Dado que muitos os países tem um programa deste tipo, incluindo Espanha, considero vital que Portugal desenvolva desde já um projecto que vise definir aquilo que será o sucessor do F-16
Não esquecer que os nossos F-16 começarão a ser retirados de serviço em 2020.
Dada a habitual morosidade com que estes processos se desenvolvem já não falta assim tanto tempo.
É pois urgente lançar o debate sobre esta matéria!
Antes de mais creio que abordar esta matéria como um "programa do avião de combate do futuro" é um erro! Temos que alargar o âmbito do projecto, considerando não apenas a mera substituição de uma das componentes da estrutura de combate (o avião de combate), mas todo o sistema (os vários aviões envolvidos, as armas, a orgânica e estruturas de apoio e de suporte, o comando e a operação, manutenção, etc.)
Assi mem vez de um "programa de avião de combate do futuro", teremos um "programa da estrutura de combate aéreo do futuro"
Em relação ao tema, e até colocando o início da implementação de um programa deste tipo (1ª fase), no curto prazo (2008), eu defenderia uma força menor baseada em interceptores tripulados (40 F-16AM/BM na 1ª fase) e uma forte componente não tripulada constituida por VANTs (Veículos Aéreos Não Tripulados) ou, como acho mais correcto, ACNT (Avião de Combate Não Tripulado) destinada à 1ª linha de ataque e apoio próximo.
Uma componente híbrida treino avançado/apoio seria igualmente planificada em torno de aeronaves ligeiras, dotadas de capacidade para utilizar armamento de apoio(ATGMs, bombas fragmentação e dispensação, bombas queda livre, foguetes, ...).
Estes teriam de ser desenhados de acordo com estritas especificações nacionais pelo que o seu desenvolvimento interno ou em parceria com um país "fora da área"(Israel, que tem muita experiência nestas tecnologias, por exemplo) seria fundamental.
Mais concretamente as especificações mais relevantes seriam:
-Autonomia:
-raio de penetração >1.000Km ; 1.500Km com depóstios
-autonomia combate: 1h a 500km da base; 1,5h c/ depósitos
-Velocidade operacional: cruzeiro e ataque supersónico elevado
-Armamento:
-Missões de ataque: 4 bombas de precisão + contra medidas (CM).
-Missões de reconhecimento: radar ar/solo + câmaras + 2 ATGMs + CM
-Missões de Interdição: 4 bombas/mísseis anti pista e/ou fragmentação
-Missões estratégicas: 4 bombas E ou sistemas EW ou 2 bombas fuel-ar.
-Missões TASMO: radar, 1 ou 2 mísseis ASW/AShW.
-Missões Apoio próximo: 4-8 ATGMs + foguetes + FLIR + CM
-Missões de supressão: Mísseis anti-radiação + sensores + CM
NOTA: de uma forma geral o armamento deverá ser compatível com o do Avião de Combate, numa 1ª fase com o do F-16
-Furtividade acrescida: furtividade radar nas 3 áreas: desenho furtivo, revestimento anti-reflexão, sistemas electrónicos; furtividade térmica em 3 áreas: camuflagem térmica, gases do motor, contramedidas electro-ópticas.
-Boa capacidade de sobrevivência: desenho de fuselagem autoportante + asas curtas, configuração canard triplano para distribuição da sustentação, construção modular distribuida, elevada redundância, simplificação de sistemas, 2 motores simples(tipo estato-reactor c/ modo pulso reactor subsónico).
-Elevada versatilidade e capacidade de carga: maximização da carga máxima mediante redução de peso na célula, alimentação eléctrica para sistemas poertados versátil e extensivel
-Modularidade e versatilidade operacional: dotado de interfaces permitindo utilizar uma grande variedade de sistemas de missão
-Sistemas de comunicação robustos: baseados em sistemas de comunicação em tempo real via satélite e/ou por retransmissores rápidos em rede distribuida.
-Capacidade de operar em total autonomia ou por controlo remoto se necessário.
