Capitulo 4
O Sistema de Artilharia de Campanha Nacional. Uma solução para a BrigInt.
4.1. O Sistema de Artilharia de Campanha Nacional
Em Portugal, à semelhança de um pouco por toda a Europa, consequência do incremento das FND em Operações de Apoio À Paz (OAP), genericamente consideradas operações de baixos custos, a Artilharia tem sido secundarizada face ao conjunto de valências que a Arma revela. Para esta situação concorrem dois motivos: a situação político-económica, potenciando a existência de lacunas significativas em equipamentos essenciais, designadamente no comando e controlo ou de aquisição de objetivos, valências cultivadas desde sempre pela Arma e extremamente valorizadas em contexto multinacional.
No cumprimento da sua missão, a AC constitui-se como um sistema integrado, englobando o C2, vigilância e aquisição de objetivos e armas e munições. Os sistemas próprios da AC são essenciais em todo o espetro de conflitos, estando o seu empenho e modo de emprego condicionado às regras de empenhamento (ROE – Rules of Engagement) determinadas para a operação.
No SF nacional, o apoio de fogos orgânico das Brigadas assenta preferencialmente no GAC. O calibre de 155 mm é atualmente o calibre padrão definido pela NATO para apoio das Brigadas Médias e Pesadas, pois garante os fogos de massa, a profundidade necessária às forças de manobra (maior disponibilidade de alcances ≥ 40 km), bem como a utilização de todo o espetro de munições especiais existentes. O calibre de 105 mm, outrora considerado como o mais adequado para garantir o apoio de fogos a forças aerotransportadas e aeromóveis, bem como para emprego em cenários montanhosos e especialmente nos urbanos pela sua maior flexibilidade de emprego (peso), tem vindo a ser preterido face ao calibre 155 mm. Tal fato deve-se não só aos reduzidos alcances providenciados por este calibre, insuficientes dadas a descontinuidade das atuais Áreas de Operações (AOp) e distâncias entre Forças (com implicações no respetivos apoios de fogos e combate) que caraterizam os Teatros de Operações do atual cenário de conflitualidade.
Concorre para este “desinteresse” o facto da evolução tecnológica ao nível das munições registar significativos desenvolvimentos somente no calibre 155 mm, como são o caso das munições “Excalibur” e das espoletas de precisão guiadas “XM1156 Precision Guidance Kit (PGK)” (Grilo & Mimoso, 2010).
No âmbito da aquisição de objetivos, são considerados como meios próprios da AC a seguinte tipologia de sistemas: radares de localização de armas (RLA), radares de localização de alvos móveis (RLAM), e sistema acústico de localização de armas (SALA). Em termos nacionais, o GAC dispõe de 1 Pelotão de Aquisição de Objetivos (PAO).
As forças solicitadas a Portugal no âmbito do NATO Defence Planning Process (NDPP) são um GAC 155 AP, uma BtrAAA e meios de aquisição de objetivos do Agrupamento ISTAR (UAV, OAv, RLAM, RLA e SALA).
Relativamente à BrigInt, esta poderá constituir-se como a Brigada especialmente apta para ser disponibilizada para a NATO, consequência direta dos meios disponíveis, tecnologicamente mais evoluídos.
Pela mesma ordem de razões consideradas para a BrigMec, o atual GAC 155 M114 e a BtrAAA que se encontram atribuídos à BrigInt respondem à organização para o combate. Contudo, sobre este GAC pendem três vulnerabilidades significativas:
alcance insuficiente face aos atuais desenvolvimentos táticos;
Exigência de um volume significativo de pessoal ao nível das guarnições de obuses;
E não inserção no AFATDS.
Esta realidade ditaria a sua descontinuidade, caso houvessem alternativas.
4.2. A Artilharia de Campanha na Revisão da Lei de Programação Militar 2014
No Sistema de Forças Nacional, as vulnerabilidades e riscos mais significativos para a Artilharia de Campanha (AC), passam por não se dispor do Apoio de fogos de AC adequado na BrigInt, ou seja, incapaz de atingir os requisitos mínimos de certificação NATO (Targets).
