Dalai Lama visita Portugal

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Cabecinhas

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Dalai Lama visita Portugal
« em: Setembro 09, 2007, 11:26:15 pm »
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Governo recusa receber Dalai Lama mas AR não



JOÃO PEDRO HENRIQUES    
 
O que é "óbvio" para o ministro dos Negócios Estrangeiros não o é para o presidente da Assembleia da República. E, aparentemente, para o primeiro-ministro também não.

Ontem, em Viana do Castelo, à margem da reunião informal dos chefes de governo dos 27, Luís Amado foi questionado sobre se o Governo receberia ou não ou o Dalai Lama, que dia 13 chega a Portugal.

"Oficialmente, Dalai Lama não é recebido por responsáveis do Governo português", respondeu. Acrescentando um categórico: "Como é óbvio." Um "óbvio" que não explicou, argumentando apenas com as "razões que são conhecidas".

As "razões que são conhecidas" são o facto de a China, potência administrante da "província autónoma" do Tibete, não reconhecer as pretensões do Dalai Lama, líder espiritual dos budistas tibetanos, para a independência do território.

O "óbvio" de Amado já não é assim tão óbvio no gabinete do primeiro-ministro. Um assessor de Sócrates disse ao DN que o Dalai Lama lhe pediu uma audiência. E isso "só não aconteceu por razões de agenda" (Sócrates parte para a Ucrânia dia 13, regressa a Portugal no dia 15 só para a 'rentrée' do PS e parte de imediato para os EUA).

Também para Jaime Gama, presidente da Assembleia da República, nada há de "óbvio" que o impeça de receber Tenzin Gyatso (o nome "civil" do Dalai). A "audiência a Sua Excelência o Dalai Lama" [assim está anunciada no site do Parlamento] , está marcada para dia 13, às 15h00. No mesmo dia, reunirá com a comissão de Negócios Estrangeiros.

A incursão parlamentar do líder tibetano contrasta com a que não ocorreu em 2001, quando o Dalai visitou Portugal pela primeira vez. Almeida Santos, então presidente da AR, não lhe permitiu a entrada no edifício. Os deputados que com ele quiseram reunir promoveram um encontro num hotel. Sampaio, então PR, não o recebeu oficialmente. Mas providenciou-se um encontro informal entre os dois numa visita ao Museu Nacional de Arte Antiga, "guiada" pelo então ministro da Cultura, Augusto Santos Silva. O Dalai Lama deixa Portugal dia 16.  




Mas andamos com medo que o governo chinês entre por aqui a dentro a pedir satisfações  por o termos recebido, acho que esta é daquelas individualidades que deveria ser recebida como representante de um país (que o é!)
Um galego é um português que se rendeu ou será que um português é um galego que não se rendeu?
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André

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« Responder #1 em: Setembro 10, 2007, 06:52:24 pm »
Representante de Dalai Lama desvaloriza recusa do Governo português em recebê-lo

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O representante espiritual de Dalai Lama para a Europa desvalorizou a recusa do governo português em receber o líder tibetano indicando que este não quer «colocar ninguém numa situação complicada»

O Governo português excluiu sábado receber oficialmente o Dalai Lama, líder espiritual budista e do Tibete no exílio, que se desloca a Lisboa de 12 a 16 de Setembro.

«Oficialmente, Dalai Lama não é recebido por responsáveis do Governo português, como é óbvio», declarou a jornalistas o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Luís Amado, à margem da reunião informal dos chefes das diplomacias dos 27, que hoje terminou em Viana do Castelo.

Instado sobre por que razões considerava óbvia a recusa do Governo de Lisboa em receber oficialmente o Dalai Lama, Luís Amado afirmou: «Pelas razões que são conhecidas».

O Governo de Pequim - que gere o Tibete como parte integrante da China - mantém uma estratégia de pressão diplomática sobre os Governos que recebam oficialmente o Dalai Lama, o líder espiritual tibetano.

