Defesa do espaço aéreo nacional

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papatango

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Re: Defesa do espaço aéreo nacional
« Responder #30 em: Fevereiro 05, 2024, 08:51:33 am »
Já agora, e por curiosidade ...

Todos esses mísseis servem para nos proteger exactamente contra que tipo de ameaça ?


As armas, são normalmente resultado de uma ameaça potêncial e a sua compra deve obedecer a uma quantidade de pressupostos, de entre os quais se realça a ameaça latente, provável ou possível.

Neste caso, eu diria que a primeira coisa a fazer quando se discutem os sistemas de armas, seria determinar qual é o inimigo ...
Só assim podemos determinar se as soluções se adequam à resolução do problema.


Ainda ontem no programa do Rogeiro, o jornalista questionava se os Patriot dos espanhóis nos defendem de alguma coisa.
Isto dá a impressão de que o jornalista está a pensar num ataque vindo do leste.

Meste momento, pelo que se sabe, a produção dos principais fabricantes está completamente comprometida durante anos. Não só por um aumento dos pedidos e encomendas dos países europeus, mas também com as encomendas de material para entregar aos ucranianos.

É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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dc

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Re: Defesa do espaço aéreo nacional
« Responder #31 em: Fevereiro 05, 2024, 10:05:47 pm »
Bem, comprar sistemas anti-aéreos, não é uma questão de se ter uma ameaça na actualidade, é para estar preparado caso esta surja. Em termos de sistemas AA, existe uma necessidade clara de ter algo, tanto de curto, como de médio alcance (estes 2 prioritários) como de longo alcance e eventualmente BMD se fosse possível.

Com a ameaça dos drones, torna-se óbvio que ter capacidade AA é ainda mais importante, tanto em termos de defesa territorial (sobretudo pontos estratégicos, como Monte Real) como para as missões exteriores.
Não havendo dinheiro, pilotos, aeronaves e pessoal de terra suficiente para ter destacamentos de F-16 permanentes nos arquipélagos, será também necessário ter localmente alguma capacidade credível (no mínimo SHORAD).
 

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Visitante123

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Re: Defesa do espaço aéreo nacional
« Responder #32 em: Fevereiro 05, 2024, 10:09:04 pm »
Parece-me que a ameaça a Portugal enquanto país NATO são os SSG, SSGN e SSBN russos. Ou seja, mísseis de cruzeiro sub e supersónicos.

Portugal não se pode deixar dormir por estar longe. Estar longe pode até ser prejudicial para determinado tipo de ataques.

Fora da NATO Portugal deve de estar capaz de se defender dos seus vizinhos. Espanha, Marrocos, Argélia. Aí a defesa AA seria mais virada para aviões e/ou drones.
 
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dc

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Re: Defesa do espaço aéreo nacional
« Responder #33 em: Fevereiro 06, 2024, 04:34:58 pm »
Até as futuras FNDs poderão precisar de sistemas AA.
 

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Subsea7

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Re: Defesa do espaço aéreo nacional
« Responder #34 em: Fevereiro 07, 2024, 11:27:50 pm »
Já agora, e por curiosidade ...

Todos esses mísseis servem para nos proteger exactamente contra que tipo de ameaça ?


As armas, são normalmente resultado de uma ameaça potêncial e a sua compra deve obedecer a uma quantidade de pressupostos, de entre os quais se realça a ameaça latente, provável ou possível.

Neste caso, eu diria que a primeira coisa a fazer quando se discutem os sistemas de armas, seria determinar qual é o inimigo ...
Só assim podemos determinar se as soluções se adequam à resolução do problema.


Ainda ontem no programa do Rogeiro, o jornalista questionava se os Patriot dos espanhóis nos defendem de alguma coisa.
Isto dá a impressão de que o jornalista está a pensar num ataque vindo do leste.

Meste momento, pelo que se sabe, a produção dos principais fabricantes está completamente comprometida durante anos. Não só por um aumento dos pedidos e encomendas dos países europeus, mas também com as encomendas de material para entregar aos ucranianos.

Em último caso, forças armadas para que ?
 
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dc

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Re: Defesa do espaço aéreo nacional
« Responder #35 em: Fevereiro 09, 2024, 01:49:37 pm »
Pegando no tema de sistemas AA:
https://www.forte.jor.br/2024/02/07/sauditas-fecham-acordo-de-us-32-bilhoes-para-comprar-sistema-de-defesa-antimisseis-da-coreia-do-sul/

Isto dará cerca de 320 milhões de dólares por cada bateria de médio alcance (talvez menos, se considerarmos que não compraríamos nem de perto o número de mísseis que os outros países compram). Nada mau para um sistema intermédio entre um NASAMS e um SAMP/T, e que consegue interceptar mísseis balísticos.
 

