Para o Afeganistão, sem carros e com armas inadequadas

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papatango

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Para o Afeganistão, sem carros e com armas inadequadas
« em: Junho 01, 2005, 11:43:54 am »
Segundo o Jornal de Noticias, Portugal, não tem preparado, o material necessário para equipar uma companhia reforçada (150 homens) para enviar para o Afeganistão, incluída numa força de paz da NATO.

Não é a primeira vez que Portugal participa em operações no exterior, no entanto, não deixa de ser curioso, a acreditar na notícia divulgada pelo Diário de Noticias, que até à última da hora, ainda se esteja à procura de alguns veículos.

É aqui que confesso a minha perplexidade.

Mas afinal, que blindados serão esses?

O Jornal de Noticias fala nos HUMVEE, mas desde quando os HUMVEE são carros blindados adequados para o tipo de conflito de baixa intensidade que existe no Iraque?
O próprio exército dos Estados Unidos, tem vindo a substituir à pressa, HUMMER's standard, por outros com alguma blindagem.

Quando enviámos uma companhia para o Iraque (no caso da Guarda Repúblicana) também tivemos que adquirir carros IVECO, no entanto, os IVECO, embora sejam blindados, são pensados para terrenos planos, e urbanos. A rede de estradas do Afeganistão é desadequada para aquele tipo de veículo. No entanto, se a espigarda SIG-43 (ver abaixo) , é pouco adequada para conflitos urbanos, isso quer dizer que não se espera que as forças vão para as montanhas.
Será impossível utilizar veículos IVECO?

De notar que Portugal tem alguns veículos HUMMER, mas que estes não têm blindagem, e por isso a sua utilização não é possível

Por outro lado, pode tratar-se apenas de um equívoco, pois o jornal, fala de veículos PANHARD, que são bastante diferentes dos HUMMER no seu conceito de utilização e características.

Fontes das Forças Armadas, referiram que “Somos bons no planeamento mas maus na execução”.

No entanto, quanto o planeamento, não é capaz de prever os problemas que ocorrem na execução, então é o planeamento ( porque não foi capaz de planear convenientemente), que falhou de uma forma clara.

MAIS, ficamos a saber que, a arma ligeira SIG-43 que equipa as forças de elite, afinal não é boa para situações de guerra, ainda mais que, o seu calibre é demasiado reduzido e inadequado para combates urbanos.

Quase que, como nota de humor, se poderia dizer que, compramos aquela arma, para as nossas forças especiais andarem a jogar Paint-Ball

Quem são os responsáveis?

A ser verdade, queremos NOMES! ! !

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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Luso

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« Responder #1 em: Junho 01, 2005, 12:21:31 pm »
PT, quem disse que a Sig é má para combate urbano?
Além disso, não será a G3 mais adequada ao TO do Afeganistão?
(Maior alcance, etc).
Um G3 nova com uma ACOG 4x seria muito interessante.

Quanto ao resto: no post que coloquei sobre o Deficit silêncios e forças armadas podemos já adivinhar que muitas coisas não andam para a frente devido aos Senhores Generais do tacho que mereciam estar diante de um pelotão de fuzilamento.
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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papatango

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« Responder #2 em: Junho 01, 2005, 12:29:35 pm »
Luso, eu não sou um conhecedor de armas ligeiras, a questão da não adequação da arma SIG-43, prende-se de facto não com a arma, mas sim com o calibre, dado se achar que, o 7.62 é mais eficiente.

Pessoalmente, sou um adepto da G-3, principalmente porque das três armas  ligeiras que me ensinaram a utilizar, sempre foi com a G-3 que me saí melhor.

Mas tenho que confessar, que a questão está demasiado silenciosa e é muito estranho - a ser verdade, não esquecer -  que tenha sido determinado um tamanho para a arma que na prática exclui as outras.

Cumprimentos
« Última modificação: Junho 01, 2005, 02:44:46 pm por papatango »
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snakeye25

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« Responder #3 em: Junho 01, 2005, 01:59:25 pm »
Uma correcção... a arma é a SiG SG 543, e não SIG-43 (erro do JN).
Um abraço,

André Carvalho
 

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papatango

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« Responder #4 em: Junho 01, 2005, 02:46:32 pm »
Quando os jornalistas até se enganam no nome da arma, e não fazem distinções, até dá medo.
Tenho que fazer um crash-course em armas ligeiras para tentar fazer uma comparação entre as várias opções, quanto mais não seja no que respeita às características básicas.

