como diz Antônio L. M. Baena, em Compêndio das Eras do Pará, no tempo do Império.

 

II

PERFIL SUMÁRIO DE PEDRO TEIXEIRA


5.      Mas, afinal, quem foi Pedro Teixeira    e o que mais fez além de sua Obra Magna,

A Conquista da Amazônia?
         Como foi a conquista da Amazônia?

Damos em seguida a resposta a estas duas questões e a outras.

 6.        Pedro Teixeira nasceu na Vila de Cantanhede, a 20 Km a Nordeste de Coimbra, Portugal, em 1587. Veio para o Brasil em 1607. De sua família sabe-se pouco.
            Foi casado com Ana da Cunha, açoreana. Sabe-se que era de físico e temperamento muito forte, talhado para a vida agreste. Sua atuação dá testemunho desta condição física e psíquica do homem.
            Pedro Teixeira comandou diversas Batalhas Navais contra os invasores estrangeiros  da Amazônia:

·        Em 1616, como alferes, Pedro Teixeira acompanhou a expedição de Caldeira Castelo Branco para fundar o Pará. Levantaram o Forte do Presépio para a defesa, que deu origem  à vila e depois cidade de Belém. Em 12.01.1616 é fundada a Igreja de N. S. de Belém.

·        Ainda em 1616, atacou e se apoderou de uma nau holandesa, destruiu-a e levou os canhões para o Pará.

·        Em 1616 com seus homens, faz a 1ª Viagem por terra de Belém a São Luis do Maranhão, em dois meses. Viagem muito penosa mas teve sucesso.

·        Em 1625 derrota e expulsa os holandeses do seu Forte no Xingu. Expulsa também os ingleses da margem esquerda do Amazonas.

·        Em 1626 sobe o rio Amazonas e o Tapajós, e faz um bom relacionamento com os índios.

·        Em 1629, com Pedro Favela, toma o Forte Torrega, no Amazonas, onde estavam aquartelados 2.000 homens. Vence os ingleses, escoceses e irlandeses que o defendiam (24.10).

·        Em 1631, com expedição comandada por Jácomo Raimundo de Noronha, ataca o novo forte em que estavam os ingleses, na outra margem do Amazonas. Destrói o forte e os ingleses são trazidos prisioneiros a Belém.

·        Em 1637, parte com destino a Quito, no então vice-reino do Peru, atual Equador. Percorreu o Amazonas, do Atlântico até às suas nascentes pelo Rio Napo. Voltou pelo mesmo caminho, fazendo a viagem de ida e volta: subida e descida.(Outubro de 1637 a Dezembro de 1639)

·        Em 1640, Pedro Teixeira foi nomeado Capitão-Mor e Governador da capitania do Pará.

·        Assume aos 22 de fevereiro. Governa até maio de 1641. Pretendia ir a Portugal, prestar contas ao rei, de seus feitos, mas não pode seguir viagem por motivos de saúde.

·        Morre em Belém, no dia 06.06.1641. Está enterrado na Catedral de Belém do Pará.

 

III

A CONQUISTA DA AMAZÔNIA

 

         1.      O maior feito da vida de Pedro Teixeira foi a grande Expedição pelo Rio Amazonas, da barra, no Atlântico, até as nascentes pelo Rio Napo, seguindo até Quito, no atual Equador. Ida e volta:

Saída de Gurupá/Cametá: 28.10.1637. Chegada a Quito: 09.1638.

Saída de Quito: 16.02.1639. Chegada a Belém: 12.12.1639.

A Expedição foi organizada por ordem do Governador da Capitania do Pará, Jácomo Raimundo de Noronha. Na viagem e em seus preparativos, Teixeira investiu parte de seus bens, “generosamente distribuídos”, como diz Berredo.

