ANUNCIO REQUIEM DO CENTENARIO DO REGICIDIO

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papatango

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« Responder #150 em: Fevereiro 12, 2008, 02:20:49 am »
O problema é o seguinte:

Que lei vai ser aplicada ?
Quem são ou quem serão os juízes ?

Se não se aplicar a lei actual aplica-se qual ?

Se se aplica uma lei de excepção, então é a mesma coisa que dizer que se implanta a anarquia.

Começamos por querer implantar uma monarquia e concluímos que para o fazer é primeiro preciso implantar a anarquia...

Bom, mas isso não foi o que o Alvaro Cunhal quis fazer durante o «Verão Quente» de 1975?

Não deveríamos nós estar vacinados contra este tipo de anarquias induzidas ?


Não podemos cometer o mesmo erro que se cometeu em 1908 e achar que o problema estava na forma de governo.

O sistema como está tem virtudes. Ele poderia chamar-se quase de monarquia electiva não hereditária, porque na prática desde 1976 que temos presidente durante 10 anos. Muitos dos nossos monarcas governaram menos tempo que isso.
Qual é a diferença entre os actuais presidentes e os reis?
É porque custam mais dinheiro que temos os problemas que temos?

O problema é da sociedade. E no inicio da escala está o sistema judicial corrompido que temos.
O problema é que não permitimos que o sistema que temos funcione, porque parte dos seus agentes  o abastardaram.

Mas esses agentes abastardaram o regime saído da constituição de 1976 como o fariam se o regime de um momento para o outro fosse monárquico.

O problema está na sociedade, e  no facto de os portugueses acharem que quem é honesto é estúpido. Instalou-se a ideia de que todos são corruptos, todos se compram e todos se vendem e que quem não se deixa vender não passa de um papalvo de quem toda a gente se ri.

Em certas áreas urbanas quando vou a conduzir a 50km (limite máximo) volta e meia aparece um papalvo de um Zé Esperto que apita e me chama azelha por não andar mais depressa.
Acham que o Zé Esperto é republicano ou monárquico ?

Acham que se o país virar uma monarquia, o Zé Esperto passa a entender que o problema é ele e não eu, que me limitei a cumprir a Lei, mesmo tendo um carro mais potente?

Não devemos cometer os mesmos erros do passado e correr para a frente de olhos fechados, não olhando para uma das grandes vantagens que temos, uma grande memória histórica, que nos permite comparar a situação actual com casos do passado.

A monarquia até pode funcionar no futuro. Mas não funcionará enquanto o Zé esperto continuar a chamar estúpidos àqueles que se limitam a cumprir a Lei.

O problema está na mentalidade dos cidadãos, não no sistema

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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Duarte

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« Responder #151 em: Fevereiro 12, 2008, 05:15:45 am »
Citação de: "papatango"
O problema é o seguinte:

Que lei vai ser aplicada ?
Quem são ou quem serão os juízes ?

Se não se aplicar a lei actual aplica-se qual ?

Se se aplica uma lei de excepção, então é a mesma coisa que dizer que se implanta a anarquia.

Começamos por querer implantar uma monarquia e concluímos que para o fazer é primeiro preciso implantar a anarquia...

Bom, mas isso não foi o que o Alvaro Cunhal quis fazer durante o «Verão Quente» de 1975?

Não deveríamos nós estar vacinados contra este tipo de anarquias induzidas ?


Não podemos cometer o mesmo erro que se cometeu em 1908 e achar que o problema estava na forma de governo.

O sistema como está tem virtudes. Ele poderia chamar-se quase de monarquia electiva não hereditária, porque na prática desde 1976 que temos presidente durante 10 anos. Muitos dos nossos monarcas governaram menos tempo que isso.
Qual é a diferença entre os actuais presidentes e os reis?
É porque custam mais dinheiro que temos os problemas que temos?

O problema é da sociedade. E no inicio da escala está o sistema judicial corrompido que temos.
O problema é que não permitimos que o sistema que temos funcione, porque parte dos seus agentes  o abastardaram.