Questionado pela agência Lusa sobre a posição do governo português, o líder espiritual de Dalai Lama para a Europa, Tulku Pema Wangyal Rinpoche, respondeu que esta é uma situação normal e que os tibetanos entendem, uma vez que «ninguém pode ser forçado a estar com Dalai Lama».

«Dalai Lama também não quer colocar ninguém numa situação complicada», disse.

«Percebemos bem porque é que o presidente e o primeiro-ministro não se quer encontrar com Dalai Lama. Não é um problema para nós mas é triste para o povo português», frisou Na opinião do monge budista, embora esta seja uma situação à qual os tibetanos e o próprio líder espiritual esteja habituado, é triste para o povo português.

«A imagem que deixa ao povo português é que os líderes governamentais têm medo e não têm a coragem suficiente. Isso sim é triste. Quanto a nós tibetanos, não nos importamos, entendemos, é mais do que normal», disse Segundo Tulku Pema Wangyal Rinponche, há muitos portugueses que o querem ouvir e é isso que importa.

Os portugueses, adiantou, são muito parecidos com os tibetanos.

«Recebem bem as pessoas. Gosto de Portugal porque é igual ao Tibete. Recebem bem quem vier, não interessa quem… têm comida para partilhar e podemos sentir-nos em casa», disse.

«Esta é a impressão que tenho de muitos portugueses. São um coração generoso. É por isso que gosto dos portugueses e pedi a Sua Santidade para vir a Portugal», adiantou.

Apesar de não ser recebido pelo governo nesta sua segunda visita a Portugal, para uma conferência pública e ensinamentos budistas, o Dalai lama vai contudo manter encontros com deputados portugueses e com o Alto Representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações, Jorge Sampaio.

O Dalai Lama visitou Portugal em 2001 e desloca-se novamente a Lisboa entre 12 e 16 de Setembro a convite de várias instituições, como a Casa da Cultura do Tibete, Fundação Kangyur Rinpoche, União Budista Portuguesa, Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa.

Segundo a organização, do seu programa fazem parte três dias de Ensinamentos, entre 13 e 15 de Setembro, na Faculdade de Medicina Dentária, e uma Conferência Pública, com o tema 'O Poder do Bom Coração', que decorrerá no Pavilhão Atlântico, domingo dia 16.

Além destes dois eventos, o líder espiritual tibetano será também recebido, dia 13, na Assembleia da República pela Comissão de Negócios Estrangeiros - a pedido dos respectivos deputados - e, no dia 14, pelo Alto Representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações, Jorge Sampaio.

No mesmo dia estará também presente à tarde numa recepção oferecida pelo Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa.

No decorrer da visita a Portugal, o Dalai Lama também manterá encontros com entidades estrangeiras como Philippe Douste-Blazy, Conselheiro do Presidente francês Sarkozy, e com Louis Charles Viosa, Embaixador da França para o fenómeno da SIDA.

Lusa/SOL

 

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Luso

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« Responder #2 em: Setembro 10, 2007, 08:12:34 pm »
Eles preferem Mugabes e companhia. Les beaux esprits se rencontrent!
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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André

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« Responder #3 em: Setembro 11, 2007, 07:39:27 pm »
CDS critica «indiferença» do Estado à visita do Dalai Lama

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O CDS-PP criticou esta terça-feira a «tentativa de indiferença» do Estado português em relação à visita do Dalai Lama, uma vez que não estão previstos encontros oficiais do líder tibetano com o Governo português ou com o Presidente da República.

«O facto de ser um líder espiritual relevante deveria fazer com que o Estado português procurasse a melhor forma de não passar ao lado desta visita», afirmou, em declarações à Lusa, o secretário-geral do CDS-PP João Almeida.

Apesar de reconhecer que «a diplomacia tem as suas condicionantes», o dirigente democrata-cristão considerou que «o Estado português deveria encontrar formas - oficiais ou informais - de dignificar a presença do Dalai Lama».

Apesar de não manter qualquer encontro com representantes do governo português, o Dalai Lama, que se desloca a Lisboa entre 12 e 16 de Setembro, será recebido na quinta-feira pelo presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, e na quarta-feira pela comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros.

