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Forças Armadas e Sistemas de Armas => Armadas/Sistemas de Armas => Tópico iniciado por: JNSA em Fevereiro 06, 2004, 07:49:37 pm
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Este é um daqueles tópicos bastante irrealistas, mas que às vezes trazem conclusões interessantes.
O que vos peço é que construam a futura Marinha Europeia, não em função das realidades orçamentais e das disponibilidades económicas, mas sim tendo em conta as necessidades da UE e usando como limite de navios uma proporção com os EUA.
Este cenário passa-se entre 2007/2014 e parte dos seguintes pressupostos:
- na UE, para além dos actuais 15 países e dos outros 10 que vão aderir, estão também a Roménia, a Bulgária e a Turquia (os 3 países que são actualmente candidatos a candidatos :shock: ) - estes números estão arredondados por cima; usei as designações americanas para evitar confusões.
Eu sei que este não é um grande critério, porque o que realmente importa é o $$, mas serve como indicador para o máximo dos máximos... :D )
Divirtam-se
Abraços
JNSA
P.S.
Se tiver paciência, vou fazer os mesmos cálculos para o equipamento do exército e da força aérea, e abro depois um tópico semelhante 8)
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Já agora, para manter isto mais simples, podem simplesmente ignorar os NPO's e outros navios ou lanchas de patrulha, bem como navios para estudos oceanográficos e de combate à poluição...
Ou então podem apenas indicar a classe dos navios
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Hum, muito interessante. :shock:
- Os navios de funções semelhantes que acabaram de entrar ao serviço mantêm-se (ou seja para funções AAW teríamos as type45, LCF, F100, F123, o que é demasiados tipos de navio para a mesma função)
-Existência de vontade real e dinheiro de apostar numa política de defesa comum
-Aparecimento de uma ameaça séria no futuro (china?) de modo a justificar o aumento das marinhas ( para trazer a soma a um nível mais próximo dos EUA)
- Sempre que existirem 2 produtos ( 1 americano e o outro europeu) em concorrência de características e desempenhos semelhantes, escolhi o europeu
Vou basear-me me navios já existente, modificados ou não, e alguns projectos futuros (como o FSC inglês)
-A frota que vou propor ainda fica um pouco longe das capacidades enunciadas pelo JNSA ( aqueles números deixam qualquer um de boca aberta :D ) dupliquem os números propostos.
1- Porta-Aviões
O verdadeiro poder de ataque de qualquer marinha com ambições razoáveis. De momento existem 1 espanhol, 1 italiano, 3 ingleses ( todos para Harrier) e 1 francês com Rafale. Aqui existe uma certa vantagem porque quase todos estes navios serão retirados num prazo mais ou menos curto ( só o Charles de Gaulle e talvez o Príncipe das Astúrias se irão manter por bastante tempo)
A minha proposta baseia-se em 2 tipos de porta-aviões: um de frota e outro ligeiro.
O de frota será basicamente o CVF britânico, na sua versão maior e melhor equipada ( os ingleses não irão escolher esta devido aos custos).
http://www.naval-technology.com/projects/cvf/index.html
A propulsão nuclear apenas se justificará se forem usados reactores suficientemente potentes, de modo a não ocorrerem os mesmos problemas do Charles de Gaulle.
Terá aproximadamente 65000ton e poderá embarcar cerca de 50 aparelhos, com uma configuração CTOL, sistema de radares SAAMS ( o equivalente francês ao PAAMS inglês, embora menos capaz), mísseis Aster 15 e CIWS Bofors Trinity ou Millenium Gun da Oerlikon. A nível de aparelhos prefiro os Rafale M (embora o F35C fosse uma boa escolha), com as alterações para serem capazes de transportar todo o tipo de equipamento europeu ( Meteor, IRIS-T, ...). Para AEW&C a única opção de momento é o E2 Hawkeye, e para ASW teríamos os Merlin.
Quanto aos números, o Reino Unido construiria 3, a França 1 ( o Charles de Gaulle continuaria operacional) e a Holanda em conjunto com a Alemanha outro. 6 destes bichos já dariam uma capacidade imponente. :D )
Outra hipótese em alternativa seria construir mais 2/3 dos CVFs e esquecer estes porta-aviões pequenos.
Noutro post continuarei a descrição da "minha" frota. Por agora agradecia todo e qualquer tipo de comentários...
cumptos
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Li um boato algures que o Charles de Gaulle ia ser... abatido ao serviço!!!
Creio que os custos de manutenção e os problemas mecânicos que subsistem são proibitivos. Pensa-se mesmo que construir outro Porta-Aviões mais ou menos semelhante ao britânico o que premitiria reduzir os custos para ambos os países...
