Não deixaria de ser curioso analisar a situação actual, e tentar entender até que ponto o exército espanhol continua a ser idêntico ao que era no tempo do nazismo.
E não adianta de muito limitar as comparações e as análises aos conhecimentos que cada um tem de um espanhol ou de outro.
O problema do comportamento e das decisões e acções dos militares espanhóis tem que ser analisado ao nível dos oficiais superiores. aqueles que saem das academias militares.
São esses que saem embuidos do «Espirito Hispano». O estudo da História continua a ser importante nas academias militares de todos os países do mundo.
E é ai que reside o cerne do problema.
O estudo da História e da História militar na formação dos Oficiais, é importante no processo de formação que pretende moldar a personalidade e o espírito patriótico do militar.
É nesse ponto específico que se encontra o problema.
A História que se ensina em Espanha é uma história patriótica depravada, distorcida, que insiste nas glórias da Gloriosa Espanha Imperial, na qual a Historiografia espanhola inclui a província portuguesa como uma entidade não autónoma ou semi-autonoma.
Bastaria por exemplo explicar, que na História que eles ensinam, Portugal só é referido após 1640.
Até aí, eles consideram que Portugal é mais um País da Espanha.
Usam e abusam de forma intelectualmente desonesta da expressão Hispania, que era utilizada por todos os países peninsulares até ao século XVII, altura em que a Nação Castelhana finalmente controla os restantes países que hoje fazem parte do Estado Espanhol.
Esta visão distorcida da História, é uma das que justificou a acção terrorista dos militares espanhóis durante a guerra civil, e o seu comportamento absolutamente criminoso.
É também relevante a cooperação da Igreja Católica - autentica sombra negra de terror - no apoio à consolidação deste estado de coisas, durante o período franquista. É conhecida a participação dos padres nazistas nos «Autos de Fé», em que justificavam o assassínio dos republicanos, e abençoavam os criminosos.
Temos pois que, não há qualquer razão objectiva para achar, que os descendentes dos mesmos que ao longo do século XX planearam as invasões a Portugal, tenham uma formação diferente da que sempre tiveram.
Deste ponto de vista, por muito que mude a Espanha, o cancro continua instalado nas suas forças armadas. E infelizmente são as forças armadas que fazem as invasões.
Naturalmente que isto implica que, em qualquer caso, os espanhóis continuam hoje como ontem, a achar-se no direito de intervir militarmente em Portugal, no caso de acharem (seja verdade ou mentira, pois os espanhóis não sabem qual a diferença) que é conveniente efectuar qualquer intervenção.
Este é o problema e esta confirmação do que já se sabia, serve apenas para nos ajudar a entender o que poderá passar pela cabeça dos herdeiros dos criminosos da Guerra Civil.