Yasser Arafat

  • 0 Respostas
  • 1607 Visualizações
*

P44

  • Investigador
  • *****
  • 18215
  • Recebeu: 5504 vez(es)
  • Enviou: 5874 vez(es)
  • +7132/-9518
Yasser Arafat
« em: Novembro 09, 2004, 03:04:02 pm »
http://www.portugaldiario.iol.pt/notici ... _id=466330

Citar
Yasser Arafat, símbolo da causa palestiniana
05-11-2004 11:34
 


Escapou a mais de 50 atentados e durante 40 anos esteve à frente da luta pela criação de um estado independente

Líder histórico dos palestinianos e símbolo desde há 40 anos da sua luta pela independência, Yasser Arafat entrou quinta-feira em coma profundo, sendo o seu estado irreversível, segundo fontes médicas.

Arafat, 75 anos, foi internado há seis dias num hospital militar nos arredores de Paris com um quadro clínico que os médicos não clarificaram ainda completamente. Falou-se de um grave problema sanguíneo - leucemia ou envenenamento do sangue.

Até ao fim, o velho guerrilheiro, eleito em 1996 por uma esmagadora maioria presidente da Autoridade Palestiniana, continuou a gozar de uma enorme popularidade entre o seu povo, embora a sua "aura" tenha começado a desvanecer-se com o seu progressivo isolamento e, sobretudo, com a entrega de membros de organizações armadas a Israel.

Os seus métodos autocráticos, a sua "dificuldade" em partilhar o poder ou delegar competências e a corrupção que grassa na Autoridade Palestiniana foram muito criticados pelos palestinianos, mas a contestação desaparecia sempre quando "o velho", como lhe chamavam afectuosamente os seus colaboradores mais próximos, entrava na linha de mira de Israel.

Depois dos acordos de Oslo sobre a autonomia palestiniana, assinados a 13 de Setembro de 1993 e que lhe valeram o Nobel da Paz no ano seguinte, Arafat tornou-se o parceiro do primeiro-ministro israelita da altura, o trabalhista Yitzhak Rabin, na busca de uma solução negociada para o conflito entre os dois povos.

O assassínio de Rabin em 1995 por um extremista judeu, os obstáculos no terreno à aplicação dos acordos e uma série de atentados suicidas palestinianos em Israel mudaram o cenário.

A eclosão da segunda Intifada, a 28 de Setembro de 2000, acabou por ser a gota que fez transbordar o copo, com o governo israelita a assumir um distanciamento crescente em relação a Arafat, que acusou de nada fazer para impedir os atentados anti- israelitas.

Eleito em Março de 2001, o primeiro-ministro israelita, Ariel Sharon, declarou-o "fora de jogo" e decidiu não mais negociar com ele. Dois dias depois dos atentados de 11 de Setembro, chegou a chamar-lhe "o Usama Bin Laden do Médio Oriente".

Pouco a pouco, os Estados Unidos alinharam com Israel e, a 24 de Junho de 2002, o presidente George W. Bush fez do afastamento de Yasser Arafat condição +sine qua non+ para a proclamação de um Estado palestiniano.

A partir daí, multiplicaram-se as pressões internacionais para uma descentralização do poder na Autoridade Palestiniana (AP), nomeadamente com a criação do cargo de primeiro-ministro.

O primeiro chefe do executivo, Mahmud Abbas, demitiu-se em Setembro de 2003, quatro meses depois de tomar posse, em conflito aberto com Arafat pelo controlo das forças de segurança. Sucedeu-lhe Ahmed Qorei.

Nesta altura já Arafat estava cercado pelo exército israelita no quartel-general da AP, em Ramallah, desde Dezembro de 2001, de onde só saiu em 2002 para uma viagem de um dia a três outras cidades da Cisjordânia e agora, quando o agravamento súbito do seu estado de saúde obrigou à sua hospitalização em Paris.

Ao longo de toda a sua vida, Yasser Arafat mostrou possuir uma capacidade invulgar para sair das situações mais dramáticas que pontuaram os mais de 40 anos de uma carreira que misturou guerrilha e diplomacia, conseguindo escapar a mais de 50 atentados e a muitas conspirações.

A 13 de Abril de 1973, por exemplo, comandos israelitas mataram três dos seus principais colaboradores em Beirute, sem o encontrarem. Estava "milagrosamente algures", explicaram colaboradores próximos.

A 1 de Outubro de 1985, o seu quartel-general em Tunes foi quase destruído pela aviação israelita. Arafat, a caminho do seu gabinete, dera "meia volta" momentos antes do início do ataque aéreo. Em Abril de 1992, o seu avião despenhou-se no deserto líbio durante uma tempestade de areia. Arafat foi o único sobrevivente.
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas