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Conflitos => Conflitos do Presente => Tópico iniciado por: comanche em Setembro 03, 2007, 12:58:03 am

Título: Bélgica caminha para a desagregação?
Enviado por: comanche em Setembro 03, 2007, 12:58:03 am
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Francófonos e flamengos cada vez mais divididos e à espera de novo governo
Dezenas de milhares de pessoas participaram ontem na 27.ª edição de um passeio de bicicleta anual em torno da capital belga mas, este ano, o evento foi aproveitado pela extrema--direita e pelos separatistas para uma demonstração de força. A Bélgica atravessa uma profunda crise, sem governo há três meses, enquanto aumenta o tom das vozes que exigem a separação entre Valónia e Flandres.

Os partidos francófonos não aceitam as exigências flamengas de maior autonomia e os flamengos argumentam que todos os anos pagam 12 mil milhões de euros aos francófonos. A meio da semana, estudantes católicos flamengos colaram em câmaras municipais proclamações de independência da Flandres.

A corrida de bicicletas teve um carácter semelhante, entre o sério e o brincalhão. Segundo o relato da AFP, muitos ciclistas surgiram com camisolas com um leão negro (símbolo flamengo). O percurso tinha 140 quilómetros e incluía localidades de maioria flamenga, nos subúrbios de Bruxelas (80% francófona). O Rei Alberto da Bélgica está a tentar convencer os partidos, mas as negociações foram suspensas por Yves Leterme, líder dos cristãos-democratas flamengos. Alguns teóricos têm defendido, por seu turno, a integração da Valónia na França.

http://dn.sapo.pt/2007/09/03/internacional/separatistas_aproveitam_festa_popula.html[/quote]


Separatismo
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A história do início da Bélgica como país contribuiu para a formação de movimentos separatistas de ambos os lados (Flamengo e Valão). Do lado de Flandres, partidos extremamente conservadores (como o Vlaams Belang, maior deles) lutam pela separação, alegando que os valões vivem às custas dos flamengos. Tudo tem base no passado belga, quando a Valônia era a região mais rica e seu povo menosprezava Flandres e tudo o que vinha dela simplesmente pelo fato de eles serem mais "pobres". Quando a situação se inverteu, muitos flamengos sentiam-se injustiçados e adotaram uma posição radical (nunca tão radical quanto à posição da Valônia antigamente, quando os flamengos eram oprimidos por falar uma língua diferente e tinham pouco ou nenhum direito civil se comparados aos compatriotas da Valônia).

Uma das grandes questões discutidas hoje é que os valões continuam tendo uma posição extremamente conservadora. Apesar de o Neerlandês ser língua oficial da Bélgica, poucos valões fazem questão de aprendê-lo, optando mesmo pelo idioma inglês na hora de se comunicar com o norte. Em contrapartida, os flamengos se esforçam para aprender a língua da Valônia (Francês) assim como o Alemão, falado em uma pequena parte do país. Em pesquisas feitas anualmente na Bélgica, nota-se que cada vez mais flamengos falam o Francês fluentemente, enquanto o número de valões que falam o Neerlandês mantém-se ou aumenta pouco. Somado a isso, ainda existe um forte sentimento de inimizade de ambas as partes, já que os flamengos não perdoam o que os valões fizeram com eles e nem os valões aceitam Flandres como região mais importante economicamente para seu país.  



http://pt.wikipedia.org/wiki/Flandres
Título:
Enviado por: comanche em Setembro 13, 2007, 03:44:24 pm
Sem governo há três meses, Bélgica fala em divisão


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A Bélgica completa nesta segunda-feira três meses sem governo, envolta em crescentes especulações da imprensa local sobre uma possível divisão do país, onde os ânimos nacionalistas de sempre estão ganhando nova dimensão.
A crise se agrava a cada dia que passa sem que o partido vencedor das eleições de 10 de junho, o cristão-democrata flamengo CD&V, consiga formar uma coalização para governar.

Nunca foi fácil formar governo nesse país que, com 10 milhões de cidadãos, está dividido em três comunidades – determinadas por seus três idiomas oficias (flamengo, francês e alemão) – e três regiões geográficas, Flandres, Valônia e Bruxelas.

Para contentar todas as diferenças, a Bélgica federal conta com seis órgãos governamentais: além do governo federal, um governo para cada comunidade, um Executivo valão e outro para Bruxelas. Completam o quadro uma Câmara de Representantes, um Senado, cinco Parlamentos (das comunidade e regiões) e o Rei Alberto 2º.

Ainda assim, o processo pós-eleitoral só foi mais complicado do que o atual em 1987, quando o país teve que esperar cinco meses pela formação de um governo.

Diferenças

Desta vez, o fracasso das negociações fez com que o líder cristão-democrata flamengo Yves Leterme – um nacionalista declarado, que em junho confundiu o hino nacional belga com o francês – renunciasse há duas semanas à sua missão de formar o governo de coalizão.

As dificuldades nas conversas também obrigaram o rei a convocar o Conselho da Coroa, um “comitê de sábios conselheiros” que só havia se reunido cinco vezes desde a sua criação, em 1830 – a última foi nos anos 60, motivada pela independência do Congo, antiga colônia belga.

Agora, com um novo responsável por formar o governo, Herman Van Rompuy, as negociações ainda não parecem estar perto de uma conclusão.

Nenhum dos partidos valões cortejados para uma coalizão está disposto a aceitar as propostas dos cristão-democratas flamengos, que venceram as eleições com um programa de governo centrado em maior autonomia regional, do qual se negam a abrir mão ou a fazer concessões.

Para os valões, a lista de mais de 60 competências que os flamengos querem passar das mãos do governo federal para o regional – entre elas setores delicados como previdência social, saúde, emprego e imigração – levaria ao desmantelamento do Estado belga.

“Os flamengos acreditavam que, porque são ricos e numerosos, suas propostas seriam aceitas sem problemas pelos francófonos pobres e dóceis. Mas algumas de suas exigências são inaceitáveis”, avalia um editorial do jornal francófono La Libre Belgique.

Separatismo

Diante do impasse, revistas, debates televisivos e jornais locais fazem eco de pesquisas segundo as quais 45% da população flamenga é a favor da independência de Flandres, motor da economia belga, e tratam de analisar as possíveis conseqüências que uma ruptura teria para o país.

Em um debate na televisão pública RTBF, no último domingo, Jean-Marie Dedecker, líder do partido flamenco List Dedecker, afirmou: “Não precisamos de pesquisas. Basta olhar o resultado das eleições: os defensores de um Estado centralizado perderam. E não entendo os francófonos, que são o único povo do mundo que teme a sua própria autonomia”.

Por trás de tudo estão os números. Segundo economistas flamengos, Flandres envia anualmente mais de 10 bilhões de euros à Valônia, uma cifra que é rebaixada a 5,6 bilhões pelos economistas francófonos.

“Se Flandres deixasse de transferir recursos à Valônia, a renda dos flamengos aumentaria em 7%, enquanto a dos valões cairia 4%. No sul do país (Valônia) o índice de desemprego chegaria entre 13% e 18%”, afirma uma reportagem do semanário francófono Le Vif.

Por outro lado, a reportagem alerta que a complexidade administrativa causada por uma separação de Flandres e o impacto que isso teria sobre sua imagem internacional passariam fatura no volume de negócios da região, que concentra o maior volume de investimento estrangeiro na Bélgica.

Incentivado pela crise, o partido flamengo separatista e de extrema direita Vlaams Belang aproveitou a crise para apresentar ao Congresso, na última sexta-feira, um pedido formal para a separação de Flandres, que soma 60% da população belga.

A iniciativa fez soar alarmes na União Européia, que teme que os acontecimentos no coração do bloco dêem força a outras regiões que já enfrentam tensões separatistas, como o País Basco e a Catalunha, na Espanha, e Córsega, na França.

 


http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/09/070910_belgicabizzotto_is.shtml
Título:
Enviado por: Cabecinhas em Setembro 13, 2007, 06:16:27 pm
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Desta vez, o fracasso das negociações fez com que o líder cristão-democrata flamengo Yves Leterme – um nacionalista declarado, que em junho confundiu o hino nacional belga com o francês – renunciasse há duas semanas à sua missão de formar o governo de coalizão.


UI CALOR! Confundir o hino é qualquer coisa...  :snipersmile:
Título:
Enviado por: nelson38899 em Setembro 13, 2007, 06:22:16 pm
boas

Por este andamento temos a frança a alemanha e a italia a seguir o mesmo caminho.