Mas esses agentes abastardaram o regime saído da constituição de 1976 como o fariam se o regime de um momento para o outro fosse monárquico.

O problema está na sociedade, e  no facto de os portugueses acharem que quem é honesto é estúpido. Instalou-se a ideia de que todos são corruptos, todos se compram e todos se vendem e que quem não se deixa vender não passa de um papalvo de quem toda a gente se ri.

Em certas áreas urbanas quando vou a conduzir a 50km (limite máximo) volta e meia aparece um papalvo de um Zé Esperto que apita e me chama azelha por não andar mais depressa.
Acham que o Zé Esperto é republicano ou monárquico ?

Acham que se o país virar uma monarquia, o Zé Esperto passa a entender que o problema é ele e não eu, que me limitei a cumprir a Lei, mesmo tendo um carro mais potente?

Não devemos cometer os mesmos erros do passado e correr para a frente de olhos fechados, não olhando para uma das grandes vantagens que temos, uma grande memória histórica, que nos permite comparar a situação actual com casos do passado.

A monarquia até pode funcionar no futuro. Mas não funcionará enquanto o Zé esperto continuar a chamar estúpidos àqueles que se limitam a cumprir a Lei.

O problema está na mentalidade dos cidadãos, não no sistema

Cumprimentos


Tanto péssimismo! :mrgreen:

Mas a sério, ninguém está a propor anarquia, nem leis de excepção.

O monarca é acima de tudo um exemplo a seguir, uma pessoa acima de espertalhices politico-partidárias, que põe o bem-estar do povo acima de tudo. E de facto é preciso mudar as mentalidades. O derrotismo, a incapacidade de agir efectivamente que é a praga de sucessivos governos, a indiferença que infelizmente alastra por este país, e motivar as pessoas para uma mudança sem violência, sem anarquia, sem apontar dedos, sem revoluções nem golpes militares.

Qual é a legitimade da república? Imposta pela força das armas, por um partido que na altura detinha 7% do parlamento? Um regime que tem por base o regicídio, o assasinato poliítico? Qual o plebiscito em que o povo Português decidiu, de forma livre e democrática, abolir a monarquia liberal e constitucional? Quando é que o povo Portugês escolheu despojar-se da sua identidade nacional secular e da sua história?


As leis que existem, ou não são aplicadas, ou são aplicadas de uma forma desonesta e parcial. A lei é para ser cumprida por todos. As penas para muitos crimes deveriam ser maiores, e o processo judicial deveria ser melhor e mais eficaz.

Ninguém tem as respostas todas, para a totalidade dos problemas, mas é preciso começar por algum lado.

Podemos muito bem manter aquilo que funciona do actual sistema, e melhorá-lo. Falta ao cargo de PR um respeito, uma imparcialidade, que um monarco teria. A presidência da república tornou-se num tacho desnecessário. Não tanto por vontade de quem exerce o cargo, mas pelos limites do sistema semi-presidencial que temos.

Terá que haver um maior eqilíbrio entre os poderes dos cargos do estado.
Não me cabe a mim decidí-lo, mas o que temos de bom mantem-se e aperfeicoa-se, e o que está mal, corrige-se.

O maior problema de Portugal é que se tornou num país de pedintes insatisfeitos. Sempre `a espera de uma esmola. Uma esmola da Europa, do estado, de mais um empréstimo, uma pensão, um subsídio, um tacho, etc.. A riqueza cria-se pela iniciativa privada e pelo trabalho, não vem do estado.

A monarquia não curará todos os males do país, mas é uma opção que deverá receber consideração séria, sem preconceitos nem histerismos extremistas. Há de facto lições a tirar da nossa história. Não repetir os mesmos erros do passado. Não precisamos de anarquia, nem golpes militares, nem autoritarismo, nem de mais pluto-cleptocracias.
Há muitos aperfeicoamentos que podemos fazer ao sistema de monarquia constitucional. O monarca terá de jurar manter a constituição.
Não interferir na actuação do governo, ou do parlamento, excepto em casos de emergência, e terá poderes limitados nesta área.