 2.        A Expedição assumiu os molde de uma Grande Bandeira. Segundo Cristovão de Acunha, a Expedição era composta de 47 canoas de grande porte, 70 soldados  portugueses, 1.200 índios remeiros e de guerra. Levaram também um Escrivão da viagem.
          Com as mulheres e meninos de serviço seriam ao todo 2.500 pessoas. (Outros falam em 2.000).
          Partiram do Grão-Pará (Gurupá/Cametá) no dia 28 de outubro de 1637, chegaram a quito em outubro de 1638. Na volta, sai de Quito em 16.02.1639. Em 16.08.1639 funda Franciscana e estabelece aí o marco divisório das Terras de Espanha e as de Portugal.
          Chega ao Pará (Gurupá/Cametá) em 12 de dezembro de 1639.
          A viagem dura, ao todo, 21 meses. Em Quito, ficou retido 04 (quatro) meses. Depois disso foi-lhe dito que voltasse depressa ao Pará para defender o território brasileiro das invasões holandesas.

 3.        Se tinham pressa, porque, retiveram toda a Bandeira, inativa, por 4 (quatro) longos meses?! Efetivamente, Pedro Teixeira e seus homens passaram grandes perigos em Quito. Nos bastidores houve sérias confabulações entre o governo de Quito, o Vice-Rei do Peru e o Governo Espanhol em Madri.
         Para equilatar o perigo que ameaçou Pedro Teixeira e seus homens, precisamos lembrar o que se passava com os portugueses, em Lima, no Peru, terrivelmente torturados, esquartejados e queimados pela Inquisição, sem clemência, nem sentimentos humanos, pelo simples motivo de serem as famílias mais ricas da cidade, despertando a cobiça dos Espanhóis.
          Isto é narrado pelo escritor peruano José Toríbio de Medina, na sua obra clássica “História del Tribunal del Santo Ofício de La Inquisicion de Lima”. As atrocidades cometidas contra gente trabalhadora, cristã, católica e indefesa é algo inaudível...
          Neste caso, quem livrou a Bandeira de Pedro Teixeira de um trágico destino, foram os holandeses invasores que era preciso expulsar do Pará, para que não subissem também o Amazonas até o Peru. (Esta, infelizmente, não é uma reflexão hipotética...)

4.        Na volta de Pedro Teixeira, o Governador de Quito, mandou homens de sua confiança para “acompanhar” a viagem de volta até Belém e relatarem pormenorizadamente toda a viagem. Foram escolhidos dois padres jesuítas, Cristóbal de Acuña e André Artieda mais dois padres Mercedários. O P. Acuña relatou a viagem na obra: “NOVO DESCOBRIMENTO DO GRANDE RIO DAS AMAZONAS” que posteriormente encaminhou às autoridades espanholas, onde há indícios de censura de alguns elementos relatados por questão de sigilo.
          Na volta, no Rio Napo, abaixo da foz do Rio Aguarico, Pedro Teixeira fundou uma povoação chamada Franciscana e aí fincou um marco divisório para fixar a os limites dos territórios de Portugal e os de Espanha, uma cerimônia formal e oficial, com ata para registrar o fato para a posteridade.
          Ao chegar de volta a Belém, Pedro Teixeira foi recebido como herói.  

5.        Na sua viagem, do Pará a Quito, subindo o rio, a bandeira de Pedro Teixeira percorreu uma distância de, aproximadamente, 8.100 Km nos cálculos do séc. XVII.
          Sem as entradas de verificação, pela foz dos grandes rios e pelas aldeias de índios, a distância corresponde a, aproximadamente, 6.700 Km. Assim sendo, a viagem de ida e volta da Bandeira de Pedro Teixeira contando entradas em rios e trilhas, foi de aproximadamente, 13.400 Km, movimentando um contingente de mais de 2.000 pessoas. Contando Belém-Quito, percurso simples de ida e volta, pelas medidas atuais, a distancia  total, ida e volta é de aproximadamente 11.500 Km.