Cumprimentos
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Luso

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« Responder #5 em: Junho 01, 2005, 02:55:39 pm »
Ó PT, tirando o uso excessivo de vírgulas nos teus artigos da "Área Militar", eu a ti perdoo-te tudo! :mrgreen:

Mas creio que aquele excelente artigo serve para mostrar que a obsolescência do material militar da nação a muto deve à corrupção dos militares de alta patente e à demissão do poder político para controlar a coisa (tudo)...
Decididamente o cenário compõe-se!
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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Spectral

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« Responder #6 em: Junho 01, 2005, 05:08:02 pm »
Citar
Luso, eu não sou um conhecedor de armas ligeiras, a questão da não adequação da arma SIG-43, prende-se de facto não com a arma, mas sim com o calibre, dado se achar que, o 7.62 é mais eficiente.


Curioso, isso quer dizer que todas as outras forças da NATO no Afeganistão (e não só) têm armas com calibre "inadequado para combate urbano"...


A qualidade das notícias (e dos comentários que vêm nelas) deixa realmente muito a desejar.
I hope that you accept Nature as It is - absurd.

R.P. Feynman
 

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papatango

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« Responder #7 em: Junho 01, 2005, 06:08:30 pm »
Spectral:
Do ponto de vista táctico, eu até entendo a questão.
O calibre 5.56, para falar de uma forma um pouco mais gráfica e politicamente incorrecta, foi feito a pensar numa debilidade das tropas do pacto de Varsóvia, que era a sua logística.
Quando eu estive na tropa, já lá vão uns anos, a principal argumentação em favor do 5.56, é que este calibre, em termos de infantaria, produzia ferimentos nos russos, mas não os matava. Ora, neste caso, considerava-se que, por cada russo ferido, era necessário outro russo para o carregar (ou pelo menos, um soldado do Pacto de Varsóvia ficaria indisponível).
Portanto, o 5.56 tem, por detrás da sua escolha, razões tácticas que se prendem com a guerra fria e com a possibilidade de uma invasão do Pacto de Varsóvia.
Com um grande numero de feridos, o avanço russo, já de si, problemático por razões logísticas, num cenário onde não era garantido o domínio do ar pelo Pacto de Varsóvia, ficaria ainda mais difícil.

Ora, na guerra assimétrica, e ainda por cima, em teatro urbano, a questão logística do tratamento dos feridos, não pode ser encarada da mesma forma.
A Al-qaeda, não tem esse tipo de pruridos, e pessoas que se matam e se suicidam, não se vão preocupar com os problemas de uma cadeia logística de assistência sanitária.

Portanto, para lutar contra a Al-Qaeda, eu também preferia o 7.62, embora isso implique um acréscimo de peso. O 7.62, é mais eficiente a “mandar” um inimigo para o outro mundo, o que deve ser o objectivo neste tipo de combate. Já não há necessidade de complicar a cadeia logística do inimigo, porque ela nem sequer existe, ou se existe, não é afectada pelo problema dos feridos.

É apenas sob este prisma, que o 7.62 faz mais sentido. O 5.56, é o calibre da guerra fria.
É verdade que, a questão 5.56 / 7.62 deveria ser pensada, embora a uniformização com outras forças NATO acabe por impor o 5.56, mais por necessidade de uniformização que por vantagem efectiva.

Mas esta opinião é - naturalmente - baseada numa análise das tácticas e não numa análise técnica.

Cumprimentos
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Luso

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« Responder #8 em: Junho 01, 2005, 07:02:23 pm »
PT, uma das outras vantagens do 5.56 é o número superior de munições face ao 7.62x51, menor recuo, armas mais leves, etc.
No caso do Afeganistão, a vantagem táctica do maior calibre prende-se com a possibilidade de utilizar as características do terreno, pouco urbanizado e montanhoso (maior alcance). Aliás veja-se a reabilitação da M14...
Melhor mesmo era o 6.5 Grendel mas isso é um devaneio...
Comprem-se uns Land Cruiser e motas TT e PODERÁ ser suficiente.
Meios mais pesados certamente não terão mobilidade muito superior nem protecção suficiente que aguente um RPG HEAT baratucho chinês.
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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NBSVieiraPT

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« Responder #9 em: Junho 03, 2005, 03:07:30 pm »
Ora bem eu tb na sou nenhum especialista...
Mas acredito k a Sig-543 na é assim tao má! 9mm no sitio certo tomba qualquer um, a possibilidade de mais carregadores, menos peso e muito menos recuo...
Tb a sua cadencia de tiro não e assim nao inadequada para o conflito urbano!