Uma monarquia constitucional tem como grandes vantagens a imparcialidade do monarca, a continuidade e estabilidade do cargo de chefe de estado e a manutençãoo da tradicão hsitórica secular; será uma força moral e exemplo para todos, colocando o bem-estar de todos e do país acima  das banalidades politico-partidárias, um garante da soberania e unidade nacionais e da constituição, um árbitro que vigia a actuação do governo e do parlamento, pronto a intervir em caso de abuso ou incompetência, detendo o poder de demitir o governo e disolver o parlamento, invocando novas eleições.

Como comandante-chefe das forças armadas, garante a estabilidade e obediência destas `a constituição. Terá funcões ceremoniais e de representacão do país no mundo.


Podemos construir algo melhor. Haja vontade... :D
слава Україна!

“Putin’s failing Ukraine invasion proves Russia is no superpower"

The Only Good Fascist Is a Dead Fascist
 

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papatango

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« Responder #152 em: Fevereiro 12, 2008, 02:35:46 pm »
Citar
Terá que haver um maior equilíbrio entre os poderes dos cargos do estado.
Não me cabe a mim decidi-lo, mas o que temos de bom mantém-se e aperfeiçoa-se, e o que está mal, corrige-se.
Mas os problemas que coloca (neste parágrafo e nos restantes) podem ser resolvidos por varios meios, nenhum dos quais passa paela implantação de uma outra forma de governo.

Temos problemas nas bases. O problema está na sociedade e nas pessoas.
Não podemos querer modificar a sociedade sem alterar as bases.
A mudança da cúpula não altera nada sem que as fundações em que assenta um regime não se alterem.

Isso faz-se com a moralização da sociedade e aumentando o nível de educação.

Só então, quando grande parte da população for suficientemente capaz de entender os problemas e puder evitar cair nas mão de populistas interesseiros, poderá um sistema monárquico ser implantado.

O sistema dual que presentemente temos não foi inventado por imbecis que não tinham o que fazer.
O sistema em que o presidente é um interventor secundário mas onde pode funcionar como «escape» foi pensado exactamente porque a análise da história mostrou que foi aí que a monarquia parlamentarista falhou.
Falhou a monarquia parlamentarista como falhou o sistema presidencialista.

Ambos acabaram com o assassínio do Rei e do Presidente. Curiosamente a poucos metros de distância um do outro. Um no Terreiro do Paço e o outro no Rossio.

Tem que haver um segundo poder que funcione como mola de segurança do sistema, mas esse segundo poder não pode ficar refém da monarquia hereditária.
Esse segundo poder tem que ter a legitimidade para agir quando é realmente necessário. Esse segundo poder, tem portanto que ser eleito.

Se a cada dez anos coroássemos o presidente e lhe atribuíssemos o título de rei (D. Cavaco I) qual seria a diferença da actual república para uma monarquia constitucional electiva não hereditária ?

Não devemos perder tempo com cosmética, porque o problema não está na pele, está no cérebro. E sem mudar a mentalidade das pessoas, não se pode fazer nada.

O que devemos fazer é tentar aplicar as mudanças e reforças independentemente de quem está num palácio presidencial ou real.

De cortes radicais, já nós estamos fartos. As revoluções colocam no poder um grupo diferente de pessoas, mas o português é por natureza adaptável. Pina Moura era comunista soviético, passou a capitalista gestor neo-liberal, amanhã passará a monárquico convicto, com título e tudo.

Mas não é o Pina Moura que deve ser exterminado.

São os cidadãos que têm que entender que essa gente não tem moral, nem vergonha. São os cidadãos que devem devem criticar essa gente.

Quantas pessoas já retiraram as suas contas do Totta e Açores ?
Quantas pessoas já decidiram não comprar gasolina na Repsol ?
Quantas pessoas removeram a TVI da programação das suas TV's ?

Não adianta ter um rei em vez de um presidente. Tudo ficaria na mesma, e o povo ficaria com a impressão de que tinha mudado alguma coisa.

Mas ficaria com essa impressão durante um ou dois anos, alguns talvez ficassem iludidos por mais alguns. Mas no final, a credibilidade de um regime alterado por via cosmética acabaria por cair no chão.

