A invasão esteve agendada para 1 de Dezembro de 1975, com a Divisão Brunete como força destinada a ser a primeira a atingir Lisboa. Da invasão fariam parte forças portuguesas no exílio, o MLP e o MDLP, que entrariam a partir da Galiza. Sabendo destes preparativos, Marrocos aproveitou a distracção para ocupar o Sara Espanhol, sabendo que Espanha não tinha capacidade para travar duas guerras ao mesmo tempo. O 25 de Novembro foi uma jogada de antecipação a esta invasão que acabou (felizmente) por correr mal ao PCP.
JQT
É ainda de realçar que o perigo espanhol foi especialmente utilizado pelo Partido Comunista na altura.
A propaganda comunista (não esquecer que o PCP tinha um consideravel controlo sobre a televisão) fazia peças de jornalismo em que as pessoas afirmavam a sua disposição em lutar pela independência nacional.
Mas não é só isso.
Há uma parte da esquerda que acreditava na necessidade de provocar os espanhóis para assim conseguir que a população ficasse do seu lado.
Depois das eleições para a constituinte em 1975, ficou claro o peso eleitoral da esquerda PCP e extrema esquerda, pelo que a necessidade de jogar a tecla no nacionalismo para conseguir o apoio popular para o triunfo da revolução se tornava uma das poucas tábuas de salvação.
Esta é uma das razões que explica o comportamento português aquando do assalto à embaixada espanhola, deixando que elementos da extrema esquerda atacassem e invadissem a embaixada.
Em Madrid, grupos de nazistas espanhóis da Falange tentaram fazer o mesmo contra a embaixada portuguesa, mas o bom senso prevaleceu.
Na verdade, em toda a Europa houve manifestações de critica ao regime Espanhol pelo assassinio dos militantes da ETA pelos franquistas. Em Portugal aproveitaram a onda para fazer algo de mais espectacular.
Mas isto devia ser «old news». Só os nossos amigos ibéristas é que ficam surpreendidos com este tipo de notícia.
As pessoas normais, não devem ficar surpreendidas.
Mas muito haveria que dizer também sobre os planos norte-americanos para a independência dos Açores.
Aparentemente planos do Departamento de Estado, não os planos da CIA claro, porque houve sempre uma clara distinção entre os militares e a CIA por um lado e o Departamento de Estado por outro. Kissinger, claramente acreditava na vitória comunista, e achava que Portugal deveria ser a vacina, porque se virasse comunista seria uma espécie de vacina para a Europa Ocidental.
Um país a mostrar como exemplo de decadência, que acabaria por ser absorvido.