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raphael

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Re: Defesa do espaço aéreo nacional
« Responder #36 em: Fevereiro 09, 2024, 08:41:05 pm »
Até as futuras FNDs poderão precisar de sistemas AA.

No dia em que tivermos de projetar uma FND sem apoio de outras nações estamos bem lixados...

Em que cenário?

Mais depressa sistemas anti-drone que propriamente AA...
Um abraço
Raphael
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Re: Defesa do espaço aéreo nacional
« Responder #37 em: Fevereiro 09, 2024, 11:53:31 pm »
Sistemas anti-drone podem também ser anti-aéreos. Agora, até em missões tipo RCA, poderá surgir uma ameaça aérea um pouco acima dos pequenos drones Kamikaze (algo tipo Bayraktar made in China/Irão/Rússia), e de repente os sistemas anti-drone "clássicos" (de muito curto alcance) não chegam.

Mesmo do ponto de vista de uma força alocada à NATO, não dá para os outros países terem que ceder os seus sistemas AA de curto, médio e até longo alcance, para dar cobertura às nossas forças. E isto aplica-se tanto às tropas especiais, como os Fuzileiros na Lituânia, como às duas Brigadas maiores, uma delas tem uma força que é suposto estar pronto para ser empregue pela NATO. Ter zero capacidade AA móvel na BrigInt, é criminoso.
 

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CruzSilva

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Re: Defesa do espaço aéreo nacional
« Responder #38 em: Fevereiro 16, 2024, 10:38:21 am »
Já agora, e por curiosidade ...

Todos esses mísseis servem para nos proteger exactamente contra que tipo de ameaça ?


As armas, são normalmente resultado de uma ameaça potêncial e a sua compra deve obedecer a uma quantidade de pressupostos, de entre os quais se realça a ameaça latente, provável ou possível.

Neste caso, eu diria que a primeira coisa a fazer quando se discutem os sistemas de armas, seria determinar qual é o inimigo ...
Só assim podemos determinar se as soluções se adequam à resolução do problema.


Ainda ontem no programa do Rogeiro, o jornalista questionava se os Patriot dos espanhóis nos defendem de alguma coisa.
Isto dá a impressão de que o jornalista está a pensar num ataque vindo do leste.

Meste momento, pelo que se sabe, a produção dos principais fabricantes está completamente comprometida durante anos. Não só por um aumento dos pedidos e encomendas dos países europeus, mas também com as encomendas de material para entregar aos ucranianos.
A ideia é considerar que a ameaça embora não existindo de momento, poderá eventualmente aparecer. Falando específicamente em sistemas de armas, são os mísseis balísticos e de cruzeiro que se estão a proliferar (para já ainda devagar mas poderão acelerar em breve) que serão claramente a maior ameaça. Assim, uma bateria de defesa antiaérea de longo alcance com capacidade para abater estes dois tipos de mísseis seria o ideal, criando "escola" para este tipo de sistemas. Obviamente tal equipamento é caríssimo, não só a sua compra mas também a sua manutenção, pelo que até ver a sua aquisição não passa de uma miragem.
"Homens fortes criam tempos fáceis e tempos fáceis criam homens fracos - homens fracos criam tempos difíceis e tempos difíceis criam homens fortes."
 

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nelson38899

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Re: Defesa do espaço aéreo nacional
« Responder #39 em: Fevereiro 16, 2024, 10:33:59 pm »
O que me parece é que vamos ser outra vez apanhados com as calças na mão!

Anda tudo a oferecer milhões de euros em subsidios, mas preparar o país nem vê-lo.
« Última modificação: Fevereiro 16, 2024, 10:34:45 pm por nelson38899 »
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Re: Defesa do espaço aéreo nacional
« Responder #40 em: Fevereiro 17, 2024, 01:41:18 am »
Já agora, e por curiosidade ...

Todos esses mísseis servem para nos proteger exactamente contra que tipo de ameaça ?


As armas, são normalmente resultado de uma ameaça potêncial e a sua compra deve obedecer a uma quantidade de pressupostos, de entre os quais se realça a ameaça latente, provável ou possível.

Neste caso, eu diria que a primeira coisa a fazer quando se discutem os sistemas de armas, seria determinar qual é o inimigo ...
Só assim podemos determinar se as soluções se adequam à resolução do problema.


Ainda ontem no programa do Rogeiro, o jornalista questionava se os Patriot dos espanhóis nos defendem de alguma coisa.
Isto dá a impressão de que o jornalista está a pensar num ataque vindo do leste.