Já foi assim no passado. E para esse peditório estamos todos fartos de dar...


Cumprimentos
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« Responder #153 em: Fevereiro 12, 2008, 03:04:12 pm »
A mudança terá de vir de baixo

"lá em cima" eles adaptam-se, como camaleões
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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Lusitanus

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« Responder #154 em: Fevereiro 12, 2008, 04:20:31 pm »
Para muitos que dizem que a mudança de regime não trará mudanças,estão muito enganados,uma mudança de regime trás sempre mudanças na mentalidade da população,como é obvio não será um impacto imediato,mas passado uns anos.

E é isto que precisamos de uma mudança de regime,principalmente um regime mais respeitado e serio  - Monarquia,porque é a que possui alguém capaz de lidar com partidos sem qualquer influencia "clubistica" dos mesmos.

Para muitos que falam que será democratico o povo escolher um PR,digo que para um país que tem um "zé-ninguém" escolhido pelo povo para comandar um país,veja-se o que sucedeu.Uma população que só se interessa em futebol e novelas e que tem uma taxa de analfabetismo ainda grande comparado com o resto da Europa nunca mas nunca tem capacidades de decidir quem comanda o país,veja se os resultados de abstenção,e de ser sempre os mesmos partidos a estarem no poder.
As pessoas muitas vezes (isto acontece nas autarquicas) votam por aquele que é mais bonito,ou que é amigo,ou que oferece brindes,mesmo não tendo apresentado projectos ou possuindo capacidade de gerir um municipio.

Um Rei exige resultados a um governo independentemente da cor politica e sem joguinhos de interesse,um PR exige teoricamente mas nunca na práctica depende da cor politica do governo,sim porque o que aconteceu com Jorge Sampaio,não acredito que dissolveria o governo de Santana Lopes se este fosse rosa,porque desencadearia um conflito no partido,e lá se iam os lugares de empresas prontos por ser ocupados quando sair do cargo.
"Cumpriu-se o mar e o império se desfez
Senhor, falta cumprir-se Portugal"
 

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Jorge Pereira

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« Responder #155 em: Fevereiro 14, 2008, 01:13:42 pm »
Citar
Cem anos depois


Por outras palavras, Manuel António Pina

"Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não discriminando já o bem do mal, sem palavra, sem vergonha, sem carácter (...). Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo (…). Dois partidos (...) sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes (...), análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se amalgamando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no Parlamento, de não caberem todos de uma vez na mesma sala de jantar (...)". Isto foi escrito há 100 anos por Guerra Junqueiro, estrebuchava a Monarquia (que, a pretexto do regicídio, alguns patuscos de "blaser" e emblema da Causa Monárquica na lapela nos têm recentemente tentado vender como um eldorado perdido) nos últimos estertores. Porque o chapéu assenta singularmente no clima social e político finissecular que de novo vivemos, "Pátria" deve ser hoje o livro mais citado na blogosfera portuguesa, onde, expulsa dos media tradicionais, se exila grande parte da massa crítica que, entre nós, ainda mexe. É um sinal, o sintoma de uma doença. Até generais já andam por aí a assumir-se publicamente como "reservas morais" da nação. Quando a "reserva moral" já está na tropa, há boas razões de sobressalto cívico.
Um dos primeiros erros do mundo moderno é presumir, profunda e tacitamente, que as coisas passadas se tornaram impossíveis.

Gilbert Chesterton, in 'O Que Há de Errado com o Mundo'






Cumprimentos
 

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Luso

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« Responder #156 em: Fevereiro 14, 2008, 02:26:13 pm »
Citação de: "Jorge Pereira"
Citar
Cem anos depois
Isto foi escrito há 100 anos por Guerra Junqueiro, estrebuchava a Monarquia (que, a pretexto do regicídio, alguns patuscos de "blaser" e emblema da Causa Monárquica na lapela nos têm recentemente tentado vender como um eldorado perdido) nos últimos estertores.


Este patusco saúda a coragem de D. Carlos em querer acabar com o pântano em que se caiu. O mal não é da monarquia mas do parlamento eleito.

