Os meus dois centimos de opinião sobre mais um plano naval.
Como tenho referido anteriormente os planos navais e os conceitos são uma coisa comum na marinha e já aquí coloquei, a título de exemplo os planos navais da década de 1930, com a previsão de cruzadores e navio para transporte de aviões (seaplane tender)...
Nada disso se concretizou, pelo que acredito que teremos que ter em consideração essa realidade.
No entanto, este tipo de planos permite-nos tirar algumas conclusões sobre o que se passa na cabeça das pessoas que “pensam” este tipo de coisas...
Não vou referir a questão dos navios logisticos/reabastecedores e que tal, porque me parece ser onde aparenta haver mais águas turvas...
Noto a intenção de vender os atuais navios da classe Viana do Castelo.
À primeira vista, tudo bem, troca-se de série, já que a segunda série de navios é diferente da primeira, mas esquecemo-nos que haverá sempre, repito sempre, um nivel de sistemas comuns ou adaptáveis entre os navios.
A minha conslusão, é que... Se alguns dos navios mais recentes da marinha (a segunda série dos NPO) é suficientemente diferente da terceira série para justificar a venda, então haverá apenas uma explicação:
A terceira série de navios poderá não ter nada a ver com as duas primeiras, caso contrário não faria sentido vende-los.
A questão já aquí aflorada por mim anteriormente relativamente aos Viana do Castelo poderia ser uma explicação:
Ainda que relativamente estáveis, eles não são suficientemente capazes para permitir a operação de aeronaves de asa rotativa em condições de mar que são comuns durante metade do ano no Atlantico norte.
Eu diria que alguém anda a namorar os conceitos de corveta europeus, e a pensar que aquilo tanto dá para corveta armada, como para NPO de maiores dimensões.
Aquilo que realmente surpreende nesta configuração da marinha, é o facto de, pela primeira vez na historia desde o inicio do século XX, o numero de submarinos propostos ser igual ao numero de navios combatentes principais (as fragatas).
E isto é importante, porque construam ou não submarinos ou fragatas, o que fica estabelecido, é a relação entre fragatas e submarinos.
Se temos dois submarinos, então teremos duas fragatas, e se aumentar o numero de fragatas deverá aumentar o numero de submarinos.
A opção compreende-se - ou não fosse o chefe da armada um individuo dos submarinos – e há que reconhecer, os submarinos são a única arma com a qual alguém alguma vez se preocupará em caso de um conflito envolvendo Portugal.
Isto implica que, não acreditando eu que haja vontade politica para aumentar o número de submarinos, voltamos outra vez à realidade chata... o país vai ficar com duas fragatas.
Eu ainda não entendi o que raios é isto do Novo Tipo... (de navio) pelo que tudo pode estar ainda em cima da mesa. Se as eventuais corvetas forem navios com alguma capacidade anti-submarina, então podemos pensar em navios com maior capacidade anti-aérea, mas dificilmente mais que dois.
As pessoas parecem pelo menos tentar perceber o que é que se pode fazer com novos tipos de armas, drones navais e afins. Mas é perigoso dispender demasiados recursos em conceitos esotéricos e esquecer o pão com manteiga e o básico.
Portugal tem que mostrar capacidade para, dentro da ZEE estendida, ser capaz de montar uma operação de salvamento marítimo de emergência, eventualmente mais que uma em simultâneo.
Esta capacidade, é equivalente à exigência a que Portugal ficou obrigado, quando nos fizeram o favor de permitir ficar condicionalmente com Angola e Moçambique, desde que mostrássemos ser capazes de controlar aqueles territórios e controlar os nativos.
E para isto, dez patrulhas são provavelmente pouco.