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http://www.sistemasdearmas.hpg.ig.com.br/notjan04.html (http://www.sistemasdearmas.hpg.ig.com.br/notjan04.html)
Ou seja ainda não há certeza que o CdG irá ser abatido...
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caro Luso, os boatos que o Charles de Gaulle ia ser abatido começaram com um artigo completamente disparatado no StrategyPage.com.
Aí as pessoas por detrás desse site ( americanos) insutavam de todas as maneiras possíveis o CdG, desde que era lento e mal construído, a que emitia níveis de radiação demasiado elevados (esta é simples: durante a construção do navio as normas europeias sobre radiações foram alteradas, e foi necessário adicionar mais placas protectoras- mais nada!, nunca houve qualquer problema com radiações a bordo) . Invenções.
[uma refutação completa desse artigo encontra-se nos boards do warships1 ]
EDIT: aqui está a tal thread http://pub165.ezboard.com/fwarships1discussionboardsfrm9.showMessage?topicID=792.topic
Apesar de todos os problemas REAIS do CdG ( principalmente uma velocidade,importante no lançamento de aviões, muito baixa devido aos fracos reactores instalados) este será mantido ao serviço durante muito tempo, fazendo par no futuro com o próximo porta-aviões, que pelos vistos será baseado no CVF britânico.
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Abater ao serviço o CdG seria um escândalo!
Uma tal decisão seria muito de estranhar a menos que as falhas fossem catastróficas e certamente já se teria dado por isso.
Obrigado pela correcção Spectral!
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Spectral, gostei da sua proposta :wink: 8) )
Quanto aos CdG, os boatos sobre eles (ou pelo menos a maioria deles) não passaram de propaganda anti-francesa - especialmente a que se referia aos escudos anti-radiação para os reactores (afinal os franceses não são propriamente amadores nesta aérea )
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...continuando...
2- Cruzadores
Os cruzadores que proponho para esta frota conjunta, não serão da mesma classe que os Ticonderoga, mas mais parecidos com os cruzadores de antigamente. Serão navios grandes ( >10000ton) com excelentes capacidades de operar independentemente ( um vls c/ ~64 posições) tanto em missões AAW, ASW, ASuW e "land attack", com ainda uma capacidade de transportar +- 1 companhia de fuzileiros navais, e plataforma/hangar para 2 (no mínimo ) Merlins.
A sua função será a dos cruzadores pré-míssil : serão a presença da UE em partes distantes do mundo, capazes de projectar rapidamente força suficiente nessas paragens. Por isso passarão maioritariamente a maior parte das suas operações fora do Atlântico Norte/ Mediterrãneo. devio necessidade de serem capazes de patrulhar estas grandes áreas, precisarão de ter um grande velocidade sustentada ( ~30 nós) e grande alcance. Isto apenas será atingido usando um casco trimarã, como as experiências inglesas mostram.
Aliás,o que acima fiz foi expor acima as especificações do FSC ( future surface combatant) da Royal Navy :D )
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...finalizando...
4-Fragatas
As fragatas continuariam a cumprir as suas missões ASW e de emprego genérico, embora acrescentando a missão de lançamento de mísseis de cruzeiro ( Tactical Tomahawk ou Scalp EG ). De momento alguns países têm vasos modernos para ASW ( as Meko, as Karel Dorman, acima de tudo as T23), mas outros não têm, casos da França e Itália. Estes países encomendaram 27 navios da classe FREMM (5000-6000tons), de que ainda se conhecem poucos promenores, mas que virão numa versão ASW e noutra de "land-attack". A diferença será que as ASW virão equipadas com um sonar rebocado.
Aumentando o tamanho desta frota ( + 10-15 unidades), obtere-se-ia uma boa capacidade de lançamento de mísseis de cruzeiro e de ASW.
O outro vector para as fragatas seria o projecto MEKO-D ( C/ 20 unidades talvez). Sendo uma fragata mais pequena ( cerca de 3500 ton. ), que estaria mais virada para combater no litoral, embora mantendo uma boa capacidade no mar alto. Items essenciais seriam sonares adequados a meios costeiros, e meios de detecção de minas. Além disso o navio deveria ter capacidade de transportar uma capacidade razoável de fuzilieiros ( até 100)
Quanto a armamento, para a FREMM qq coisa como 1*127mm,2* Millenium Gun, 8 NSM, 40 VLS para Scalp/Aster 15,torps, 2*NH-90ASW. Para a MEKO-D, seria semelhante embora com menor número de VLSs.
Estas fragatas, mais as actuais modernizadas, dariam boa conta do serviço durante os próximos 15-20 anos. Depois disso seria necessário ver o que sai do projecto americano DDX e semelhantes com todas as inovações que prometem introduzir...
http://www.ttu-international.com/pdf/FregateA.pdf
http://www.dcn.fr/us/produits/fregate.html
http://212.72.173.53/media/0e887f099495b2844e25dfaf7813956c.pdf
4-Submarinos
Mais uma vez, apostaria numa concentração de projectos, de modo a obter-se uma economia de recursos.
