Todas estas questões são relativamente complexas, mas não têm relação com questões especificas das forças armadas portuguesas ou da marinha portuguesa.
As leis da natureza aplicam-se em todo o lado e na construção naval também.
Um navio nunca é construido com aço do mesmo tipo em todo o lado. Há várias razões para isso.
A primeira razão tem a ver com o centro de gravidade do navio, a segunda tem a ver com a durabilidade do casco, pois quanto mais espesso for o casco, mais tempo ele vai durar.
É possível haver navios com casco que utiliza placas de 6mm, mas são mais comuns placas de 10mm e em alguns casos meia polegada, ou 12,7mm.
Os estaleiros que produzem navios com características civis, vão normalmente utilizar aço de 10mm de espessura. A proteção dada ao aço, vai depender do dinheiro que se está disposto a gastar.
Há casos em que a pintura e os materiais de proteção são mais caros que o aço.
Uma placa de aço de 10mm, se estiver em água salgada, vai durar 50 anos, perdendo um milimetro a cada cinco anos. E isto até ser completamente corroida e desaparecer. Após 40 anos, a placa de 10mm, terá apenas 2mm As imagens publicadas de duas corvetas afundadas (noutro tópico), mostram que esta regra não pode ser combatida, excepto com reconstruções completas do casco, que em muitos casos, não fazem sentido por razões financeiras.
A título de comparação, o Titanic tinha um casco com uma espessura média de ¾ de polegada, ou seja, cerca de 19mm. Os grandes navios de cruzeiro atuais, que são quatro ou cinco vezes maiores chegam a ter placas com 30mm de espessura.
Por estranho que pareça - e é uma verdade de La Palice - o casco não está lá para proteger, está lá apenas para que a água fique do lado de fora …
Qualquer ação terrorista seria ou com um RPG ou com uma espingarda automatica AK-47 de 7,62x39 que é a munição mais barata e acessível, Há munição russa 7,62x54 mas é cara e não está disponível em todo o lado.
Pura e simplesmente não há solução para este tipo de ameaça, porque a probabilidade de acertar num alvo, com uma arma pouco precisa, em cima de uma plataforma que se move ao sabor das ondas, é nenhuma.
Se você disparar contra um NPO com uma arma destas a mais de 200m de distância, tanto pode acertar na proa como na popa, ou pura e simplesmente não acertar.
E não se afunda um NPO à bala, nem com um RPG …
Não se afunda, porque a proteção destes navios não está na espessura do casco, mas sim nos sistemas que impedem a progressão da água dentro do navio. Os compartimentos, que devem ser estanques.
Logo, não há nada de estranho em especificar uma proteção para armas ligeiras, que provavelmente tem mais o objetivo de garantir que um disparo acidental não tenha consequências mais nefastas.
Na maior parte dos casos, qualquer disparo que não seja detido por uma placa de aço ou de metal de 2 a 4 milímetros, será provavelmente detida por coisas como móveis ou armários normalmente agarrados à superstrutura ou paredes internas da embarcação.
Isto não tem nada a ver com a marinha portuguesa. Os dinamarqueses, por exemplo, viram o seu projeto de fragata proposto aos americanos, ser colocado de lado, porque os americanos acharam que havia demasiados componentes e características civis nos navios.
Duas ou quatro metralhadoras pesadas de 12,7mm com a guarnição adequada, são a melhor defesa.
O canhão, é apenas para mostrar e para dizer que não vale a pena …
Ou então, para atacar embarcações em fuga, porque por muito rápido que seja um navio de contrabandistas, ainda não andam mais rápido que a velocidade do som.
Por isto, ter patrulhas apenas com metralhadoras, não faz sentido, porque o navio não pode ser utilizado para todas as missões, mas mesmo apenas com metralhadoras, ele pode continuar a desempenhar missões de patrulhamento, com mais riscos, mas continua a poder.