Angoche

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papatango

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Angoche
« em: Agosto 19, 2005, 06:48:07 pm »
Numa "surfada" ocasional, encontrei um texto sobre os antecedentes do 25 de Abril. Uma coisa chamou-me á atenção. Uns parágrafos sobre o desaparecimento do navio Angoche:

Citar
A guerra colonial causou um pesado desgaste na economia da Nação (cerca de 40% das receitas eram consumidas no esforço militar) e psicológico, com as críticas internacionais e o grande número de mortos, feridos e estropiados numa luta «em terras que não eram nossas», segundo a propaganda da oposição, factores estes que constituíram a desculpa oficial para justificar a revolução que se avizinhava

Militares actuando individualmente ou em grupo, criaram redes de mercado negro nas colónias onde tinham comissão de serviço, em que tudo era negociado e com o qual enriqueciam e, paralelamente, outros militares e políticos de esquerda consertavam com os líderes dos guerrilheiros a entrega das colónias, seguindo as directivas dos mentores da futura revolução do 25 de Abril.
Um mistério militar por decifrar: A 26 de Abril de 1971, em plena guerra colonial,  o navio Angoche é encontrado à deriva na costa de Moçambique, sem vestígios dos seus 22 tripulantes e do seu único passageiro.
Segundo um relatório preliminar, de um agente da PIDE:

"O navio Angoche levava material para a nossa Força Aérea, material sofisticado, essencialmente material explosivo, bombas para os aviões, etc, e creio que ia para Porto Amélia. Soubemos que o Angoche foi abordado em 23 de Abril de 1971 por um submarino da União Soviética e que os seus tripulantes foram levados para a Tanzânia, para a base central da Frelimo, Nachingwea  e, mais tarde, executados ... havia manchas de sangue em vários pontos do navio...  fala-se que houve oficiais da Marinha Portuguesa, hoje oficiais generais, que estariam envolvidos nisso".

Para adensar o mistério, o relatório oficial, detalhado e secreto, conservado na DGS-PIDE, desapareceu logo após o  25 de Abril!


Origem do texto

Alguém conhece mais alguma coisa sobre este assunto?

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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« Responder #1 em: Agosto 19, 2005, 07:13:36 pm »
Tens o livro, PT?
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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komet

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« Responder #2 em: Agosto 19, 2005, 07:19:24 pm »
Citar
feridos e estropiados numa luta «em terras que não eram nossas», segundo a propaganda da oposição


Lol... não eram nossas antes, mas agora já são nossas quando trata de enterrar lá dinheiro.
"History is always written by who wins the war..."
 

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« Responder #3 em: Agosto 19, 2005, 07:24:04 pm »


Conheces a obra, PT?
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papatango

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« Responder #4 em: Agosto 19, 2005, 08:06:02 pm »
Não conheço o livro.

Confesso que para mim este assunto está no departamento dos desaparecimentos misteriosos, estilo Triangulo Bermudas e coisas do Oculto. E eu também confesso que é um tipo de tema sobre o qual nunca tive o mais pequeno interesse. :)

O que é que diz o livro?
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« Responder #5 em: Agosto 19, 2005, 08:18:23 pm »






De Soares não falo. Mas o Poeta Alegre?
Será que afinal a ele o calam?

O livro pede esclarecimentos. Haverá - aparentemente - coisa do PC e seus amigos...
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« Responder #6 em: Agosto 19, 2005, 08:21:39 pm »
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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« Responder #7 em: Agosto 19, 2005, 10:29:42 pm »
Interessante.

Pelas minhas contas este livro foi escrito ou em 1976/77 ou em 1984/85 que foi quando Mario Soares era Primeiro Ministro.
No entanto, falando em Conselho da Revolução, e dado que este foi extinto no inicio dos anos 80, a conclusão é que se fala do Mário Soares de 76/77.

É portanto um livro com quase 30 anos.

Não tendo lido, apenas posso dizer qualquer coisa de muito superficial.

A China não tinha fragatas com alcance para atingir Moçambique. Considero também como algo estranha a possibilidade de a marinha da China se meter em operações muito longe das suas águas, com os submarinos que tinha na altura, os classe Kilo. Que precisavam de bastante apoio para operar tão longe das bases chinesas.

Lembro que Portugal se preparava para reconhecer a República Popular da China nos anos 60, e durante (ou no periodo imediatamente anterior) a invasão de Goa, falou-se na possibilidade de autorizar a instalação de uma base chinesa em Goa.

Havia relações de Portugal com a China, embora indirectas, via Macau. Sinceramente não estou a ver a China a efectuar este tipo de operação. Se fosse a União Soviética, não lhe faltaríam meios, mas mesmo assim sería dificil.

