Uma das tiradas mais engraçadas que ouvi do Professor José Hermano Saraiva, está numa cassete em que se fala da crise de 1383-1385 e naturalmente da batalha de Aljubarrota.
Refere Hermano Saraivo que um dia se deslocou ao campo de batalha, onde se estavam a fazer escavações. A quantidade de ossadas era enorme. Ossos amontoados por todo o lado.
Entre os destroços desenterrados, encontrava-se um homem que ali estava a trabalhar, e depois de alguma conversa, o homem disse ao professor que se quisesse podia levar um osso de recordação.
Hermano Saraiva achou aquilo algo estranho, mas aceitou. A seguir o homem perguntou-lhe se queria braço ou perna.
Hermano Saraiva, pensando num lutador a empunhar a sua espada, pediu um braço. O homem lá lhe arranjou um braço, mas era um braço pequeno.
Por isso, pediu ao homem que lhe arranjasse um braço mais vigoroso e maior, porque seria mais representativo, apontando para um osso especificamente.
Trouxeram então o braço de um valente lutador, que seguramente tería empunhado a sua espada em defesa da Pátria.
Mais tarde, a embrulhar o osso, Hermano Saraiva proferia palavras melancólicas:
"... Vejam, lá o que é a vida, aqui está um homem que deu valentemente a vida pela pátria e agora aqui está embrulhado num papel de jornal. Nem sequer sabemos se era português ou se era castelhano..."
Ao que o homem respondeu:
"... Deixe lá que ele também não ..."
O professor Saraiva ficou espantado, e perguntou, como é que se podia dizer uma coisa dessas ? Então o dono deste braço não sabía por quem lutava e por quem dava a vida ?
E o homem respondeu:
"... Não, porque esse era cavalo! "
Cumprimentos