Relativamente à estratégia genética da AC, o objetivo passa por efetuar upgrades aos dois sistemas não obsoletos, M119 LightGun e M109 A5, proporcionando-lhes um acréscimo de capacidade no que às pontarias e direção do tiro diz respeito, e à aquisição de um obus para substituir o material obsoleto (M114 A1) com o correspondente Sistema Automático de Comando e Controlo, compatível com o sistema AFATDS que equipa os restantes grupos .
Os planos de implementação dos GAC dos Sistema de Forças Nacional, apontam para os seguintes investimentos principais :
1 Capacidade de Forças ligeiras (GAC BrigRR) o Melhoramento dos equipamentos dos Observadores Avançados de Artilharia e de topografia do Grupo;
2 Upgrade Obus M119 LightGun (tipo LINAPS ou DINAPS ); o Aquisição de Morteiros estriados 120 mm (12), com as respetivas lunetas e calculadora de tiro;
3 Aquisição do Sistema de Mobilidade Tática Terrestre (tipo PAMU) (12).
Capacidade de Forças Médias (GAC BrigInt) o Melhoramento dos equipamentos dos Observadores Avançados de Artilharia e de topografia do grupo;
1 Aquisição de 18 sistemas Obus 155 mm de acordo com as especificações técnicas a elaborar;
2 Aquisição de Sistema Automático de Comando e Controlo compatível com o Obus a adquirir e com os restantes equipamentos dos outros GAC;
3 O Upgrade Simulador Infront 3D.
Capacidade de Forças Pesadas (GAC BrigMec) o Melhoramento dos equipamentos dos Observadores Avançados de Artilharia e de topografia do grupo;
1 Upgrade Obus M109 A5 para a tipologia M109 A5+;
2 Upgrade Simulador Infront 3D.
As verbas que ficaram planeadas em sede de revisão da Lei de Programação Militar (Lei Orgânica 7/2015) relativas à AC, devido à sua priorização no contexto das unidades da componente operacional e face aos cenários e missões atribuídas ao Exército, inviabilizam a edificação sustentada da AC, tendo sido atribuídas verbas simbólicas aos projetos (face ao seu valor de referência), de forma a mantê-los visíveis junto da tutela, manifestando assim a intenção do Comando do Exército de continuar a considerar a sua edificação.
De realçar que o objetivo de efetuar o reajustamento dos projetos do Exército com financiamento, teve por finalidade, permitir a margem de manobra necessária ao Comando do Exército, garantindo verbas em todas as capacidades e projetos, de forma a poder redirecionar o esforço de investimento, se necessário.
A AC das Forças ligeiras tem financiamento planeado em 2023, e a das Forças Médias em 2023 e 2024, mas com verbas apenas simbólicas, muito aquém das necessárias, nomeadamente para o reequipamento do GAC da BrigInt. O GAC da capacidade das Forças Pesadas ficou sem financiamento planeado .
Perspetivando-se nova revisão da LPM em 2018, é urgente reavaliar os planos de implementação destes três projetos, no sentido de, aproveitando a oportunidade entretanto encontrada de partição dos projetos na ferramenta Microsoft Entreprise Project Management (MS-EPM), poder inserir alguns dos subprojectos dos três GAC do sistema de forças para que, aquando da respetiva análise de portefólio anual, o mesmo possa ser financiado pela LPM.
Ou seja as putas das LPM. como eu venho afirmando há anos, não servem para rigorosamente, coisa nenhuma a não ser o veiculo utilizado para a divulgação do continuo rol de aldrabices/mentiras atrás de mentiras sobre o reequipamento das FFAA, neste caso o Exército, que os (DES)governantes utilizam como propaganda politica sobre o seu interessa nas FFAA ! !!
Abraços