Cump.
Título:
Enviado por: Cabeça de Martelo em Setembro 13, 2007, 07:58:02 pm
A Bélgica é um caso muito complicado. Tenho um amigo do peito belga que tb não sabe o hino e nem quer saber. Através das nossas conversas dá para perceber que a identidade nacional é praticamente inexistente!
Título:
Enviado por: papatango em Setembro 13, 2007, 11:39:56 pm
E o caso belga é complicado, porque pode criar um precedente.

O primeiro problema diz respeito à pertença à Uniao Europeia.

Ou seja: Se ocorrer uma separação na Bélgica, com a criação da Valónia e da Flandres esses países passam automaticamente a fazer parte da UE ?

E se não for assim, como é que é possível que a capital da União Europeia esteja sedeada num país que não faz parte da União ?

Este problema cria inevitáveis precedentes, porque se estabelece o principio de que qualquer país novo país, desde que se separe de outro da UE, tem automaticamente direito a fazer parte da União, no momento da separação.

Outra coisa curiosa, é o desaparecimento do Estado Belga.

Desaparece a Bélgica?
Ou a Valónia assume o nome de Bélgica, deixando a Flandres no  «Limbo» ?

A Alemanha e a Itália não são os casos mais evidentes. Os mais evidentes casos de possibilidade de separatismo são em primeiro lugar a Escócia e depois País Basco e Catalunha. Só depois vêm os nacionalismos do norte de Itália.

Quanto à Alemanha é algo um pouco diferente, mas a Baviera é um caso típico de diferenciação. Em parte são mais parecidos com os austriacos que com os restantes alemães.

Além disso a Alemanha (Deutschland) é um país criado à volta da ideia de que a nação e o povo se determinam pela língua (e por isso Hitler anexou a Áustria, que passou a fazer parte do Reich alemão e as tropas austriacas passaram automaticamente a fazer parte da Wermacht).

Mas além da língua a Alemanha foi criada em torno do espirito Prussiano.
Hoje a maior parte da Prussia pertence à Russia, à Polónia e aos Estados Bálticos, e apenas o seu extremo ocidental está na Alemanha.

Logo, a actual Alemanha tem cada vez menos de «Prussia» para se parecer mais com uma Holanda ou uma Dinamarca (Protestante), enquando que o sul da Alemanha se parece com a Áustria (Católica).

O mesmo acontece também na Bélgica.

São movimentações curiosas, que por um lado podem enfraquecer os actuais estados, dando maior poder às instituições europeias. Com a criação de pequenos estados, esses estados aceitarão mais facilmente a ideia de um exército europeu.

Do outro lado estão os estados uniformes como a França, que não tem o mesmo tipo de problema e voltará a ter um papel muito importante. A Inglaterra por seu lado, não parece muito preocupada com a separação da Escócia. Muitos ingleses até acham que se os escoceses se querem ir embora, melhor que vão mesmo.

Aliás a Escócia continuaria a fazer parte da Commonwealth e mesmo a reconhecer a rainha Isabel II como monarca, só que teria um estatuto como o do Canadá ou da Austrália.
Título:
Enviado por: JoseMFernandes em Setembro 14, 2007, 07:59:17 pm
Citação de: "Cabeça de Martelo"
A Bélgica é um caso muito complicado. Tenho um amigo do peito belga que tb não sabe o hino e nem quer saber. Através das nossas conversas dá para perceber que a identidade nacional é praticamente inexistente!


Um exemplo quase marginal...um jornal francófono de Bruxelas publica hoje num artigo com titulo de ' Barbecue  plus que douteux'( uma muito discutível barbecue) várias  fotos de uma 'queima cerimonial'  da bandeira belga efectuada por jovens de um partido flamengo (NV-A) no dia da Bélgica(21/7) e com direito a publicação no site oficial dessa juventude partidária.O jornal comenta que se trata de um caso chocante e de mau-gosto, mas limita-se a notar melancólicamente que na Bélgica este tipo de acção é perfeitamente legal... :(
Título:
Enviado por: Lancero em Setembro 17, 2007, 05:47:54 pm
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UE/Presidência: Comissário europeu nega que a Bélgica corra o risco de ser dividida    

   Bruxelas, 17 Set (Lusa) - O comissário europeu de nacionalidade belga,  Louis Michel, rejeita que o país corra o risco de ser dividido entre Flandres  e Valónia e garante, em entrevista hoje concedida à Agência Lusa, que a  crise governamental será ultrapassada.  

     

   "Não há qualquer risco (de secessão), a Bélgica soube sempre gerir as  suas diferenças internas", sublinha, acrescentando que sempre se conseguiu  chegar a "acordos equilibrados".  

     

   "Não receio pelo futuro do meu país, mas é claro que preferia que já  tivesse sido formado um governo", salienta Michel.  

     

   A crise entre flamengos e valões arrasta-se desde 10 de Junho, quando  o líder dos democratas-cristãos flamengos (CDV), Yves Leterme, venceu as  eleições legislativas, sem ter contudo conseguido, desde então, levar a  cabo a tarefa de concretizar uma coligação com os seus homólogos valões  CDH e os liberais das duas comunidades - VLD (flamengos) e MR.  

     

   Há mais de cem dias que o país tem um governo de gestão.Optimista, o  comissário - que é um histórico do partido liberal Movimento Reformador  (MR), da Valónia - assegura que haverá um governo e "a Bélgica vai sobreviver".  

     

   Pragmático, adianta ainda que os belgas têm uma consciência profunda  do que teriam a perder com a divisão do país entre as duas comunidades rivais:  a Flandres (onde se fala o neerlandês) e a Valónia (francófona).  

     

   A Flandres, economicamente mais forte que a Valónia e que representa  60 por cento dos cerca de dez milhões de habitantes no país, reivindica  um aumento de poderes regionais, nomeadamente na política fiscal e de imigração,  pretensões recusadas pelos políticos valões.  

     

   Para Louis Michel, "é preciso integrar mais a dimensão regional", passo  que considera "lógico" mas que não acarreta qualquer risco para o futuro  do país.  

     

   Questionado sobre se poderá vir a deitar cartas no jogo político belga,  o comissário diz que "de momento" não há qualquer possibilidade de assumir  o papel de informador (que averigua quais os partidos que poderão ligar-se  no poder), nem de formador (que forma o executivo), limitando-se a colaborar  com o partido.  

     

   A receita para a formação de governo é fácil: "ir ao encontro das aspirações  flamengas e das aspirações e receios valões". Difícil tem sido acertar na  quantidade dos ingredientes.  

     

   Entretanto, as bandeiras belgas têm-se multiplicado nas janelas de Bruxelas  - um sinal de descontentamento pelo facto de não haver governo, mas também  de unidade nacional.  

     
Título:
Enviado por: comanche em Setembro 18, 2007, 04:45:47 pm
Dois terços dos flamengos prevêem o fim da Bélgica--pesquisa

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BRUXELAS (Reuters) - Dois terços dos habitantes de Flandres (região de idioma holandês no norte da Bélgica) acham que mais cedo ou mais tarde a Bélgica vai deixar de existir, segundo pesquisa publicada na terça-feira pelo diário Het Laatste Nieuws.

Mais do que isso, 46,1 por cento dos flamengos entrevistados querem a divisão da Bélgica, o que indica que os separatistas de Flandres estão ganhando força em meio ao atual impasse político no país.

Os belgas foram às urnas há 100 dias, mas ainda não têm um novo governo, já que os líderes de idioma holandês e francês não se entendem sobre a divisão dos cargos.

Campeão de votos no pleito, Yves Leterme, dirigente do Partido Democrata-Cristão Flamengo, desistiu de tentar formar um gabinete devido ao impasse.

Herman van Rompuy, seu colega de partido, foi indicado pelo rei para discutir com outros líderes políticos como pode haver acordo.

Segundo a pesquisa, Leterme, visto por muitos francófonos e observadores políticos como alguém que se sente mais flamengo que belga, ainda tem a confiança da população de Flandres -- 60,4 por cento dos entrevistados acham que ele deveria ser o futuro primeiro-ministro.

Leterme irrita os francófonos com suas propostas de dar mais poderes às regiões. A rica Flandres se queixa de precisar subsidiar a relativamente pobre Valônia, a região francófona, onde o desemprego é mais elevado.

Reformistas flamengos querem que a Valônia se torne mais responsável por sua economia e que haja menos distribuição de renda entre as regiões.

A pesquisa mostrou que 85,5 por cento dos flamengos são favoráveis à reforma federativa, e 77,3 por cento afirmam que isso deveria ser a prioridade do novo governo.