Meste momento, pelo que se sabe, a produção dos principais fabricantes está completamente comprometida durante anos. Não só por um aumento dos pedidos e encomendas dos países europeus, mas também com as encomendas de material para entregar aos ucranianos.
A ideia é considerar que a ameaça embora não existindo de momento, poderá eventualmente aparecer. Falando específicamente em sistemas de armas, são os mísseis balísticos e de cruzeiro que se estão a proliferar (para já ainda devagar mas poderão acelerar em breve) que serão claramente a maior ameaça. Assim, uma bateria de defesa antiaérea de longo alcance com capacidade para abater estes dois tipos de mísseis seria o ideal, criando "escola" para este tipo de sistemas. Obviamente tal equipamento é caríssimo, não só a sua compra mas também a sua manutenção, pelo que até ver a sua aquisição não passa de uma miragem.

A ideia é mesmo apercebermo-nos de que estamos num mundo algo incerto, e mais perigoso do que era antes, e onde até grupos rebeldes (como já vimos) podem ter acesso a mísseis balísticos, de cruzeiro, drones, etc. Só esta frase, já devia ser um alerta para a necessidade de uma maior capacidade AA, e uma maior capacidade de combate aéreo generalizado, por terra, mar e ar.

A coisa adensa-se quando a China mantém interesse em ter bases militares no Atlântico, em África.

Eu não consideraria a capacidade BMD como prioritária, pois antes disso temos a ameaça de drones de vários tipos, que é mais provável de se materializar a curto prazo, até numa "simples" missão de manutenção de paz.

Mas a capacidade BMD deve estar em cima da mesa de debate, até porque eu acho que, enquanto aliança, esta capacidade será mais eficaz quantos mais países contribuírem para ela, ao invés de só alguns investirem nisso e os outros irem à boleia (e este raciocínio aplica-se a muitas vertentes). Daí que, para nós podemos ver as coisas de 4 formas:
-capacidade em terra própria
-capacidade em terra partilhada com Espanha
-capacidade BMD no mar a bordo de fragatas
-maior foco na capacidade de mitigação da ameaça (isto é, em vez de investirmos mais de 1000 milhões em baterias topo de gama com capacidade BMD, investir em capacidade de inteligência, busca e destruição da capacidade BMD do adversário antes de ser utilizada, através de armamento stand-off em várias plataformas)

Por mim, acho que a nível BMD, a situação preferencial seria: capacidade em terra em conjunto com Espanha + fragatas com provisões para que possam facilmente receber mísseis com esta capacidade (na compra de fragatas, não teríamos desde logo a preocupação de comprar os mísseis caríssimos para essa função, mas os navios teriam logo capacidade para os receber) + capacidade stand-off credível, nomeadamente a bordo dos F-16/futuro caça e submarinos (e também no futuro substituto do P-3 e em fragatas novas).

De resto, em defesas AA, daria prioridade a curto e médio alcance e capacidade anti-drone, pois estas podem ser aplicadas em vários cenários, desde a defesa de pontos estratégicos, forças terrestres (brigadas), FNDs, arquipélagos, etc.
 
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Re: Defesa do espaço aéreo nacional
« Responder #41 em: Fevereiro 20, 2024, 07:31:19 pm »
Bom quando falamos de drones de longo alcance ao estilo do Shahed 136 na verdade estamos a falar básicamente de munições semelhantes a mísseis de cruzeiro. A rota é configurada em terra e a munição é lançada. Um drone é diferente pois é possível controlar o mesmo remotamente, mudando-lhe a direção e altitude em tempo real.

A questão das bases militares é relevante mas como a tecnologia militar está novamente a ganhar impulso pelo mundo, os mísseis e outros tipos de munições convencionais vão cada vez ter mais alcance. Se considerarmos os meios navais e aéreos que permitem "dar mais alcance" a estas munições, a necessidade de defesa anti-aérea de longo alcance com mobilidade em terra parece-me que vai cada vez ser mais importante, mas esta capacidade por via naval não deve nada ser descurada, sobretudo para países como o nosso. Devemos também começar a pensar em sistemas de guerra eletrónica que desviam os projéteis dos seus alvos.

Outra questão é que ramo, o EP ou a FAP, deverão operar sistemas de defesa anti-aérea de longo alcance terrestres.
« Última modificação: Fevereiro 20, 2024, 10:04:31 pm por CruzSilva »
"Homens fortes criam tempos fáceis e tempos fáceis criam homens fracos - homens fracos criam tempos difíceis e tempos difíceis criam homens fortes."
 

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Re: Defesa do espaço aéreo nacional
« Responder #42 em: Fevereiro 20, 2024, 10:59:12 pm »
Bom quando falamos de drones de longo alcance ao estilo do Shahed 136 na verdade estamos a falar básicamente de munições semelhantes a mísseis de cruzeiro. A rota é configurada em terra e a munição é lançada. Um drone é diferente pois é possível controlar o mesmo remotamente, mudando-lhe a direção e altitude em tempo real.

A questão das bases militares é relevante mas como a tecnologia militar está novamente a ganhar impulso pelo mundo, os mísseis e outros tipos de munições convencionais vão cada vez ter mais alcance. Se considerarmos os meios navais e aéreos que permitem "dar mais alcance" a estas munições, a necessidade de defesa anti-aérea de longo alcance com mobilidade em terra parece-me que vai cada vez ser mais importante, mas esta capacidade por via naval não deve nada ser descurada, sobretudo para países como o nosso. Devemos também começar a pensar em sistemas de guerra eletrónica que desviam os projéteis dos seus alvos.

Outra questão é que ramo, o EP ou a FAP, deverão operar sistemas de defesa anti-aérea de longo alcance terrestres.

Este é o meu primeiro post portanto peço desculpa por algum erro de formatação.

Concordo com o que escreveu, no entanto penso que temos de avaliar as nossas prioridades.
A NATO já nos disse que só gastamos 1.48% do nosso PIB em defesa, e segundo os programas dos partidos, quer um governo do (PS,BE,PCP,LIVRE) ou (AD,IL), transmitem a mensagem que iram aumentar a execução orçamental para 2% de modo a atingir a quota da NATO.
Isto significaria um aumento de execução de +/- 500 milhões de euros, e eu pergunto-me se com o aumento previsto da nossa ZEE não seriam melhor gastos neste setor.

Se de facto investisse-mos na compra de defesa antiaérea, como estamos apertados em dinheiro  ;D , aconselharia o sistema VAMPIRE (Vehicle-Agnostic Modular Palletized ISR Rocket Equipment) que é barato e já se provou efetivo contra drones e misseis cruzeiros na frente ucraniana, e para defesa de "médio alcance" teríamos de gastar um bocado mais com a aquisição do sistema IRIS-T SLM.
E a defesa de longo alcance? Para isso temos imensas igrejas onde podemos ir rezar.
Gostava de receber a vossa opinião quanto ao que devemos comprar com o nosso budget.
 

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papatango

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Re: Defesa do espaço aéreo nacional
« Responder #43 em: Fevereiro 21, 2024, 09:19:12 am »
Citar
Já agora, e por curiosidade ...

Todos esses mísseis servem para nos proteger exactamente contra que tipo de ameaça ?


Quando coloco esta questão, refiro-me ao fato de, em inumeras situações, ver propostas de compra disto ou daquilo ou dequeloutro, mas sem uma base objetiva para uma aquisição, sem que se tenha determinado objetivamente qual é a ameaça.

Se vamos comprar armas apenas porque sim, e nem sabemos para quê e contra que potencial inimigo, o que vai acontecer, é o que aconteceu com o rearmamento naval de 1930, que chegado ao fim da década, os oficiais da marinha entenderam que tinham andado a construir barcos que não tinham  capacidade para por - exemplo - proteger as vias de navegação, porque não havia meios anti-submarinos nos navios.

Neste momento, existe uma ameaça russa a toda a Europa, mas Portugal fica no outro extremo e nós não passamos do lugar de sonhos do neonazi russo Soloviov que na televisão russa diz que de Lisboa se pode ver a estátua da liberdade.

Os mísseis russos, não atingem Portugal, nem se forem lançados de Kaliningrad. Só poderemos ser atingidos por mísseis lançados de embarcações, que consigam chegar ao Atlantico depois de enfrentar as mais poderosas marinhas do planeta. E isto, é realmente um feito, quando a marinha russa é humilhada por um país que não tem um único barco de guerra digno do nome.

A ameaça espanhola, não é uma coisa do passado e seria sempre um perigo latente, mas que só poderia ser resultado do colapso do país e do sistema democrático. E ainda assim, estando aqui ao lado, era mais facil rápido e barato os espanhois invadirem com tanques que atacarem com mísseis.