«É muito pouco comparado com a forma como foi recebido Fidel Castro ou com a eventual recepção que terá o presidente [do Zimbabwe] Mugabe», criticou João Almeida.

Para o secretário-geral do CDS-PP, o comportamento do Estado português nesta visita do Dalai Lama contrasta com o que aconteceu em 2001, quando o então Presidente da República Jorge Sampaio, não recebendo oficialmente o líder tibetano, se encontrou com ele no Museu Nacional de Arte Antiga.

João Almeida sublinhou quer a dimensão de líder espiritual do Dalai Lama quer, sobretudo, a sua dimensão política.

«Não podem ser ignorados os problemas dos direitos humanos no Tibete e a ausência de liberdade religiosa na China. São fenómenos que o CDS valoriza e que o Estado português não pode ignorar», disse.

Questionado se estas críticas se dirigem ao Governo ou também ao Presidente da República, Cavaco Silva, o dirigente do CDS-PP sublinhou que, dos representantes dos órgãos de soberania, apenas Jaime Gama irá receber o líder tibetano no exílio.

O governo chinês censurou hoje o parlamento português por receber o Dalai Lama e apelou à Assembleia da República para não servir de veículo à mensagem do líder tibetano no exílio.

O Dalai Lama, Prémio Nobel da Paz em 1989 pela sua dedicação não-violenta pela causa do Tibete, partiu para exílio na Índia em 1959 quando o exército chinês ocupou a região.

Desde 1993 que o Dalai Lama não tem contactos directos com Pequim, que considera o líder tibetano como um separatista, devido à sua posição inicial que reclamava a independência do Tibete.

Desde então, o Dalai Lama abandonou as exigências inicias de independência e o objectivo é agora uma «autonomia real e significativa» que preserve a cultura, língua e ambiente do Tibete.

Diário Digital / Lusa

 

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André

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« Responder #4 em: Setembro 12, 2007, 01:25:31 pm »
MNE nega qualquer pressão de qualquer governo

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O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Luís Amado, afirmou hoje que a decisão do governo de não receber oficialmente o Dalai Lama foi assumida no contexto das boas relações com a China e não decorre de nenhuma pressão.
«A posição portuguesa foi assumida com total clarividência quanto aos interesses [de Portugal] nesta matéria e sem nenhum pressão de nenhum governo», disse Luís Amado à imprensa portuguesa, depois de uma conferência de imprensa conjunta com o vice-primeiro-ministro da Sérvia, Bozidar Djelic.

«As relações com a China são relações importantes para Portugal, mas não há nenhuma pressão do governo chinês que pudesse alterar a posição do governo português, assumida no quadro das boas relações que temos com a China», acrescentou o ministro.

Amado frisou, por outro lado, que a posição agora assumida pelo governo é a mesma que «se verificou no passado, quando da última visita do Dalai Lama a Portugal», em Novembro de 2001, e foi «definida já há bastante tempo».

O chefe da diplomacia portuguesa recusou igualmente que a visita do líder religioso tibetano seja um incómodo para o governo português, sublinhando que se trata de «uma visita privada».

«Não vejo nenhuma razão para tanto alarido», disse ainda o ministro referindo-se à atenção dada ao assunto pelos media e às críticas de alguns partidos da oposição.

Diário Digital / Lusa

 

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André

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« Responder #5 em: Setembro 12, 2007, 08:10:29 pm »
PSD critica Governo por optar pela «real politik»

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O vice-presidente da bancada parlamentar do PSD Montalvão Machado criticou hoje o Governo por «optar pela real politik» ao não receber oficialmente o líder religioso tibetano, esquecendo que Dalai Lama foi Nobel da Paz.

«O Governo não atenta que estamos perante um Nobel da paz, optou pela real politik», afirmou Montalvão Machado, em declarações aos jornalistas no Parlamento.

Contudo, acrescentou, Dalai Lama será recebido pela segunda figura do Estado português, na Assembleia da República, na quinta-feira.