 6.          Raposo Tavares e Pedro Teixeira

A Bandeira de Pedro Teixeira  tem grande destaque na geopolítica nacional.
        A Bandeira de Pedro Teixeira (1637-1639) complementa a grande Bandeira dos Limites, de Raposo Tavares de 1647 a 1651.

 

IV
A BANDEIRA DOS CONFINS  E
A BANDEIRA DA CONQUISTA DO AMAZONAS

 

1.        A Bandeira de Pedro Teixeira, e a de Raposo Tavares acabaram no mesmo lugar: em Gurupá/Belém. A de Pedro Teixeira, em 1639, com quase dois anos de duração; a de Raposo Tavares em 1651, com aproximadamente 4 anos de duração.
         As Bandeiras de Pedro Teixeira e a de Raposo Tavares se complementam: Raposo Tavares saiu de São Paulo, pelo Oeste, subiu ao Peru (hoje Bolívia) e desceu pelos rios Mamoré, Madeira, Solimões e Amazonas até Gurupá e Belém. Demarcou os limites do Brasil a Oeste e ao Sul do Amazonas, com as terras de Espanha.
         A Bandeira de Pedro Teixeira pôs o marco limite no alto Amazonas.
        Outros bandeirantes terminaram essa obra gigantesca que fez do Brasil um país, efetivamente gigante, continental.
          A Bandeira de Raposo Tavares foi a maior e a mais árdua de quantas expedições de descobrimentos se realizaram em todas as Américas.
         A distância percorrida de Bandeira dos Limites foi de aproximadamente 12.500 Km, sem contar a volta de Belém para São Paulo. O cálculo é de Jaime Cortesão, no livro “Raposo Tavares e a Formação Territorial do Brasil, publicado pelo MEC, Brasil, em 1958. Esta é uma obra de leitura obrigatória para quem quer conhecer e entender este período basilar da História do Brasil.  

2.        O maior dos Bandeirantes do Brasil foi Raposo Tavares, por suas conquistas/reconquistas dos territórios do Sul e Oeste (Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso) e pela extraordinária Bandeira dos Confins e por seu apoio à luta e vitórias contra os holandeses no Nordeste e Norte do país.
         O segundo maior de nossos Bandeirantes é sem dúvida, Pedro Teixeira, por sua Conquista da Amazônia e por sua luta e vitórias contra os invasores estrangeiros na Amazônia.
          Não esqueçamos que temos  ainda algumas dezenas de grande Bandeirantes dignos de destaque nacional e internacional, tais como Fernão Dias Pais, o Anhanguera, etc, etc.

 3.        Estes homens nos mostram que o Brasil é obra de gigantes: de pessoas fortes, intrépidas e competentes, capazes de arriscar a própria vida pelo seu país.
         O Brasil, com suas dimensões continentais, foi construído com  muito ideal, muita determinação,  muito sangue e muitas vidas generosamente arriscadas pela glória e grandeza da nação. Foi construído com coragem, dedicação, grandeza de caráter e muito patriotismo, para conquistar mais bem-estar para todos.
         O processo de construção do Brasil trás no seu bojo excelentes lições de vida para as atuais e para as futuras gerações. Ensina-nos que o desenvolvimento do país não se faz apenas sonhando mas essencialmente pelejando, “arregaçando as mangas” e enfrentando a luta e os obstáculos do caminho, que nunca faltam, com mente esclarecida, competente e responsável. Este país é feito de trabalho, dignidade e carinho, nos grandes momentos e na prática cotidiana.


 (In Portal dos Bandeirantes)

- Esperamos que esta informação o mais completa que se possa seja do vosso agrado. Claro que há muitos mais e gigantes exploradores, desbravadores e descobridores lusobrasileiros, nascidos na metrópole ou no Brasil na História! E todos mereciam referência!
Ensinam estas Quinas que aqui vês,
Que o mar com fim será grego e romano:
O mar sem fim é português
E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma
E faz a febre em mim de navegar
Só encontrará de Deus na eterna calma
O porto sempre por achar.