Novo líder do Hamas assassinado em raide aéreo israelita

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Novo líder do Hamas assassinado em raide aéreo israelita
« em: Abril 17, 2004, 07:36:32 pm »
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Público on-line 17-04-2004 - 19h22

O novo líder do Hamas, Abdelaziz al-Rantissi, foi esta noite assassinado na sequência de um raide aéreo israelita na cidade de Gaza, segundo fonte hospitalar citada pela Reuters. Dois dos seus guarda-costas e um terceiro palestiniano também morreram. O anterior líder espiritual do movimento radical palestiniano foi assassinado numa acção semelhante.

Al-Rantissi sucedeu ao xeque Ahmad Yassin, histórico líder espiritual do movimento radical palestiniano assassinado numa acção semelhante, no mês passado.

Al-Rantissi seguia numa viatura, quando esta explodiu na sequência de um ataque de helicópteros israelitas, que terão lançado dois mísseis. Este ataque ocorre poucas horas depois de um bombista-suicida palestiniano ter assassinado um polícia de fronteira israelita no posto de Erez.

Centenas de membros e apoiantes do Hamas, acrónimo árabe para movimento de resistência islâmico, "invadiram" o hospital de Gaza, para onde foi levado o líder e onde ainda chegou com vida, mas gravemente ferido.

Al-Rantissi tinha prometido atacar Israel “com todos os meios” para vingar a morte do xeque Ahmad Yassin. Por seu lado, o Governo israelita fixou como objectivo a eliminação de toda a liderança do grupo, recorrendo a uma cada vez mais frequente política de assassinatos selectivos.

A última vítima desta política foi o fundador do Hamas, o xeque Ahmad Yassin, abatido quando era levado na sua cadeira de rodas desde a mesquita do seu bairro de Sabra, em Gaza, para casa. O ataque ocorreu logo após as orações matinais e o helicóptero Apache do Exército israelita serviu-se de três mísseis para atingir o seu alvo, tendo reduzido o corpo do velho xeque a pedaços.

O Hamas foi formado no início da primeira Intifada (1987-1993) pela confraria Irmãos Muçulmanos, opondo-se aos acordos de paz de Oslo, assinados entre Arafat e Rabin em 1993. O grupo radical armado continua a lutar pela criação de um Estado islâmico em toda a Palestina.
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Ricardo Nunes

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« Responder #1 em: Abril 17, 2004, 08:15:44 pm »
E vão 2.

Esta política isrealita é uma faca de dois cumes. Por um lado é uma política eficaz quebrando a liderança do Hamas, obrigando qualquer "futuro" líder a repensar a sua opinião.

Por outro lado o HAMAS é extremamente popular na Palestina, e, como sabem, não se dedicam apenas a ataques suícidas, que são responsabilidade da sua ala militar. O HAMAS constroi escolas e até centros de saúde. O que torna esta medida extremamente impopular entre a população palestiniana e pode vir a fumentar um maior ódio face aos isrealitas.

Penso que estou a exagerar pois este ataque decerto que não terá as "consequências" socias que o primeiro teve ( afinal de contas ele era o líder histórico ).

A história nos dirá.
Ricardo Nunes
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« Responder #2 em: Abril 19, 2004, 01:10:44 am »
Aí vão dois... mas os outros que se cuidem, os futuros e os actuais, a começar por Khaled Mashaal, líder exilado em Damasco. Está mais do que visto que Sharon quer "limpar" os cabeçilhas radicais do Hamas antes da retirada israelita de Gaza, e tem a aprovação implícita de Washington. Sharon está a dizer "nós vamos sair de Gaza mas não é porque vocês nos obrigam a tal". O Ricardo Nunes lembrou e com razão que o Hamas tem duas alas, a civil/social e a militar, mas de certeza que só os líderes e os militantes mais activos desta última é que serão visados pela política israelita de assassínios selectivos. A ausência de líderes radicais carismáticos (como Yassin e Rantissi) que apregoam a destruição de Israel e a morte dos israelitas, a par da retirada de Israel de Gaza, levará o Hamas a desistir progressivamente da realização de ataques suicidas em Israel. Última nota: não me peçam para chorar a morte de Rantissi nem de Yassin, nem condenem a acção israelita em meu nome.
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Rui Elias

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« Responder #3 em: Abril 19, 2004, 01:27:12 pm »
Terrorismo de estado no seu pior.

Se Israel tem razões de queixa de alguem do Hamas ou de outros  movimentos deveria fazer o que fazem os estados civilizados pelo mundo fora: prendê-los, acusá-los com as provas que tiverem e levá-los a julgamento.

Execuções extra-judiciais são mais próprias da máfia ou de bandos de esquadrões da morte.

A hora do carniceiro Sharon também chegará.

Fulminante !
 

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Guilherme

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« Responder #4 em: Abril 19, 2004, 02:25:21 pm »
Também acho que Ariel Sharon corre grande risco.
 