Citar
A Al-qaeda, não tem esse tipo de pruridos, e pessoas que se matam e se suicidam, não se vão preocupar com os problemas de uma cadeia logística de assistência sanitária.
Erro... Muçulmano que deixe um irmão ferido em batalha ou fuja da dita cuja, tem a eternidade no Inferno à espera dele...
E eles têm mais medo do Inferno que de Deus... preferem morrer a ir para o Inferno mesmo que morrer seja necessário para tal!

Citar
“Somos bons no planeamento mas maus na execução”

Este senhor refere-se a por em prática o planeado ou mesmo a execução da missão pelas unidades efectivas?

E isso de não ter veículos é msm uma palhaçada à tuga!!!
Que tal os nossos Panhard? Com MG do melhor calibre que há!!! Tem pouca blindagem mas cm os russos comprovaram e bem com os BMP e os T55 a blindagem não interessa muito, interessa é mobilidade...
Estilo no Afeganistão para quem não sabe existem muitas montanhas e muitos trilhos onde um tanque ou algo muito pesado não passa...
Perguntem aos russos se os UAZ não lhes safaram a vida muitas vezes!

Mas pelo que ouvi dizer pelos comandos amigos meus, um conhecido meu vai para lá, ele disse que ia conduzir uma IVECO... mas tb podia ter sido informado mal!

Bem fiquem bem
BV
 

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Ricardo Nunes

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« Responder #10 em: Junho 03, 2005, 04:54:17 pm »
Citar
“Somos bons no planeamento mas maus na execução”


Devo confessar que tenho a opinião exactamente contrária.

Somos excelentes na execução ( entenda-se, improvisação e desenrascanço ) e somos péssimos no planeamento de uma missão. Em termos de organização é sempre feito tudo à última na hora, mas o soldado no terreno acaba sempre por cumprir a sua missão com muita eficiência, face aos meios que possui.
Ricardo Nunes
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NBSVieiraPT

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« Responder #11 em: Junho 03, 2005, 06:43:30 pm »
Tb sou dessa opinião!

Não é por nada que o soldado português é conhecido pela sua capacidade de adaptação e improviso!

 :D fiquem bem
BV
 

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TazMonster

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« Responder #12 em: Junho 03, 2005, 07:00:19 pm »
Enfim...
As velhas máximas que não se ensinam num curso de estado-maior...
"Para que planear, se me posso desenrascar" ou
"Para que planear, se posso coordenar"
Taz
 

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papatango

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« Responder #13 em: Junho 03, 2005, 10:14:56 pm »
Toda esta história é esquisita e estranha.
Eu não sei para onde vão as tropas, mas quando se fala em "Blindados" está-se a falar de veículos blindados para resistir a disparos de armas leves. Nunca se poderia estar a falar de RPG's.

Portanto, quer os IVECO, quer os PANHARD são utilizáveis, embora reconheça não sejam a melhor solução. Os IVECO não têm condições para andar fora de estrada e os Panhard são veículos muito pequenos, e pensados para missões especificas.

Isto de andar a comprar uma quarta de carros de combate e meia quarta de espingardas de cada vez, é absolutamente ridículo.

Cumprimentos
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typhonman

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« Responder #14 em: Junho 04, 2005, 10:49:22 pm »
Isto não passa de uma palhaçada!

Ir de G3 para o Afeganistão.. Secalhar tras vantagens em termos de alcance.. Mas em termos de logistica é pior..

Quanto aos blindados.. vamos ser as ovelhas negras.. Porque nao utilizar os M113?

AInda em relação as armas a GNR ofereceu as G36..

Aonde existem problemas é nas armas anti-carro.. os  Milan n podem ser colocados nos humvee.. Acho que vamos ter de levar os Carl Gustaff..

Se houvesse ja os PANDUR.. os SPIKE as Novas armas individuais.. os NVG...

So miséria... :roll: