Qualquer um dos 3 CEM será o primeiro a dizer (e dizem-no frequentemente) que ele serve para gerir aquilo que lhe é dado pelo Poder político.
Sendo assim, afirmar aqui no Forum que estão a caminho F-35 porque o CEMFA disse numa entrevista que não podia ser outra coisa é falso. E se o Nuno Melo não gostar da "brincadeira" da dita entrevista, já estará o caldo entornado entre os dois... é assim que são estas coisas. A pressão excessiva .... pode sair pela culatra.
O Nuno Melo, no que diz respeito a caças é burro, como era o seu antecessor.
Mas tem adjuntos que lhe vão explicar que o F-35 não é a única hipótese e ele vai agir em conformidade quando ele (ELE, e não o CEMFA) tiver que mandar assinar o contrato para a compra do novo caça para a FAP.
Para depois a FAP gerir o que lhe for entregue para gerir.
Alguém afirmou que os F-35 estão a caminho? É que até ver, usam-se frases do género "está em cima da mesa" e "a FAP quer", e não "vêm a caminho". A sua vinda será depois de uma fase negocial, e depois de se arranjar verba. O facto de já se traçar o objectivo por F-35 já é bom, apesar de arriscado, sendo muito melhor do que o típico "depois logo se vê".
Mas todos sabemos que não se prende por uma questão do que é dito no Fórum, mas sim uma questão clubística.
O desejo da FAP pelo F-35 era previsível a partir do momento em que se viu que ia ser o caça "padrão" de muitos países da NATO.
Este desejo foi, durante muitos anos, considerado irrealista, porque se pensava que o avião seria demasiado caro, e que teríamos que optar por algo mais barato.
Agora vemos que o preço baixou bastante, estando ao nível, ou até abaixo, de qualquer outro caça de geração 4.5 no mercado (Ocidental), e a partir daí, tornou-se muito mais realista, e lógica, a opção pelo F-35.
E a decisão ser estritamente política, não o é. Não é o poder político que faz os requisitos ou que testa os diferentes sistemas. Se a FAP decidir-se pelo F-35, e o Governo de então disser que não, não se compra nada.
Se o CEMA seguisse o caminho do CEMFA, teria "pressionado" no sentido de comprarmos 2 ou 3 Mil Milhões de fragatas novas. É o que se faz em "praticamente todo o lado" como diz o dc.
Mas ele conseguiu criar um caminho diferente e que o governo não teve hipótese de recusar. Usando dinheiro do PRR.
O importante do que ele disse não é que a Marinha não vai ter fragatas. O que ele disse é que vai ter navios concebidos pela Marinha, que virão a seguir á experiência que será a BIMBY.
E a BIMBY está neste momento a ser construída enquanto que o primeiro F-35 do CEMFA está, no minimo, a 7 anos de distância - ou 8 ou 9...
NOTAR que o CEMFA só deu a notícia da sua "decisão" quanto ao F-35, e atabalhoadamente, uns dias depois da assinatura do contrato da BIMBY com a DAMEN.
Se o conceito da BIMBY tiver sucesso, será mais fácil convencer o governo a aprovar a construção da versão armada, e muito mais fácil se ela for construída em Viana do Castelo e for considerada um produto da indústra de defesa nacional.
Não precisaríamos de tantas fragatas. Em média costuma-se falar em 5 fragatas, podendo o número variar entre as 3 e as 7, consoante as opiniões de cada um.
O CEMA não criou absolutamente nada. Teve uma ideia, de tentar obter, com o financiamento do PRR, um navio hidrográfico com capacidade para drones. Esta ideia falhou uma primeira vez, porque, com o orçamento disponível do PRR, era impossível construir o navio, logo não houve participantes no primeiro concurso. Depois deste primeiro concurso falhado, lá conseguiu arranjar uma verba suplementar da LPM para a sua visão. De onde vem o dinheiro? Não se sabe. Terá sido desviado de outro programa? O Governo acrescentou a verba na revisão da LPM? Ninguém sabe, mas lá se arranjaram 30 e tal milhões para a sua "visão". Outros programas que beneficiariam de um aumento equivalente, não tiveram tanta sorte, e o Governo até reduziu em alguns casos.
O que se vai testar na "Bimby", limitar-se-á a sistemas não tripulados e pouco mais. Achar que o PNM permitirá tirar ilações sobre futuras fragatas, é o mesmo que achar que o Super Tucano permitiria à FAP desenvolver o seu futuro caça a jacto. Não tem nexo.
Se partirmos do princípio que haveria capacidade de construir um porta-drones de combate em Viana, então o mesmo podemos dizer sobre a construção de uma fragata no mesmo local. É um não argumento.
Na realidade, o PNM, que será bem mais simples, será construído fora de Portugal. De resto, a Marinha não tem experiência nenhuma a conceber navios de guerra, logo, tal como o PNM, precisaria de ajuda para o fazer. E se continuarmos a ver todas as marinhas do mundo a optarem por combatentes "convencionais", mas adaptados aos tempos modernos, ao invés de conceitos exóticos como por cá se fala, não vou colocar as fichas todas no conceito exótico.
Mas isto é bem off-topic.
De notar é que o CEMFA expressou o interesse da FAP no F-35, e isso já correu mundo.
De notar também que, envolver a indústria nacional faz todo o sentido, quando é viável. No Brasil, até o adorado programa Gripen é alvo de algumas críticas, havendo quem diga que dada a urgência de resolver a obsolescência dos caças da FAB, era preferível ir por uma rota mais barata e de rápida execução.
No caso brasileiro, também não ajuda nada que o Gripen não seja um grande sucesso de vendas, que era o sonho deles, em que exportar Gripens made in Brasil, compensaria a despesa adicional que tiveram com a transferência de tecnologia e produção local.
Agora vêem a Argentina a dar um salto tecnológico considerável face ao que tinham antes, por uma fracção minúscula do custo e com uma rapidez impressionante.
Dito isto, achar que Portugal devia seguir um rumo similar ao do Brasil, é absurdo. Há muita coisa onde faz mais sentido envolver a indústria nacional, com programas que trazem vantagens a curto, médio e longo prazo. De resto, era replicar o programa finlandês do F-35, para tentar ter o máximo de benefícios, sem que se torne o programa estupidamente caro.