É o elemento fundamental que une os dois momentos decadentes, com a diferença de um chefe de estado poder servir de mediador entre o poder político e o povo.

- Ande lá, Sr. Presidente! Mostre para o que serve.

Já agora este patusco também concorda com quase todo o texto. :wink:
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PereiraMarques

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« Responder #157 em: Fevereiro 14, 2008, 02:45:18 pm »
A título de curiosidade e voltando ainda à questão das bandeiras, Guerra Junqueiro terá sido o principal defensor da manutenção da bandeira azul-branca.




Aliás é ele que aparece nesta gravura que, erradamente, é frequentemente apresentada, inclusive em livros de História do Ensino Básico/Secundário, como representativa do conflito entre Monárquia e República.

 

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« Responder #158 em: Fevereiro 14, 2008, 03:31:17 pm »
Citação de: "Luso"
- Ande lá, Sr. Presidente! Mostre para o que serve.


D. Cavaco I está mais preocupado com roteiros gastronómicos e em não incomodar a alma gémea, o sr. pinto de sousa :roll:
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Lusitanus

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« Responder #159 em: Fevereiro 15, 2008, 10:22:38 am »
Citação de: "PereiraMarques"
A título de curiosidade e voltando ainda à questão das bandeiras, Guerra Junqueiro terá sido o principal defensor da manutenção da bandeira azul-branca.




Aliás é ele que aparece nesta gravura que, erradamente, é frequentemente apresentada, inclusive em livros de História do Ensino Básico/Secundário, como representativa do conflito entre Monárquia e República.



Então mas nessa caricatura o de barbas não é o Buiça?? :lol:
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Luso

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« Responder #160 em: Fevereiro 21, 2008, 07:04:53 pm »
Umas boas e recentes linhas acerca da "Geração de 70", já que mencionaram Junqueiro...
Já agora, gostava que o nosso mais insigne historiador nos brindásse com uma palavras.

 
A maldita geração de 70

Foi a nossa perdição. Nasceu sob o signo da provocação e irreverência juvenis, não soube envelhecer e foi-se convertendo em conservadorismo arrogante e coquete, despedaçando sem piedade, uma a uma, todas aquelas pequenas e grandes certezas que fazem o amor-próprio de uma nação. Nada poupou, mas não soube olhar-se ao espelho. Inventou a tese da decadência, levou a extremos a importância [duvidosa] da Inquisição e dos Cristãos Novos na história portuguesa moderna, inventou a tese da corruptibilidade das elites tradicionais, flagelou sem dó a Casa Real - liberal, amiga das letras e das artes - e chegou a extremos de anti-patriotismo, chegando a supor que a expansão (e a miscigenação) haviam estragado a cepa ibérica e que a dinastia brigantina cometera o crime de nos afastar de uma União Ibérica. O que me incomoda, porém, em toda essa geração de literatos e diletantes, é a afectação e o desprezo que votou a tudo aquilo que nasceu com assinatura portuguesa, um ódio quase doentio ao povo comum, a xenofilia provinciana, o tom doutoral com que foi ridicularizando, diminuindo e delapidando tudo. A Geração de 70, a de direita como a de esquerda, sempre teve inclinação especial pelos modelos autoritários e por um governo de sábios - deles, é claro - mas quando chegou o momento de aceitar o desafio da reforma fugiu, não soube fazer e escudou-se em patéticas e balbuciantes desculpas. Depois, ficou o ressentimento: "se Portugal não nos quis (como salvadores), que desapareça, pois de nós (deles) não é digno". Desde então, com as metástases que implantou e se foram alastrando, toda a vida portuguesa é pasto de impropérios, azedume corrosivo e destemperos verbais. A esquerda que temos é dela filha, neta e bisneta; a direita que temos tem vergonha de Portugal, pois também bebeu do leite envenenado de Oliveira Martins. Dela ficaram reféns e dela foram cúmplices os homens mais brilhantes de quatro ou cinco gerações, da amarfanhante desilusão escapista de Pessoa ao tom irónico e inconsequente de Almada, do poseurismo de Sérgio à acidez de Alfredo Pimenta, do bisonho milenarismo de Pascoaes à canhestra tentação de uma mirífica "via portuguesa", que a chamada Filosofia Portuguesa tentou.
A verdadeira "reforma das mentalidades" começará no dia em que a Geração de 70 for arrumada nas prateleiras, datada e olhada como um descaminho que tanto mal nos fez como povo.