Título:
Enviado por: comanche em Outubro 15, 2007, 10:40:35 pm
Quarta, 10 de outubro de 2007
Bélgica completa quatro meses sem governo

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A Bélgica completa hoje quatro meses sem um novo Governo, após as eleições realizadas no dia 10 de junho, mas já consegue vislumbrar uma luz no fim do túnel, com o primeiro acordo parcial entre os partidos liberais e democratas-cristãos de todos os lados do país.

Os quatro partidos flamengos e francófonos que melhor resultado obtiveram no pleito - CD&V, Cdh, Open VLD e MR - tentam formar uma coalizão "laranja-azul", dominada pelos democratas-cristãos, que substitua a "violeta" anterior, liderada pelo liberal Guy Verhofstadt.

Após um fracasso inicial, o democrata-cristão flamengo Yves Leterme (CD&V), encarregado pelo Rei Albert II de formar o novo Governo, está obtendo os primeiros resultados devido a uma mudança de estratégia na negociação.

O ex-presidente de Flandres, muito criticado no sul do país por suas ironias sobre a capacidade intelectual dos valões (francófonos) e por várias gafes cometidas, optou por não dar publicidade à negociação e em adiar a discussão dos temas mais polêmicos.

Na última segunda-feira (8), os quatro partidos fecharam, já de madrugada, o primeiro acordo de Governo, relativo à política de imigração.

Este primeiro sinal de aproximação fez renascer a esperança de que democratas-cristãos e liberais, obrigados pelos resultados das eleições de junho a governar juntos, possam chegar a compor um novo Executivo federal.

No entanto, restam vários temas a serem resolvidos em âmbitos como justiça, emprego e saúde, e principalmente nos chamados temas "comunitários", ou seja, os relativos à competência das regiões.

É a nova descentralização do Estado, exigida pelos flamengos e rejeitada pelos francófonos, o que impede, por enquanto, que os políticos dos dois lados cheguem a um acordo.

O principal objeto da disputa é Bruxelas, ao mesmo tempo capital do Governo federal e da região flamenga, além de "coração" da União Européia, que tem na cidade a sede de suas principais instituições.

Bruxelas, uma cidade cosmopolita e majoritariamente francófona, fica em Flandres, e é objeto há décadas de uma inflamada "batalha" entre nacionalistas flamengos e francófonos.

Para reduzir as tensões, a capital recebeu um estatuto especial, bilíngüe, e instituições próprias. No entanto, qualquer extensão desta singularidade em direção à periferia é percebida pelos flamengos como uma agressão e uma prova do "expansionismo" francófono.

A eventual divisão do distrito eleitoral de Bruxelas-Halle-Vilvoorde, um assunto que coloca francófonos e flamengos em lados opostos há mais de 40 anos, se tornou o "símbolo" da luta por Bruxelas, e marcará em grande medida o destino do novo Governo federal.

No sistema belga, os flamengos de Flandres votam em seus partidos e os francófonos de Valônia nos seus, e apenas na capital, Bruxelas, o eleitor pode optar, na hora de se registrar no censo, pelas listas flamengas ou francófonas.

O distrito eleitoral de Bruxelas-Halle-Vilvoorde é o único que não respeita esta fronteira lingüística e os limites provinciais.

Nos municípios flamengos de Halle e Vilvoorde, podem concorrer ao pleito tanto candidatos flamengos como francófonos.

Baseando-se em uma sentença do Tribunal Constitucional belga, os flamengos reivindicam que os municípios flamengos da periferia de Bruxelas - onde vivem muitos francófonos- só possam votar em listas flamengas, para conter o crescimento dos francófonos em direção às povoações flamengas que fazem divisa com a capital.

Embora nenhum partido francófono deseje a divisão do distrito de Bruxelas-Halle-Vilvoorde ou uma nova descentralização do Estado - a 5ª desde 1970 -, as legendas indicam que estão dispostas a ceder em certos aspectos em troca de concessões por parte dos flamengos, como por exemplo uma ampliação do território bilíngüe de Bruxelas.

A reivindicação flamenga, o vácuo de poder e os temores de uma "evaporação" do Estado central levaram os bruxelenses a manifestar espontaneamente seu apego à Bélgica pendurando em suas sacadas a bandeira do país, como costumam fazer durante o feriado nacional de 21 de julho.

Segundo dados publicados hoje pela empresa Wollux, nas últimas seis semanas foram vendidas 30 mil bandeiras belgas, dez vezes mais do que o normal, ao tempo que as vendas de bandeiras flamengas e valonas também aumentaram consideravelmente.

Fora de Bruxelas, flamengos e francófonos parecem relativamente indiferentes à crise no país, que já dura 122 dias, e as demonstrações de apego ao Estado federal não vão além de um pedido em nível nacional em favor da solidariedade entre norte e sul.

Título:
Enviado por: comanche em Novembro 06, 2007, 02:27:14 pm
Bélgica sem Governo há 148 dias



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Bélgica está há 148 dias sem Governo, um recorde desde a independência do país há 177 anos, assinalado ontem pela imprensa belga que aponta o próximo dia 15 como a possível data de acordo sobre o novo executivo.

Os negociadores da coligação "laranja-azul" - as cores dos partidos liberais e democratas-cristãos flamengos e valões que a debatem há praticamente cinco meses - chegaram na semana passada a um acordo geral sobre o programa de Governo, faltando agora a concordância em temas como orçamento, fiscalidade e o capítulo institucional.

A questão da reforma do Estado é particularmente sensível, uma vez que o partido de Yves Leterme (CDV, conservador) apresentou-se ao eleitorado flamengo com o reforço dos poderes regionais no seu programa.

O líder dos democratas-cristãos da Flandres (de língua neerlandesa), Leterme, venceu as eleições de 10 de Junho último, mas o caminho para a formação de governo federal - que tem que incluir partidos da região da Valónia (francófonos) - tem sido acidentado.

Quatro partidos discutem a proposta de Governo que não agrada aos flamengos, que a acusam de fazer demasiadas cedências à região francófona, nem a valões, que a rejeitam por ser demasiado flamenga.

A 19 de Agosto, Leterme anuncia o fracasso das negociações e a 9 de Setembro a crise agudiza-se com a proposta, no parlamento regional flamengo pelo partido de extrema-direita Vlaams Belang, de uma separação do país.

Em Bruxelas, as janelas enfeitam-se com bandeiras nacionais, uma resposta da população da capital - que é também uma região e a única bilingue do país - ao arrastar da situação política e à ameaça da secessão.

A 29 de Setembro, na sequência do trabalho discreto do presidente do Parlamento, Herman Van Rompuy, encarregue pelo rei Alberto II de um missão de "exploração", Leterme recebe novo mandato para formar Governo.

Vários capítulos estão já fechados, mas as questões que ficaram por resolver são, provavelmente, as mais problemáticas.
Título:
Enviado por: comanche em Novembro 07, 2007, 11:59:51 pm
Bélgica/Governo: Líderes políticos francófonos invocam conflito de interesses para travar flamengos


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Bruxelas, 07 Nov (Lusa) - A invocação de um conflito de interesses foi a solução encontrada por líderes partidários francófonos para parar o processo de cisão da circunscrição eleitoral Bruxelas-Hal-Vilvorde (BHV), hoje iniciado por deputados flamengos na Bélgica.

Este recurso, que os líderes políticos francófonos decidiram accionar, está previsto na Constituição de um país que existe há 177 anos num equilíbrio tenso entre as suas duas principais comunidades: a da Flandres, maioritária e de língua neerlandesa, e a da Valónia, de língua francesa.

Há ainda uma pequena comunidade, regionalmente situada na metade Sul da Bélgica (Valónia), de língua alemã, mas que não tem peso económico nem político.

Com o país há 150 dias sem governo, o partido Democrata-Cristão francófono (CDH) - um dos quatro que integram a coligação "laranja-azul" - deu as negociações como suspensas, pela sua parte.

A Comissão do Interior (Administração Interna) do parlamento federal belga aprovou hoje com dez votos e uma abstenção de deputados flamengos um projecto de lei que prevê a separação da circunscrição em duas.

Os seis deputados francófonos abandonaram a sala no momento da votação, tendo sido a primeira vez em que uma das comunidades utiliza contra outra o argumento da maioria, recusando uma solução de consenso.

Segundo a proposta aprovada, Bruxelas tornar-se-á a única circunscrição bilingue, sendo que Hal e Vilvorde passarão a integrar a de Lovaina.

Esta decisão implica o fim das "facilidades" concedidas a francófonos residentes em 35 comunas flamengas nos arredores de Bruxelas, como a possibilidade de votar em candidatos da sua comunidade linguística ou de serem julgados em francês em vez de neerlandês.

Para o retomar dos contactos formais com o seu homólogo flamengo - CDV, de Yves Leterme, que venceu as eleições de 10 de Junho último - o CDH, liderado por Joelle Milquet, quer garantias de que há uma vontade de negociar uma solução para a BHV.

Outro parceiro francófono de coligação, Didier Reynders, líder do Partido Liberal (MR), tomou a liderança do processo de resposta ao voto flamengo, tendo reunido todos os líderes políticos francófonos ao fim da tarde.

"Este voto constitui uma agressão política grave para os francófonos e rompe o equilíbrio nacional. Não podemos aceitá-lo", dizem os líderes políticos num comunicado conjunto.

Os presidentes dos partidos francófonos decidiram ripostar com a votação, sexta-feira, no parlamento regional, de uma moção relativa a um conflito de interesses.

Este voto, convocado ao abrigo de um preceito constitucional que impede que uma comunidade possa impor uma decisão que atente contra os interesses vitais de outra, irá suspender o processo e obriga a uma concertação entre as partes.

Título:
Enviado por: Lancero em Novembro 10, 2007, 07:34:57 pm
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Bélgica: 5 meses após eleições, crise continua sem solução

Cinco meses depois das eleições legislativas na Bélgica a crise entre as comunidades flamengas e francófonas parece não ter saída, continuando o país com um governo de gestão.

As negociações para formar governo foram suspensas na quarta-feira, depois de deputados flamengos terem votado unilateralmente um projecto-lei contrário aos interesses francesesDepois de o rei dos Belgas, Alberto II ter apelado aos presidentes das duas câmaras do Parlamento, na quinta-feira, para que se esforcem por lançar o diálogo e ter reiterado no líder democrata-cristão flamengo (CDV), Yves Leterme, a sua confiança como formador de Governo, jornais da Flandres dão conta da insatisfação da maior e mais rica comunidade da Bélgica.

Herman Van Rompuy (CDV, presidente da Câmara) e Armand De Decker (do partido liberal francófono, MR, e presidente do Senado) começaram hoje de manhã a receber os líderes de todos os partidos com assento parlamentar.

No domingo serão ambos recebidos pelo rei.

Entretanto, segundo sondagens publicadas em jornais flamengos, a maioria da população da Flandres recusa uma solução de governo em que as questões fracturantes - como a reforma do Estado - sejam deixadas de lado.

A formação de um governo de coligação entre os democratas-cristãos e os liberais flamengos e valões (dois partidos de cada comunidade - a chamada «laranja-azul») que apenas decida sobre questões sócio-económicas era uma solução que fez correr tintas na imprensa belga esta semana.

Entretanto, o líder dos liberais valões e ministro das Finança do governo cessante, Didier Reynders, disse, numa entrevista hoje publicada no jornal francês Le Monde que a Bélgica poderá tornar-se uma confederação.

«A lógica em marcha na Bélgica é a de uma confederação. O desafio é que pessoas que se movimentam já em universos diferentes aprendam a viver juntas. E é isso que me parece ainda possível», declarou.

Para que possa ser formado um governo, acrescentou, «os flamengos deverão demonstrar que querem concluir a negociação federal. Renunciar a fazer a Bélgica dos seus sonhos, aceitando o princípio da convivência».

A Bélgica está há 153 dias sem governo, um recorde desde a independência do país, há 177 anos.

O líder dos democratas-cristãos (CDV) da Flandres (de língua neerlandesa), Yves Leterme, venceu as eleições de 10 de Junho último, mas o caminho para a formação de governo federal - que tem que incluir partidos da região da Valónia (francófonos) - tem sido acidentado.

Quatro partidos discutem a proposta de governo que não agrada aos flamengos, por considerarem que faz demasiadas cedências à região francófona, nem a valões, que a rejeitam com o argumento de ser demasiado flamenga.

A 19 de Agosto, Leterme anunciou o fracasso das negociações e a 09 de Setembro, a crise agudizou-se com a proposta, no parlamento regional flamengo pelo partido de extrema-direita Vlaams Belang, de uma separação do país.

Em Bruxelas, as janelas enfeitam-se com bandeiras nacionais, uma resposta da população da capital - que é também uma região e a única bilingue do país - ao arrastar da situação política e à ameaça da secessão.

A 29 de Setembro, na sequência do trabalho discreto do presidente do Parlamento, Herman Van Rompuy, encarregue pelo rei Alberto II de um missão de «exploração», Leterme recebeu novo mandato para formar governo.

No passado dia 07 a aprovação em comissão parlamentar por 10 deputados flamengos (os seis valões abandonaram a sala) de um projecto de lei que suprime direitos de francófonos residentes nos arredores flamengos de Bruxelas desencadeou nova crise.

Os partidos valões abandonaram as negociações e a formação de um novo governo, cinco meses depois das legislativas, parece uma tarefa cada vez mais difícil.

Para além da flamenga (maioritária, com cerca de seis milhões dos 10 milhões de habitantes do país) e da francófona, a Bélgica integra ainda uma pequena comunidade germânica, que não constitui, no entanto uma região.

Assim, a Bélgica, que se tornou independente em 1830, tem três comunidades (flamenga, francesa e alemã), criadas em 1970, com competências próprias.

Em 1980 foram criadas as regiões da Flandres e da Valónia e, nove anos depois, a de Bruxelas-Capital.

Diário Digital / Lusa
Título:
Enviado por: André em Novembro 17, 2007, 01:55:17 pm
Marcha pela unidade nacional

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Uma funcionária pública de Liége (região francófona da Bélgica) espera entre 20.000 a 30.000 participantes na manifestação que convocou para domingo pela Internet em defesa da unidade nacional belga.

Há 160 dias que a Bélgica está sem governo devido a uma profunda crise política entre as comunidades da Flandres (de língua neerlandesa) e da Valónia (francófona).

«Não queremos uma nova Jugoslávia nem um desmembramento do nosso país, pequeno e bonito», afirma Marie-Claire Houard, 45 anos, funcionária pública e mãe de dois filhos, quando questionada sobre os motivos que a levaram a convocar a marcha.

«Espero (que no domingo de manhã) sejamos entre 20.000 e 30.000. Cinquenta mil seria formidável, dez mil, uma desilusão», acrescenta.

A separação do país é um cenário que foi levantado pela extrema-direita flamenga.

As previsões de Marie-Claire baseiam-se na quantidade de assinaturas recolhidas na petição on-line que lançou em Agosto: 108.000 através da Internet, 1.500 via mensagens de telemóvel e 23.000 por escrito.

Um terço do total, garante, veio da Flandres.

A manifestação está marcada para as 10:00, no centro de Bruxelas, com final previsto para as 13:00, junto ao parque do Cinquentenário, concebido para celebrar os 50 anos do país, em 1880.

Os partidos flamengos e francófonos (dois de cada lado), envolvidos na constituição de um governo de coligação, não conseguiram chegar a um acordo desde as eleições legislativas de 10 de Junho, mergulhando o país na pior crise política desde a sua fundação, em 1830.

O líder do partido democrata-cristão flamengo (CD&V) Yves Leterme, que venceu as legislativas de 10 de Junho, falhou já duas tentativas de formar um governo de coligação.

Enquanto isso, a Bélgica continua a ter um governo de gestão, liderado pelo primeiro-ministro cessante, Guy Verhofstadt, e a viver de duodécimos, uma vez que as suas competências não incluem a elaboração do Orçamento de Estado.

Na Bélgica convivem três regiões - Flandres (com 60% da população), Valónia e Bruxelas - e outras tantas comunidades: flamenga, francófona e germânica.

Diário Digital / Lusa
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Enviado por: comanche em Novembro 20, 2007, 01:13:51 am
A Bélgica continuará?


António José da Silva

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Há meses que a Bélgica não tem governo, pelo menos um governo que exprima a constituição do Parlamento saído das últimas eleições legislativas. É certo que esta dificuldade não impede a normal gestão do país, mas está a contribuir para que a velha questão linguística possa pôr em causa a sua existência como estado.
Já aqui escrevemos acerca das riquezas e dos perigos dos estados plurinacionais. A coexistência de comunidades culturalmente diferentes dentro do mesmo espaço político tanto pode ser um factor de enriquecimento como um foco de tensões. É o que tem acontecido na Bélgica ao longo dos anos e, particularmente, nos últimos meses. É verdade que as crises políticas, na Bélgica, acabaram sempre por ter solução, mas, desta vez, pode dizer-se que os fundamentos do estado estão a ser postos definitivamente em causa.
Vem isto a propósito de uma grande manifestação realizada em Bruxelas, neste fim de semana. Segundo os seus organizadores, a iniciativa teve um “enorme” êxito, porque terá juntado cerca de 35.000 pessoas unidas pela mesmo motivo: o da unidade da Bélgica. Certamente que, a corresponderem à verdade, este números podem ser considerados como um sucesso, face, nomeadamente, aos prognósticos de que não haveria flamengos entre os manifestantes, o que não se confirmou. De qualquer modo, reunir 35.000 pessoas numa manifestação a propósito de uma causa fundamental como é a da existência do seu próprio país, não se afigura muito convincente quanto ao futuro da Bélgica.
Normalmente, as crises decorrentes da existência de comunidades nacionais dentro do mesmo estado, tendem a expressar-se na reivindicação da autonomia e ou da independência. política. O caso da Bélgica é diferente. Aparentemente pelo menos, se chegar a haver uma separação definitiva entre valões e flamengos, eles terão de se juntar aos vizinhos que falam a mesma língua. Os primeiros à França, os segundos à Holanda..
Não acreditamos. Apesar de tudo, a Bélgica continuará a existir.
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Enviado por: JoseMFernandes em Novembro 20, 2007, 11:43:20 am
Citação de: "comanche"
A Bélgica continuará?


António José da Silva

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Vem isto a propósito de uma grande manifestação realizada em Bruxelas, neste fim de semana. Segundo os seus organizadores, a iniciativa teve um “enorme” êxito, porque terá juntado cerca de 35.000 pessoas unidas pela mesmo motivo: o da unidade da Bélgica. Certamente que, a corresponderem à verdade, este números podem ser considerados como um sucesso, face, nomeadamente, aos prognósticos de que não haveria flamengos entre os manifestantes, o que não se confirmou. De qualquer modo, reunir 35.000 pessoas numa manifestação a propósito de uma causa fundamental como é a da existência do seu próprio país, não se afigura muito convincente quanto ao futuro da Bélgica.
Normalmente, as crises decorrentes da existência de comunidades nacionais dentro do mesmo estado, tendem a expressar-se na reivindicação da autonomia e ou da independência. política. O caso da Bélgica é diferente. Aparentemente pelo menos, se chegar a haver uma separação definitiva entre valões e flamengos, eles terão de se juntar aos vizinhos que falam a mesma língua. Os primeiros à França, os segundos à Holanda..
Não acreditamos. Apesar de tudo, a Bélgica continuará a existir.

Não partilho a visão do autor acima...é certo que  manifestação de domingo passado foi considerada um êxito pelos seus organizadores (e forças politicas francófonas) mas eles próprios temperaram de seguida esse entusiasmo.

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parce que de succés on peut parler mais de maniére relative(...)car de Flammands il n'y en eut pas tant que cela.Certes il y en avait-difficile de dire combien-peut-etre 15% voire beaucoup moins.Ce n'est pas énorme.Un signal fort a été donné hier.Mais peut-etre pas aussi forque Marie Houard et ses compéres l'espéraient. -
 diário de Bruxelas La D-Heure de 19/11/07

("pode-se falar de sucesso mas de maneira relativa(...) porque não haviam tantos flamengos como isso, é certo estariam lá, dificil de avaliar quantos, talvez 15% ou mesmo bastante menos (?).Não foi grandioso.Ontem deu-se um sinal forte, mas talvez não tanto quanto Marie Claire Houard (organizadora francofona de Liége) e os seus companheiros esperariam.")


O número de flamengos puros era quase desprezível (os neerlandófonos presentes eram básicamente provenientes da região de Bruxelas, onde existe alguma interpenetração cultural) e se a esmagadora maioria dos politicos francofonos estavam presentes (a titulo individual)... nem um unico politico flamengo se associou a manifestação.

Acredito que vá haver governo até ao fim do ano, mas até lá e sobretudo depois (a menos de dois anos de  eleições regionais em que, caso os actuais politicos flamengos não consigam obter avanços concretos para o seu lado, poderão vir a catapultar partidos e formações da extrema direita para uma posição de fiel da balança... e o que aconteceria depois não seria nada agradavel para o estado federal ) todo o processo relativo a consolidação da separação financeira, concretização e consolidação rigorosa  da divisão administrativa...etc
Perante uma Valónia dominada hà décadas por um partido (PS) submerso em corrupção e clientelismo, com taxas de desemprego duplas das do Norte e que vive das transferencias provenientes da Flandres (dix milliard d'euros !!! - leram bem...dez mil milhoes de euros !!!!) o encontro de consensos não será facil, tanto mais que a instituição real perdeu muito da sua aura e influência apaziguadora perante a Flandres.


"les flammands finiront d'eux-memes par faire sécession"-General De Gaulle
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Enviado por: comanche em Novembro 20, 2007, 01:51:05 pm
Citação de: "JoseMFernandes"

O número de flamengos puros era quase desprezível (os neerlandófonos presentes eram básicamente provenientes da região de Bruxelas, onde existe alguma interpenetração cultural) e se a esmagadora maioria dos politicos francofonos estavam presentes (a titulo individual)... nem um unico politico flamengo se associou a manifestação.


A continuação da existência da Bélgica depende principalmente da vontade dos flamengos, se eles eram em numero reduzido na manifestação, isso não é bom sinal para a Bélgica.

Deixo aqui mais uma notícia de hoje.


Bélgica: Separação do país ou confederação são cenários para a crise



Ivone Gravato, da Agência Lusa


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Bruxelas, 20 Nov (Lusa) - Dividida entre flamengos e francófonos e sem governo desde Junho, a Bélgica vive hoje uma crise política que pode pôr em causa a sua existência ou levar a uma solução confederada, inspirada no modelo da Suíça.

Estas hipóteses foram admitidas por dois jornalistas, um flamengo e outro francófono, em declarações à Agência Lusa a propósito do impasse político num país que está há 163 dias sem governo por falta de acordo entre os líderes dos partidos das duas comunidades para a formação de um executivo de coligação.

"Muito devagar, a federação belga vai evaporar-se", defende o jornalista flamengo Reinhart Brake, da agência noticiosa Belga.

Opinião oposta tem Yves Clarisse, francófono e também jornalista, da agência britânica Reuters: "não acredito que o país acabe, a solução será uma confederação", inspirada no modelo suíço.

Já em 1912, um político francófono disse ao rei: "Majestade, vós reinais sobre dois povos. Há na Bélgica valões e flamengos, não há belgas".

A frase é recordada hoje na Bélgica para ilustrar a situação actual de um país em que o que separa as duas comunidades culturais e linguísticas é cada vez mais do que aquilo que as une.

Com 10,5 milhões de habitantes, 60 por cento flamengos e 40 por cento francófonos, a Bélgica está em crise desde as eleições legislativas de 10 de Junho, ganhas Yves Leterme, líder dos democratas-cristãos da Flandres, que não consegue chegar a acordo com os francófonos para formar um executivo de coligação.

Para Reinhart Brake, a crise política "será com certeza ultrapassada", mas a ferida já não tem remédio: "teremos uma separação de veludo" entre as duas comunidades linguísticas, Flandres e Valónia, afirma.

Yves Clarisse, por seu turno, defende a sua solução confederativa com um argumento economicista: "em última análise há os custos da separação, que seriam demasiado elevados", refere, sublinhando que "a dívida federal é muito elevada".

A Bélgica nasceu em 1830, em revolta contra a ocupação holandesa, e até meados do século XX, foi dominada por uma elite francófona, inclusive na Flandres.

Após as duas guerras mundiais, o francês começou a ser visto como uma língua "dos dominantes e das elites", contra a qual os flamengos começaram a reagir, enquanto as elites francófonas - bem como a Igreja e o Palácio Real, símbolos da unidade do Estado - começaram a perder poder.

Aliás, a sucessão do rei Alberto II poderá levantar um problema complicado, acredita o jornalista francófono, uma vez que o primogénito Filipe é muito contestado, nomeadamente na Flandres.

Em 1963, foi fixada a barreira linguística entre as duas comunidades, tendo Bruxelas ficado como a única região bilingue.

Aos poucos, salienta pela sua parte o jornalista flamengo, a Flandres e a Valónia foram assumindo poderes de Estado federal.

Nos últimos 30 anos, a comunidade flamenga ganhou influência e muito peso económico, sendo já a principal geradora de receitas.

No entanto, depois da crise do carvão e do aço, nos anos 1960, a Valónia começou a dar sinais de recuperação e é "dona" de um recurso estratégico: 90 por cento da água do país.

A Bélgica é "o maior exportador mundial per capita e o país que atrai mais investimento estrangeiro", lembra o jornalista da Reuters.

Além das comunidades flamenga e francófona, há ainda uma terceira, de língua alemã, geograficamente integrada na Valónia. A região de Bruxelas, geograficamente pertencente à Flandres tem uma população maioritariamente francófona (cerca de 90 por cento).

"Bruxelas é que nos mantém unidos", garante Brake, uma vez que nem flamengos nem valões mostram disposição de abdicar da cidade, que é simultaneamente capital da Flandres, da Bélgica e da União Europeia (neste caso, partilha o estatuto com Estrasburgo e Luxemburgo).

"Bruxelas e a selecção nacional de futebol!", graceja Brake, enquanto Clarisse também destaca o futebol como factor de união, mas lamenta as fracas prestações da equipa nacional.

"A Bélgica, para sobreviver, precisa da solidariedade e lealdade" entre as duas principais comunidades, salienta Yves Clarisse.

O reforço das competências das regiões, reclamado pela Flandres e contestado pela Valónia, é uma inevitabilidade para os dois jornalistas.

Clarisse - que, tal como Brake, acredita numa solução a breve trecho para a crise actual - alerta para o perigo de a política de impostos passar a ser regional, defendendo que as taxas têm que ser iguais para todos.

A política externa e a de defesa também deverão ser competências do governo, numa lógica de confederação, acrescenta.

É frequente que a representação externa do país inclua, além das embaixadas e consulados, de nível diplomático, representações das três comunidades e das três regiões.

Ironicamente, a divisa da Bélgica, um país criado há 177 anos, é "a união faz a força".


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Enviado por: Doctor Z em Novembro 20, 2007, 08:57:01 pm
Boas,

O que desejo e o que a maioria deseja é que não haja derrame de sangue.
Que fiquem juntos ou que se separem, que façam isso pacíficamente.
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Enviado por: foxtrot em Novembro 22, 2007, 03:08:57 pm
Quando penso na lógica do Saramago e de outros iberistas (traidores) até tenho vontade de rir.
 Numa Europa que se esforça por constituir um super estado federal mas cujos próprios países constituintes estão ameaçados por múltipos focos de nacionalismo (Escócia, Bélgica, País Basco, Catalunha, Kosovo, Montenegro, etc.) sem esquecer as divisões já consumadas (Checoslováquia, Jugoslávia, etc.). Se para mim ser um europeísta convicto já me parece algo de rídiculo (acreditar numa europa unida é ignorar mais de dois mil anos de hsitória), querer ressuscitar pseudo impérios do tempo da maria cachucha é pura e simplesmente estúpido.
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Enviado por: André em Novembro 23, 2007, 08:15:15 pm
Convenção sobre reforma de Estado pode ser solução

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A criação de uma Convenção para resolver a crise política da Bélgica - há 166 dias sem governo - foi uma solução hoje apresentada ao rei para decidir sobre a reforma do Estado, que divide políticos da Flandres e da Valónia.

O presidente da Câmara dos Deputados, o flamengo Herman Van Rompuy, e o do Senado, o francófono Armand De Decker, foram hoje recebidos por Alberto II, a quem apresentaram a criação de uma Convenção - que será composta por deputados, membros dos governos federal e regionais e ainda por um colégio de personalidades com experiência em questões institucionais - com o objectivo de procurar uma solução, segundo um comunicado do Palácio.

A proposta mereceu «um acolhimento positivo» por parte dos partidos políticos consultados e a Convenção deverá iniciar-se «o mais cedo possível», mas só depois de estar formado governo.

A questão da reforma constitucional fica, assim, fora do âmbito do governo de coligação a formar pelo democrata-cristão da Flandres (região de língua neerlandesa) Yves Leterme, em coligação com liberais flamengos e os partidos homólogos da Valónia (região francófona).

Os líderes parlamentares federais tinham sido encarregados pelo rei de uma missão de reconciliação política entre flamengos e francófonos, depois de uma tomada de força por parte de deputados eleitos na Flandres que resultou na interrupção do diálogo político.

A Convenção terá como missão preparar a transferência de alguns poderes do estado federal para as regiões, nomeadamente nas políticas de emprego, saúde e fiscal, conforme é exigido pela Flandres e contestado pela Valónia.

A Bélgica está há 166 dias sem governo, um recorde desde a independência do país, há 177 anos.

Leterme venceu as eleições de 10 de Junho último, mas não conseguiu ainda formar um governo de coligação.

A 19 de Agosto, Leterme anunciou o fracasso das negociações e a 09 de Setembro, a crise agudizou-se com a proposta de uma separação do país apresentada no parlamento regional flamengo pelo partido de extrema-direita Vlaams Belang.

A 29 de Setembro, na sequência do trabalho discreto do presidente do Parlamento, Herman Van Rompuy, a quem o rei Alberto II confiou uma missão de «exploração», Leterme recebeu novo mandato para formar governo.

No passado dia 07, a aprovação em comissão parlamentar por 10 deputados flamengos (os seis valões abandonaram a sala) de um projecto de lei que suprime direitos de francófonos residentes nos arredores flamengos de Bruxelas desencadeou nova crise.

Além da flamenga (maioritária, com cerca de seis milhões dos 10,5 milhões de habitantes do país) e da francófona, a Bélgica integra ainda uma pequena comunidade germânica, que não constitui, no entanto uma região.

Assim, a Bélgica, que se tornou independente em 1830, tem três comunidades (flamenga, francesa e alemã), criadas em 1970, com competências próprias.

Em 1980, foram criadas as regiões da Flandres e da Valónia e, nove anos depois, a de Bruxelas-Capital.

As janelas de Bruxelas continuam enfeitadas com bandeiras nacionais, uma resposta da população da capital - que é também uma região e a única bilingue do país - ao arrastar da situação política e à ameaça da secessão.

No domingo passado, uma marcha a favor da unidade nacional juntou mais de 35.000 manifestantes na capital belga.

Diário Digital / Lusa
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Enviado por: André em Dezembro 01, 2007, 03:59:13 pm
Candidato a PM renuncia a formar governo de coligação

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O candidato a primeiro-ministro da Bélgica, o flamengo Yves Leterme, decidiu hoje renunciar a formar um governo nacional de coligação devido ao impasse com os partidos francófonos, informou o seu porta-voz.
«Sim», respondeu o porta-voz a uma questão sobre se Leterme tinha renunciado à sua missão.

O candidato a primeiro-ministro reuniu-se entretanto com o rei Alberto II e, segundo um comunicado da casa real, «aceitou o pedido» de Leterme para ser «escusado da missão».

Alberto II deverá agora designar um novo candidato a primeiro-ministro e encarregá-lo de formar governo.

O porta-voz de Yves Leterme indicou que o líder dos democratas-cristãos flamengos vai agora informar o Parlamento.

A Bélgica atravessa uma crise política sem precedentes e, seis meses depois das eleições legislativas, continua a não conseguido formar governo.

A retirada de Yves Leterme ocorre depois de terem fracassado as conversações com os partidos francófonos, com os quais tentava formar um governo de coligação, sobre um programa de reforma das instituições belgas que contempla uma maior autonomia para os flamengos.

Os flamengos são maioritários na Bélgica, onde correspondem a cerca de 60 por cento da população.

Perante o impasse, Leterme lançou sexta-feira um ultimato aos quatro partidos flamengos e francófonos e colocou-lhes três questões concretas para avaliar a sua disponibilidade para uma maior autonomia dos flamengos.

O maior dos partidos francófonos, o MR (liberal), respondeu com um 'sim' condicionado e, o segundo, a formação democrata-cristã CDH, recusou qualquer concessão nesta matéria.

Nas suas declarações, citadas pela France Presse, o porta-voz de Leterme responsabilizou o CDH pela crise, por ter sido o autor da «única resposta negativa».

Diário Digital / Lusa
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Enviado por: comanche em Dezembro 03, 2007, 10:33:54 pm
Bélgica: Rei pede a PM cessante solução para o país sair do impasse



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Bruxelas, 03 Nov (Lusa) - O rei dos belgas pediu hoje ao primeiro-ministro cessante para encontrar uma "forma de sair do impasse" em que a Bélgica está mergulhada, apesar de Guy Verhofstad ter parecido excluir continuar de forma duradoura aos comandos do país.

O Rei Albert II recebeu ao final da tarde, pela segunda vez hoje, Verhofstadt, cujo governo liberal-socialista trata dos assuntos correntes desde as eleições legislativas de 10 de Junho.

Albert II "pediu-lhe para o informar a muito curto prazo sobre a forma de sair do actual impasse e de tomar todas os contactos necessários para este efeito", precisa um breve comunicado do Palácio.

Perante jornalistas, Guy Verhofstadt pareceu excluir regressar ao palco da cena política, onde tem permanecido muito discreto desde que reconheceu a sua derrota nas legislativas de 10 de Junho.

"Hesitei muito tempo antes de aceitar esta missão", declarou Verhofstadt durante uma breve declaração aos jornalistas.

"Tirei conclusões da derrota do meu partido, adoptei neste últimos meses uma atitude muito reservada. Esta missão em nada mudará isso. É por isso, e a meu pedido expresso, que reveste apenas um carácter muito temporário e limitado", disse.

Verhofstadt referiu que aceitou o pedido do rei porque o país vive "uma das crises políticas mais graves das últimas décadas" e regista "uma deterioração da sua imagem de marca".

Há também "os problemas diários dos cidadãos (que) continuam sem solução", frisou.

Verhofstad anunciou que terá "nos próximos dias contactos com todos os partidos democráticos".

A primeira questão, segundo referiu, será saber "como chegar à abertura de negociações" que levem a uma "importante reforma" do Estado federal belga, de que o país precisa".

A outra será ver como o governo minoritário, que está em gestão dos assuntos correntes por não haver governo que reflicta a nova maioria saída das legislativas, pode resolver problemas como a elaboração de um verdadeiro orçamento, ou o reforço da segurança nas prisões.

Segundo a Constituição belga, enquanto o rei não designar oficialmente um novo Governo, o gabinete cessante despacha os assuntos correntes.

Desde meados de Julho, as negociações para a formação de um novo governo eram lideradas pelos responsáveis do partido cristão-democrata flamengo CDV, vencedor do escrutínio de 10 de Junho.

Mas o líder do CDV, Yves Leterme, favorito até agora à sucessão de Guy Verhofstadt, renunciou sábado a formar um governo social-democrata/liberal, por falta de acordo entre francófonos e flamengos sobre as reivindicações autonomistas da Flandres.

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Enviado por: André em Dezembro 06, 2007, 03:40:56 pm
Padre promove vigília por «crise política difícil»

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O padre belga Alain Thomasset acolhe sexta-feira uma iniciativa de 20 horas de oração em intenção da unidade da Bélgica, numa altura em que «o país enfrenta uma crise política difícil», há 179 dias sem governo.

A ideia de fazer uma vigília de oração partiu de uma paroquiana, contou, em entrevista à Agência Lusa, o pároco da igreja de Nossa Senhora da Assunção, em Woluwé Saint-Lambert, Bruxelas, que espera ver reunidos em oração, das 18:00 sexta-feira até às 14:00 sábado, fiéis francófonos e valões.

«Questionámo-nos sobre o que fazer como cristãos, como Igreja, para ajudar o país a responder ao apelo do cardeal», referiu Alain Thomasset.

A 15 de Novembro, por ocasião da festa do rei, o cardeal de Bruxelas, Godfried Danneels (flamengo), apelou para os crentes rezarem pelo país «na sua diferença e na sua unidade».

Questionado sobre quantas pessoas espera ver na iniciativa da sua paróquia, o padre Thomasset respondeu não ter qualquer ideia.

«Haverá momentos em que teremos mais, talvez umas 30, e momentos em que teremos menos», referiu.

Para o pároco, a maioria das pessoas não deseja a divisão nacional, sublinhando ainda que alguns dos seus paroquianos são veementes na defesa do país.

«São alguns políticos que querem separar o país, mas não o povo, a mediatização da crise é que faz parecer que são também os cidadãos», salientou, exemplificando com as bandeiras que enfeitam milhares de janelas de Bruxelas.

«Pessoalmente, tive avós que se bateram pela Bélgica», aludindo à II Guerra Mundial, pelo que é convicto a afirmar o seu patriotismo.

«Se o país se separar, perdem todos», salientou ainda, acrescentando não perceber as razões «da pequena minoria» dos que defendem a separação da Bélgica.

Um dos objectivos da maratona de oração é também «pedir perdão a Deus por alguma falta de respeito mútuo», entre flamengos e valões, disse.

«Pode ser que Deus se deixe tocar pela nossa prece», frisou.

Questionado sobre o que é ser belga, Alain Thomasset, 40 anos, respondeu que é ter um «temperamento de compromisso».

A Bélgica, um país com 177 anos, está há 179 dias sem governo, depois de o vencedor das legislativas de 10 de Junho ter fracassado duas tentativas de formar um executivo de coligação.

O país atravessa uma profunda crise política marcada pelas diferenças entre as duas comunidades, a Flandres (de língua neerlandesa) e Valónia (francófona).

Além da Flandres e da Valónia, a Bélgica inclui ainda a região de Bruxelas, a única bilingue, e uma comunidade de língua alemã.

Os flamengos representam 60 por cento da população belga (10,5 milhões), sendo Bruxelas maioritariamente habitada por francófonos, apesar de geograficamente se situar na Flandres.

A vigília de oração terá lugar na capela de São José, padroeiro da Bélgica e, curiosamente, termina no dia de Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Portugal.

Diário Digital / Lusa
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Enviado por: André em Dezembro 07, 2007, 06:37:33 pm
PM em exercício tenta 5ªfeira aliviar crise política

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O primeiro-ministro em exercício da Bélgica, Guy Verhofstadt, vai apresentar quinta-feira, no Parlamento, um novo executivo para gestão de assuntos urgentes, numa tentativa para aliviar a crise política no país, há 180 dias sem governo.

Guy Verhofstadt vai tentar que o Parlamento federal dê um voto de confiança a um governo já não de gestão corrente mas de assuntos urgentes (com poderes alargados), composto pelos partidos liberais e socialistas (um de cada região - Flandres e Valónia).

Segundo a imprensa belga de hoje, o executivo a apresentar será composto por 12 ministros, sem secretários de Estado, sendo que os quatro partidos - dois liberais (VLD, da Flandres, e MR, Valónia) e dois socialistas (SP.A, Flandres, e PS, Valónia) - nomearão três ministros cada.

Um voto de confiança no governo permitirá parar o cronómetro da crise e preparar uma resposta para a manifestação marcada para o próximo dia 15, organizada pelos sindicatos contra os aumentos de preços e a favor de uma fiscalidade equitativa e de uma maior segurança social.

Esta manifestação surge numa altura em que o sector económico-empresarial se agita perante o arrastar da crise política: as eleições legislativas foram a 10 de Junho e ainda não há governo por falta de acordo entre os partidos, pelo que não há política económica.

O gigante ArcelorMittal, por exemplo, está à espera de uma decisão federal sobre a atribuição de licenças de emissão de gases com efeito de estufa para iniciar a produção de aço em Liège (Valónia).

Se a proposta de Verhosftadt merecer a aprovação parlamentar, os belgas poderão passar o Natal mais tranquilos, mas a solução não passará de um «penso rápido» numa ferida profunda.

A Bélgica, com 10,5 milhões de habitantes, é um país onde a divisão é levada muito a sério e os movimentos independentistas flamengos não podem ser menosprezados.

Quem passa da Valónia para a Flandres (e vice-versa) é como se tivesse entrado noutro país: de um lado só se fala francês e do outro nada mais que neerlandês.

Até os media são divulgados apenas nas línguas de cada uma das comunidades: rádio, televisão e jornais em cada uma das línguas, sendo a única excepção a agência noticiosa Belga, que noticia em francês e neerlandês, mas com destaques diferentes na «homepage» de cada uma das versões.

A nível económico as diferenças entre as duas comunidades são abissais: a Flandres é um gigante económico, especializada em serviços - como os portos - e a Valónia nunca recuperou do declínio da economia do carvão e do aço.

A receita dos impostos entra nos cofres federais, situação que beneficia a Valónia, com menos receita e mais despesa.

Um exemplo simples foi apresentado à Agência Lusa por um jornalista belga francófono, Yves Clarisse, que trabalha para a agência Reuters.

O governo federal decidiu que era necessário promover a segurança rodoviária e instou os governos regionais a colocar radares nas auto-estradas, estipulando ainda pesadas multas para os infractores.