Depois temos o problema da Argelia e de Marrocos.
Neste caso há o problema de um qualquer regime extremista islâmico tomar o poder e ameaçar a peninsula, numa eventual reconquist do Al Andalus.
Nesse caso, o alvo preferencial seria sempre a Espanha. Não só porque é maior, mas porque está mais perto.
Neste caso, o mais provavel tipo de arma seriam sistemas como os Shaeed iranianos, os quais podem ser detidos com meios muito mais  baratos (mas que não possuimos) como artilharia anti-aérea moderna do estilo do alemão Skynex



Eu diria que esta seria a primeira coisa a fazer. Embora remota, a primeira e mais provavel das ameaças, viria sempre de sistemas de segunda linha, que poderiam de forma eficiente ser contrariados com este tipo de sistema.

Além de que, sistemas deste tipo já deveriam existir há décadas, uma vez que como sabemos, as nossas forças mais pesadas não possuem praticamente qualquer tipo de defesa anti-aérea digna desse nome.

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CruzSilva

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Re: Defesa do espaço aéreo nacional
« Responder #44 em: Março 17, 2024, 12:52:34 pm »
Bom quando falamos de drones de longo alcance ao estilo do Shahed 136 na verdade estamos a falar básicamente de munições semelhantes a mísseis de cruzeiro. A rota é configurada em terra e a munição é lançada. Um drone é diferente pois é possível controlar o mesmo remotamente, mudando-lhe a direção e altitude em tempo real.

A questão das bases militares é relevante mas como a tecnologia militar está novamente a ganhar impulso pelo mundo, os mísseis e outros tipos de munições convencionais vão cada vez ter mais alcance. Se considerarmos os meios navais e aéreos que permitem "dar mais alcance" a estas munições, a necessidade de defesa anti-aérea de longo alcance com mobilidade em terra parece-me que vai cada vez ser mais importante, mas esta capacidade por via naval não deve nada ser descurada, sobretudo para países como o nosso. Devemos também começar a pensar em sistemas de guerra eletrónica que desviam os projéteis dos seus alvos.

Outra questão é que ramo, o EP ou a FAP, deverão operar sistemas de defesa anti-aérea de longo alcance terrestres.

Este é o meu primeiro post portanto peço desculpa por algum erro de formatação.

Concordo com o que escreveu, no entanto penso que temos de avaliar as nossas prioridades.
A NATO já nos disse que só gastamos 1.48% do nosso PIB em defesa, e segundo os programas dos partidos, quer um governo do (PS,BE,PCP,LIVRE) ou (AD,IL), transmitem a mensagem que iram aumentar a execução orçamental para 2% de modo a atingir a quota da NATO.
Isto significaria um aumento de execução de +/- 500 milhões de euros, e eu pergunto-me se com o aumento previsto da nossa ZEE não seriam melhor gastos neste setor.

Se de facto investisse-mos na compra de defesa antiaérea, como estamos apertados em dinheiro  ;D , aconselharia o sistema VAMPIRE (Vehicle-Agnostic Modular Palletized ISR Rocket Equipment) que é barato e já se provou efetivo contra drones e misseis cruzeiros na frente ucraniana, e para defesa de "médio alcance" teríamos de gastar um bocado mais com a aquisição do sistema IRIS-T SLM.
E a defesa de longo alcance? Para isso temos imensas igrejas onde podemos ir rezar.
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Antes de mais, bem-vindo!

Primeiro devo fazer um aparte: a aquisição de sistemas de defesa anti-aérea de longo alcance não é nem deve ser de momento uma prioridade para Portugal!

Dito isto, se eventualmente o investimento na Defesa Nacional aumentar e conseguirmos os tais 2% do PIB daqui a uns anos penso que deverá ser uma discussão a ter. Em todo o caso o pensamento, a meu ver, deve ser pragmático e não devemos considerar como única ameaça a Portugal a Federação Russa - a OTAN e a UE não vão durar para sempre e os paradigmas geopolíticos da Europa e de África podem mudar depressa. Seria bom não sermos apanhados com as calças na mão.

Os sistemas como os VAMPIRE são baratos mas o seu alcance é limitado e seriam precisas dezenas de unidades para conseguir proteger os pontos importantes do nosso território. Apesar disso, parece-me que o futuro para abater munições baratas terá de necessáriamente de passar por sistemas destes. Mas contra um míssil cruzeiro um VAMPIRE nada pode fazer... Quando vemos os espanhoís a operar HAWK e a fazer a respetiva substituição por PATRIOT sabemos que até os nossos vizinhos que também estão distantes da Rússia sabem da importância de um sistema capaz de abater todo o espectro de alvos aéreos.

Já agora o IRIS-T é um bom sistema mas os mísseis cruzeiro russos a receber contra-medidas para mísseis guiados a calor, é bom que os alemães mantenham os mísseis do sistema devidamente atualizados para fazer face a estas novas contra-medidas.
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