« Responder #19 em: Janeiro 27, 2010, 05:09:50 pm »
Defesa: "Olhos da NATO no céu" vigiaram espaço aéreo português à procura de ameaças
*** Luís Miguel Lourenço (texto) e Nuno Veiga (fotos) ***
Beja, 27 Jan (Lusa) -- Sob comando de um piloto-aviador português, um avião de vigilância radar E-3A AWACS, "os olhos da NATO no céu", com tripulação militar multinacional, vigiou um espaço aéreo ao largo da costa portuguesa à procura de aeronaves hostis.
Durante cinco horas, o avião da Nato, que operou a partir da Base Aérea n.º 11 de Beja, orbitou terça-feira a oeste de Monte Real (Leiria), numa missão fictícia incluída no exercício "Real Thaw 2010", a decorrer até 04 de Fevereiro para treinar capacidades da Força Aérea Portuguesa (FAP).
Entre os 16 militares da tripulação, de seis países e todos integrados na Força de Vigilância Aérea da NATO (Airborne Early Warning & Control Force - NAEW&CF), sediada na Base Aérea alemã de Geilenkirchen, além do tenente-coronel Luís Mateus, que comandou o voo, seguiam outros dois portugueses.
"É sempre um grande desafio trabalhar num ambiente internacional" porque "as mentalidades e as maneiras de trabalhar são outras", disse à Lusa Luís Mateus, na FAP desde 1986 e há quase um ano na NAEW&CF em Geilenkirchen.
"É uma mais-valia para nós [militares portugueses] esta nova experiência de vida", frisou, enquanto comandava o E-3A, uma versão militarizada do Boeing 707 para o Sistema Aéreo de Alerta e Controle (AWACS).
O E-3A, que já protegeu os espaços aéreos de Portugal, durante o Euro2004, e norte-americano, após os ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001, é usado para vigilância e funções de comando, controlo e comunicações em missões tácticas e de defesa aérea.
O avião, que opera acima dos 30 mil pés e tem capacidade para voar mais de 10 horas sem necessidade de ser reabastecido, inclui sistemas móveis de radar que permitem vigiar espaço aéreo num raio de mais de 400 quilómetros e detectar alvos a altas e a baixas altitudes.
A meio do voo, de olhos postos num ecrã de computador, o sargento-ajudante Paulo Calca, outro dos portugueses a bordo e também destacado na NAEW&CF, disse à Lusa que a tripulação estava a detectar caças F-16 e F-18 das Forças Aéreas de Portugal, Bélgica, Espanha e Dinamarca.
Os aviões, que voavam numa área a norte da Serra da Estrela, participavam na simulação de um combate aéreo entre dois países em guerra integrada no "Real Thaw 2010".
"Uns fazem papel de inimigo e outros de amigo e nós tentamos levar os amigos ao encontro dos inimigos dando-lhes a melhor posição de ataque", explicou, enquanto a tripulação transmitia dados para o Centro de Relato e Controlo em Monsanto (Lisboa).
O E-3A "ajuda o controlo de terra, transmitindo informações das aeronaves que detecta", explicou, frisando que, em situações reais, "às vezes aparecem emergências em sítios que os radares de terra não conseguem detectar".
"Contactamos o controlo de terra e damos informação sobre as aeronaves para eles verem o que se passa. Poderá ser falha de comunicações, pirataria", entre outros casos, disse, referindo que o E-3A persegue e intercepta aeronaves suspeitas se for necessário e pedido pelo comando de terra.
O exercício "Real Thaw 2010", a decorrer sobretudo no centro do país, envolve quase mil militares e 50 aeronaves da FAP e das congéneres da Bélgica, Espanha, Dinamarca e Estados Unidos da América.