A título de informação adicional, gostaria de lembrar que Guidage, é uma pequena aldeia que fica literalmente na fronteira entre antiga Guiné portuguesa e o Senegal.
No noroeste da Guiné, há uma faixa de terreno, com cerca de 140km no sentido leste oeste, desde o Atlantico até à vila de Farim (grosso modo) mas com apenas uma média de 10km no sentido norte-sul, entre a fronteira com o Senegal e o rio Cachéu.
Corresponde à metade guineense da peninsula, delimitada a norte pelo rio Casamanse e a sul pelo rio Cachéu.
No Google Earth, a aldeia de Guidage ... Fazendo «Zoom out» percebe-se onde se encontra a peninsula a que faço referência
https://earth.google.com/web/@12.53617803,-15.42615338,34.04273988a,3054.40208034d,35y,0h,0t,0r
Para as nossas forças, era importante garantir que essa faixa de terreno não fosse controlada pelo inimigo, pois o rio era uma barreira dificil de transpor.
Manter tropas junto à fronteira era portanto a única forma de tentar garantir o controlo do território.
É por isso que Guidage se tornou importante, porque fica exatamente a meio da peninsula.
Por isso, quaisquer reforços que o PAIGC pudesse receber do Senegal, teriam que passar por essa península, já que o PAIGC não atuava em Ziguinchor.
O controlo de Guidage, permitia às nossas tropas o isolamento total da peninsula formada por aqueles dois rios, impedindo o acesso do PAIGC à região.
Guidage não era por isso apenas um capricho dos comandos militares. Havia razões objetivas muito claras que explicam a necessidade de controlo daquela área.
O problema é que, para um lugar com aquela importância, deveria haver planos específicos e fortificações.
Da forma tradicional “portuga”, quando se percebeu o problema, enviou-se a tropa à espera que os soldados se desenrascassem.
Uma mentalidade que aparentemente ainda hoje parece existir em vários setores da política no país.
No entanto, havia quem defendesse que as forças portuguesas não podiam (ou não deviam) ocupar posições defensivas em toda a fronteira, porque se construíssemos pequenos fortes em pontos específicos, o PAIGC facilmente encontraria outras formas de passar a fronteira. Os pontos defensivos precisam ser abastecidos, o que se tornava numa fonte de problemas, e ao mesmo tempo os postos defensivos precisavam ser permanentemente guarnecidos, o que implicava ter forças imobilizadas em grande número.
É a tradicional discussão entre uma defesa fixa e uma defesa movel.