Montalvão Machado adiantou ainda que, na reunião da comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros com Dalai Lama, agendada para depois do encontro com o presidente da Assembleia da República, o PSD estará representado «ao mais alto nível», através do próprio presidente da comissão, José Luís Arnaut, e do deputado Fernando Negrão.

Questionado sobre como o PSD vê o facto do Presidente da República também não ter qualquer encontro previsto com Dalai Lama, Montalvão Machado escusou-se a responder.

Dalai Lama chegou hoje a Lisboa para uma visita de cinco dias, que serão ocupados com a realização de ensinamentos, uma conferência pública assim como encontros com deputados portugueses e com o presidente da Assembleia da República.

A agenda de Dalai Lama, prémio Nobel da Paz em 1989, inclui ainda um encontro com o Alto Representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações, Jorge Sampaio.

Dalai Lama não será, contudo, recebido oficialmente pelo Governo português.

Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Luís Amado, a decisão do governo de não receber oficialmente o Dalai Lama foi assumida no contexto das boas relações com a China e não decorre de nenhuma pressão.

Também não está previsto qualquer encontro entre o líder espiritual tibetano e o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.

O 14º Dalai Lama Tenzin Gyatso, galardoado em 1989 com o Nobel da Paz, visitou pela primeira vez Portugal em Novembro de 2001, tendo estado em Lisboa, no Porto e no Santuário de Fátima.

Nessa altura, Dalai Lama foi recebido fora do Parlamento, num hotel de Lisboa, por deputados do PS, PSD, CDS-PP e BE e pelo então Presidente da República, Jorge Sampaio, fora do Palácio de Belém, no Museu Nacional de Arte Antiga.

Diário Digital / Lusa

 

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antoninho

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« Responder #6 em: Setembro 14, 2007, 09:59:32 pm »
O socialismo destes senhores é uma autentica empresa capitalista, se alguns demagogos pais do socialismo cá voltasse da tumba, chamaria a estes de internacionais-capitalistas, o que vale a esta espécie é que não se revê num espelho sem ser com maquilhagem, por isso......como poderia o PSD o CDS ir para o governo se este PS parece um governo talhado para as grandes multinacionais????
Como poderiam eles receberem o homem e de seguida perderem os ""tachos made in China""
 

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Luso

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« Responder #7 em: Setembro 14, 2007, 10:09:00 pm »
Atenção Antoninho, não insulte o capitalismo. :wink:
Quem nos dera que vivessemos num ambiente capitalista bem regulado e não desregulado-isto-é-só-pós-amigos. Mas desvio-me do tema.
Acho imensa graça às boquitas da real politik do PSD, ditas por outros que tais. Quem é que - sinceramente - ainda os leva a sério - a todos eles?
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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André

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« Responder #8 em: Setembro 16, 2007, 08:35:59 pm »
EUA, Canadá, Índia e alguns estados europeus apoiam genuinamente causa tibetana
 
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O Nobel da paz e líder espiritual tibetano disse hoje que os Estados Unidos, Canadá, a Índia e países da União Europeia são alguns dos estados que apoiam genuinamente a causa do povo do Tibete.
 
"Os que mostram apoio genuíno são os Estados Unidos, o Canadá e muitos Estados da União Europeia. Além da Índia que claro, desde o ínicio, tem ajudado muito a comunidade tibetana", disse em entrevista à Agência Lusa.

A maior comunidade tibetana, explicou, está na Índia e já vai na segunda geração.

"Estão bem instalados porque tiveram muito apoio", disse.

Bod é o nome que os tibetanos dão à sua terra. O termo "Tibete" foi introduzido no mundo ocidental pelos portugueses.

Em 1950, o Exército de Libertação Chinês ocupou Lassa, a capital do Tibete, e em 1959 os confrontos armados obrigaram o Dalai Lama a deixar o seu país e exilar-se na Índia, em Dharmsala.

Actualmente Dharmsala é a sede do governo tibetano no exílio que, liderado pelo Dalai Lama, se dedica à causa da libertação do Tibete, através da não-violência.

