"Diário da Guiné"

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Lancero

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"Diário da Guiné"
« em: Janeiro 30, 2007, 06:11:31 pm »
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Livros:"Diário da Guiné" reúne experiências da guerra colonial

Lisboa, 30 Jan (Lusa) - O dia-a-dia da guerra colonial na Guiné entre 1972 e 1974 é contado na primeira pessoa por António Graça de Abreu no livro "Diário da Guiné - Lama, Sangue e Água Pura", hoje lançado pela editora "Guerra & Paz".

   O livro abrange o período final da guerra naquela ex-colónia, com a experiência do autor, fotografias, documentos da época e excertos de aerogramas enviados a familiares em Portugal.

   António Graça de Abreu, nesse período oficial num Comando Operacional na Guiné, decidiu, "depois de ter lido as cartas de António Lobo Antunes", que era tempo de relatar também a sua experiência.

   "Passaram-se 35 anos desde o fim destes conflitos e ainda vive muita gente desse tempo que também guarda estas memórias. Cerca de um milhão de homens passou pela África e teve experiências muito fortes na guerra", declarou o autor à Agência Lusa.

   A publicação deste "diário de guerra", explicou, pretende "dar um testemunho pessoal de um período complexo do país que constitui também um documento histórico".

   António Graça de Abreu confessou ainda que a publicação dos apontamentos pessoais "é sem dúvida uma libertação".

   "Tudo foi escrito com o coração, com grande emoção, no momento. Foi muito doloroso rever este período da minha vida porque implicou passar pelo sofrimento da altura", observou, sobre o processo de revisão do texto original.

   "Estou no purgatório, um purgatório que não merecia. Que pecados cometi - que pecados cometemos todos - para sermos lançados às feras nas paragens quentes da Guiné? Resta-me uma certeza, depois do purgatório as pessoas vão para o céu", lê-se num registo do diário, datado de 08 de Maio de 1973, de Mansoa.

   Nascido no Porto em 1947, António Graça de Abreu partiu para a China dois anos depois da Revolução de Abril, trabalhou em Pequim, onde foi tradutor, e leccionou Língua e Cultura Portuguesa nas faculdades de Línguas Estrangeiras naquela cidade e em Xangai.

   A sua ligação à China levou à publicação de onze livros na área da sinologia, da poesia e dos estudos luso-chineses, nomeadamente a tradução Poemas de Li Bai, que recebeu o Grande Prémio Nacional de Tradução do Pen Clube Português e da Associação Portuguesa de Tradutores em 1990.

   Em Portugal, foi professor do ensino secundário e leccionou também sinologia na Universidade Nova de Lisboa nos anos 80 e no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas nos anos 90.
"Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa"

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