Fala-se muito dos LPD, mas o que vejo é o Exército Norte-Americano e o Espanhol a usar navios ro-ro para transportar esse tipo de material para os vários TO.
Um navio de desembarque com doca integrada, não é uma solução milagrosa e todos os países que possuem navios com esta característica precisam de outros meios de apoio. Ter um LPD operacional custa caro.
O LPD pode efetuar a missão de vários outros navios, pode transportar helicópteros, carros de combate, ambulâncias, permite operações de envolvimento vertical, desembarques em pontos não preparados, evacuação sanitária e mesmo extração de forças em praias, sem a necessidade de um porto.
O LPD pode ser substituido em cada uma dessas funções por um navio diferente, mas nenhum pode fazer o mesmo ao mesmo tempo.
E é por isso que os países que os têm querem continuar a te-los e é por isso que continuam em operação e a ser vendidos.
O facto de aparentemente todos pensarmos na capacidade de projecção de forças, ser condição para a existência de uma unidade pesada no exército, implicando que o destacamento em cenário NATO será a principal função da mesma, leva-me a pensar até que ponto será relevante uma unidade destas na defesa da integridade do território nacional.
Essa é uma discussão já quase académica que aqui referimos já vezes sem conta.
Os carros de combate (vulgo tanques) foram inicialmente adquiridos para combater uma invasão espanhola.
Os espanhoiis tinham os T-26 e os BT-5 (peça de 45mm) recuperados da guerra civil e nós não tinhamos nada.
Depois o Salazar conseguiu que os ingleses nos cedessem tanques Valentine (peça de 40mm) mas com uma blindagem tal, que os tanques espanhóis todos juntos não lhe furavam a blindagem...
O Franco foi-se queixar ao Hitler e pediu uma carrada de tanques Panzer IV. O Hitler acedeu, mas enviou apenas uma fração do que o Franco pedira.
Com o fim da guerra recebemos Sherman de transporte de pessoal, carros Sherman e também os M-47 Patton, que davam vantagem.
Depois os espanhóis entenderam-se com os americanos e ficámos assim até que a Espanha entrou na NATO.
Uma unidade pesada pode ser projetada por estrada, mas é uma complicação enorme e demora semanas. Um LPD demora dois ou três dias a chegar a um ponto do Mediterrâneo ou do Mar do Norte, ainda que seja um alvo apetecível.
A isto juntava-se a vantagem do apoio a populações civis e a tese do LPD reforçou-se depois da crise da Guiné em que enviámos o Bérrio para retirar civis, protegido por uma fragata da classe Vasco da Gama.
A questão acaba sempre na nossa intenção de fazer efetivamente parte da NATO com uma componente de combate terrestre. Somos o país que está mais longe da Russia, pelo que provavelmente seriamos muito mais úteis investindo na marinha, na sua componente de patrulha, nomeadamente capacidade anti-submarina.
Não creio que o problema hoje sejam os espanhóis. E caso houvesse uma qualquer crise maluca, pois na Espanha nunca se sabe quando é que começam a declarar independências uns dos outros, haveria sempre a possibilidade de ter unidades ligeiras, equipadas com mísseis anti-tanque, para reduzir a hipotética vantagem dos espanhóis, na remota possibilidade de algum maluco castelhano tomar o poder e se lembrar de unificar a Hispania.