-Elevada manobrabilidade: utilizando vectrorização da propulsão e superfícies de controlo avançadas.
-Baixo custo de aquisição, manutenção e operação: produção distribuida dos componentes nativos(célula, motores e electrónica proprietária), aquisição no mercado comercial de componentes(aviónicos, navegação-GPS, sistemas de comunicação, etc.) e montagem e integração final dos componentes pela própria Força Aérea. O custo final por aparelho deverá ser tendencionalmente inferior a 10% do custo de um Avião de Combate
Óbviamente que um sistema como este só é possível por desenvolvimento progressivo de um sistema inicial mais simples, razão que reforça o carácter de urgência deste programa.
Este programa deverá ter subdividir-se em projecto e implementação, compondo-se o programa de implementação em 3 fases:
NOTA: a retirada antecipada do F-16 é intencional, permite a sua venda a terceiros.
-1ªfase: até 2015 : ~40 F-16AM/BM operacionais(2 esquadras), manutenção dos Alfa-Jet(p/- 12 unidades=1 esquadra) mediante canibalização, aquisição de um 1º lote de 50 ACNT (aviões de combate não tripulados), para formação e treino de 1 esquadra precursora que formará instrutores.
-2ªfase: 2015-2020: Retirada progressiva dos F-16AM/BM, entrada em serviço de um 1º lote de 20 novos caças(1ª esquadra), retirada dos Alfa-Jet, aquisição inicial de 12 aeronaves ligeiras para treino/apoio(1 esquadra), constituição de 1 esquadra adicional de ACNTs a partir da esquadra percursora e mediante aquisição de um lote adicional de 50 unidades. total de ACNT eleva-se para 100.
-3ª fase: 2020-2025: Fim das operações com F-16AM/BM, entrada em serviço de um 2º lote de 20 novos caças(2ª esquadra), reforço da dotação de aeronaves ligeiras com um segundo lote de 12 unidades para a esquadra de treino avançado/apoio, constituição de 2 novas esquadras de ACNT elevando o total de aparelhos para 200.
Convém acrescentar que por volta de 2025 deveria arrancar um novo programa da estrutura de combate aéreo do futuro!
Definido que está o ACNT falta dizer algo acerca do Avião de Combate do Futuro(ACF) e da Aeronave Ligeira-AL (treino/apoio).
Antes demais deveremos considerar ambas não separadamente mas como componentes de um mesmo sistema, afinal a AL servirá de etapa de acesso dos pilotos ao ACF e complementará operacionalmente este nas missões de apoio próximo e ataque ligeiro.
Deverão assim ser plataformas compatíveis, com os mesmos padrões tecnológicos, capazes de interagirem, comunicarem uma com a outra e interoperarem sem restrições.
Critérios óptimos seriam o da comunalidade de sistemas, aviónicos básicos, sub-sistemas, elevada percentagem nas peças, mesma tecnologia de célula , etc.
Por razões óbvias deverá pensar-se a AL a partir do ACF em vez do contrário, assim partimos do ACF:
Antes de mais vamos analisar a possível evolução das aeronaves de combate:
Neste momento existem 5 programas principais em diferentes fases de concretização.
Eurofigher Typhoon, F-22, JSF(F-35), Gripen, Rafale
Além destes poderemos contar eventualmente com outros programas:
O F-10 Chinês, o SU-47 Russo(ou outro de 5ª geração russo), etc.
Ainda podemos considerar, como mera referência os programas:
F-2 japonês, o LCA indiano, o IDF da Formosa,...
Um dos favoritos sempre que se fala num possível substituto do F-16 é o JSF.
Convém estabelecer uma comparação com o F-16 e com outros aviões de combate modernos:
Começamos por confirmar a tendência de crescimento das novas plataformas, quer o JSF, quer o F-22 são maiores ou mais volumosos que os modelos que pretendem substituir (F-16/F-18 e F-15).
