Um dispositivo de desacivação remota de bombas artesanais desenvolvido na Universidade de Coimbra foi premiado num congresso europeu realizado na Alemanha sobre armas não-letais.
Trata-se de "uma tecnologia inovadora para a neutralização cirúrgica de dispositivos explosivos improvisados, tipicamente utilizados por terroristas", desenvolvida por uma equipa de investigadores da Universidade de Coimbra (UC).
"É um equipamento opimizado, que pesa dois a três quilos, que desintegra uma bomba terrorista, por exemplo", declarou esta tarde à agência Lusa o investigador Luís Rodrigues.
O dispositivo foi considerado "o terceiro mais importante trabalho científico da Europa nesta área", durante o 6.º Simpósio Europeu de Armas Não-Letais, realizado na Alemanha.
O prémio foi atribuído pelo European Working Group on Non-Lethal Weapons, uma organização que integra investigadores e especialistas das forças policiais e militares da Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Rússia, Suíça e Portugal, entre outros países.
"O dispositivo inclui, também ele, um explosivo pouco potente. Pode ser colocado por um robô e accionado remotamente numa direcção preferencial", explicou Luís Rodrigues, da Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI).
Segundo o investigador, este sistema de detonação "é mais seguro e não provoca tantos danos colaterais".
"O equipamento contém uma carga explosiva de classe civil (como as utilizadas na actividade mineira) e foca a energia sobre o alvo que pretendemos destruir", acrescentou. Uma pequena carga explosiva acelera jactos de água que transportam pequenas agulhas de encontro ao explosivo-alvo, desactivando-o.
O sistema foi desenvolvido, na Universidade de Coimbra, por investigadores da ADAI e do Laboratório de Energética e Detónica (LEDAP).
Para Igor Plaksin, líder do grupo de investigação responsável pelo projecto, esta distinção "premeia o esforço continuado de desenvolvimento e aperfeiçoamento da tecnologia ao longo dos últimos quatro anos".
Segundo Luís Rodrigues, o dispositivo pode ser utilizado por "equipas de desminagem e militares em cenários de guerra" e "permite actuar de uma forma mais precisa e segura do que as tecnologias actualmente em uso".
O LEDAP, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), "é o único laboratório nacional de investigação e desenvolvimento a trabalhar com explosivos", realça uma nota da assessoria de Imprensa da Universidade.
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