Em Maio de 1951 foi feito o "Acordo dos 17 pontos para a libertação pacífica do Tibete", que entre outros pontos, dava soberania à China sobre o Tibete, mas reconhecendo a autonomia do governo tibetano no que respeitava aos assuntos internos.

A China comprometia-se a não alterar o sistema político existente, a não interferir com o estatuto do Dalai Lama e a respeitar a autonomia , religião e costumes dos tibetanos.

Em 1965, a China conferiu ao Tibete o estatuto de região autónoma mas segundo Dalai Lama, os tibetanos são hoje uma minoria naquele território. Na capital, Lassa, mais de dois terços da população é chinesa.

Sobre a causa tibetana, o líder espiritual tibetano explicou que o Tibete têm hoje menos liberdades - liberdade religiosa e de expressão - do que as outras províncias chinesas.

"O Tibete tem uma herança cultural muito rica e uma situação ambiental única. É lógico que tenha de se organizar de uma forma especial", sublinhou.

Segundo Thenzin Gyatso, o 14º Dalai Lama, "a própria constituição da República Popular da China, logo de início, reconheceu que as áreas minoritárias precisavam de sistemas especiais, isto é, autonomias. Autonomia de região, de distrito e de província não só para o Tibete mas para regiões como Shinjian, a Mongólia Interior e outras".

Uma visão que acabou por ficar distorcida com o passar do tempo.

"Nos anos 1950 o governo chinês, o secretário-geral Mao [Tze-Tung] e Chou Enlai [primeiro-ministro] reconheceram que o Tibete era um caso único. Quando em 1956 Chou Enlai foi a [Nova] Deli - nessa altura eu estava lá - disse ao primeiro-ministro indiano que o Tibete era um caso especial. Creio que essa era uma abordagem muito realista. No entanto, nos dias de hoje as autoridades locais do Tibete entendem ´especial` como ´mais repressão`", lembrou.

"Comparando, existe mais liberdade na China - liberdade religiosa e de expressão - do que no Tibete. No Tibete o controlo é muito rígido. É isso que o Tibete tem hoje de especial", ironizou o Dalai Lama.

A luta pelo bem estar do povo tibetano é o terceiro objectivo de vida de Dalai Lama com o qual se sente particularmente comprometido.

O líder do povo tibetano sempre se tem preocupado com o destino do Tibete, trabalhando por uma solução não violenta da questão tibetana e nas suas viagens e encontros de discussão com políticos e representantes da comunicação social insiste na necessidade de ser reconhecido aos tibetanos o direito a uma verdadeira autonomia.

Dalai Lama, prémio Nobel da Paz e líder espiritual tibetano, está em Lisboa desde quarta-feira para uma visita que incluiu três dias de ensinamentos, uma conferência pública e encontros com deputados portugueses, com o presidente da Assembleia da República e com o ex-presidente da República Jorge Sampaio.

A visita termina hoje com uma conferência Pública no Pavilhão Atlântico, em Lisboa, subordinada ao tema "O Poder do Bom Coração".

O primeiro dos três votos de Dalai Lama é a defesa de Valores Humanos, indicando que consiste em servir a humanidade e o mundo.

O Prémio Nobel acredita que valores humanos fundamentais como a compaixão e a paciência constituem a verdadeira fonte da felicidade e que não são necessariamente decorrentes da fé religiosa.

A defesa de um relacionamento harmónico entre as religiões é seu segundo objectivo de vida pelo que tem-se manifestado pela defesa e promoção da harmonia entre as diferentes tradições religiosas considerando que todas as religiões têm na sua base os mesmos valores éticos como a compaixão, o amor, a bondade e a misericórdia.

O 14/o Dalai Lama, Tenzin Gyatso, galardoado em 1989 com o Nobel da Paz, visitou pela primeira vez Portugal em Novembro de 2001, tendo estado em Lisboa, no Porto e no Santuário de Fátima.

Nascido em 1935 no nordeste do Tibete, o Dalai Lama vive no exílio em Dharamsala, no norte da Índia, desde que fugiu do país em 1959, depois da invasão chinesa.

RTP / Lusa