Em relação ao F-16 o JSF, mantendo basicamente as mesmas dimensões principais, aumenta substancialmente a volumetria e por conseguinte a capacidade em combustivel e, deduzimos, também a carga bélica.
A maior capacidade de carga é melhor avaliada pela área alar, 50% maior, juntamente com a superior potencia motriz, igualmente 50% maior.
Concluimos que o JSF constitui uma clara evolução em relação ao F-16 em termos de capacidades e evolução (maior volumetria interna).
Contudo se o JSF brilha face ao F-16, empalidece quando comparado com outros congéneres de 5ª geração e mesmo de 4,5ª.
Analisando o seguinte quadro:
TIPO razão potencia/peso carga alar(kg/m2) notas
Rafale F2 1,13 304 5.300 l combustível interno
Typhoon 1,18 300 4.700 l
F-2 0,89 430
Mig-29 SM 1,13 411
Su-30 1,10 414 Su-30MK com vectorização de propulsão
Gripen 0,94 341
F-22A 1,2 342 13.000l internos
F-35A 0,83 446
Concluimos que o JSF-F35 está relativamente submotorizado fruto de se tratar de um monoreactor de grandes dimensões.
Peca por tentar conciliar a economia do motor único com a grande capacidade. E paga por esse erro.
Continuando a análise, ponto por ponto, face às prerrogativas da 5ª geração:
Super-cruzeiro: o typhoon, o rafale, o Mig-29 SM, SU-30 e o F-22 estão claramente em vantagem, estabelecendo uma linha divisória que exclui o JSF.
Furtividade: Aqui o JSF volta à linha da frente, só o F-22 foi desenhado de raiz com esta preocupação, contudo espera-se uma resposta dentro do habitual pragmatismo russo, que poderá passar pela futividade activa mediante utilização de projectores de plasma em torno da aeronave.
Aviónicos: Os modelos ocidentais estão em clara vantagem, F-22 e F-35 possuem uma pequena vantagem computacional e no sistema radar. Contudo existem programas de desenvolvimento europeus para substituir o radar de varrimento mecânico do Eurofighter e o radar de varrimento electrónico passivo do Rafale por um radar de varrimento electrónico activo(AMSAR). Além disto os modelos russos podem sempre ser equipados com aviónicos ocidentais.
Relação de custo: Este factor penaliza seriamente os modelos mais evoluidos tecnológicamente principalmenrte o F-35 pelas suas mais modestas prestações.
Custos:
Rafale: 50 M€
Typhoon: 63 M€
F-2: 100 M US$
Mig-29 SM: ~30 M US$
SU-30: 50 M US$ na versão mais cara
Gripen: 25 M US$
F-22A: >150 M US$
F-35A: 45 M US$
Verifica-se que o JSF fica ameaçado por aparelhos como o Rafale, SU-30 e Gripen que em evoluções futuras podem incluir a furtividade, única desvantagem face ao JSF.
Considerando este o rumo natural da evolução destes aparelhos, teriamos de considerar a hiotese de discartar desde já o F-35.
Ficariamos então, hipoteticamente, com o Rafale, o SU-30(com aviónicos ocidentais) e o Gripen. possivelmente o Typhoon caso o preço baixe significativamente o que é sempre possível.
Entre estes a minha inclinação seria para o SU-30 já que de todos é o que permite maior evolução.
Um aparelho tipo SU-30 equipado com aviónicos ocidentais, um sistema de furtividade activa de plasma e compatível com os padrões OTAN seria assim a minha opção.
Talvez se deva esperar por novidades da Russia referentes ao seu aparelho de 5ª geração!
Quanto à aeronave ligeira, considerando que o ACF teria aviónicos e sistemas de última geração ocidentais, e o reduzido número de opções credíveis, temos:
T-50, YAK-130, M-346, o L-159 e uma versão armada do Javelin
A minha opção seria o T-50 visto ser o único supersónico, contudo não desdenharia nenhuma das outras opções dado que aqui teremos que entrar em linha de conta com o factor economia operacional.