SMS apela aos polícias para que não levantem autos de contra-ordenação entre 1 e 10 de Junho. Agentes contra «os salários de miséria». Sindicatos não promovem a iniciativa mas percebem «muito claramente o descontentamento»
«Nos primeiros 10 dias do mês de Junho em forma de protesto, contra os salários de miséria das forças de segurança, não levantes autos de contra-ordenação. Passa esta mensagem a todos os OPC (ndr: órgãos de polícia criminal) que conheças e não te esqueças que já existem colegas a passar grandes dificuldades para alimentar os filhos. Esta mensagem veio de um colega do Comando»
O apelo ao boicote à multa, que circula por SMS nas forças de segurança, partiu da GNR, mas o presidente da Associação de Profissionais da Guarda (APG), José Manageiro, garante em declarações ao PortugalDiário que foi apenas mais um «destinatário dessa mensagem».
«A greve e as suas formas substitutivas estão vedadas aos elementos policiais, independentemente da dificuldade das circunstâncias em que vivem», explicou José Manageiro, acrescentando que «jamais a APG poderá fazer declarações que colidam com a lei». E no entanto, prossegue, «percebo muito claramente o descontentamento».
Mais: «assistimos nos últimos tempos a um mau estar que cria este tipo de fenómenos», garante o responsável sindical para quem seria preferível que a lei admitisse a greve «desde que fossem garantidos os serviços mínimos de maneira a não penalizar os cidadãos». «Sou claramente a favor da greve», sustenta.
Opinião idêntica tem o presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP), Paulo Rodrigues, para quem «a ser possível, a greve impediria que fossem encontradas outras formas alternativas de luta mais difíceis de controlar».
Está a nascer uma onda de descontentamento que me preocupa
Paulo Rodrigues só recebeu a mensagem de apelo ao «boicote» às multas esta semana e, enquanto responsável sindical, «não pode concordar» com a iniciativa.
«Mas compreendo que há razões mais do que suficientes para a contestação», acrescenta. «Desde finais de 2005 que a progressão nos escalões está congelada e os ordenados são cada vez mais pequenos tendo em conta o custo de vida», sustenta.
«Está a nascer uma onda de descontentamento que me preocupa», refere Paulo Rodrigues.
O apelo ao boicote, a ter sido seguido, entrou em vigor no domingo e «é ainda muito cedo para saber» se teve ou não reflexos no número de infracções registadas, diz Manageiro.
http://diario.iol.pt/sociedade/boicote- ... -4071.html