Se os NPO não são para uma série de coisas que estão a fazer, coisas de que as fragatas também não devem ser por serem dispendiosas ou exagero, então isso quer dizer que será para outra classe de navios? Qual?
Normalmente, o tipo de navio para essa operação seria uma corveta.
O problema, é que nós, por falta de outra coisa, começámos a utilizar as corvetas para patrulha...
Fez-me lembrar aqueles protestos contra o navio holandês do aborto, em que o governo mandou uma corveta, armada com uma peça de 100mm para impedir abortos em águas territoriais.
É ridiculo, mas foi o que a Republica Portuguesa fez.
Não podemos olhar para a realidade de agora e esquecer a realidade do periodo em que apenas começou a despontar o novo fenómeno da pirataria marítima motorizada.
No Atlantico Norte, não há piratas e os NPO são pensados para operar nas condições do Atlantico Norte.
Para uma ação de patrulha, em águas da ZEE, longe da costa o NPO precisa ser grande por causa das missões longas, estável e minimamente confortável. Deve ter capacidade para dissuadir. Em alguns casos a dissuasão pode até ser feita com uma metralhadora pesada, quando os piratas têm apenas AK-47 e pistolas.
Se vão a GDG, mais ou menos a sul e discutir isso é inverossímil, como se houvesse ali uma barreira.
Não é que haja barreiras, tem a ver com a capacidade reconhecida a alguns grupos que operam na Nigeria e a partir da Nigeria, que em principio possuem muito mais meios para adquirir (roubar) embarcações que os grupos baseados em pontos nas costas de outros países como os Camarões mais a sul e a Libéria e o Togo mais a oeste. Depende também da atividade das autoridades locais a operar nas zonas costeiras e de quais são reconhecidamente mais ou menos "permi$$ivas".
Admito que a linha é dificil de definir. Esperaria eu que quem envia os navios tivesse algum tipo de informação no terreno (disso não faço a mínima ideia)
Indo às raiz do projecto e da conversa feita dos navios, a arma principal, o EO e até um radar adequado fazem sentido. Mas, parece ter-se descoberto que não faz falta, pois são outra coisas e servem muito bem essas coisas.
Não pode uma plataforma dessas ter funções, entre outras, o combate a pirataria e trafico, é preciso outra especifica, que esteja entre essa e as fragatas?
Claro, seriam as corvetas... ainda que baseadas na ideia base do NPO.
Há 18 anos atrás, eu mesmo fiz uns esboços de como ficaria um NPO se fosse adaptado para utilizações mais musculadas.
Já nessa altura, ainda nenhum navio estava na água, e nós aqui já diziamos que os "patrulhões" eram uma boa ideia, mas que era preciso algo com dentes, para utilizar onde não fosse necessário enviar uma fragata com mísseis anti-navio.
O atual projeto, com as dimensões que tem não serve, caso seja necessário um navio mais rápido, Ele está no limite da velocidade de deslocamento e não adianta colocar motores mais potentes porque a velocidade vai aumentar apenas de forma residual... são as leis da física.
Para desenvolver uma corveta, não chega colocar armamento mais potente e radares XPTO, também é necessário mais velocidade, e um NPO da classe Viana do Castelo não vai andar mais depressa por muito que a gente tente.
Ou seja, mesmo o NPO-2000 precisava ser alterado de forma radical e redesenhado para ter capacidades militares mais adequadas (quando digo radical, digo alongado).
Quando compraram aqueles navios (os atuais Tejo) ainda pensei que estivessem a pensar nisso, mas que os navios recebessem armamento mais sofisticado, mas mesmo aí há sempre os detratores e há sempre boas razões. Os Tejo são navios pensados para as águas rasas do Báltico, com autonomia reduzida (o que para a realidade da Dinamarca faz todo o sentido) e por isso acabamos por ficar com "coisas" que flutuam.
Eu não discordo de forma alguma de que se tem andado a "brincar com a tropa" e que todos sabíamos que isto iria chegar aqui mais tarde ou mais cedo.
Como há quase duas décadas atrás, continuamos a necessitar um navio mais barato que uma fragata, mas que possa ser enviado para missões a longa distância...
Fico com a impressão que de um lado ninguém quer gastar dinheiro, por outro não se sabe o que fazer, por outro, não há gente que queira assumir o risco politico de tomar decisões, porque de uma forma ou de outra serão sempre criticados.
E quando atrasamos tudo, chegamos a um ponto em que a unica coisa que se pode enviar, que flutua, tem tamanho e pode navegar em alto mar nas costas africanas, é um navio desarmado, pensado para ser policia.
As conversas são como as cerejas e isto leva-nos à questão da não existência de uma Guarda Costeira, da Policia maritima e da capacidade naval da GNR.
Enfim... a trapalhada lusitana do costume...