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« Responder #5 em: Abril 19, 2004, 10:24:08 pm »
Citação de: "Rui Elias"

Se Israel tem razões de queixa de alguem do Hamas ou de outros  movimentos deveria fazer o que fazem os estados civilizados pelo mundo fora: prendê-los, acusá-los com as provas que tiverem e levá-los a julgamento.



"Se Israel tem razões de queixa de alguém do Hamas..."  :shock:

Tal como o povo palestiniano tem "razões de queixa" das políticas israelitas para os territórios (bloqueios, cercos, raides, checkpoints, destruição de propriedades, apreensão de terras, punição colectiva, etc), também o povo israelita tem "razões de queixa" do Hamas, nomeadamente o facto de há uma década enviar suicidas que se vão explodir em autocarros, bares e cafés, mercados e centros comerciais, etc. Ou talvez o caríssimo Rui Elias ponha em causa a autoria dos atentados suicidas? É que se assim fôr, também terá de questionar as respectivas reivindicações por parte das Brigadas Ezzedine Al-Qassam.

Não sei se o Rui reparou, mas o Hamas declarou há muito tempo guerra ao Estado de Israel e advoga a sua total destruição, vendo em todo e qualquer israelita um potencial alvo. Por outro lado, também os sucessivos governos israelitas declararam guerra aos movimentos extremistas palestinianos, onde o Hamas se inclui. Ora, não estou recordado qual a guerra em que um dos lados ataca o outro com ordens e mandados judiciais em punho... Mas, se lhe serve de consolo, posso-lhe afiançar que existem muitos militantes do Hamas a cumprir penas de prisão em penitenciárias israelitas, entre eles alguns suicidas falhados.

Quando tem meios para isso (veja-se o caso de Adolf Eichmann ou Mordechai Vanunu) as forças israelitas capturam os seus alvos e levam-nas a julgamento para responderem pelos seus crimes. Quando a captura e posterior envio para Israel se afigura extremamente complexa (por exemplo capturar um líder do Hamas em plena cidade de Gaza!) ou quando o governo israelita quer fazer passar uma determinada mensagem aos grupos radicais, a linha de actuação pode passar pela eliminação física do alvo (veja-se a perseguição e assassínio dos mentores da operação de Munique em 1972 pelo Setembro Negro).
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Ricardo Nunes

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« Responder #6 em: Abril 22, 2004, 04:23:57 pm »
Isto é um assunto sério... mas eu não resisto...



 :twisted:
Ricardo Nunes
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Guilherme

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« Responder #7 em: Abril 24, 2004, 05:52:04 pm »
 

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Israel identifica novo líder do Hamas
« Responder #8 em: Abril 27, 2004, 11:37:56 pm »
[Citação]

Público de terça-feira, 27 de Abril de 2004

"Fontes militares israelitas identificaram ontem Mahamoud Zahar como sendo o novo chefe do Hamas, noticiou a Associated Press (AP). O Hamas não confirma nem desmente. Após os assassínios do seu fundador, xeque Ahmed Yasin, e do seu sucessor, Abdel Aziz Rantissi, a identidade do novo líder é mantida secreta.

Zahar, 53 anos, antigo médico do xeque Yassin, fazia parte da "troika" de Gaza que, sob direcção de Rantissi, assumiu o poder na organização após a morte do fundador. Logo após o assassínio de Rantissi, a 17 de Abril, o Hamas anunciou ter novo chefe mas não desvendou a sua identidade. Zahar foi já objecto de uma tentativa de assassínio, em Setembro passado.

A pista foi dada pelo chefe do estado-maior israelita, general Moshe Yaalon, que declarou ao diário "Yediot Aharonot" que o novo líder tinha herdado o posto "automaticamente". Yaalon recusou-se a dar o nome. Mas fontes militares israelitas disseram à AP tratar-se de Zahar, o anterior "número dois". "

Podem ler o resto em http://jornal.publico.pt/publico/2004/0 ... o/I03.html

Podem confirmar com o Haaretz.com
http://www.haaretzdaily.com/hasen/spages/420141.html

Ácerca desta personagem, Mahmoud Al-Zahar, só posso contar o que ouvi da sua boca numa entrevista dada a Tim Sebastian (BBC) durante uma das emissões do program "Hard Talk". Questionado por Tim Sebastian sobre se o Hamas pararia com os ataques suicidas contra civis em Israel se o estado hebraico retirasse para as fronteiras de 1967 e se o estado palestiniano fosse uma realidade, este líder foi incapaz de responder afirmativamente. Isto é, ou al-Zahar não tinha autoridade para proferir tal compromisso, especialmente num orgão de comunicação ocidental (e neste caso ele podia ter-se escusado a responder alegando precisamente que ele não era o líder), ou isso demonstra que o Hamas não vai parar nunca enquanto Israel existir, enquanto houver um judeu com ar nos pulmões no Médio Oriente.
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