Eu diria que, considerando que não havia nenhum tipo de navio capaz de desafiar a marinha portuguesa em África, este tipo de operação foi provavelmente efectuado ao estilo dos ataques de piratas na Ásia. Dois navios rápidos, que se aproximam durante a noite, e tomam um navio lento e desprotegido. Não é dificil de fazer.

Uma história interessante. No entanto, o excerto sobre a China, deixa-me a torcer o nariz.

cumprimentos
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« Responder #8 em: Agosto 19, 2005, 10:55:36 pm »
PT, o livro é de 1979.
Agora com outro post referente ao bloquio da Rodésia pela Royal Navy, pergunto-me se os nossos amigos ingleses não terão feito algo.
Pelo menos seria mais uma possibilidade.
Todavia HÁ gente que sabe mais.

 
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« Responder #9 em: Agosto 19, 2005, 11:20:27 pm »
Quanto aos ingleses, não estou a ver a vantagem.
Nesta altura já os ingleses sabiam e sabiam que nós sabiamos que eles sabiam, que a Rodésia era abastecida pela África do Sul, e não pelo corredor da Beira. O único interesse inglês sería teoricamente o de justificar o bloqueio dizendo que estavam a trabalhar. Mas nesse caso, efectuariam apenas uma apreensão. Não precisavam de actuar desta forma.

Eu não li nada sobre o caso, mas o Angoche era um navio de cabotagem. Com um deslocamento inferior a 2.000 Ton. Acho que sería o tipo de navio que se deslocaria dentro das 12 milhas das águas territoriais e os ingleses actuavam apenas em águas internacionais.

O facto de o Angoche se deslocar em águas costeiras poderia ter facilitado a operação de pequenas lanchas que se poderiam esconder na costa evadindo-se de noite em direcção a norte.

A afirmação de que Marcelo Caetano também silenciou o caso, poderia implicar que este, não estava interessado em reconhecer que o movimento FRELIMO tinha capacidade para atacar navios mercantes portugueses.

Fica por esclarecer a ligação entre Manuel Alegre (ou o grupo de Argel) e a FRELIMO e o que é mais grave os eventuais assassinos das pessoas entretanto desaparecidas.

Cumprimentos
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« Responder #10 em: Agosto 19, 2005, 11:26:17 pm »
O Angoche:


Ficha técnica do Angoche

Estes dados são retirados deste site que entretanto encontrei via Google:
Navios no SAPO


Relativamente ao livro, deve ter sido publicado em 1979, quando Mário Soares já não estava no governo. Nessa altura houve os governos de iniciativa presidencial.

Se eventualmente tiver havido investigação sobre algum tipo de trafego nas Forças Armadas, isso só poderia ser feito pelo governo seguinte.
Mas no governo seguinte como sabemos, o Ministro da Defesa (Adelino Amaro da Costa) e o Primeiro Ministro (Sá Carneiro) morreram em circunstâncias tão obscuras como o próprio Angoche. :shock:

Cumprimentos
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« Responder #11 em: Agosto 20, 2005, 12:47:36 am »
Citar
Se eventualmente tiver havido investigação sobre algum tipo de trafego nas Forças Armadas, isso só poderia ser feito pelo governo seguinte.
Mas no governo seguinte como sabemos, o Ministro da Defesa (Adelino Amaro da Costa) e o Primeiro Ministro (Sá Carneiro) morreram em circunstâncias tão obscuras como o próprio Angoche. :shock:

Cumprimentos


É bem verdade. Só silêncios estranhos.
Todavia o cenário FRELIMO parece ser o mais provavel e o "submarino" desinformação...
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Moi

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« Responder #12 em: Agosto 20, 2005, 11:43:27 pm »
É de facto um mistério interessante.. só pelo facto dos relatórios da PIDE terem desaparecido...

Sendo assim, dou a mesma importância ao excerto do suposto agente da PIDE quanto dou ao resto da página pessoal do qual foi retirado. Nenhuma.
É uma página carregada de juízos de valor, apesar de tentar ser imparcial, muitas vezes fundamentada em impercisões históricas e em informações falsas. E mais comentários não merece.

Todavia, o caso é interessante. Vou mais para o ataque Frelimo.


PS - Gosto de «teorias da constipação», tais como aquelas que falam de Mário Soares, Manuel Alegre, Argel, Cunhal, Pinto Balsemão, Durão Barroso, Grupo Bilderberg, Irão-Contra, Porto de Setúbal, cofres com documentos secretos NATO, etc...