O nosso confrade Cunha Porto, com quem sempre aprendo e por quem tenho, mais que admiração, amizade, deu em discordar comigo a propósito de um herético textozinho que aqui ontem deixei sobre a Geração de 70. Não, não se tratava de uma qualquer geração, mas aquela que por antonomásia se deu a conhecer ao país como "A Geração". Relendo o texto - tenho fraquíssima memória e por vezes esqueço o que acabei de escrever - reli-o com distância crítica e sem ânsias de réplica. Os amigos não servem para duelos !
Não, Caro Cunha Porto, não retiro uma vírgula. Até acrescento. A começar com o Antero e a acabar em Teófilo Braga e Junqueiro, os dois mais fracos representantes dessa estirpe de convencidos, a galeria tem contornos desiguais, no carácter dos homens como no gabarito da obra deixada. Se de Junqueiro, que era uma criatura abominável e um tratante nada acrescento ao que aqui em tempos referi, o Antero, de obra desigual, com muita areia e dois ou três momentos de génio, começou mal e acabou pior. Começou a sua cruzada atormentando de impropérios um cego (Castilho) e acabou zangado com a vida e com a sua incapacidade para mandar, sonho que sempre acalentou mas que, chegado o momento, não conseguiu realizar. O Oliveira Martins, por seu turno, que deixou das mais belas páginas de ficção em língua portuguesa - o Portugal Contemporâneo e a sua História de Portugal devem ser lidas como obras literárias, nunca como fonte de conhecimento, pois o homem era um perigoso demagogo e um notável improvisador - foi duplamente culpado pelo rumo que doravante assumiu uma certa inteligentzia portuguesa, dita autoritária e alternativa ao liberalismo, pois revelou-se um oportunista e saiu fintado pela rede de contradições que fora tecendo ao longo de vinte e tal anos de vida pública. Restam o Eça e o Ramalho. Eça foi um inconsequente toda a vida. Queria luxo, conforto, aplauso e vida sossegada, que conseguiu com um bom casamento e postos consulares. Olhando para a admirável obra que deixou, fica-nos a ingrata impressão que esta não reproduz o espírito do homem que animava o cálamo prodigioso. Aquele azedume, aquele quase desdém por tudo o que não fosse seu e da sua condição, só se apaziguou nos derradeiros escritos. Ortigão, por seu turno - aquele que leio sempre com o coração nas mãos - era um sobredotado, mas nunca conseguiu abandonar a "atitude do contra", pois era daquelas pessoas especializadas na arte da contradição e do bota-abaixo que vão escalavrando tudo em que se detêm os olhos afiados e as mãos aguçadas.


O amigo Cunha Porto embirra com a minha insistência em aceitar o mal necessário dos partidos. Pergunto: conhece o Caro Amigo Cunha Porto alternativa a essa forma de arregimentar pessoas para a conquista do poder ? O que me parece é que as pessoas contra os partidos são, sempre, pessoas por "um só partido". Entre um partido que fica, fica, fica até ser atirado borda-fora e os partidos que vão ganhando ou perdendo lugares no parlamento há uma diferença. Os primeiros, quando chegados ao poder, encerram-se na ilusão da perenidade e acabam mal. Os outros, que se vão entretendo com coisas ordinárias e humanas como lugares para amigos e familiares, acabam como começaram: como agências de emprego para medíocres e desclassificados. É a partir desta atitude crítica e realista que me coloco fora de partidos, pois deles nunca precisei. Não quero é um partido que me viole a correspondência, me entre casa-adentro com mandado de busca, apreensão de livros e escritos, me tire o emprego e, ainda por cima, fale de valores, moral e outras coisas em que se especializaram os sistemas mono-partidários sempre à procura de inimigos reais ou imaginários. Neste particular, com a sua ânsia milenarista e escatológica de um fim para Portugal, a Geração de 70 foi um cheque em branco passado a pessoas, de direita como de esquerda, que entraram na vida pública detendo a fórmula mágica para os problemas do país. E o resultado ? A república ? A ditadura ? O 25 da Silva ? Redigo: a Geração de 70 estava prenhe de pulsões liberticidas e ainda vive. Onde ? Basta olhar para a presente situação.