O governo regional da Flandres encheu as suas estradas de radares e cobra as respectivas multas, que vão para os cofres federais.

O executivo da Valónia não quis assumir a medida impopular e colocou «quatro ou cinco radares», pelo que cobra poucas multas mas recebe ajudas pagas com as coimas flamengas.

Mas as diferenças passam ainda por outros aspectos.

Um padre francófono de uma paróquia de Bruxelas decidiu aderir à «moda» das bandeiras belgas nas fachadas e colocou uma na igreja, mas por pouco tempo, dado que o seu homólogo flamengo não descansou enquanto esta não foi retirada, argumentando com a separação entre a igreja e a política.

O francófono argumentou que não, que o acto de exibir a bandeira é de patriotismo e não político, mas em vão.

São estes exemplos simples das diferenças que marcam a Bélgica, um país com 177 anos e cuja população é maioritariamente flamenga (60%), sendo Bruxelas a única região bilingue.

Diário Digital / Lusa
Título:
Enviado por: André em Dezembro 16, 2007, 01:16:17 am
Belgas na rua contra impasse político

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Cerca de 18 mil pessoas saíram às ruas de Bruxelas manifestando-se contra a situação política do país, que tem baixado abruptamente o poder de compra dos cidadãos.

O protesto foi liderado por membros de sindicatos do comércio, denunciando a subida dos preços dos combustíveis e dos produtos alimentares e o fracasso das negociações políticas internas com vista à formação de um novo governo.

Este impasse arrasta-se há meio ano, altura das últimas eleições, quando o resultado levou a que as duas zonas do país, que já é pequeno, assumissem as pretensões de se tornarem autónomas: no Sul, ficaria a Bélgica, propriamente dita, que adopta a língua francesa; no Norte, a Flandres, onde se fala flamengo – e onde se localiza a capital, Bruxelas, bilingue).

Os 18 mil manifestantes – pertencentes a três sindicatos – representam três milhões de pessoas, dos 11 milhões que vivem na Bélgica.

Exigindo celeridade na resolução do problema, os belgas querem também que o sistema de segurança social se mantenha unido, mesmo em caso de separação das duas regiões, dado que a rica zona nortenha já fez saber que esse é um dos seus intentos autonomistas.

A União Europeia já tinha avisado o país de que a grave crise política estava a afectar a economia local de uma forma muito negativa.

SOL
Título:
Enviado por: André em Dezembro 21, 2007, 04:09:16 pm
Governo de transição toma posse após longa crise

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A Bélgica voltou a ter um governo esta sexta-feira, após seis meses de impasse político, com a posse de um gabinete de transição liderado pelo liberal flamengo Guy Verhofstadt, que deverá ser o primeiro-ministro do país durante três meses.
Verhofstadt e os seus 13 ministros prestaram juramento perante o rei Alberto II, dois dias depois de cinco partidos políticos terem concluído um acordo que acabou com um virtual vácuo de poder que durou 194 dias.

Durante duas semanas de intensas negociações, Verhofstadt, de 54 anos, conseguiu reunir em volta de um programa transitório os partidos democrata-crisão e liberal, flamengo e francófono, além do partido socialista francófono.

Diário Digital / Lusa
Título:
Enviado por: nelson38899 em Janeiro 30, 2008, 05:37:21 pm
boas

Portugal é unico e indivisivel à 900 anos a assim vai continuar, ja tivemos bem pior e mesmo assim conseguimo-nos safar e assim não será diferente. Podemos ser pobres mas mais dia menos dias vamos ganhar o nosso lugar no mundo. Se o senhor acha que nos somos pobres, quando comparados com o brasil pergunto se ja olhou para as suas favelas e para as pessoas que vivem ao longo da fronteira, principalmente na amazónia.

Cump.
Título:
Enviado por: Cabeça de Martelo em Janeiro 30, 2008, 05:42:06 pm
Citação de: "Dandolo Bagetti"
Citação de: "Cabeça de Martelo"
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Portugal também poderia se unir a Espanha.

Eu acho que depois de 900 anos de independência o pessoal não ia gostar da conversa, a começar por mim! :wink:
Título:
Enviado por: JoseMFernandes em Janeiro 30, 2008, 06:02:07 pm
Citação de: "Dandolo Bagetti"

Façam um PLEBISCITO.

Portugal também poderia se unir a Espanha.



Independentemente da ilegitimidade de se fazer esse plebiscito (se bem  que a Lei Fundamental no que respeita a referendos  tenha sofrido alterações ) seria preciso que houvesse uma pulsão generalizada e muitissimo forte nesse sentido, o que não é o caso, do meu ponto de vista  português.
Mesmo para quem vê este problema do lado de fora, e insista em ignorar a História que (para o bem e o mal) forjou o nosso presente, mas que se informe 'in situ'  não terá muitas dúvidas na inexequibilidade desse projecto de consulta e certamente menos sobre a eventual resposta popular.
Concedo que essa ideia (União Ibérica) teve ao longo dos tempos e até aos dias de hoje, alguns (por vezes ilustres) defensores entre os meus conterrâneos,  ressurgindo especialmente em momentos mais conturbados económica e políticamente ou em encruzilhadas históricas e sociais do país, mas nunca tiveram apoio popular ( e uma Nação é o seu povo).
De resto, e sem entrar por aí, parece-me que a actual condição da 'Espanha' (com problemas autonómicos a resolver) seja já suficientemente complicada, para avançar algo sequer nessa mais que vaga hipótese.
Mas claro que não se pode impedir ninguém de especular...lá isso  :( !!!
Título:
Enviado por: Supremo Alquimista em Janeiro 30, 2008, 07:07:55 pm
Citação de: "Dandolo Bagetti"
Como afirmei - Dependerá da população de cada país.
O Brasil é ainda um país cheio de problemas (não serve de referência e exemplo). A Europa tem muitos países pequenos. Se houvesse afinidade histórica, alguns poderiam até se unir.


Se os países pequenos existem é porque não têm afinidade para se unir aos grandes.
Se calhar por causa de o Brasil ser tão grande é que está como está.
Título:
Enviado por: papatango em Janeiro 30, 2008, 09:36:43 pm
Conforme disse o Supremo Alquimista e apenas acrescentanto uma nota, as nações europeias existem exactamente porque as comunidades ou povos têm tendência a defender aquilo que consideram como a sua herança, que os define como povo e como nação.

OS pequenos países da Europa, têm História, raizes e tradições que explicam a sua existência.

O Homem não pode viver sem História e sem raizes. SE não as tiver, não é ninguém.

Os pequenos países da Europa, ganharam muitas vezes com muito esforço, coragem e sangue o direito de existirem.

Não devemos insultar esse esforço, quando não entendemos as razões que levaram pessoas a morrer pelo direito à liberdade ou à independência.
Título:
Enviado por: André em Janeiro 31, 2008, 02:14:34 pm
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Curiosidade: Por que Portugal não tem família real? Qual foi o último Rei que vocês tiveram?


Porque Portugal teve um golpe de estado em 1910 que instaurou a República e último rei de Portugal foi D.Manuel II que exilou-se em Inglaterra ...

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Enviado por: André em Março 23, 2008, 12:10:18 am
Parlamento dá luz verde a governo de Yves Leterme

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A câmara baixa do parlamento belga deu hoje "luz verde" ao novo executivo liderado pelo democrata-cristão flamengo Yves Leterme e formado por cinco partidos, três dos quais valões (francófonos).

No fim de um debate que se arrastou cerca de nove horas, o Governo foi aprovado por 97 votos a favor, 48 contra e uma abstenção.

Agora será a câmara alta (Senado) a ter de se pronunciar, mas em muito menos tempo do que o Congresso dado o apoio já granjeado pela equipa de Leterme, claro vencedor das legislativas de Junho de 2007.

A Bélgica sai assim da crise política de nove meses que se seguiu às eleições, devida à dificuldade de entendimento das comunidades flamenga e francófona sobre o programa governamental.

O executivo de Leterme só passou à terceira tentativa e com uma coligação assimétrica, formada por democrata-cristãos flamengos e valões, liberais também das duas comunidades que, por lei, têm de estar representadas, e ainda socialistas francófonos.

A reforma do Estado - em que está em causa uma maior descentralização - deverá ser negociada em paralelo, quando forem definidas as competências a transferir do Governo.

Até Junho, por "compromisso" assumido pelo novo primeiro-ministro belga, a reforma institucional avançará.

Lusa