Assim seria bom que a Europa se concentrasse em 2 classes complentares: SSNs ( nucleares) da classe Astute (ainda não entraram ao serviço na RN), que serão os mais avançados do mundo a seguir aos da USN; e SSKs U-214 alemães que complementariam as operações dos 1os em águas territoriais. Quanto a números, não faço ideia de qual será a soma actual, mas se substituíssemos todos estes por vasos destes 2 tipos teríamos umas capacidades bastante interessantes.
http://www.naval-technology.com/projects/astute/index.html
http://www.naval-technology.com/projects/type_212/index.html
5-Conclusão
Esta pequena brincadeira :twisted:
Claro que fiz isto tudo, sem ter em conta, "pormenores" como a integração política, ou um comando unificado, aspectos que são necessários clarificar antes que seja possível à UE evoluir por um caminho destes.
cumptos
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Não é a futura marinha europeia, mas é uma foto de um "comboio" naval europeu
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fwww.afsouth.nato.int%2Foperations%2FEndeavour%2F10354.JPG&hash=1c58fbda8314be3ad6ceda977a13364e)
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excelente foto Dremanu!
e que tal indentificarmos os navios? 8)
A nossa VdG destaca-se bem ( aquele verde destoa ali no conjunto !), à sua direita estão 2 OHPs (talvez espanholas), atrás delas uma Standard ( grega ?). À esquerda do navio abastecedor está uma T22 inglesa, uma Jacob van Herch... ( ou lá como se escreve, das que nós queríamos, mas ñao tenho bem a certeza) e dps um Arleigh Burke. A última delas todas é uma T42 inglesa.
Qto ao resto...
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Creio que o futuro da marinha europeia depende fundametalmente de dois factores:
1ª A constituição de uma efectiva e real política externa e de defesa comum.
Ora isso é inatingível já que os dois maiores países que poderiam contribuir para isso são a Inglaterra e a França, que têm visões e interesses geoestratégicos opostos.
E um futuro exérctito (ou marinha) europeia sem Inglaterra seria amputado da principal potência marítima europeia.
Em qualquer caso isso depende dos futuros governos em Downinng Street.
2º Da relação entre a Europa e a NATO, e se será efectivo o pilar europeu da Aliança.
Ora, independentemente desses aspectos mais políticos e da responsabilidade dos governos, considero o seguinte:
A futura marinha europeia deve, tal como a dos EUA ter capacidade de projecção de forças para qualquer teatro de operações, seja no Atlântico, no Mediterrâneo ou no Índico.
Hoje em dia o que é notável no poder miltiar americano não é só a quantidade e qualidade do seu material militar, mas sobretudo a capacidade própria para o colocar em qualquer parte do mundo (projecção de forças e mobilidade - as palavras chave do poderio militar moderno)
Para isso porta-aviões, reabastecedores e navios de transporte de tropas e materiaris são indispensavéis para complementar os contratorpedeiros e fragatas.
Claro que esta força deveria ser complementada com meios aéreos para que num momento em que se decidisse avançar para determinado teatro longe da Europa, e quando a força marítima lá chegasse, já, através de meios aéreos poderiam estar instaladas infra-estrturutras de apoio e segurança.
Portanto falar de marinha europeia sem mais nada é pouco.
Creio que no total a marinha europeua necessitaria de ter pelo menos 4 porta-aviões de grande porte, de preferência a propulsão nuclear (não que se querira competir com os americanos da classe Nimitz) mas também não convém ficar muito atrás, com respectivas esquadras de aviões, pelo menos 12 contra-torpedeiros e/ou cruzadores, um conjunto de 35 fragatas, e respectivos meios aéreos de apoio, e uma força submarina de 30 aparelhos, se possível a propulsão nuclear, para que a sua autonomia fosse maior.
Quanto às especificações sobre o tipo de aparelhos, e defesas anti-aéreas desses vazos deixo a quem perceba mais do que eu.
Os grandes motores dessa marinha europea deveriam ser a Inglaterra, França, Alemanha, Itália e Espanha, mas como preconizei em artigos expostos nestes foruns, Portugal não deveria deixar ficar-se para trás já que tem interesses específicos a defender.
À Europa e Portugal, de um ponto de vista de médio e longo prazo (25 anos) cabe desenvolver capacidades militares próprias, não necessáriamnete numa perspectiva de "divórcio" em relação aos EUA, mas como meio de assegurar e reforçar o pilar europeu da Aliança.
Mas como disse no início, para isso, seria necessário que houvesse uma efectiva política externa e de defesa comum que justificasse tal investimento.
Ora como se viu no Iraque, esse caminho ainda está longo.