Parece que a polémica sobre a Geração de 70 resultou, fazendo sair a terreiro as minhas preferências blogosféricas. É duro tocar em mitos, pois todos temos um Eça, um Ramalho ou um Oliveira Martins dentro de nós sussurando-nos ao ouvido as frases certas, o pronto-a-pensar, as atitudes e desabafos contra a "choldra", a "piolheira" e a "ralé". Foi por isso, com supina satisfação, que investi contra essa plêidade que lançou raízes profundas, mas que erigiu uma "anti-Paideia" que não mais nos largou. Estar à margem, alvejando, diagnosticando o plano inclinado em que nos vamos colectivamente afundando, exprimir a impossibilidade do civismo e da realização do bem-comum em terra de arrangistas e ratoneiros, tudo isso é o múnus da Geração de 70. Porém, quanto mais me envolvo nesse outro Portugal [sem idealizações patrioteiras] que se foi alargando pelo mundo e deixando marcas de gigante, me apercebo quão injusto, precipitado e feroz foi o legado da Geração. Felizmente, os quatro grandes ( Jansenista, Portugal dos Pequeninos, Cunha Porto e Pasquim ) deram em falar no assunto, quiçá o mais importante debate sobre a cultura portuguesa que importa travar. Eu ainda credito em Portugal. Acredito que poderemos sair da choldra, rapar curta a cabeleira onde prospera a piolheira e acabar com a ralé-rainha que tudo suja. Sou um optimista e acredito no poder da vontade. Se os espanhóis o conseguiram com a sua Geração de 98 - afirmativa, mobilizadora; em suma, aristocrática - nós também o conseguiríamos. Salvar o país não é uma quixotada. Salvar o país é salvar-nos da mediocridade, da pobreza e do miserabilismo. Tenho, como todos, vergonha da generalidade dos portugueses, mas julgo que Portugal, no que foi e é num plano que está muito acima da piolheira e da ralé, merece o esforço. Não somos homens de partidos, nisto dou toda a razão ao caríssimo Cunha Porto, mas chegará o dia em que teremos de escolher entre o revólver de Antero e o nosso amor-próprio. Talvez nos encontremos numa nova Liga Patriótica !



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antoninho

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« Responder #161 em: Fevereiro 24, 2008, 03:29:09 pm »
Depois de ler tudo o que foi aqui escrito só fiquei com uma ideia a que estamos feito uns autênticos parvos, isto seja numa republica ou numa monarquia, porque infelizmente  o que faz falta, é alguém com a coragem para acabar com toda esta falta de honradez patriótica, onde se confunde regalias partidárias, com o bem da Pátria e o triste é que não vejo a luz ao fundo do túnel....acredito também que não seria a monarquia que nos salvaria, pois é a sociedade portuguesa que está podre e isso ninguém muda, a não ser duma forma enérgica e sem medo das consequências....aqueles que defendem o actual estado de coisas seria interessante saber o ""porquê""??????
E antes que alguém me chame nomes e pergunte qual a solução para isto,
infelizmente não a sei, o que sei é que isto vai de mal a pior.... cada dia mais.....justiça zero..saúde zero...educação zero...
 

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dawn_to_dusk_

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(sem assunto)
« Responder #162 em: Março 06, 2008, 02:44:50 pm »
Citação de: "P44"
Então mas para ums coisas a descendência dinástica é boa e para outras é má???? :twisted:

Vocês, Nobres, decidam-se :lol:  :lol:


descendencia dinástica de onde?  de uma pseudo-filha de D.carlos? Eles não tão preparados para habitarem em portugal, quando mais ser rei cá...