Viva!
Quanto aos ricochetes, depende muito do ângulo em que a munição bate na superfície que vai causar o ricochete. Se o ângulo for muito aberto, a munição sofre abrandamento, mas leva certamente energia suficiente para causar danos (físicos ou materiais). Mas não nos devemos esquecer que a cada ricochete a munição sofre grande abrandamento e quanto mais fechado for o ângulo (mais próximo dos 90º), mais energia perde. Mas tudo isto depende da velocidade inicial e da distância a que está da boca do cano. No caso de uma pistola, dificilmente vai fazer ricochetes sucessivos durante centenas de metros – embora nestas coisas ninguém pode afirmar nada com certeza absoluta. O melhor é não passar por essa experiência.
Dando seguimento ao post do Foxtrotvictor, vou contar aqui um episódio que se passou comigo há uns anos. Estava eu no fosso da carreira de tiro de carabina a 300 metros, acompanhado de outro colega, a fazer a sinalética da pontuação aos colegas que estavam a treinar e como estávamos a trabalhar com dois alvos, sempre que um estava em cima, aproveitávamos para ir colando as pastilhas no que estava descido. Estávamos perfeitamente protegidos pela protecção de betão armado que “cobria” perfeitamente o alvo que estava descido em mais de 50 cm. Quer isto dizer, que a bala que passasse a rasar a protecção passaria sempre 50 cms acima do topo do alvo. Para tapar alguns buracos no topo do alvo, tínhamos de subir acima de um banco e esticar completamente o braço. A cabeça ficava cerca de um metro abaixo da protecção. Sentíamo-nos completamente seguros. Aquilo era uma seca, estávamos lá em baixo cerca de hora e meia (o tempo médio de cada sessão de treino) e só depois trocávamos. Para tentar não haver perdas de tempo, lá procedíamos como atrás disse, colando o alvo que estava em baixo durante a sessão de tiro do colega. Sempre que o colega dava um tiro, nós parávamos a colagem e fazíamos a sinalética. Tudo isto era misturado com alguma galhofa através da sinalética e das comunicações rádio – para ajudar a passar o tempo. Voltando ao início, sobre a barreira de terra que cobria o abrigo, havia uma fiada de pneus de fragoneta, o que aumentava ainda mais a nossa protecção. Áh! Já me esquecia, mediava mais ou menos 1,5 metros, entre a estrutura de suporte do alvos e a protecção de betão armado. Estava em eu cima do banco, pronto a esticar o braço direito para tapar um 2 às 13H00, quando ouvi um estrondo enorme e um cheiro a pneu queimado muito intenso. Ficamos meio surdos! Quando nos demos conta do que aconteceu, ficamos sem pinga de sangue! O colega deu um tiro muito baixo, que atingiu um dos pneus, o projéctil ao passar pelos arames do pneu desceu num ângulo talvez superior a 45º, vindo a atingir de lado o alvo que estava descido e que eu me preparava para colar, na linha do 3 ás 13H00!!!!!!!!!! Quer isto dizer que se eu estivesse a colar o buraco no 2 ás 13H00, tinha ficado sem a mão!!!!!!!!!!!!!!!! Felizmente para mim nada aconteceu, para alem do susto. Portanto quando o Foxtrotvictor fala dos ricochetes e das medidas para os minimizar, tem toda a razão, porque as ruas das nossas cidades não são carreiras de tiro com todas as condições de segurança, nem o agente que faz uso da arma está perfeitamente calmo. Portanto nestas condições, pode facilmente haver danos colaterais.
Peço desculpa por vos maçar com este episódio, mas sempre que me lembro dele fico deveras nervosos e não resisti a contá-lo, já que vinha no seguimento do assunto aqui tratado.